Inédito no estado do Rio, o tratamento com a pele do peixe reduz os riscos de infecção, evita a perda de líquidos dos tecidos e também diminui a dor do paciente
Por Meia Hora
Publicado às 10/01/2020 11:38:57Atualizado às 10/01/2020 11:38:57
O Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, começou a usar a pele de tilápia no tratamento de queimaduras. A unidade é a primeira do Estado do Rio a utilizar este procedimento, conhecido para fãs de séries como "Grey's Anatomy" e "The Good Doctor", sendo iniciado em dezembro passado no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) como parte do estudo multicêntrico liderado pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
A pele da tilápia passa por um processo de preparo e desinfecção que inclui exposição a raios gama (radiação) para ser utilizado nos pacientes. Em 2019, o material foi apresentado ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e, após receber a licença definitiva da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pode ser utilizado para o tratamento de queimaduras em todo o Sistema Único de Saúde (SUS).
"A pele de tilápia é um curativo biológico e tem apresentado resultados terapêuticos melhores até do que a pele de cadáver. O material é hidratado e aplicado diretamente sobre as queimaduras, sem a necessidade de pomadas ou outros insumos. Conforme as lesões vão cicatrizando, a pele de tilápia vai se soltando. Os pacientes relatam coceira neste período final, o que é uma reação típica do processo de cicatrização", explicou a chefe do CTQ do Hospital Municipal Souza Aguiar, a cirurgiã plástica Irene Daher.
A pele de tilápica é rica em colágeno, resistente e elástica, auxiliando na cicatrização de queimaduras de diferentes níveis. A atadura tampa toda a ferida, vedando e aderindo como se fosse uma cola, podendo permanecer no local por vários dias. Isso faz reduzir os riscos de infecção, evita a perda de líquidos dos tecidos e também diminui a dor do paciente, que é inevitável no tratamento tradicional das queimaduras, com curativos feitos de gazes e pomadas e que normalmente devem ser trocados no máximo a cada três dias. O curativo com a pele de tilápia é trocado somente a cada 10 dias, reduzindo, além do sofrimento do paciente, o custo do tratamento em até 50%.
No Hospital Souza Aguiar, inicialmente a pele de tilápia está sendo usada em pacientes com escaldaduras provocadas por água fervente em até 30% do corpo. Duas pacientes dentro desses critérios, com queimaduras de 2º grau, foram tratadas ainda em dezembro. Uma delas se acidentou no dia 15 e, com 15% do corpo queimados, só pôde passar o Natal em casa graças à pele de tilápia. Com o tratamento tradicional, precisaria ficar internada para trocar os curativos diariamente. A segunda paciente sofreu escaldadura em 25% do corpo enquanto preparava a ceia de Natal, no dia 24, e apesar da gravidade dos ferimentos, se recuperou satisfatoriamente.
Fonte https://meiahora.ig.com.br/geral/2020/01/5850919-hospital-souza-aguiar-comeca-a-usar-pele-de-tilapia-para-tratar-queimaduras.html
Postado por Antônio Brito
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