26/12/2019
25/12/2019
Projeto em parceria com o Telecine leva cinema a pessoas com deficiência visual
Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.
Há três anos, o Projetar: Toda Forma de Cinema torna a sétima arte mais acessível, com sessões especiais para pessoas com deficiência visual. Durante esse tempo, a iniciativa já passou por quatro cidades brasileiras, levando filmes com audiodescrição a mais de 4 mil convidados.
O projeto foi desenvolvido pelo Telecine, em parceria com ONGs e outras instituições, como a agência Oito e as fundações Dorina Nowill e Benjamin Constant. A empresa busca tornar o cinema mais acessível com sessões mensais que trazem sucessos de bilheteria adaptados. Em agosto deste ano, teve até mesmo uma pré-estreia exclusiva com audiodescrição do filme “Socorro, Virei uma Garota!” para cerca de 200 pessoas.
Hypeness
HypenessA audiodescrição não é a única aposta nesse sentido. Para que a acessibilidade esteja em todos os momentos da projeção, uma equipe fica disponível para auxiliar os convidados na chegada ao cinema e indicar seus assentos, além de entregar pipoca e refrigerante para todos.
“Existe também um cuidado com a iluminação da sala e a escolha dos filmes, uma vez que cenas com muitas luzes podem incomodar pessoas que têm baixa visão” lembra Daniela Evelyn, Diretora do Projetar no Telecine.
Hypeness
HypenessO objetivo do projeto não é incluir somente pessoas com deficiência visual, mas tornar o cinema mais acessível a todos. Graças a isso, as sessões também são abertas a pessoas em situação de refúgio e jovens em vulnerabilidade social.
Vem ver mais sobre essa lindeza de iniciativa:
Mais de 4 mil convidados já participaram das sessões promovidas pelo Projetar e este número tem tudo para aumentar em 2020. A marca afirma que irá expandir a quantidade de participantes da iniciativa no próximo ano, com novos formatos de exibições especiais para públicos que ainda têm pouco acesso ao cinema.
Fonte https://lifestyle.r7.com/hypeness/projeto-em-parceria-com-o-telecine-leva-cinema-a-pessoas-com-deficiencia-visual-20122019
Postado por Antônio Brito
Em vídeo, portador de deficiência chora ao ser barrado em shopping
vitoria@gazetadigital.com.br
Reprodução

Às vésperas do Natal, Eduardo Henrique Oliveira, de 27 anos, foi até ao Várzea Grande shopping fazer compras, na tarde de segunda-feira (23). No entanto, o passeio descontraído acabou se tornando um transtorno, quando ele foi impossibilitado de retirar seu carro do estacionamento a partir da isenção de pagamento para deficientes.
O jovem, que é deficiente físico e não possui uma das pernas, relatou o caso em seu perfil no Facebook. Visivelmente abalado e sentado no estabelecimento, ele chora ao contar o ocorrido. “Pra minha infelicidade, eu resolvi vir de carro e esqueci minha CNH em casa. Mas eu trouxe minha carteira de deficiente, porque eu sou deficiente físico”, diz o rapaz.
Leia também - Governo publica lei que incentiva inovação, ciência e tecnologia no estado
Quando terminou de fazer as compras, Eduardo pediu a liberação do ticket do estacionamento. Por ser deficiente, ele tem respaldo da Lei nº 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência e direito a estacionamento gratuito. Contudo, a atendente do guichê não liberou o ticket.
Surpreendido, ele foi até a estação de pagamento digital, porém, outro contratempo surgiu: a cabine só oferecia opção de débito. No momento, ele só estava com dois cartões de crédito. Ao retornar ao guichê, a atendente chamou o supervisor.
O supervisor então fez diversas orientações, como sugerir que ele fosse até alguma loja passar o cartão e pedir o retorno do dinheiro, entretanto, Eduardo já estava indignado e se sentindo exposto. Ao final, o supervisor disse que liberaria o ticket, mas que “descontaria o valor do caixa no final do expediente”, colocando ele contra a atendente.
Ele ainda é um cliente recorrente do Várzea Grande shopping, uma vez que malha na academia do local. Eduardo conta que antes nunca teve problema com o ticket do estacionamento. “Particularmente não gosto de compartilhar essas coisas, pois em 20 anos de deficiente nunca presenciei tal constrangimento, muito lamentável”.
Outro lado
A reportagem do entrou em contato com a assessoria do shopping, que afirmou que a administração está conversando com Eduardo e busca amenizar o ocorrido. Além disso, informou que o ocorrido foi uma falha e um episódio a parte, uma vez que tem políticas públicas voltadas a pessoas com deficiência.
Veja o vídeo
Fonte https://www.gazetadigital.com.br/editorias/cidades/em-vdeo-portador-de-deficincia-chora-ao-ser-barrado-em-shopping/602221
Aposentadoria da pessoa com deficiência do INSS: O que ninguém te conta
Ao final da leitura, você vai saber quais os requisitos da aposentadoria da pessoa com deficiência, qual o valor do benefício, como solicitar a aposentadoria e ainda vai descobrir alguns segredos que o INSS não te conta. Ficou interessado? Então continue a leitura.
Aposentadoria da pessoa com deficiência por idade
Para que seja concedida a aposentadoria da pessoa com deficiência por idade, são necessários dois requisitos, idade e carência.
O requisito idade varia conforme o gênero: homens precisam ter 60 anos e mulheres 55 anos.
Além da idade, são necessários 180 meses de carência, ou seja, de pagamentos ao INSS, na condição de pessoa com deficiência.
Aposentadoria da pessoa com deficiência por tempo de contribuição
A lei que regulamenta a aposentadoria da pessoa com deficiência estabeleceu 3 graus de deficiência, que são utilizados como critério para definição do tempo de contribuição necessário para se aposentar. A seguir, tabela exemplificativa:

Ao final da leitura, você vai saber quais os requisitos da aposentadoria da pessoa com deficiência, qual o valor do benefício, como solicitar a aposentadoria e ainda vai descobrir alguns segredos que o INSS não te conta. Ficou interessado? Então continue a leitura.
Aposentadoria da pessoa com deficiência por idade
Para que seja concedida a aposentadoria da pessoa com deficiência por idade, são necessários dois requisitos, idade e carência.
O requisito idade varia conforme o gênero: homens precisam ter 60 anos e mulheres 55 anos.
Aposentadoria da pessoa com deficiência por tempo de contribuição
A lei que regulamenta a aposentadoria da pessoa com deficiência estabeleceu 3 graus de deficiência, que são utilizados como critério para definição do tempo de contribuição necessário para se aposentar. A seguir, tabela exemplificativa:

A partir de 13 de novembro de 2019, data da publicação do texto da reforma da previdência, a média é calculada sobre TODAS a contribuições, de 07/1994 até o mês anterior à concessão da aposentadoria. Ou seja, não há mais o descarte das 20% menores contribuições.
Depois de encontrada a média, é aplicado o coeficiente de 100%, no caso da aposentadoria da pessoa com deficiência por tempo de contribuição, ou 70% + 1% por ano de contribuição, no caso da aposentadoria da pessoa com deficiência por idade.
Vantagens
A pessoa com deficiência se aposenta mais cedo, ou seja, contribui durante menos tempo, e o valor da aposentadoria é maior do que as outras, pois não incide o fator previdenciários, tampouco qualquer outro redutor.
SEGREDOS QUE O INSS NÃO CONTA
1º Conversão de tempo
Em muitos casos, a pessoa não cumpre todo o tempo necessário na condição de pessoa com deficiência. O que ocorre, é que as pessoas adquirem a deficiência ao longo da vida, em decorrência de acidentes ou doenças. Neste caso, a pessoa tem períodos “sem deficiência” e “com deficiência”.
Além disso, há situações em que a deficiência seja agravada ao longo dos anos, alternando, portanto, entre os graus leve, moderado e grave.
Nesses casos, é necessário converter os períodos trabalhados em cada grau de deficiência para o tempo de contribuição exigido no grau de deficiência preponderante.
Considera-se preponderante o grau de deficiência no qual o segurado trabalhou por mais tempo.
Assim, converte-se o tempo trabalhado de acordo com os fatores multiplicadores conforme quadro abaixo:


João trabalhou de 05/01/1990 a 30/11/2003 sem qualquer deficiência. Porém, devido a um acidente, contribuiu como segurado com deficiência grave de 02/12/2003 a 31/11/2019. Como não completou os 25 anos de contribuição com deficiência grave, poderá converter o tempo trabalhado sem deficiência para fins de obtenção da aposentadoria, conforme demonstra o quadro a seguir:

2º Método de avaliação
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que a perícia do INSS irá avaliar se a pessoa tem ou não deficiência que, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Portanto, a perícia será biopsicossocial, e o segurado será avaliado não só por um médico perito, mas também por um profissional de assistência social.
Os dois profissionais aplicarão um questionário. O resultado dessa avaliação determinará qual o grau de deficiência para cada período trabalhado. Por isso, a importância de ter em mãos todos os relatórios, laudos, exames e atestados médicos no dia da avaliação.
3º Segurado pode continuar trabalhando após aposentadoria
Ao contrário da aposentadoria especial dos segurados que trabalham expostos a agentes nocivos à sua saúde ou integridade física, a concessão da aposentadoria da pessoa com deficiência não impede que o segurado continue trabalhando na atividade que vinha exercendo antes de se aposentar.
4º Como solicitar a aposentadoria da pessoa com deficiência
Antes de requerer a aposentadoria da pessoa com deficiência reúna e organize todos os documentos necessários. Recomendo ter em mãos:
- documento de identificação com foto e CPF;
- comprovante de residência;
- carteira de trabalho e/ou carnês de contribuição;
- relatórios, laudos, exames e atestados médicos ou outros documentos que comprovem a data em que a deficiência se iniciou ou se agravou;
- documentos que comprovem que existem outras barreiras que dificultam sua participação plena e efetiva na sociedade.
Após reunir a documentação e implementadas as demais condições, o requerimento deve ser feito através do telefone 135 ou do site https://meu.inss.gov.br/central/#/ .
É possibilitado ao requerente que se faça representado por advogado durante o pedido no INSS, bem como em eventual ação judicial, isto porque a maioria dos requerimentos são negados pelo INSS, que muitas vezes não observa as determinações legais na hora de proceder as avaliações, prejudicando os segurados.
Dica extra: Compreenda e realize os procedimentos do INSS para usufruir dos benefícios da previdência social.
Já pensou você saber tudo sobre o INSS desde os afastamentos até a solicitação da aposentadoria, e o melhor, tudo isso em apenas um final de semana?
Uma alternativa rápida e eficaz é o curso INSS na prática: Trata-se de um curso rápido, porém completo e detalhado com tudo que você precisa saber para dominar as regras do INSS, procedimentos e normas de como levantar informações e solicitar benefícios para você ou qualquer pessoa que precise. Não perca tempo, clique aqui e domine tudo sobre o INSS.
Por: Guilherme Pinheiro / OAB-RS 116.496
Advogado do escritório Nazario & Nazario Advogados
E-mail: guilherme@nazarioadvogados.com.br
Fonte https://www.jornalcontabil.com.br/aposentadoria-da-pessoa-com-deficiencia-do-inss-o-que-ninguem-te-conta/
Postado por Antônio Brito
24/12/2019
Piso tátil: O que é e para que serve?

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Equoterapia: Uma relação de confiança entre pessoas com deficiência e os cavalos
Piso tátil de alerta:

- Diâmetro de base do relevo: 22mm (mínimo) a 30m (máximo).
- Distância horizontal entre centros de relevo: 42mm (mínimo) a 53mm (máximo).
- Distância diagonal entre centros de relevo: 60mm (mínimo) a 75mm (máximo).
- Altura do relevo: Entre 3mm a 5mm.
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Piso tátil direcional:

- Largura de base do relevo: 30mm (mínimo) a 40mm (máximo).
- Largura do topo: 20mm (mínimo) a 30mm (máximo).
- Altura do relevo: entre 4 e 5 (quando em placas sobrepostas, a altura do relevo pode ser de 3).
- Distância horizontal entre centros de relevo: 70mm (mínimo) a 85mm (máximo).
- Distância horizontal entre bases de relevo: 45mm (mínimo) a 55mm (máximo).
Renato Gregório brilha e Ituano é bicampeão brasileiro de Futsal Down
Instalando o piso tátil:
- Havendo mudança de direção entre duas ou mais linhas de sinalização tátil direcional, deve haver uma área de alerta indicando que existem alternativas de trajeto. Essas áreas de alerta devem ter dimensão proporcional à largura da sinalização tátil direcional, conforme imagem abaixo;

2 . Havendo mudança de direção formando ângulo superior a 90°, a linha-guia deve ser sinalizada com piso tátil direcional. Observar foto abaixo:

3 e 4 – Em rebaixamentos de calçadas, quando houver sinalização tátil direcional, esta deve encontrar com a sinalização tátil de alerta, conforme exemplo de imagem abaixo:



O cão-guia e a possibilidade da autonomia a pessoa com deficiência visual
Tipos e Cores

Piso tátil de borracha:

Piso tátil em inox:

Piso tátil em porcelanato:
Clínicas de arbitragem e classificação encerram capacitando e formando futuros profissionais
A Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas (ABRC) encerrou neste sábado (21) a Clínica de Arbitragem e Classificação Funcional. Durante dois dias mais de 25 profissionais de educação física e fisioterapia estiveram reunidas na Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef). O principal objetivo do encontro foi formação, aperfeiçoamento e reciclagem dos árbitros, visando padronizar a aplicação da regra, e formação de novos classificadores funcionais para atuar na modalidade.
“A ABRC encerra seu ano de atividades buscando capacitar e formar futuros profissionais para atuar em nossos campeonatos. Atividades deste porte também são importantes para o aperfeiçoamento constante dos árbitros e classificadores. Foi um prazer estar aqui, acompanhar nossos coordenadores e profissionais trocando informações e capacitando novos profissionais repassando seus conhecimentos”, destacou Luiz Claudio Pereira, presidente da ABRC.
Marcia Fernandes, Coordenadora de Saúde, lembrou que a Clínica foi de grande valia não somente para a formação de novos árbitros e classificadores, uma vez que o número de equipes pelo Brasil está a cada dia crescendo e, consequentemente. trás a necessidade de um número maior desses profissionais nos campeonatos por nós organizados, como também reciclar os árbitros antigos. “Isso foi muito bacana. O rugby em cadeira de rodas cresce no país e no mundo de forma avassaladora. E nós precisamos acompanhar essa evolução. É a capacitação dos nossos profissionais toma um papel de destaque”, finalizou a coordenadora.
Atleta do Rio de Janeiro Bocha conquista ouro nas Paralimpíadas Escolares

A medalha dourada, conquistada na última sexta-feira (22), foi a primeira da carreira de Lucas e a primeira de um atleta do clube na categoria BC3, da qual ele faz parte e é disputada por atletas que fazem o uso de calha e tem a ajuda de um calheiro para direcionar as bolas.
Desde que começou a praticar a modalidade no início do ano, Lucas sempre teve o sonho de se destacar no esporte a exemplo do que já faz no Futebol em Cadeira de Rodas, no qual é considerado um dos melhores do país. Para ele, a confiança em si e no técnico, o foco e a disciplina foram determinantes para que pudesse chegar ao primeiro lugar.

“Ouvir bastante o técnico fez muita diferença, porque eu cheguei lá ainda muito novo no esporte. Então tive que ouvir tudo que ele falava, as críticas e o que ele achava que eu poderia melhorar para que eu pudesse absorver e aplicar nas partidas seguintes. Ter ganho a medalha me deixou bastante orgulhoso, porque foram muitas horas de treino e eu estava jogando com os melhores atletas brasileiros de até 17 anos e me fez ver que eu posso muito mais do que eu imagino”, afirma Lucas.
A conquista também fez a família Fernandes ficar ainda mais unida, já que o calheiro de Lucas era seu pai, Bruno Fernandes. Durante a competição, Bruno teve a responsabilidade de posicionar a calha e as bolas dentro dela seguindo fielmente as orientações de Lucas, não podendo interferir em suas decisões e nem visualizar a quadra, necessitando ficar de costas para o jogo durante todo o tempo. Para ele, a conquista do filho é motivo de muita felicidade para ele e destaca o distanciamento do jogo como fator mais difícil.

“Esta questão é importante pois no jogo sai o pai e entra o calheiro que não pode falar nada e obedece vários comandos do atleta sem poder vê o jogo: direção, altura, tipo de bola, comprimento da antena, entre outros obstáculos. Mas temos Temos que ser profissionais e tenho muito orgulho do seu desenvolvimento. Após as partidas o pai volta para dar aquele gostoso abraço”, comemora Bruno.

Lucas participou do evento representando a Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude. Além dele, também integraram a equipe de bocha, Pedro, também do Rio de Janeiro Bocha, as atletas Ingrid e Julia, do clube Otimismo. O time foi comandado pelo técnico Ednaldo.
O atleta Lucas Dutra Fernandes, do Rio de Janeiro Bocha, conquistou o ouro durante as Paralimpíadas Escolares, que foram realizadas no Centro Paralímpico de São Paulo, ente os dias 18 e 23 de novembro.
As Paralimpíadas Escolares são realizadas há 10 anos e reuniram mais de 1.200 estudantes. Além da bocha, também foram disputadas outras 11 modalidades: atletismo, basquete em cadeira de rodas (formato 3×3), futebol de 5 (para cegos), futebol de 7 (para paralisados cerebrais), goalball, judô, natação, parabadminton, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas e vôlei sentado.






A caridade de Michelle Bolsonaro e o surdonacionalismo pentecostal como projeto de governo

Aplaudida sob os gritos de “Mito, mito, mito!” pelo eleitorado ouvinte de Bolsonaro ali presente, o gesto de Michelle foi interpretado como caridade camuflada de ‘benevolência’ por boa parte das pessoas com deficiência arredia à espetacularização da deficiência e à ideia da estética da superação como projeto de vida. Do ponto de vista político, o viés caritativo traz consequências danosas à imagem social das pessoas com deficiência porque implica a volta do modelo religioso que concebe a pessoa com deficiência como ‘privada da graça de deus’, devendo, portanto, ser dirigida a ela a prática da caridade, a fim de que, ‘ajudada’, possa ‘abraçar a cruz’.
Como ‘expiadoras de culpas alheias’, é fácil perceber por que não deficientes, incluídos aí políticos e suas cônjuges que se dizem filantropas, gostam de ‘passar a mão na cabeça’ das pessoas com deficiência. De prontidão para a ajuda ‘caridosa’, privilegiam estas em detrimento de outras vidas precárias, como as mulheres, negros, indígenas e LGBT. Outro exemplo é Carla Zambelli, deputada federal eleita pelo PSL de São Paulo, do mesmo partido do presidente Bolsonaro.
Em entrevista concedida à Câmara Notícias, Zambelli afirmou ser contra as políticas de cotas para mulheres, negros e homossexuais, exceto para pessoas com deficiência: “Sou contra cota de mulheres, de negros, de homossexuais, qualquer tipo de cota que possa diferenciar pessoas”, mas “na verdade, somos todos iguais”, menos as pessoas com deficiência, porque estas são “pessoas especiais”, extraordinárias. Por isso, para a referida deputada “a cota é realmente para pessoas que precisam de uma vaga e não conseguem porque não lhe dão essa oportunidade, que são as pessoas com deficiência ou pessoas especiais”.
Jair Bolsonaro se valeu do apelo a valores cristãos, como a defesa da família cristã e contra o aborto para angariar apoio de parcelas estratégicas de segmentos da população brasileira, entre elas as próprias pessoas com deficiência. Merece destaque especial a ampla adesão e voto de pessoas surdas a Bolsonaro, o que pode ser em parte explicado pelo fato de Michelle ser evangélica e atuar como intérprete de língua de sinais brasileira (Libras) na Igreja Batista Atitude, de linhagem protestante pentecostal, traduzindo cultos e pregações para a Libras.Esse dado é indicativo do papel preponderante que as instituições religiosas cristãs protestantes no Brasil, através de seus agentes religiosos atuantes como intérpretes de Libras, tiveram e têm na história da constituição da Libras no país.
Conforme argumenta César Augusto Assis Silva em livro resultante de sua tese de doutorado em Antropologia Social[1], as atividades desses agentes religiosos extrapolaram as fronteiras de sua atuação nas igrejas evangélicas protestantes brasileiras, com a participação destes no surgimento de um movimento social surdo, na formação e consolidação da Cultura Surda e do campo acadêmico dos Estudos Surdos, bem como na constituição de um mercado vinculado à Libras.
De fato, grande parte da produção acadêmica brasileira sobre a surdez e os surdos como minoria étnico-linguística foi produzida por agentes com trajetória religiosa protestante, bem como a ocupação de cargos públicos e institucionais relativos à surdez em muitos casos também ficam sob sua responsabilidade, valendo-se da insígnia religiosa ou não.
Mas não se enganem com a ‘emoção’ do discurso dado em Libras. O que eu vi na primeira-dama pudica caridosa foi só marketing de “inclusão” – que de inclusão não tem nada porque pretende ‘incluir’ apenas os surdos usuários de Libras. É preciso entender o discurso da caridosa pelo contexto: o que Michelle Bolsonaro fez e faz está na mesma lógica dos missionários cristãos católicos que desde a invasão europeia à Terra Indígena brasiliensis, no início do século 16, evangelizam e tentam evangelizar indígenas.
Assim como os indígenas, os surdos também são considerados povos não alcançados[2], desta vez por missionários cristãos do protestantismo, como a Igreja Batista Atitude na qual Michelle Bolsonaro faz parte. Para os batistas, a Libras deve ser a língua por excelência dos Surdos, a qual deve ser utilizada para a evangelização desse ‘povo’, que teve a sua língua e cultura ‘oprimidas’ pelos ouvintes.
Categorias como surdo-mudo e deficiente auditivo desaparecem e o método oralista passa a ser visto como prejudicial ao grupo social a ser alcançado. Nessa perspectiva, os intérpretes de Libras são figuras de destaque, uma vez que são eles os missionários responsáveis por evangelizar os surdos.
A meu ver, o conceito de Cultura Surda não dá conta da diversidade de modos de ser surdo. Isso porque mesmo entre sujeitos surdos emergem as “diferenças de dentro” e com ela as críticas ao modelo etnocêntrico do “surdo universal”. Se antes falávamos do surdo ideal – aquele que fala, hoje ainda pensamos no modelo ideal – aquele surdo que se comunica através da língua de sinais.
Essa constatação tem a ver com a concepção essencialista de cultura, empregada de forma ambígua como uma entidade definida, fechada, delimitada por fronteiras que impossibilitam a mútua compreensão das particularidades da experiência social da surdez, quando não levam em conta as dinâmicas sociais, históricas e políticas mais amplas envolvidas na vida de cada sujeito surdo.
Ao ditar a incomensurabilidade de mundos distintos entre surdos e ouvintes e entre surdos e deficientes auditivos, corremos o risco de confinar o outro numa ‘diversidade’ autônoma e fechada em si mesma, agravando o risco de excluir um grupo social em detrimento de outro. A própria concepção étnico-linguística da surdez realça a sobreposição de noções de biologia e cultura, acabando por naturalizar as diferenças entre os diversos grupos de surdos.
Michelle Bolsonaro faz parte desse contexto, com uma perspectiva única sobre as pessoas surdas. Ela é a representação máxima da política defiça pudica caridosa e militarista misógina obcecada pela sexualidade alheia. Muitas lideranças religiosas pentecostais começaram a aprender ou aprenderam Libras para poderem evangelizar surdos que “não conhecem a palavra de deus”, pela bíblia.
Não caiam nesta, a ‘emoção’ gerada pela fantasia solidarista da caridade não passa de capacitismo, porquanto se trata de mais um recurso estigmatizador para usar as pessoas com deficiência. É a economia da pena, mas ali há algo pior que vai ser a marca do governo Bolsonaro: o surdonacionalismo teocrático pentecostal caridoso tomando de assalto primeiro as políticas da deficiência e em seguida se estenderá a outros grupos sociais, com exceção da população LGBT, única que sequer está no marco da proteção caridosa do novo governo que confunde caridade com ‘direitos humanos’.
Será que Michelle Bolsonaro não sabe que as pessoas surdas também podem ser oralizadas e usuárias de implantes cocleares, além de serem lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais? Torço para que um dia Michelle e os surdos se libertem dos preconceitos contra o feminismo, entendendo que ser feminista não é o contrário de machismo. Ser feminista é não hierarquizar as diferenças, é essencialmente lutar contra todas as formas de opressão social, em especial a de gênero. As deusas nos protejam dessas novas cruzadas.
Anahi Guedes de Mello é antropóloga, doutoranda em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis e pesquisadora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades e do Núcleo de Estudos sobre Deficiência (NIGS/NED/UFSC). É também pesquisadora associada da Anis – Instituto de Bioética. Ativista feminista surda e lésbica, atua nos movimentos sociais de pessoas com deficiência e LGBT.
[1] Silva, Cesar Augusto Assis. Cultura Surda: agentes religiosos e a construção de uma identidade. São Paulo: Terceiro Nome, 2012.
Fonte https://catarinas.info/a-caridade-de-michelle-bolsonaro-e-o-surdonacionalismo-pentecostal-como-projeto-de-governo/?fbclid=IwAR3NdDl9YRx5DYQfiN7PKBtYNIoTLrCDte0MCpkoGL0YEPXGGhkxjFCLsms
Postado por Antônio Brito