31/03/2021

“Fui colocado num lar de idosos aos vinte e oito anos e senti que se não fizesse nada ia morrer”

Ficou tetraplégico há trinta anos mas não ficou parado. Pesquisou, pediu, protestou, reclamou e conseguiu voltar a ter vida própria. O sistema de apoio meteu-o num lar de idosos, mas conseguiu, para si e para centenas de outros, uma solução que lhe permite fazer a vida na sua própria casa com o apoio de assistentes. Tem saudades de sentir a terra e da sua sexualidade, mas voltou a gerir um restaurante, actividade que tinha antes do acidente. Na abertura contou com a presença do Presidente da República.

O que lhe aconteceu, há trinta anos, depois do acidente?

Durante um ano caminhei para hospitais porque não sentia nenhum membro do corpo. Ainda tentei regressar ao trabalho, mas sentia-me um fardo para os meus colegas.

Quando começou a lutar para deixar de sentir esse peso?

Quando tive acesso à Internet e soube que tinha direitos. Naquela altura não se tentava reabilitar psicologicamente quem ficava nestas condições. Éramos tratados como uns coitadinhos e abandonavam-nos na sociedade. A Internet permitiu-me descobrir que existem leis que defendem pessoas com incapacidades. Embora estejam apenas no papel, já é um ponto de partida.

Como eram os dias antes de ter as condições que tem hoje?

Eram horríveis! Quando não temos mobilidade a nossa vontade é apenas mental e, por isso, vale muito pouco. Depender dos outros é viver numa incerteza muito grande que resultava num desgaste mental enorme. Antigamente tinha medo e vergonha do meu estado, actualmente sei o que sou, respeito-me e consigo ser respeitado.

Onde é que se agarrava para não entrar em desespero?

Às leis e à esperança de que pudessem ser cumpridas. Desloquei-me a muitas entidades para demonstrar a minha indignação, mas até para lutar tinha de pagar. Dou-lhe um exemplo; para ir a Lisboa contar a minha história a um grupo parlamentar, tinha de estar cerca de dois meses a pagar os 250 euros da viagem de táxi. Entretanto arranjei outras estratégias para chamar a atenção.

Fez greve de fome, vigílias, viagens de 180 quilómetros em cadeiras de rodas, e até dentro de uma gaiola esteve, à frente da Assembleia da República.

Sentia que se continuasse a viver naquele estado podia morrer. Fui colocado num lar de idosos sem me perguntarem nada. Não sou contra os lares de idosos, mas com 28 anos era algum velho? Tudo o que fiz, fi-lo com precaução e sempre com o objectivo de conseguir que as pessoas com deficiência possam ter os direitos e deveres que estão na Constituição. A minha persistência fez com que se implementasse um projecto piloto designado “Vida Independente”.

No que consiste o projecto?

Descobri que havia forma de ter assistentes pessoais que podiam ser os braços, as pernas, ou os olhos, dos que vivem com estas dificuldades. O “Vida Independente” abrange cerca de 900 cidadãos, apoiados por cuidadores escolhidos por nós e pagos pela Segurança Social durante 36 meses. É um projecto que sai mais barato ao Estado e já não são as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) a controlarem as nossas vidas.

Que balanço faz?

Podia estar a correr muito melhor. O modelo estava idealizado para uma centena de pessoas e não para cerca de um milhar. Nestas condições há menos horas disponíveis para cada pessoa. No meu caso tenho direito a 18 horas, mas há quem tenha apenas 4 horas. No entanto, vamos acarinhar o projecto e trabalhar em conjunto para melhorá-lo.

Dá-se bem com os suas assistentes pessoais?

Muito bem, muito bem! Os assistentes pessoais não podem ser familiares para não se intrometerem na nossa liberdade. Corro o risco de ser mal-entendido, mas com um assistente pessoal não há essa tentação de dar opiniões. Tem de existir muito respeito entre nós.

O Presidente da República tem sido fundamental na sua luta. Vê nele um amigo?

Sem dúvida! Liga-me regularmente para saber como estou. Contacto semanalmente com muitas entidades e governantes, mas habitualmente assobiam para o lado. Com Marcelo Rebelo de Sousa se lhe enviar um email hoje, durante a madrugada responde-me. É um conforto muito grande saber que este projecto é apoiado pelo Presidente da República.

Inaugurou o restaurante Algaz, na Carregueira, em plena pandemia. O que o motivou?

A causa e as minhas ambições. As IPSS têm de ter condições para dar qualidade de vida aos idosos. Os lucros deste espaço vão todos para o Centro de Apoio Social da Carregueira (CASC).

Como está a ser a experiência?

Muito boa, mas ainda estou a aprender a lidar com alguns assuntos. Quando me conseguia mexer normalmente, e trabalhava em restauração, apagava os fogos todos: lavava o chão, cozinhava, ia fazer uma entrega, entre outras coisas. O facto de não poder fazer isso é um problema que ainda estou a tentar resolver. Enquanto gestor incomoda-me não estar a conseguir cumprir com os objectivos, mas a pandemia não dá tréguas.

Gosta de gerir pessoas?

Todas as equipas com quem trabalhei têm como base o respeito e a confiança. Dizem-me muitas vezes que sou condescendente e não sei ser patrão, mas também não o quero ser. Não sou de gritos nem de escândalos, mas não deixo de garantir que as pessoas assumem as responsabilidades pelos seus erros.

Acumula as funções de técnico social no CASC. Não se sente cansado?

Não, porque estive demasiado tempo encostado e sou um homem que gosta de adrenalina, acção e movimento. Acha melhor estar enfiado num lar de idosos, onde não tenho voz? Nem pensar!

Nunca desistir é um traço de personalidade seu ou surgiu com a deficiência?

Penso que já o tinha, mas só dei conta depois de ter adquirido a deficiência. Sempre fui contra as injustiças e as humilhações, e a palavra “não” faz-me muita comichão; gosto de contrapor e de arranjar alternativas.

As barreiras que existem são mentais ou físicas?

Estão as duas em pé de igualdade. Na primeira vigília que fizemos em frente à Assembleia da República ouvi comentários infelizes de pessoas admiradas por haver deficientes a fumar ou a usar telemóveis. Olhavam-nos como se fossemos uns extraterrestres! São situações que vão demorar muitos anos a ultrapassar.

Sente-se livre?

O meu 25 de Abril aconteceu recentemente com a aprovação do “Vida Independente”. É uma grande vitória saber que tenho alguém que me ajuda a levantar de manhã, que me dá de comer e que me leva à casa de banho. Recentemente comprei uma carrinha adaptada para poder viajar. Sinto que voltei a ter a vida nas minhas mãos!

Tem medo de alguma coisa?

Tenho medo que este projecto não funcione! Receio que os governantes de amanhã se interessem mais pelo dinheiro do que pela vida das pessoas com deficiência.

Do que sente falta?

Tenho saudades da minha sexualidade e de poder viajar sem restrições; de bater a porta quando estou a aturar gente sem importância; de sentir a terra e de dar festas aos meus cães.

Tem passatempos?

Gosto de amar e de sentir amor; de olhar nos olhos das pessoas sem pudor; da natureza e das coisas simples; gosto de ajudar ou outros; e quando estão dias de sol, gosto de ir com a minha cadeira para a charneca.

A cadeira de rodas é a sua melhor amiga?

Não, principalmente porque falha-me muitas vezes (risos). Temos uma relação de muito respeito; trato-a bem e ela tem obrigação de me levar para onde quero.

Que sonho comanda a sua vida?

Fazer tudo o que estiver ao meu alcance para não acabar num lar de idosos. Foi das experiências mais assustadoras e traumáticas.

Uma vontade indomável de ser independente

Eduardo Jorge ficou tetraplégico aos vinte e oito anos, na sequência de um acidente de automóvel. Um despiste na Estrada Nacional 118, na zona de Alvega, no dia 20 de Fevereiro de 1991. Na altura era gerente do restaurante A Nora, em Concavada, concelho de Abrantes. A 4 de Junho do ano passado, voltou a exercer a sua actividade profissional, à frente do restaurante O Algaz, do Centro de Apoio Social da Carregueira, no concelho da Chamusca, onde trabalha como técnico social.

Nos trinta anos que passaram entre o acidente e o regresso ao cargo de gerente de restaurante, Eduardo Jorge construiu uma nova vida. Utilizou a Internet, quando a ela teve acesso, para se informar sobre os seus direitos. Depois lutou para fazer sair do papel as leis que existiam e para conseguir criar melhores condições para ele e para outros cidadãos nas mesmas condições.

Em 2014 viajou durante 180 quilómetros, numa cadeira de rodas, entre Concavada, em Abrantes, e o Ministério da Solidariedade Social em Lisboa, para chamar a atenção para sua situação. Em Dezembro de 2018 ficou em frente à Assembleia da República, dentro de uma gaiola, com o mesmo objectivo. Conseguiu ter a seu lado o Presidente da República.

Em conjunto com outros cidadãos na mesma situação, conseguiu que fosse implementado o projecto “Vida Independente”, sistema existente em muitos países europeus e nos Estados Unidos. Marcelo Rebelo de Sousa visitou-o em casa depois do seu regresso à mesma, inserido naquele projecto que abrange actualmente cerca de 900 cidadãos que permanecem nas suas casas, apoiados por cuidadores escolhidos por si e pagos pela Segurança Social durante 36 meses.

Fonte  https://omirante.pt/omirante/2021-03-04-Fui-colocado-num-lar-de-idosos-aos-vinte-e-oito-anos-e-senti-que-se-nao-fizesse-nada-ia-morrer

Postado por Antônio Brito 

30/03/2021

Autismo e hiperatividade: conheça Maria Isabela

Nossa proTEAgonista de hoje é a Maria Isabela! Ela tem 7 anos, convive com autismo e hiperatividade, e é filha de Solange Maria Rossi Silva, nossa entrevistada da vez.

Maria Isabela é filha única, vive com os pais em Bragança Paulista, em São Paulo, e foi diagnosticada com autismo aos 2 anos de idade. Anos depois, descobriu-se também que ela tem TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade).

Vamos conhecer mais sobre a história dessa família?

Conhecendo o autismo

Solange conta que o desenvolvimento da filha ocorreu de maneira típica até ela completar um ano de idade. Ela estava aprendendo a dar tchau e demonstrava estar prestes a soltar as primeiras palavrinhas, até que, então, houve uma mudança drástica em seu comportamento. Maria Isabela parou de dar tchau e regrediu em diversas habilidades que já havia adquirido.

O sinal de alerta veio quando a mãe leu informações sobre os sinais do autismo na caderneta de vacinação da filha. Maria Isabela andava na ponta dos pés, gostava de girar objetos, levava tudo à boca, girava o próprio corpo e se balançava pra frente e pra trás.

As diferenças de comportamento eram muito evidentes, no entanto, a pediatra de Maria Isabela dizia que não era autismo, e que essa ideia era apenas coisa da cabeça da mãe.

Buscando o diagnóstico

Inconformada com o posicionamento da pediatra e convencida de que a filha apresentava sinais de autismo, Solange levou a menina a um psiquiatra de confiança, que diagnosticou a menina quando ela tinha 2 anos de idade. Posteriormente, o mesmo diagnóstico foi feito por uma neuropediatra.

Lidando com a descoberta

Apesar de já ter quase certeza que a filha era autista, Solange conta que o momento da confirmação foi difícil:

“No início eu chorei bastante, a confirmação é sempre um choque. Fiquei muito triste, e esse período durou mais ou menos uma semana. Muitas pessoas chamam essa fase de luto, mas eu não gosto de usar essa palavra.

Depois desse período, eu dei uma sacudida na poeira e decidi correr atrás dos tratamentos. Para o meu marido foi mais difícil aceitar, ele passou por um período de negação e, na verdade, ele não sabe lidar muito bem com isso até hoje.”

O diagnóstico de TDAH

Maria Isabela tem dificuldade de se concentrar e se distrai com facilidade. Além disso, é difícil para ela permanecer sentada, o que a leva a correr e pular muito durante o dia. Momentos de agressividade e de impulsividade também ocorrem às vezes. Esses sinais foram atribuídos ao autismo pelos médicos, mas a mãe nem desconfiava que a menina pudesse ter transtorno de hiperatividade e autismo.

Quando Maria Isabela completou seis anos de idade, a família trocou de plano de saúde. Assim, surgiu a necessidade de trocar de neuropediatra. A nova médica, por sua vez, avaliou as habilidades de atenção e sinais de hiperatividade e impulsividade de Maria Isabela, diagnosticando a menina, então, com TDAH.

Terapias para autismo e hiperatividade

Maria Isabela faz uma lista de terapias para autismo e TDAH:

  • Terapia ABA.
  • Terapia ocupacional.
  • Musicoterapia.
  • Fonoaudiologia.

Ela também já frequentou sessões de fisioterapia, que a ajudaram a aperfeiçoar o andar, pois quando tinha dois anos, Maria Isabela dava alguns passinhos, mas logo caia. Hoje a menina anda muito bem e não tem mais a necessidade de frequentar as sessões.

Maria também fazia equoterapia, que é a terapia realizada com cavalos. Solange conta que pretende voltar a levar a filha para as sessões, pois além de ser extremamente benéfico para a menina, ela pede para montar no cavalo toda vez que passa em frente ao local que frequentava.

Mas não é só na equoterapia que Maria Isabela tem contato com os animais. As sessões de terapia ocupacional contam com a presença da cachorrinha Pipoca, e a menina adora!

Aperfeiçoando as habilidades de comunicação

Solange conta que o progresso na fala de sua filha veio só depois de iniciar o tratamento com uma fonoaudióloga especializada em autismo.

A menina já fazia tratamento com outra profissional há muitos anos, no entanto, por ser uma fonoaudióloga que atendia demandas mais gerais da população, não houveram resultados significativos na época.

Após três meses de atendimento com a profissional especializada, Maria Isabela começou a pronunciar suas primeiras palavras. Solange relembra que. junto à nova fonoaudióloga, a filha começou a terapia ABA.  Com a junção dessas terapias, ela viu Maria Isabela dar um grande salto no desenvolvimento, adquirindo várias habilidades.

Apesar de ter adquirido a habilidade da fala, Maria Isabela ainda não usa isso para se comunicar de forma 100% funcional. A mãe conta que muitas vezes a menina responde a perguntas com frases dos desenhos animados que assiste, por exemplo.

Solange também destaca o papel importante da terapia ocupacional no desenvolvimento pedagógico da filha, que antes tinha muita dificuldade com a coordenação motora fina, mas agora já consegue manusear o lápis.

Entre o autismo e a hiperatividade, como foi trabalhar a independência

Atualmente, a garotinha de 7 anos tem personalidade forte e não aceita imposições, gosta de ser independente. Ela é quem escolhe suas próprias roupas, sapatos, e inclusive, ela mesma se veste. A mãe conta que quando a menina não quer vestir determinada peça, não adianta insistir, pois ela não coloca.

A menina também faz a própria alimentação, vai sozinha ao banheiro e até se limpa, no entanto, a mãe prefere ajudá-la com isso, para garantir que a higiene seja feita de forma adequada. Ela também escolhe o que assistir, e tem comportamento repetitivo com os entretenimentos que consome, sendo bastante comum que ela fique voltando em determinado trecho de um desenho, por exemplo.

A mãe incentiva o comportamento de independência da menina, permitindo que ela escolha onde quer ir passear, o que vai comer e quais brinquedos ela vai levar..

Mais sobre a personalidade de Maria – além do autismo e da hiperatividade

Solange também falou sobre a personalidade da menina para além do autismo e da hiperatividade:

“Ela é muito carinhosa, mas quando fica brava, sai de baixo! Gosta muito de crianças pequenas e, sempre que vê um bebê, quer fazer carinho. É claro que com a pandemia eu não posso deixar ela fazer isso, mas é algo que ela sempre gostou. 

A Maria Isabela é amorosa, risonha e brincalhona. Faz amizades com facilidade e puxa as pessoas pra brincar onde chega, não importa se são crianças ou adultos. “

Autismo e hiperatividade: os desafios da jornada

Solange relata que, apesar de viver em uma cidade que não é tão pequena, falta acesso a profissionais qualificados para trabalhar com o autismo e hiperatividade:

“Não foi fácil encontrar terapeutas especializados pra ela. Procuramos no particular, tentamos pelo convênio, no SUS… por um tempo ela foi atendida pelo SUS. A terapeuta do convênio também atendia no SUS, e nós migramos pra lá porque eles tinham mais ferramentas pra trabalhar com a criança do que o convênio.

Com esse primeiro convênio eu enfrentei muita luta até conseguir chegar nos profissionais capacitados pra atender a minha filha. Eu passei muita dificuldade nessa época, chorei demais, sofri demais, mas nunca desisti de buscar tudo que ela precisava.

Quando eu mudei de convênio, graças a Deus, eu consegui tudo mais rápido e mais fácil. Ela nunca ficou sem atendimento, mas até chegar no tratamento mais adequado pro quadro dela, foi demorado.

Hoje a maior dificuldade é ser sozinha na rotina de cuidados e tratamentos dela. O pai dela sai cedo e volta tarde, então ele não tem tanto tempo de participar. Tenho uma irmã que me ajuda, mas a responsabilidade maior fica mesmo sobre os meus ombros.”

Autismo em dobro, será?

A mãe nos conta que desconfia que também possa ter um grau de autismo leve:

“Um grande desafio é conseguir lidar com as emoções do autista quando ele não consegue expressar o que ele quer ou sente. Eu também tenho essa dificuldade e desconfio que eu esteja dentro do espectro. Mas o diagnóstico para as mulheres é muito difícil. Sendo uma mulher adulta então, nem se fala”, conta Solange.

Porém, é importante lembrar que não existe autodiagnóstico e só profissionais especialistas podem dar o veredito.

A visão da mãe sobre o autismo

“O autismo te revela quem são seus verdadeiros amigos, quem realmente está com você para o que der e vier. É como um filtro que te dá a chance de ver verdadeiramente quem são as pessoas na sua vida. Digo isso porque uma grande decepção foi ver quase toda a minha família se afastar de nós.

Mas ele também traz muitas coisas boas. Maria Isabela sempre foi muito abençoada com professores maravilhosos, professores de apoio, mediadores… no primeiro e no segundo ano na escola, ela teve uma tutora que foi um anjo em nossa vida, de quem eu me considero uma irmã mais velha. Ela foi fundamental no desenvolvimento dessa criança na pré-escola, trabalhando com muito amor

Então, o autismo também traz muitas coisas boas, como conhecer profissionais maravilhosos e engajados em dar um futuro melhor para o autista. A gente precisa olhar sempre para os dois lados.

O ano de 2020 foi um ano de muitos desafios, mas nós vencemos! Mesmo tendo aulas em casa, ela aprendeu e evoluiu, e isso me deixa muito feliz.”

Conselho de mãe

E para finalizar, pedimos para Solange deixar um recado para os pais, mães, familiares e responsáveis que estejam descobrindo agora o mundo do espectro autista. Confira o que ela disse:

“Nunca comparem a sua criança com a criança do vizinho, do parente… toda criança é única, seja ela neurotípica ou autista, cada uma tem seu jeitinho.

Acredito que nós, pais, precisamos parar com essa idealização do “filho perfeito”. A única coisa que temos certeza quando estamos esperando uma criança é que estamos grávidas. No entanto, como a criança vai ser, nós não podemos prever.

Eu nunca imaginei que eu pudesse ser mãe de uma criança autista. Fui alertada sobre o risco de ter uma criança com Síndrome de Down, afinal, tive a minha primeira e única gestação aos 43 anos. Sabia que eu poderia ter uma criança atípica, mas o autismo nunca havia passado pela minha cabeça.

Maria Isabela é a prova de que pra tudo nessa vida, tem um jeito! Pode ser um choque, pode passar pela sua cabeça que você não vai conseguir, ou que é o fim do mundo, mas não é!

Haverão dias exaustivos, mas também terão dias de muita alegria! Eu demorei cinco anos e meio para ouvir ela dizer “mamãe”, e eu só aguentei chegar até ai com muita fé. Fé em um Deus e fé na minha filha.

Acreditem nos seus filhos. Eu continuo acreditando e me esforçando pra ela ter acesso às ferramentas pra isso acontecer. Maria Isabela ainda vai muito longe!

Fonte   https://www.autismoemdia.com.br/blog/autismo-e-hiperatividade/

Postado por Antônio Brito 

29/03/2021

Como se tornar um professor especialista em Educação para pessoas com deficiência?

Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB

Ser profissional de Educação Física e/ou professor já demonstra que a pessoa em questão tem apreço por lecionar e por cuidar do bem-estar do próximo. Quando estas formações cruzam com o desejo de ensinar a pessoas com deficiência, enxerga-se a confluência de missões do educador e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB): promover o paradesporto e a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

Por meio da área de Educação Paralímpica, o CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro promove cursos presenciais e também online e gratuitos para profissionais de educação física de todas as regiões do Brasil.

Para os interessados que estão iniciando a jornada no ensino de pessoas com deficiência, o Comitê em parceria com o Impulsiona, disponibiliza um programa introdutório sobre o assunto. O curso Movimento Paralímpico: Fundamentos Básicos do Esporte tem como objetivo capacitar professores de Educação Física para discutirem e ensinarem esportes para pessoas com deficiência.

Desde seu lançamento, aproximadamente 26 mil professores e estudantes de educação física se inscreveram no curso, demonstrando grande interesse no assunto. Após a conclusão do curso, um certificado é emitido ao profissional concluinte pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), parceira do CPB na iniciativa.

O curso EaD Movimento Paralímpico: Fundamentos Básicos do Esporte teve um forte crescimento de interessados no ano de 2020, coincidindo a alta de matrículas com o período de isolamento social. “Oferecer capacitação gratuita aos profissionais da educação, ainda mais em momentos difíceis para a sociedade como o que ora atravessamos, reforça nosso compromisso de contribuir para a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade, além de enfatizar nossa responsabilidade em promover o acesso de todos ao esporte paralímpico independentemente das circunstâncias”, explica Mizael Conrado, bicampeão paralímpico de futebol de cinco em Atenas 2004 e Pequim 2008, e presidente do CPB.

O CPB oferece também qualificações online e gratuitas de arbitragem e habilitação técnica em atletismo, natação e halterofilismo, além de turmas presenciais em áreas como classificação, gestão, fisioterapia e iniciação. Atualmente as ações de ensino presenciais estão suspensas em virtude da pandemia, sem previsão de retorno.

Para ter acesso às datas dos cursos de habilitação técnicas, é necessário acessar o “Calendário”, na área Educação Paralímpica no site do Comitê. Para não perder nenhuma atualização e oportunidade do calendário de cursos do CPB, recomendamos que os interessados se inscrevam na newsletter do Comitê Paralímpico Brasileiro, para receber informações atualizadas a respeito das novidades deste segmento.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro

Postado por Antônio Brito 

Em Campo Grande, MS, incluídas na vacinação, pessoas com deficiência comemoram o início do alívio

O ginásio Guanandizão, em Campo Grande, MS,  era só alegria na manhã deste sábado, quando um novo grupo passou a ser prioridade nesta etapa da vacinação na Capital. A partir deste sábado, 27, a imunização está sendo feita também em pessoas entre 18 e 60 anos que tenham comorbidades, mediante entrega de laudo.
Na lista entraram pessoas autistas, com deficiência mental, auditiva ou visual, síndrome de Down, paralisia cerebral, distrofia muscular ou traqueostomizados. Também foram incluídos transplantados, renais crônicos em diálise ou pacientes oncológicos com doença ativa e em tratamento.
Foi com ajuda da intérprete Manuela Cáceres, de 34 anos, que conseguimos conversar com Graziela dos Anjos Melo Rocha, que tem deficiência auditiva. Aos 40 anos, ela saiu do Bairro Santo Antônio para tomar a primeira dose da vacina. O sentimento era de felicidade que dava para ver através dos olhos.

“Estou muito feliz, a covid está muito perigosa. Precisamos cuidar da nossa saúde e das pessoas. A vacina nos deixa mais seguros, estou feliz porque a sociedade pensou neste grupo de surdos, nossa comunidade também é importante”, dizia. Sobre a picadinha, Graziela respondeu que “doeu um pouquinho”, mas que a felicidade era maior.

Manuela, a intérprete, é uma das duas profissionais que está auxiliando na comunicação dos surdos. Profissional desde 2013, ela explica que foi convocada para o trabalho e tem um imenso prazer em estar ali. “A comunicação é muito importante, sem ela não temos nada. Minha mãe é surda, eu cresci com isso e sei que existe uma grande dificuldade e só de saber que eles podem ser compreendidos aqui eu fico muito feliz”, fala.

Acompanhada do filho, Lucas Amorim Mota, de 18 anos, que tem síndrome de Down, dona Josefa Pinheiro Amorim Mota, de 53 anos, era só alegria. Os dois vieram do Aero Rancho para o Guanandizão segurando a ansiedade.

“Eu tô feliz e ansioso, não estou com medo”, disse o jovem. A mãe fala da importância de ver o filho tomar logo a primeira dose. “Ele é de um grupo de risco, foi bom adiantar para ele ficar imune logo. Eu fico feliz, porque ele está imune, se contrair a doença, será mais fraca. A vacina significa pra gente esperança de dias melhores. Lá em casa ninguém pegou, graças a Deus”, comemora Josefa.

Vestidos com uma camiseta que identificava o motivo de estarem ali, Diva Elena Duarte, de 52 anos, estava com o filho autista Felipe Silvino, de 24. Os dois eram só felicidade e Felipe já planejava o que poderia fazer depois de ser imunizado. “Estou muito feliz, nem doeu. Estou sentindo falta de sair de casa, quero ir ao cinema”, pedia.

Promotora de eventos, Diva conta que tem sido difícil manter o filho em casa já que ele ama festas, sertanejos e, como Felipe mesmo falou, ir ao cinema. “Eu não via a hora dele ser vacinado, estou mais tranquila por saber que ele vai correr menos riscos, seguimos tomando todos os cuidados. Ele é a coisa mais preciosa que eu tenho na vida”, declara.

Ah, e a “caracterização” dos dois era a antecipação ao dia 2 de abril, quando se comemora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
Felipe recebendo a primeira dose da vacina. Jovem não vê a hora de poder ir ao cinema. (Foto: Henrique Kawaminami) – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

“São pessoas que não usam máscara, então temos essa consciência de que, por exemplo, o cego, os olhos de uma pessoa com deficiência visual é a mão e nesse momento a mão dificilmente pode ter esse tipo de cuidado específico e acabamos tendo uma maior chance de contaminação. Estamos dando prioridade para esse público”, afirmou José Mauro Filho, Secretário Municipal de Saúde.

Fonte  https://revistareacao.com.br/em-campo-grande-ms-incluidas-na-vacinacao-pessoas-com-deficiencia-comemoram-o-inicio-do-alivio/

Postado por Antônio Brito 

28/03/2021

Atletas paralímpicos com deficiência visual podem receber um cão-guia

Atletas paralímpicos com deficiência visual interessados em receber um cão-guia podem se cadastrar até o dia 15 de abril. As inscrições são gratuitas e pela internet.

Mas atenção! Para ser contemplado, o candidato deve ter participado de alguma competição oficial como atletismo, ciclismo, futebol de 5, goalbal, hipismo, judô, natação e remo, além de condições físicas, psicológicas e financeiras para manter o animal.

O esportista também precisa ter disponibilidade para se hospedar por três semanas no centro de formação de cães-guia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense, na cidade de Camboriú, onde irá participar de um treinamento. A seleção será feita diretamente por profissionais do Instituto.

O projeto, que é uma parceira com a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento, foi criado para auxiliar os atletas cegos ou com baixa visão em suas tarefas diárias. O cadastro vale por 24 meses e vai ajudar em processos futuros de seleção de usuários de cães-guia.

Para mais informações acesse o site camboriu.ifc.edu.br

Edição: Beatriz Arcoverde/ Sheily Noleto

Fonte  https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/esportes/audio/2021-03/atletas-paralimpicos-com-deficiencia-visual-podem-receber-um-cao-guia

Postado por Antônio Brito 

26/03/2021

NOTA PÚBLICA do CBCP – Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos sobre publicação do Portal UOL

Descrição da imagem #PraTodosVerem imagem de três atletas de costas na largada da corrida. Eles estão na pista de atletismo. O atleta ao centro é amputado abaixo do joelho da perna esquerda.

Nesta sexta-feira, 26, na Página do CBCP – Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos, esclarece sobre a divulgação veiculada nas primeiras horas do dia. Diz a nota:

“O UOL publicou matéria hoje que trata de verbas públicas que já deveriam ter sido usadas no fomento ao esporte paralímpico, mas que estão paradas, pior, deslocadas de contas específicas com ameaça de se incorporarem ao patrimônio de quem não as utilizou – o Comitê Brasileiro de Clubes-CBC.

No título do texto e em algumas partes da matéria, a abordagem diz que existe uma disputa pela verba. Na realidade, o Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos – CBCP em momento nenhum afirmou que quer essa verba deve ser destinada para ele, pois não entende isso e está ciente dos seus direitos.

“Na verdade, em momento algum o CBCP afirma que quer para si esta verba. O que queremos, e para isto estamos lutando, é que não haja desvio de finalidade, ou seja, que o dinheiro indevidamente acumulado seja aplicado para onde foi destinado: o fomento de atletas com deficiência, através de seus clubes de base”, afirma João Batista de Carvalho e Silva, presidente do CBCP”.

O link da matéria do Portal UOL: https://www.uol.com.br/esporte/ultimas-noticias/2021/03/26/dinheiro-que-deveria-fomentar-esporte-paralimpico-esta-parado-em-bancos.htm

Fonte  https://revistareacao.com.br/nota-publica-do-cbcp-comite-brasileiro-de-clubes-paralimpicos-sobre-publicacao-do-portal-uol/

Postado por Antônio Brito 

FAEL realiza II Seminário de Acessibilidade e Inclusão: Um olhar em todas as dimensões, gratuito e aberto ao público

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2019, pelo menos 45 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência, quase 25% da população do país. No entanto, estas pessoas representam apenas 0.9% da população com carteira assinada (Relação Anual de Informações Sociais – 2016).

Pensando nisso, a FAEL, faculdade pioneira em Ensino a Distância no Brasil, realiza o “II Seminário de Acessibilidade e Inclusão: Um olhar em todas as dimensões”. A partir do dia 22/03/2021 , quem tiver interesse no assunto pode se inscrever gratuitamente para assistir às palestras, que acontecerão on-line no dia 12 de abril.

O evento ficará aberto por um período a partir da data de lançamento, e contará com conferências sobre dimensões da acessibilidade na teoria e na prática, feitas por estudantes com deficiência, professores da FAEL e convidados da comunidade.

Para a Maristela Cristina Metz Sass, professora, coordenadora do CAPA (Centro de Atendimento Psicopedagógico ao Aluno) e idealizadora do seminário, a ideia é valorizar as pessoas com deficiência (PcD), incentivá-las a estudar e terem autonomia para ingressar no mercado de trabalho, além de trazer informações sobre o assunto para os demais participantes.

“Os participantes terão a oportunidade de ampliar conhecimentos sobre a inclusão e conhecer a capacidade das pessoas com deficiência, pois todos precisam aprender sobre o assunto, independente da profissão que escolherem. Desta forma, o objetivo é ampliar a inserção do público PcD no ensino superior, no mercado de trabalho, enfim na sociedade.”

A primeira edição do evento aconteceu em 2019 e foi presencial, dentro do campus FAEL LAPA – PR, contando com cerca de 200 pessoas. Para este ano, a expectativa dos organizadores é de mais de dez mil participantes, que poderão acessar a inscrição do evento pelo link faelflix.com.br de qualquer lugar do país.

“A ação foi pensada para demonstrar que estudar a distância é possível para todas as pessoas. Os alunos com deficiência da FAEL são atores principais do seminário, contando suas experiências de vida e suas conquistas, mostrando a realidade da faculdade. Professores foram envolvidos para cada vez mais ampliarmos a inclusão educacional e a comunidade foi convidada a participar, entendendo que a função de uma instituição de ensino é preparar estudantes para atuar na sociedade positivamente”, explica Maristela.

Fonte  https://revistareacao.com.br/fael-realiza-ii-seminario-de-acessibilidade-e-inclusao-um-olhar-em-todas-as-dimensoes-gratuito-e-aberto-ao-publico/

Postado por Antônio Brito 

25/03/2021

Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência inicia parceria com Projeto Caliandra

A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, em parceria com outros órgãos da Prefeitura de São Paulo e do Governo do Estado, realiza diversas ações que visam o combate à violência, empoderamento e emancipação das mulheres com deficiência na cidade de São Paulo. Segundo dados do IBGE 2010, 810.080 pessoas com deficiência vivem na capital paulista, sendo 477.184 mulheres.

Infelizmente, sabe-se que a violência doméstica atinge mulheres de diferentes idades, raças, credos, níveis sociais e, inclusive, atinge mulheres com deficiência. Mulheres que estão ainda mais expostas a riscos e têm ainda maiores dificuldades para obter informações e denunciar as violências sofridas.

De acordo com dados da Delegacia da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, entre Maio e Dezembro de 2020 foram registrados 3.183 crimes contra pessoas com deficiência. Destes, 42% são registros de agressões contra as mulheres. Ou seja, 1336 mulheres com deficiência foram agredidas nos últimos nove meses do ano passado na capital paulista.

Números que, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, seguem aumentando o índice de violência contra a mulher no período de pandemia pelo novo coronavírus. Os casos de feminicídio aumentaram 41,4% durante o período de quarentena, em todo o estado de São Paulo e que a média nacional de crescimento foi de 22,2%. Por conta do isolamento social, no entanto, houve redução de 20% na procura pelos serviços de atendimento a mulheres vítimas de violência desde o início da quarentena. Portanto, esse é um momento onde as mulheres estão mais vulneráveis a agressões e é essencial fortalecer os canais de divulgação e denúncia.

“Sabemos da necessidade de dar voz às mulheres com deficiência e acabar com os obstáculos que envolvem , especialmente as mulheres surdas, cadeirantes e com deficiência intelectual, que são aquelas que encontram maiores dificuldades no acesso aos serviços e na busca de denúncias e orientações. Só assim, vamos construir uma sociedade mais justa e combater a violência de forma efetiva, o que é uma busca constante da Prefeitura de São Paulo”, destacou a secretária Silvia Grecco.

A Lei Maria da Penha, responsável por criminalizar a violência doméstica e familiar contra mulheres, existe desde 2006. Porém, a legislação só passou a contar com a obrigatoriedade da descriminação sobre a condição de deficiência da vítima de violência nos boletins em 2019. Desta forma, o agressor pode ter sua pena agravada pela justiça. Mas é necessário mais!

Assim com em outras áreas de atuação, a atual gestão da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) tem estreitado o relacionamento com entidades buscando dialogar e criar uma rede de apoio, formando parcerias que possam proteger mulheres e meninas contra a violência.

Entre as entidades parceiras está o Projeto Caliandra, iniciativa que surgiu para estimular e provocar o desenvolvimento de respostas governamentais e da sociedade em geral em relação à prevenção, identificação e combate a situações de violência baseada em gênero, durante e após a pandemia da COVID-19, a fim de proteger mulheres e meninas com deficiência no Brasil.

“Só vamos conseguir diminuir esses índices de violência contra as mulheres através de ações coletivas. Assim fica ainda mais evidente a importância de iniciativas como o Projeto Caliandra, que certamente irá promover o diálogo em busca de ações coletivas entre o poder público e movimentos voltados às pessoas com deficiência”, destacou Silvia Grecco.

 

Observatório Municipal de Violência Contra Mulheres

Desde o dia 8 de março, a Prefeitura de São Paulo passou a contar com o Observatório Municipal de Violência Contra a Mulher, uma plataforma digital desenvolvida pela FESP (Faculdade Escola de Sociologia e Política de São Paulo), que sistematiza dados de órgãos de Segurança. Traça paralelos com o tipo de crime e os períodos em que os casos acontecem, além de gerar o mapeamento e perfil das mulheres atendidas, permitindo antecipar fatos e reduzir casos de violência contra mulheres.

A ideia de criar o Observatório surgiu em 2018 dentro da Coordenação de Políticas para Mulheres, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, com objetivo de fornecer subsídios para o planejamento de políticas públicas para o município.

A ferramenta possibilita ainda o acesso a um curso de capacitação e sensibilização na temática de gênero, que será aberto ao público em geral, com total de 100 vagas.

Foi com base no acompanhamento de dados obtidos durante o processo de implantação do observatório que a prefeitura planejou a abertura dos dois postos que já estão em operação.

O acesso ao Observatório em si é restrito ao público, uma vez que os dados brutos podem dar margem a interpretações equivocadas. Porém, haverá um relatório trimestral disponível no site. O endereço do Observatório é: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/mulheres.

Fonte: https://revistareacao.com.br/secretaria-municipal-da-pessoa-com-deficiencia-inicia-parceria-com-projeto-caliandra/

Postado por Antônio Brito 

Pessoas com deficiência encontram barreiras de navegação em sites de comércio eletrônico

No mês em que se comemora o Dia do Consumidor, 15 de março, trazemos uma reflexão: por que pessoas com deficiência ainda encontram dificuldades e barreiras de navegação em sites de vendas online? Comprar online sendo cego ou surdo, por exemplo, é uma tarefa praticamente impossível de ser realizada na maioria dos sites de e-commerce brasileiros. Isso porque as páginas não estão adequadas para receber a visita desse público. Para garantir os direitos do consumidor com deficiência, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, lançou o Selo de Acessibilidade Digital, iniciativa que garante e certifica páginas web que cumprem com os critérios de acessibilidade estabelecidos nacional e internacionalmente.

O Selo de Acessibilidade Digital, lançado em maio de 2018, além dos sites públicos municipais, já certificou várias empresas e entidades que comprovaram acessibilidade em seus sites. O objetivo do Selo é promover, em todo o país, o conhecimento e a consciência sobre a importância de observarmos as boas práticas da acessibilidade na web, assim como reconhecer as organizações que já têm sites e portais acessíveis. A avaliação segue os critérios estabelecidos no Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (eMAG), do Governo Federal, e as diretrizes de verificação previstas na Portaria nº 08/SMPED-GAB/2018, que regula o Selo de Acessibilidade Digital.

A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) estruturou a avaliação e concessão do Selo de maneira confiável e transparente. Dois estudos realizados pelo Movimento Web Para Todos mostram que menos de 1% dos sites brasileiros estão acessíveis, e 100% dos sites mais acessados do e-commerce brasileiros apresentam barreiras para a navegação deste público.

Acessibilidade Digital é Lei
A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015) garante: “É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente”, estabelece o artigo 63 da LBI.

Além de aumentar as vendas, você garante um direito de todos. “A tempos produtos e serviços estão disponíveis para consumidores na web. Porém, barreiras de acessibilidade, muitas vezes, impedem que pessoas com deficiência, em especial, pessoas com deficiência visual, tenham acesso a esses produtos e serviços. Portanto, quando o site tem o Selo de Acessibilidade Digital, que certifica que aquele site é acessível, faz com que pessoas com deficiência saibam que podem navegar naquele site, iniciando uma compra e concluindo com autonomia” ressalta Sidney Tobias, Analista de Sistemas da Prodam, Consultor de Acessibilidade Digital e Comunicação Inclusiva, e tem deficiência visual.

A preocupação com acessibilidade precisa ser constante: “Durante a validade do Selo, a SMPED monitora a acessibilidade dos sites através de um robô que faz a varredura dos sites certificados para checar se cada página se mantém acessível durante o período. Caso seja verificada uma diminuição da acessibilidade, os responsáveis pelo site são notificados, podendo perder a certificação” destaca Edilson Flausino, Coordenador de Acessibilidade Digital da SMPED.

A acessibilidade digital traz grandes benefícios a todas as pessoas, sejam elas com deficiência, idosos ou iniciantes em tecnologia. Tem vantagens tecnológicas, como códigos organizados e compatibilidade com todos os dispositivos e plataformas, oferece independência na navegação, principalmente, para quem precisa de ajuda para executar tarefas simples e essenciais, além de atender um direito do cidadão.
Os benefícios de ter um site acessível

São mais de 15.750.969 pessoas com deficiência no Brasil, público-alvo que hoje é colocado que tem tanta capacidade de consumo de conteúdo, serviços e produtos como qualquer indivíduo. Existe um fator de humanização e impacto de marca muito fortes. A partir do momento que você transforma seu site em um site acessível, você está se posicionando por uma causa, que traz um impacto forte. Vai haver uma melhoria no rankeamento do site com relação às buscas, principalmente o Google, com potencial de aumento de receita por conta do novo público. Além disso, a acessibilidade digital traz inovação, porque é uma solução que usa a IA (Inteligência Artificial) em conformidade com todas as regulamentações brasileiras de inclusão. Além de ampliar o canal de diálogo das empresas, o Selo também ajudará na construção de uma imagem positiva perante o mercado, sendo a única certificação no Brasil.

A empresa Odete, plataforma 100% digital, voltada para divulgação dos serviços das diaristas, adquiriu o Selo no final de 2020 e já percebeu impactos positivos: “No sentido de buscar parcerias com grandes empresas, elas veem na Odete um diferencial absurdo por conta do Selo”, conta Felipe Huggler, CEO da empresa.

Para Pedro Machado, procurador da República e diretor da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), ele vê o documento digital como uma forma de reafirmar os direitos fundamentais dos cidadãos: “Como entidade representativa dos procuradores da República, que tem entre suas missões a defesa dos direitos fundamentais, o que inclui as pessoas com deficiência, a ANPR entende que deve adequar suas formas de comunicação a todos os segmentos da sociedade representados na atuação do Ministério Público Federal. O selo é uma mostra de que universalizar a acessibilidade não consiste apenas em um discurso para os procuradores da República, pelo contrário, é uma missão real concretizada em atitudes.”

A SMPED já concedeu 83 Selos de Acessibilidade Digital entregues para sites desde seu lançamento em maio/2018. Além disso, a Secretaria fechou uma parceria com o Hand Talk, em outubro de 2018. Tradução digital e automática para Libras em todos os sites da PMSP por intermédio de um avatar.

Como adquirir o Selo?

A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e a Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) são os responsáveis por avaliar se as páginas submetidas estão de acordo com os critérios e procedimentos estabelecidos na Portaria SMPED-GAB nº 08/2018 e pelo Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (eMAG). O site que atender a 95% dos critérios básicos já tem condições de se aplicar para conseguir o Selo.

Após o requerimento, a Divisão de Acessibilidade Digital e Comunicação Inclusiva (DADCI) emitirá Relatório Técnico de Avaliação da Acessibilidade e submeterá à apreciação, para concessão do Selo, da Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA), órgão vinculado à SMPED. Confira o passo a passo: http://bit.ly/SeloAcessibilidadeDigital

Fonte: https://revistareacao.com.br/pessoas-com-deficiencia-encontram-barreiras-de-navegacao-em-sites-de-comercio-eletronico/

Postado por Antônio Brito 

23/03/2021

Campeã mundial, seleção de futsal down comemora a boa fase e luta por mais visibilidade

O dia 21 de março foi escolhido como um marco na luta por visibilidade e respeito às pessoas com síndrome de down. Neste domingo, para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down, o Esporte Espetacular fala sobre os benefícios do esporte na vida de meninos que cresceram apaixonados por futebol. A seleção brasileira de futsal down foi criada em 2015 e, em apenas quatro anos, conquistou o título de campeã mundial. A meta é o bicampeonato, eles já têm um incentivo de peso.

– Olha, eu já sou orgulhoso de ser brasileiro, mais orgulhoso ainda de saber que temos um time campeão igual ao de vocês, que representa o nosso país lá fora. Vocês estão de parabéns, estou muito orgulhoso de vocês. Obrigadão! – disse o capitão do penta, Cafu.

Fabiano Guasti exibe a medalha do mundial de 2019 — Foto: Paulo Natário

A modalidade é vinculada à Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais. O próximo sonho é fazer parte do programa dos Jogos Paralímpicos. O maior evento do paradesporto conta apenas com algumas provas para deficientes intelectuais na natação e atletismo.

– Seria mais uma vitória e um grande sonho ter a modalidade inserida nas Paralimpíadas – afirmou Cleiton Monteiro, técnico e grande incentivador do esporte.

Final contra Argentina
A final do Mundial de 2019 foi contra a Argentina, vitória por 7 a 5 com cinco gols do artilheiro da competição: Renato Gregório. Foi a última vez que a equipe participou de uma competição de nível internacional, alguns meses antes de a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretar o estado de pandemia.

– Eu passei mal de nervoso, porque eu nunca tinha imaginado chegar a uma final contra a Argentina, né? – revelou Renato, que marcou 21 gols na competição.

Isolados por conta do crescimento da curva de contágio do novo coronavírus, os jogadores da seleção estão treinando em casa. Os portadores da síndrome de down fazem parte do grupo de risco, eles são mais propensos a contrair infecções e têm outros problemas médicos que podem trazer maior risco de agravamento do quadro.

Em um encontro especial, com cada um na sua casa, os atletas também tiveram a oportunidade de ouvir conselhos do cestinha Oscar Schmidt.

– Que eles ganhem o segundo, terceiro Mundial e por daí para frente – desejou o “Mão Santa” do basquete brasileiro.

O futsal down começou a ser praticado no país somente em 2011. Em comparação com a modalidade convencional, são feitas apenas algumas adaptações: o tempo de reposição de bola sobe de quatro para seis segundos, o cronômetro não para quando a bola vai fora e a duração é de 40 minutos corridos (dois tempos de 20 minutos) com intervalo de 15 minutos.

Cleiton Monteiro (segundo da direita para a esquerda) faz preleção com o time antes da final contra a Argentina — Foto: Arquivo pessoal

Cleiton Monteiro comemorou o crescimento da modalidade na última década. Um dos grandes desafios é driblar os preconceitos e estereótipos. Com a pandemia controlada, a meta é viajar para competir no mundial do Peru em 2022.

– Eles evoluíram como pessoas. Eles entenderam o que é o certo e o que é errado, a hora de ter o respeito, a hora de ter disciplina e a autoestima. Porque aí melhora no trabalho, melhora na escola, melhora no convívio, eles se sentem importantes – disse Cleiton Monteiro.

A ansiedade por novas competições é grande, mas, enquanto a prática de modalidades coletivas não é liberada, as lembranças de 2019 e o anúncio de um novo patrocinador são combustíveis para continuar treinando.

– Esse patrocínio vai viabilizar fazer algumas viagens, amistosos e participar da própria competição, que ano que vem nós temos um mundial aí – comemorou o técnico.

Fonte: https://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/selecao-futsal-down.ghtml

 

Assista a Reportagem:

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Fonte  https://revistareacao.com.br/campea-mundial-selecao-de-futsal-down-comemora-a-boa-fase-e-luta-por-mais-visibilidade/

Postado por Antônio Brito 

Ser mãe de autista: um desafio superado de um jeito criativo

Com pouco mais de 100 mil habitantes, o município de Araxá, em Minas Gerais, reserva aos visitantes encantos naturais, históricos e gastronômicos típicos da região Sudeste. E é de lá também que vem a surpreendente história que vamos te contar. A enfermeira Eloá Alves precisou encarar situações complicadas após seu filho, Paulo Antônio, ser diagnosticado com Autismo. Mas algumas circunstâncias curiosas a fizeram vencer esse desafio de ser mãe de autista de uma maneira criativa. E que acabou dando tão certo que a iniciativa vem se espalhando pelo Brasil.

Ser mãe de autista: como tudo começou

Atualmente, Paulo Antônio tem sete anos, mas o diagnóstico fechado de autismo veio quando o menino tinha três anos, depois de várias análises médicas que começaram no oitavo mês de vida. Isso ocorreu após suspeitas de Eloá, que, além de enfermeira, é especializada em psiquiatria e neuropsicofarmacologia (que estuda remédios atuantes na influência do comportamento). Somado a isso, o marido de Eloá é médico, especializado em saúde da família. A experiência da família no ramo da saúde logo fez chamar atenção para o caso de Paulo Antônio, que não vinha demonstrando os mesmos padrões de uma criança neurotípica – que é um dos primeiros sinais de que a criança é autista.¹

Apesar de seu trabalho já envolver questões comportamentais e doenças neurológicas, a experiência de Eloá se limitava a transtornos como esquizofrenia e bipolaridade. E ela ainda não tinha tido a experiência de lidar com uma criança Autista. Quis o destino que esse momento acontecesse dentro da própria casa. Foi a partir da chegada de Paulo Antônio que Eloá sentiu que então, sua vida ganhava um novo protagonista.

Foto do Arquivo Pessoal

Mães de autistas: compartilhando experiências

Eloá conta que, no começo, não recebeu o apoio e o acolhimento que esperava. “Por sermos da área da saúde, todos diziam que eu saberia cuidar muito bem dele”. Diz.

Certamente a experiência dos pais fez a diferença, mas nada pôde preparar Eloá pro que viria acontecer entre os anos de 2017 e 2018, quando Paulo Antônio teve as primeiras grandes crises decorrentes do autismo.

Se sentindo solitária quanto às questões do filho, foi nessa fase que Eloá descobriu e procurou o Grupo de Apoio a Pais de Autistas de Araxá (que começou, na verdade, como um pequeno grupo dentro da FADA – Associação de Assistência à Pessoa com Deficiência de Araxá). Hoje, com o nome de A & +, o grupo virou de vez uma Associação, já independente, não dispensa o apoio dos profissionais da área, mas é organizada e dirigida principalmente por mães de autistas.

“A gente recebe o diploma, mas não o diploma de mãe. Ainda mais o de mãe de autista”, comenta Eloá, emocionada ao lembrar dessa época. Eloá se sentiu agraciada pelo carinho que recebeu da A & +, que entendeu que, apesar de ela ter experiência na área da saúde, ela estava ali como mãe, antes de qualquer coisa. Assim começou a trajetória de mãe de autista ativista de Eloá – que viria a ajudar muitas mães e pais que também lutavam para cuidar dos filhos com o Transtorno do Espectro Autista.

Foto do Arquivo Pessoal

Acolhendo outras famílias

Às portas do Dia de Conscientização do Autismo, que acontece no dia 2 de abril, Eloá conta um pouco das atividades que a Associação vem desenvolvendo.

Além do papel de mãe de profissional da entidade, Eloá é uma das “acolhedoras” de mãe de autista, como assim são chamadas as pessoas que participam ativamente das atividades, principalmente acolhendo – literalmente – novas famílias que procura a Associação.

Num escritório modesto, Eloá faz acolhimentos individuais, onde os pais relatam as dificuldades mais íntimas que eles passam com seus filhos. São problemas que vão desde os impactos de receber o diagnóstico até problemas conjugais pelos quais passam os casais que precisam lidar com as dificuldades – ora leves, ora moderadas, ora severas – dos filhos. E tudo isso ocorre de forma bastante profissional: tratado no sigilo e resumido em um prontuário de cada família.

Outro formato é o acolhimento feito em grupo uma vez por mês, num salão paroquial gentilmente cedido à Associação, onde as mães desabafam suas histórias e ainda recebem orientações de profissionais convidados – no começo de 2020, por exemplo, o grupo recebeu uma pedagoga que ensinou aos pais como suavizar as ansiedades do começo de um ano letivo.

Clique aqui para conhecer o Instagram do associação A & +.Foto do Arquivo Pessoal

Uma ideia simples e eficaz

Por falar em ano letivo, numa das crises de seu filho na escola, Eloá precisou tomar uma iniciativa para evitar os olhares preconceituosos.

“Todos acharam que meu filho estava de birra e eu era uma mãe incapaz de controlar o meu filho”, conta Eloá, lembrando que no dia precisou “arrastar” o filho por dois quarteirões, enquanto o menino lutava com a mãe, após uma longa tentativa de tirá-lo do ambiente da escola, que no horário estava com todos os portões trancados. No fim, ambos saíram fisicamente machucados daquela situação. “Os outros pais olhavam estranho, tentavam afastar seus filhos de perto”, relata Eloá.

A “luta” terminou quando Eloá e Paulo Antônio chegaram ao carro, já com bastante dificuldade até de destrancar as portas. Foi assim que Eloá chegou à conclusão de que precisava sinalizar seu carro para que os outros motoristas e pedestres soubessem que aquela mãe poderia passar por situações difíceis. Além disso, Eloá remeteu à Lei Berenice Piana, que, entre outras coisas, garante direito a vagas especiais para carros de famílias com pessoas autistas. A Lei Berenice Piana é uma lei que faz alcançar à pessoa autista os mesmos direitos previstos na Lei de Proteção à Pessoa com Deficiência.

Depois disso, Eloá procurou opções na internet e encontrou um modelo de adesivo que ela imprimiu por conta própria e passou a circular portando esse aviso em seu carro.

Foto do Arquivo Pessoal

Do carro à porta de casa

Mas os problemas não pararam por aí.

Em meio às constantes crises que aconteceram na época com Paulo Antônio, Eloá também passava por momentos difíceis dentro de casa. “Por causa dos gritos, a vizinha vinha ver o que estava acontecendo, no que eu expliquei que o Paulo é um garoto autista e acontecia de ele gritar e fazer muito barulho”. A mãe do menino precisou explicar, também, que as coisas não eram como pareciam de fora. Às vezes, Eloá estava apenas escovando os dentes do filho ou cortando as unhas. Mas, naqueles momentos o menino gritava tanto que parecia que Eloá estava batendo na criança.

Do carro, a ideia do adesivo também foi parar na porta de seu apartamento.

Depois de um colega de trabalho ter visto e elogiado o adesivo no carro de Eloá, ela imprimiu uma quantidade maior e levou para distribuir na Associação, onde descobriu, novamente, que não estava sozinha e muitos outros passavam por momentos semelhantes.

Logicamente, o adesivo foi um sucesso. Hoje, no município de Araxá, muitos carros e motos já são vistos circulando com o adesivo.

Eloá conta que o adesivo foi de grande utilidade para ela e para outras mães: “Depois que passei a utilizar o adesivo, algumas pessoas vieram até pedir desculpas pela forma como agiram quando não sabiam do autismo do meu filho”.

Medidas Simples, mas necessárias

Imprimir, distribuir e colar um adesivo podem parecer medidas simplórias, mas as informações contidas podem fazer diferença na hora dos pais e familiares de uma criança autista solucionarem uma crise.

A questão da distância entre o carro dessa família e um outro veículo, por exemplo, é crucial. Numa situação de crise em que pais e criança precisam se locomover, é extremamente necessário que a distância de, pelo menos, 1,5 metro seja respeitada.

Já imaginou essa família precisar e ter a infelicidade de ter o carro trancado por outro?

Além disso medidas comportamentais precisam ser encaradas com respeito e certa naturalidade por vizinhos e outras pessoas próximas, que também podem cumprir seu papel de não desenvolver hábitos que atrapalhem o sossego das pessoas com Transtorno do Espectro Autista – em geral, muito mais sensíveis que as demais pessoas.

Foto do Arquivo Pessoal

Ser mãe de autista: muito além do adesivo

Mas não é só no dia-a-dia ou em momentos de crise que a sinalização do carro se faz importante. Na hora de fazer um passeio ou mesmo uma viagem de férias, algumas dicas são essenciais para minimizar o impacto da mudança na rotina para essas crianças.

Abaixo, Eloá lista uma série de cuidados que você pode ter para tornar a viagem em família tranquila e relaxante:

  • Antecipe os roteiro da viagem, mas não tanto a ponto de deixar a criança ansiosa
  • Ajude a criança a escolher um brinquedo ou algum objeto que a deixe mais tranquila
  • Procure um horário mais tranquilo para sair de casa, evitando momentos com pico de calor
  • Se a criança já tiver idade de entender, explique tudo que vai acontecer na viagem, pois são as incertezas que as deixam ansiosas
  • Mantenha ou seu corpo com algum sinal de estar viajando com uma criança especial
  • Mantenha um ambiente calmo durante a viagem e passe constante segurança à criança

A história da Eloá e do Paulo Antônio mostram como todas as dificuldades da vida um autista – também da mãe e do pai – podem ser contornáveis, pela medicina, com medidas criativas, com o apoio de outras pessoas e, principalmente, com muito amor. E a única coisa que é inaceitável é o preconceito.

Se você também tem um autista na família, conheça nosso superguia de atividades para fazer em casa. Esse pode ser um momento gostoso de interação e diversão com o seu filho!

Você também tem algo especial pra contar? Entre em contato com a gente e conte a sua história! Ela pode aparecer aqui no Autismo em Dia.

Fonte  https://www.autismoemdia.com.br/blog/ser-mae-de-autista-um-desafio-superado-de-um-jeito-criativo/

Postado por Antônio Brito 

20/03/2021

As Pessoas Com Deficiência na História do Brasil – Uma trajetória de silêncio e gritos!

O motivo que levou o autor a escrever o livro foi reforçar a sua teoria sobre questões que envolvem as pessoas com deficiência no Brasil – por exemplo, mecanismos de exclusão, políticas de assistencialismo, sentimentos de piedade, caridade, inferioridade, oportunismo, dentre outras – construídas culturalmente.
Sua intenção não é ser completa, esgotando o assunto.

É, antes de tudo, “um roteiro” onde seus capítulos podem ser a base para pesquisas melhores aprofundadas, com métodos e teorias cientificamente estabelecidas. Por isso, o autor considera a obra como a base de uma Historiografia especializada em assuntos da pessoa com deficiência no Brasil.

Desde o descobrimento do Brasil, a pessoa com deficiência foi tratada ao longo da História pela perspectiva religiosa, assistencial ou médica, práticas construídas como questões relativas aos ambientes hospitalares e assistenciais.

No campo educacional, a Educação Especial pode ser dividida em três períodos distintos: o nascimento das instituições e entidades, o desenvolvimento de legislações específicas e a era da Inclusão Social.

No campo cultural, muitas lendas brasileiras trazem o tema deficiência em seu contexto de forma pejorativa. Na literatura, destacam-se vários autores com algum tipo de limitação, assim como nas artes em geral.

Organizada de uma forma didática e multidisciplinar em vários capítulos, esta obra destina-se às áreas como Psicologia, Pedagogia, História, Medicina, Política e afins.


Sobre o autor
Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral, ficando com sequelas na fala e nos movimentos, mas nunca se deixou abater. É psicólogo, pós-graduado em Educação Inclusiva, possui Doutorado em Psicanálise, Doutorado em Teologia e extensão universitária em Docência do Ensino a Distância.
Sobre o Livro
As Pessoas Com Deficiência na História do Brasil – Uma trajetória de silêncio e gritos!
Autor: Emílio Figueira
Formato: 14 x 21 cm
216 páginas
R$ 56,00
Wak Editora

Fonte  https://revistareacao.com.br/as-pessoas-com-deficiencia-na-historia-do-brasil-uma-trajetoria-de-silencio-e-gritos/

Postado por Antônio Brito 

18/03/2021

Chance de recomeçar em um lar mais seguro e adaptado

Maria Rita e os envolvidos no programa se emocionaram na hora da entrega da casa reformada | Foto: Lúcio Bernardo. Jr./Agência Brasília

Ao entrar no terreno onde fica a sua casa, Maria Rita das Chagas não conteve as lágrimas. O abraço apertado na filha mais velha, Aline, é carregado de emoção e alívio. Por 20 anos, a dona de casa teve que conciliar os cuidados com o filho Jonathan, que tem deficiências física e mental, com as dificuldades do terreno desnivelado e a falta de acessibilidade. Problemas que, agora, não existem mais.

A reconstrução do lar de Maria Rita e Jonathan no Residencial do Bosque, em São Sebastião, foi possível graças à intervenção do GDF, por meio do programa Melhorias Habitacionais, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab), que investiu cerca de R$ 50 mil na obra. A casa nova possui uma área de aproximadamente 60 metros quadrados com sala, cozinha, dois quartos, área de serviço, banheiro adaptado e portas mais largas do que as convencionais.

Conforto para Jonathan e praticidade para Maria Rita nos cuidados do dia a dia | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

“Estou muito feliz, ficou muito melhor do que eu imaginava”, disse Maria Rita ao receber as chaves da casa da equipe da Codhab, que acompanhou a entrega da obra. “Mudou da água pro vinho. Antes era muito difícil cuidar da casa do jeito que estava e cuidar dele [Jonathan]. Agora vai ser totalmente diferente”, finaliza, com esperança.

A antiga casa de Maria Rita e Jonathan apresentava sérios problemas estruturais. O mais grave era o desnível do terreno em relação à rua, que chegava a impressionantes 90 centímetros, situação que foi resolvida com o aterramento e nivelamento do solo. Além disso, as paredes da casa tinham rachaduras, mofo e infiltrações, e o banheiro ficava instalado do lado de fora. Tudo isso foi resolvido com a reconstrução completa do local.

A conclusão da obra e a consequente entrega da casa não deixaram feliz apenas Maria Rita e sua família, mas também toda a equipe que se envolveu no projeto desde o início. “Traz uma satisfação enorme como servidora pública. É um retorno para a sociedade prover melhores condições de habitação, dar o direito à moradia para quem precisa de fato”, explica a coordenadora do Programa de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social da Codhab, Sandra Marinho.

“Essa ponte entre o Estado e o beneficiário da política pública é feita por uma sensibilidade de toda a equipe multidisciplinar envolvida, desde a assistente social, engenheiros, arquitetos, construtores, até a diretoria e a presidência da Companhia”Sandra Marinho, coordenadora do Programa de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social da Codhab

Um trabalho que também é pautado pela compaixão e pela empatia com quem mais precisa desses serviços. “Essa ponte entre o Estado e o beneficiário da política pública é feita por uma sensibilidade de toda a equipe multidisciplinar envolvida, desde a assistente social, engenheiros, arquitetos, construtores, até a diretoria e a presidência da Companhia”, finaliza a coordenadora.

Além da casa de Maria Rita em São Sebastião, a Codhab atualmente também atua em outros seis serviços de manutenção ou reconstrução de moradias precárias de famílias que possuem um ou mais membros com algum tipo de deficiência física ou mental.

Conheça o programa

Melhorias Habitacionais é um subprograma vinculado ao eixo Projeto na Medida, com base na Lei Federal n° 11.888/2008. O texto assegura assistência técnica pública para reforma de habitação a famílias em vulnerabilidade social, sempre em áreas de interesse social regularizadas ou passíveis de regularização. As obras dependem de disponibilidade orçamentária e são executadas por empresas credenciadas pela Codhab.

Codhab investiu cerca de R$ 50 mil nas adaptações e melhorias do imóvel | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Núcleos familiares com algum integrante deficiente já tinham prioridade, mas, desde setembro de 2020, a Codhab e a Secretaria Extraordinária da Pessoa com Deficiência (SEP) assinaram acordo de cooperação técnica para criar um nicho específico. Assim, de forma focada, podem oferecer acessibilidade, mobilidade e qualidade de vida para pessoas com deficiência (PcD).

Fonte  https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2021/03/17/chance-de-recomecar-em-um-lar-mais-seguro-e-adaptado/amp/

Postado por Antônio Brito 

17/03/2021

NANISMO NA TV E A LUTA POR RECONHECIMENTO QUE COMEÇA FORA DAS TELINHAS

Protagonista, vilão, assistente de palco, humorista. O nanismo nas telinhas, no cinema e no teatro passa por grandes mudanças e a percepção de quem está do lado de dentro da TV ou nos palcos é a de que as transformações começam aqui de fora. É a quebra do preconceito que viabiliza papéis mais sofisticados e que não necessariamente têm o nanismo como destaque. Ao mesmo tempo, é essa mesma mudança que permite trabalhos que se valem do humor e até mesmo que os caricatos sejam mais leves, que sejam escolha e não opção única. Neste post, o Somos Todos Gigantes conversou com quem participa ativamente da cultura na TV, no teatro e no cinema. O resultado: muito orgulho e a certeza de que o caminho ainda é longo!

Leonardo Reis, de 41 anos, tem Displasia Diastrófica, é formado em Ciências da Computação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre e concursado. Ainda assim, decidiu que a arte podia ser uma segunda profissão. Foi para o cinema, pra TV e também para o teatro. Conhecido como Gigante Léo, protagonizou o filme ‘Altas Expectativas’ e participou de outros: ‘O Concurso’, ‘Minha vida em Marte’, ‘No Gogó do Paulinho’ e ‘Crô em família’, além de dublar o personagem Gary no último filme “Coringa”.

Leo é, com certeza, um dos grandes nomes do país que leva o nanismo para telinha e que inspira outros tantos a conquistar degraus mais altos. Na TV Globo participou da novela ‘Novo Mundo’, de ‘Pé na Cova’, ‘Zorra Total’, ‘Nova Zorra’ e ‘Os caras de pau’. Na Multishow conquistou o Prêmio de Humor em 2012 e já esteve em ‘Vai que Cola’, ‘220 Volts’ e ‘Treme Treme’. No teatro, além de várias peças infantis, esteve ao lado de Ulisses Matos na peça ‘Mentira tem perna curta’, esteve em turnê com ‘É o que temos pra hoje’, além do solo de humor ‘Verticalmente Prejudicado’.

Léo conta que já recusou muitos trabalhos como assistente de palco porque não se sentia bem neste local. “Acho que é preciso ter espaço para todo mundo e acho que todas as oportunidades são importantes, mas também acredito que é preciso lutar por espaço e mostrar que não é apenas este o lugar das pessoas com nanismo. Temos excelentes atores e atrizes que têm nanismo e não é por isso que só podem fazer papéis caricatos. Podemos fazer humor inteligente sem cair no óbvio, no caricato. Eu não gosto, não faço, mas não tenho nada contra quem faça”, completa. O ator pontua, com firmeza, que não vê nenhum trabalho como negativo e acredita que de alguma forma, estas pessoas estão marcando algum lugar e possibilitando que outras tantas tenham novas oportunidades. Para Leo, quebrar os ciclos depende muito mais de fatores externos.

“Há 20, 30 anos, alguns diretores, que inclusive eu respeito muito, enxergavam que colocar uma pessoa com nanismo sendo protagonista ou par romântico, isso ia soar ruim. Hoje em dia, se a gente tivesse um vilão ou até mesmo um galã e não falasse especificamente do nanismo, as pessoas iam querer assistir e seria sucesso. Isso aconteceu porque ciclos foram quebrados. Pessoas com nanismo podem ser brilhantes artistas. Nós somos capazes. Já fiz papéis comuns como anão a branca de neve, por exemplo, mas isso não impediu que me vissem como capaz de trabalhos diferentes ”, afirma Leo Reis.

O Gigante Léo conta que já recusou trabalhos, vários, sobretudo de assistente de palco. “Eram boas propostas financeiras, mas recusei porque achava que não era isso. Não precisava e não estava confortável. Tenho uma vantagem considerável de ser formado, concursado e não precisava da renda da arte para sobreviver, para colocar comida na mesa. Pude ter condições financeiras de fazer diversos cursos preparatórios com Sergio Pena, Fátima Toledo e tantos outros profissionais. Financiei diversas preparações particulares”, finaliza.

Programas de auditório

Elias – Instagram anao_da_tv / YouTube anão da TV

Elias Casales, de 46 anos, tem Acondroplasia e já trabalhou com Silvio Santos, Gugu, Sabrina Sato, Geraldo Luís e também no Programa Pânico na TV. Recentemente, participou da gravação de uma série do Whinderson Nunes, que ainda não foi ao ar, e coleciona inserções em clipes. Para ele, há um lado extremamente positivo nos trabalhos, mas claro, também faz suas ressalvas. “Tem coisas que eu não aceito. Se eu acho que é muito preconceituosa, que ultrapassa o que eu quero, digo não. Quero trabalhar, ganhar meu pão, mas tem papéis que eu não aceito. Tenho outros amigos que aceitam. Cada um tem o seu querer, o seu livre arbítrio”, acrescenta.

Para o artista, estar em um programa de auditório é mais que uma simples participação, é uma forma de entrar na casa das pessoas. “O anão na televisão, ele entra na casa das pessoas e principalmente as crianças começam a quebrar barreiras. Há 10 anos, a gente saia na rua e era visto como engraçadinho, as pessoas nos olhavam com impacto. Isso está mudando. Estamos quebrando barreiras. Não vejo alguns papéis como falta de oportunidade, mas claro queremos ser reconhecidos, mostrar o que somos e não somos apenas pessoas com deficiência”, acrescenta Elias.

Ele diz que já chegou, inclusive, a ser convidado para um filme pornô, era um dinheiro bom e ele estava precisando, mas recusou. “Pensei, pensei e que isso não seria legal para o futuro, filhos, família. Tenho amigos que hoje se arrependem deste tipo de trabalho e eu não toparia por dinheiro nenhum. O dinheiro pesa muito, mas eu não aceitaria”, finaliza.

Preconceito enraizado

Veca Ned

Veca Ned é atriz, palhaça e cantora. Filha do cantor Nelson Ned, também tem nanismo e tem a arte correndo nas veias. Ela afirma que duas frases do pai que foi reconhecido mundialmente ela ainda carrega: “Não trafique com sua estatura” e “Você não precisa passar por isso”. Ela é mais enfática na recusa de alguns trabalhos e fala em preconceito enraizado. Diz que já recebeu inúmeros convites para fazer papéis de anões da branca de neve, duendes e afins, mas não topa.

“Desde a época medieval, os Gigantes eram expostos e com o contexto de chacota. Fomos expostos em circos de horrores como bobos da corte e vendidos, tratados como pets. Naquele tempo, quanto mais ‘gigantes’ no reino, maior as riquezas. Muitos andavam em coleiras e ‘cruzavam’ para dar filhotes. É difícil imaginar isso. Então, quando eu vejo gigantes se expondo a qualquer preço e fazendo os mesmos movimentos, só que em plataformas mais modernas, penso que evoluímos pouco como humanos”, completa Veca.

Com um grande exemplo em casa, diz que andar no caminho contrário seria jogar fora tudo que o pai ensinou. Agora, depois de muito não, diz que as pessoas se aventuram menos a convidá-la para qualquer trabalho e orgulhosa diz que já cantou até mesmo no Teatro Municipal. “Um dia escutei um comentário de bastidores assim: a Veca escolhe bem seus trabalhos, não são muitos, mas são muito bons. Fiquei feliz e tive a certeza de estar fazendo as escolhas certas”, finaliza. 

Fonte  https://somostodosgigantes.com.br/nanismo-na-tv-e-a-luta-por-reconhecimento-que-comeca-fora-das-telinhas/

Postado por Antônio Brito