24/01/2020

Tendo cegueira como ponto de partida, “Glauco” aborda amor e invisibilidade

Peça está em cartaz desta quinta-feira até domingo no Teatro Marília, dentro da programação do Verão Arte Contemporânea

O diretor Allan Calisto buscou reforço dramatúrgico na iluminação

Foi a poesia, mais especificamente os versos de Glauco Mattoso, que conduziu o ator Dudu Melo a pensar no personagem vivido por ele na peça “Glauco”, em cartaz de hoje a domingo, no Teatro Marília, dentro da programação da 14ª edição do Verão Arte Contemporânea. “O Glauco trata do cego nos poemas dele como um ser humano que também é vaidoso, amoroso, sexual. Ele tem tudo que qualquer outra pessoa tem. E foi isso que quis levar para a cena”, conta o ator, que é deficiente visual e interpreta um personagem com essas mesmas características no espetáculo.

“Glauco”, com direção de Allan Calisto, é o primeiro trabalho apresentado pela Pigmentar Companhia e baseia-se em 14 poemas de Mattoso – o qual liberou os direitos dos textos e se surpreendeu com a montagem, vista por ele em dezembro de 2018. “Nós fizemos uma única apresentação, que foi uma espécie de pré-estreia, na Virada Cultural Acessível da Cidade de São Paulo e ganhamos um prêmio no evento. Glauco curtiu a peça, gostou muito e disse que até então algumas pessoas já haviam lido seus poemas em saraus, mas ainda não tinha conhecimento de ninguém que deu a eles um tratamento dramatúrgico”, diz Melo.

Em março do ano passado, o trabalho fez sua estreia na Funarte MG. De lá para cá, o ator, que contracena apenas com Vinicius Guedes no palco, observa existir um amadurecimento de “Glauco”. “O teatro é vivo, não é uma coisa pronta nunca. Nós vamos fazendo, ganhando confiança, acertando os caminhos. No meu caso, eu sou um ator com deficiência visual. Então, cada teatro novo traz para mim desafios em relação ao espaço, ao qual eu preciso me adaptar, inclusive, dramaturgicamente”, completa ele. 

Ao apresentar a história de um encontro entre dois homens, “Glauco” vai além de dramatizar a vida de um homem cego, e, portanto, trata não só de invisibilidade mas também das nuances do amor. “A peça fala dessa relação entre os dois, mas abarca questões que são independentes de orientação sexual. Ela fala de amor, abandono, entrega, confiança, de desejo e fetiches também. As cenas são muito amorosas, há muito contato, carinho, e acho que isso mexe muito com as pessoas”, reforça Melo. 

Agenda
O quê. Espetáculo “Glauco”
Quando. De hoje a 26; de 5ª a sáb., às 20h; dom., às 19h
Onde. Teatro Marília (Av. Prof. Alfredo Balena, 586, Santa Efigênia)
Quanto. R$ 30 e R$ 15 (meia)

Fonte  https://www.otempo.com.br/mobile/diversao/tendo-cegueira-como-ponto-de-partida-glauco-aborda-amor-e-invisibilidade-1.2287592

Postado por Antônio Brito 

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