Quando eu tinha um ano emeio, foi descoberto que eu tinha uma infecção nos olhos em nível muito avançado. Fiz tratamentos e cirurgias mas de nada adiantou, pois no final após uma hemorragia interna, o pingo de visão me deu adeus para sempre.
Isso não abalou nada, mas conforme eu fui crescendo a vontade de ler as histórias e tudo o mais que aparecesse foi crescendo, eu ficava frustrada pelo fato das outras crianças poder e eu não. Imaginar que eu talvez nunca poderia nem ao nenos escrever era pior ainda aí que eu entristecia.
Mas a partir dos seis anos tudo mudou, no Instituto de Cegos Padre Chico, eu aprendi o Braille, agora sim eu podia me sentir completa. A partir daí eu li muitos livros e isso me estimulava a tentar recriar as histórias e também a escrever as minhas, um mundo de letras e fantasias eu criei e ainda crio.
Depois aos doze anos eu passei a escrever minhas histórias no computador foi melhor ainda, agora eu tinha a tecnologia como uma aliada para a criação dos meus personagens, muitos eu não lembro mais seus nomes nem tenho suas histórias, mais eu criei vários mundos perfeitos que só uma boa leitura e imaginação é capaz de fazer.
Além disso a escrita é uma boa forma de desabafar, ninguém vai julgar nem nada. Você depois pode picar e jogar fora, no caso de ser papel, depois de destruir o desabafo escrito a pessoa sente uma paz tão boa. Não abandone a escrita, ela é um bem precioso que temos para todas as horas.
*Carol Borsato é jornalista e a primeira repórter deficiente visual da história de Indaiatuba (SP).
foto: divulgação
Fonte https://comandonoticia.com.br/como-nasce-a-paixao-de-uma-pessoa-cega-pela-escrita/
Postado por Antônio Brito
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