João Avião primeiro piloto surdo
No início do mês de dezembro a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) publicou a resolução n° 536/19 que possibilita a pilotos surdos possam trabalhar em voos comerciais e privados onde não é necessário a utilização de equipamentos de radiocomunicação. Essa medida é um passo importante para a inclusão de pessoas surdas nesse mercado de trabalho, além disso, vai ao encontro da ideia de acessibilidade.
Para entendermos a amplitude dessa medida e sua importância, conversamos com João Paulo Marinho dos Santos, o João Avião, brasileiro de 33 anos, formado em Ciências da Computação, que tem deficiência auditiva moderada e é piloto, porém, no Brasil sempre enfrentou dificuldades em relação a deficiência. A causa da surdez de João tem origem em um caso de Rubéola que sua mãe teve durante a gestação.
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João conta que a paixão por aviões começou aos cinco anos de idade e segue até hoje. Ele relata que sempre quis ser piloto, mas que no momento está focado no trabalho, um projeto de aviação para surdos no escritório em Nova York, nos EUA.
Mas conta que em breve deve voltar para a pilotagem “em breve vou voltar para o rumo da minha carreira de piloto”, e ressalta que não pode deixar o projeto no momento, pois precisa garantir a continuidade do mesmo.
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Segundo João, as maiores dificuldades que enfrentou na carreira foram o exame médico e a falta de acessibilidade na aeronave “o pior é o exame médico e quase nada de acessibilidade. Por causa do uso obrigatório do rádio, que é padrão da aviação, isso tornava impossível o trabalho de nós pilotos surdos”. Conta.
Ele já integrou o Grupo de Aviação dos Surdos da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS). “Isso foi em 2014 e foi muito bom acompanhar a Sra. Ana Regina, ex-presidente da FENEIS”, porém, ele conta que esse grupo não existe mais “fundamos a Associação Nacional de Aviação de Surdos (ANAS), o objetivo é aproveitar mais o trabalho com a comunidade da aviação surda”. Explica.
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Sobre a Resolução n° 536/19 da ANAC, João diz que vai melhorar, pois a norma RBAC 61, vai facilitar o acesso do piloto surdo ao exame “o candidato vai participar do exame de prática por modelo de aeronave”, segundo ele isso vai facilitar para que as empresas adaptem suas aeronaves “esses pilotos surdos poderão criticar qualquer modelo de aeronave fazendo um relatório, depois a ANAC vai encaminhar para a fabricante para ela adaptar e promover acessibilidade”. Afirma.
Além disso, João acredita que no futuro, essa mudança poderá gerar emprego para pilotos surdos, mas para isso é preciso que a luta e a fiscalização sejam constantes. No Brasil existem outros pilotos surdos, cerca de cinco, mas que não conseguem trabalhar pelo fato de não conseguirem fazer o exame aeronáutico. A partir dessa resolução eles poderão realizar voos e isso poderá popularizar a aviação entre surdos e consequentemente poderemos ter mais pilotos nessa condição.
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Para finalizar João diz que a resolução 536/19, de 04 de dezembro, é um marco para a história da aviação brasileira “tenho muito carinho e amor pela inclusão social, por isso, estou muito feliz com a oficialização do piloto surdo no Brasil” e completa “isso mostra que a luta não é fácil, mas se tivermos persistência vale a pena, pois esse é o caminho certo. Agradeço a todos por essa vitória”. Finaliza.
Fonte https://deficienciaemfoco860798267.wordpress.com/2019/12/12/joao-aviao-primeiro-piloto-e-surdo-do-brasil-avalia-como-positiva-a-mudanca-da-anac/
Postado por Antônio Brito
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