03/03/2021

Santos às Cegas: Passeio de bike para pessoas com deficiência visual

Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto com duas pessoas em cima de bicicleta – modelo triciclo, com o logo Santos às Cegas no canto esquerdo inferior. O condutor, Renato Frosch é branco, usa bermuda preta, tênis, camiseta vermelha, máscara hospitalar e capacete pretos. Atrás dele, passageiro de pela branca, usando bermuda jeans, camiseta vermelha, máscara hospitalar branca, óculos escuros e boné preto. Estão parados em uma praça, e ao fundo se vê alguns carros e prédios. Créditos: Acervo pessoal/Renato Frosch

Com passeios gratuitos pela orla, o projeto Santos às Cegas garante a inclusão de pessoas cegas e com deficiência visual, com direito a conhecer monumentos e áreas públicas com miniaturas 3D

Paulistano de 42 anos e cidadão santista há 15, o professor universitário de arquitetura e pedagogia Renato Frosch é desses que representam o autêntico sentido da frase “fazer a diferença” na vida das pessoas. Ele é criador do ‘Santos às Cegas’, projeto que consiste em levar os participantes para dar uma volta de bicicleta pela orla.

O que torna essa iniciativa especial, é a inclusão social de fato. São passeios gratuitos para cegos e pessoas com deficiência visual, como baixa visão e visão monocular, por exemplo. Com direito a paradas em pontos específicos, Frosch apresenta monumentos e espaços da arquitetura urbana com réplicas em miniaturas 3D, e um bom bate-papo.

Em entrevista ao JornalistaInclusivo.com, na segunda-feira (15), Renato explicou que as maquetes são produzidas por ele mesmo. “São impressões 3D, que são meu campo de pesquisa de criação de materiais pedagógicos inclusivos para pessoas com deficiência visual”, conta o professor.

Descrição da imagem #PraCegoVer: Na foto publicada no Instagram, o professor Renato e sua amiga Lívia estão em frente ao Canal 2. Ela segura uma réplica da mureta dos canais e uma representação de escala humana. Renato usa camiseta vermelha, máscara hospitalar e capacete pretos, e óculos de grau. Lívia usa regata cinza e máscara hospitalar preta. No canto esquerdo superior, o logo do projeto Santos às Cegas. Créditos: Acervo pessoal/Renato Frosch

Os passeios são realizados com um triciclo tandem – uma espécie de bicicleta com dois lugares e três rodas. Sobre o porquê da bicicleta, o professor conta que ela sempre fez parte da sua vida. “Sempre viajei de bike em expedições como Caminhos de Santiago, das Missões no Rio Grande do Sul, Chapadas Diamantina, Veadeiros, Guimarães e outros.

Segundo Frosch, os passeios não são exclusivos para pessoas cegas, pois as maquetes atendem pessoas com todos os tipos de deficiência visual, público que faz parte da vida do professor há cerca de 4 anos. Mas, “o marco principal foi o Laboratório de Inovação Cidadã, em outubro de 2018, na cidade de Rosario, Argentina”.

De acordo com o criador do Santos às Cegas – que teve início em janeiro, a partir de um edital da Secretaria de Cultura de Santos, essa é “uma maneira de conciliar bike, educação patrimonial e inclusão. Isso é tratar da inclusão de verdade. Participam dos passeios pessoas que enxergam e, também, as que possuem deficiência”, relata o professor.

Realizados de segunda a sexta-feira e, aos fins de semana, os passeios encerram no próximo dia 21 de fevereiro. Para participar, as datas precisam ser agendadas. A iniciativa, informa o site Turismo Santos é realizada com recursos do Prêmio Alcides Mesquita, da Prefeitura, com o apoio da Associação Comunidade de Mãos Dadas.

Descrição da imagem #PraCegoVer: Renato está parado em frente ao seu triciclo, utilizado nos passeios. No cesto que fica em cima da roda frontal estão as maquetes utilizadas por ele. O professor está em pé, e atrás dele aparece o Bonde de Santos. No canto esquerdo superior, o logo do projeto Santos às Cegas. Créditos: Acervo pessoal/Renato Frosch
CONTINUA APÓS PUBLICIDADE 

Ao G1, Renato detalhou que ao estruturar o projeto, pesquisou sobre iniciativas com os mesmos propósitos. “Eu achei muitos projetos que levam pessoas com deficiência visual na bicicleta, mas algum que utiliza a bicicleta e maquetes, não encontrei. Me arrisco a dizer que é uma coisa que não acontece em outro lugar do mundo”, conta.

Sobre a oportunidade de promover essa experiência, Renato diz que é algo intangível, como mostra a entrevista ao G1. “É muito bom, as pessoas dão relatos bem interessantes. A gente não imagina como as coisas simples podem influenciar nas pessoas com deficiência visual, como sentir o vento no rosto. Muitos relatam que fazia tempo que não tinham essa sensação”.

O passeio é conduzido por Renato Frosch sempre com um passageiro, em um trajeto com 5 km de extensão. São seis paradas para apresentar monumentos e espaços da arquitetura urbana, nos seguintes pontos:  

  • Monumento da Tomie Ohtake no Parque Roberto Mário Santini;
  • As muretas dos canais das praias;
  • Cobertura do Edifício Vista Mar;
  • Farol do Canal 4;
  • Praça do Boqueirão;
  • Praça Vereador Luiz La Scala, homenagem do Descobrimento do Brasil.

Pessoas com todos os tipos de deficiência visual podem tocar as réplicas e uma representação de escala humana, para assim compreender as formas dos locais. Para participar, interessados devem enviar e-mail para santosascegas@gmail.com .

Em seu Instagram @con_tacto3d , Renato publica algumas fotos dos passeios, assim como relatos de pessoas que tiveram a oportunidade vivenciar esse tour inclusivo pela orla de Santos. 

Fonte  https://jornalistainclusivo.com/santos-as-cegas/

Postado por Antônio Brito 

Nenhum comentário:

Postar um comentário