Como sempre faço todos os dias, entre às 19h e 21h, eu vou à academia. Esta semana não seria diferente se um fato não tivesse chamado minha atenção: um rapaz e uma garota fazendo exercícios juntos – um casal.
O rapaz, bastante esforçado, estava usando pesos diferentes e a namorada o ajudava em alguns movimentos. A ajuda era necessária por ele não ter coordenação motora suficiente. Admirei o casal, foi bom vê-los treinando juntos e felizesNo dia seguinte, fazendo minhas pesquisas para o trabalho e percorrendo as mídias sociais eu me pego com a mesmice de sempre das mensagens: trânsito horrível, fotos de gatos e cachorrinhos fofos, meme do momento, dúzias de comentários sobre política e, em particular, uma história compartilhada de um rapaz que recebeu um convite para um encontro com uma garota. No mesmo instante eu me lembrei do casal da academia. Mas havia algo diferente… eram os comentários no post: “Que inspirador!”, “Essa menina é nota 10 por ter convidado ele.”, e por aí vai.
Os comentários se concentraram no rapaz na cadeira de rodas e ao encontro. Ao contrário de reconhecer a necessidade universal do ser humano em amar e ser amado, em histórias como essas, as pessoas com deficiência não são retratadas como seres humanos adoráveis e merecedores por direito próprio. Em vez disso, os comentários deixaram a entender que ele foi recompensado por ter conseguido encontrar uma garota que se atreve a amar alguém que use cadeira de rodas ou muletas. Para tirar a minha cisma sobre o assunto e não parecer exagero, fui conversar com deficientes e ouvir deles o que achavam. Confira algumas das frases que eles já ouviram (e ainda ouvem) de pessoas:
- Você não pode ter deficiência, você é muito novo.
- Se você não pode ter filhos, você acha que alguém vai querer casar com você?
Você se considera doente? - Tem que ajudar você a fazer todas as coisas ou só algumas?
Felizmente, todos que conversaram a respeito tiveram (ou ainda têm) parceiros que não pensam desta forma.
A parte mais difícil para uma pessoa com deficiência que eu conversei são os olhares das pessoas quando ela está namorando. Ela comentou que é um olhar de curiosidade com uma possível reprovação. Ela sabe que não é proposital, mas isso incomoda.
Abaixo estão três pequenos depoimentos para você ler e refletir. Cabe a nós mudar o pensamento das pessoas ou ajudá-las a entender que o amor não tem barreiras.
“Acredito que podem entender que eu só quero ser bonita, não importa se estou usando muletas ou não. Quando eu vou à uma loja de lingerie, por exemplo, os funcionários me tratam bem e como qualquer outro cliente, porém, quando eles veem as muletas, muitas vezes assumem que eu estou comprando presente para outra pessoa.”
“Eu uso cadeira de rodas. Quando saio com a minha namorada, me irrita que algumas pessoas deixem claro que ela está sendo nobre por estar comigo. Ou, quando alguém me diz que os meus amigos são ótimos, sempre parece que estão dizendo – inconscientemente, talvez – que eu não sou totalmente humano. É como se eu fosse algum tipo de suporte e as pessoas estão fazendo uma “boa ação” estando ou saindo comigo.”
“Eu gosto de me sentir bem com o meu corpo. Se o meu corpo não é perfeito ou é mais frágil, não importa – ele é meu, é único e eu quero aproveitar o máximo desse mundo com esse corpo. Além disso, só porque eu uso muletas não significa que eu não seja digno de amor ou que seja menos divertido na cama… aliás, as surpresas comigo nesse campo podem ser muito boas… RsRs.”
Fonte: http://www.bodymag.com.br/
Postado por Antônio Brito
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