Projeto de oito estudantes, criado a partir de dificuldade enfrentada por colega cadeirante, participa, em março, do Torneio de Robótica FIRST LEGO League
A PIA foi pensada para que uma pessoa com algum tipo de deficiência limitadora tenha mais autonomia. A porta tem um sensor de cartão magnético capaz de identificar o usuário pelos dados pessoais. Uma das idealizadoras do projeto, Luisa conta que a porta foi criada para evitar constrangimentos, como ocorreu com a colega de escola, em uma simples ida ao banheiro.
“Percebemos que uma das maiores dificuldades dela era a de abrir portas e isso a chateava, principalmente, quando ia ao banheiro. Toda vez, ela tinha que ir acompanhada. Como banheiro é uma situação mais individual, isso causava incômodo. Falamos com profissionais e disseram que isso poderia trazer diversos danos psicológicos para ela. Resolvemos pensar em uma solução que ajudasse a ter esse acesso autônomo ao banheiro”, explica.
Os alunos, preocupados com a segurança, fizeram pesquisas e entrevistas e conseguiram estipular um tempo médio que cada usuário precisa para usar o banheiro. Caso esse tempo seja maior que o previsto, o dispositivo na porta envia um sinal aos responsáveis por esse monitoramento. “O tempo você pode regular. Vamos supor que ele demora 15 minutos, mas ficou 17. Pode ser um indicativo de que está passando mal, pode ter desmaiado, então é emitido um alerta no computador onde está instalado o software e é possível abrir e salvar o deficiente, garantindo a segurança. Está em processo de implantação na nossa escola, mas o objetivo é levar para fora e conseguir atingir o objetivo de tornar o mundo mais acessível”, completa Luisa.
Em 2020, o Torneio de Robótica FIRST LEGO League será realizado entre os dias 3 e 6 de março, na Bienal de São Paulo. O tema deste ano é construir cidades inteligentes e sustentáveis (City Shaper). Os alunos são instigados a desenvolver soluções tecnológicas para dificuldades presentes no dia a dia das pessoas, como falta de acessibilidade e transporte ineficiente.
Em cada torneio, os estudantes são avaliados em quatro categorias. Em uma delas, a de Projeto de Inovação, os estudantes apresentam uma solução inovadora sobre o desafio da temporada. Em outra, a do Desafio do Robô, as máquinas são colocadas na mesa de competição e precisam atuar, por exemplo, com guindastes, elevador de obras, drone de inspeção e construções em aço. Tudo de forma lúdica e simulando situações reais. As equipes têm direito a três rounds, de dois minutos e 30 segundos cada, para execução das tarefas.
O professor de Robótica e técnico da equipe Red Habbit, Denis Rodrigo Santana, afirma que o papel do torneio é inserir o jovem em uma perspectiva positiva de futuro e estimular habilidades exigidas no mercado de trabalho. “É o caminho que o mundo está tomando. A gente vê cada vez mais a robótica presente na nossa vida, quase protagonista. Preparar o jovem, com esse trabalho em equipe, que é difícil adquirir, é um dos grandes desafios e faz toda diferença na vida desse jovem”, pontua Santana.
Para o supervisor técnico educacional do SESI de São Paulo, Ivanei Nunes, o FIRST LEGO League é um torneio que envolve o desenvolvimento do ser humano, do pesquisador e do robô. “Os alunos são desafiados a pensar em problemas do mundo real, a apresentar projetos. Com isso, vão exercitando a capacidade de se adaptar ao mundo que vai mudando. A robótica se tornou uma estratégia de aprendizagem muito importante e eficaz para que o jovem goste mais de estudar, sinta maior prazer em estar na escola e desenvolva habilidades que serão fundamentais para ele no futuro”, detalha.
A competição
O Torneio de Robótica FIRST LEGO League foi criado em 1998 pela FIRST - organização não governamental dos Estados Unidos - em parceria com o Grupo LEGO. A competição propõe que estudantes sejam apresentados ao mundo da ciência e da tecnologia de forma divertida, por meio da construção e programação de robôs feitos inteiramente com peças da tecnologia LEGO Mindstorm.
Desde 2006, o SESI investe na inserção da robótica educacional nas salas de aula. Atualmente, todas as 505 escolas contam com o programa no currículo, já que a instituição é responsável, no Brasil, pela organização da competição (etapas regionais e nacional) desde 2013.
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