O sol já se está a pôr no horizonte quando os atletas dos benjamins A e B do Canedo FC começam a chegar ao relvado. À sua espera já está José Ribeiro. Este não é um treinador como os outros. "É um treinador exigente, já nos ensinou muitas coisas", atira Francisco Barbosa, de 10 anos, capitão dos benjamins A. Que género de ensinamentos? "Ensinou-nos a bascular o jogo...", diz, acrescentando rapidamente o significado perante o ar atónito da jornalista. "É a movimentação do jogo de um lado para o outro. Aprendemos a jogar melhor futebol. De resto, é um treinador como os outros.
O resto a que se refere o Francisco é o facto de José se movimentar e dar os treinos numa cadeira de rodas, companheira de viagem desde que deu uma queda, em 2012. Desportista desde sempre, aventurou-se como treinador em 2002. O acidente que lhe deixou sequelas é encarado "como uma oportunidade". Entre os treinos, palestras em escolas, associações ou entrevistas à imprensa local e nacional, José dá exemplo que as limitações... "estão aqui", diz, apontando para a cabeça.
José adapta o treino aos escalões que orienta e, no caso dos benjamins, é importante "perceber o contexto antes de trabalhar os atletas, conhecê-los", sendo certo que, "nestas idades, os pais fazem parte do processo". Os exercícios de treino focam-se em jogos de posição, no estímulo do espírito de equipa e no comportamento coletivo. "Se não forem organizados taticamente, a equipa vai sofrer um golo. Treino os conceitos em contexto de jogo para perceberem o que fazer em cada momento", justifica. "Sempre coordenados! Agora aproximem-se!... Vamos alargar um bocadinho. Isso, gira!", vai ecoando no campo.
"Venho para melhorar o meu futebol, a finalização, e a defender... sou central. Mas já tenho nove golos!", atira o Diogo Fernandes, de 10 anos. Tal como ele, o Rúben Ribeiro, capitão dos benjamins B, gosta de rematar, mas garante que, nos jogos, tenta "deixar também para os outros, que não é justo ser sempre eu a rematar". Tem elogios para o treinador, se bem que... "ele às vezes castiga". Ah? "Quando perdemos temos de levar uma dura, claramente!", aceita o jovem de nove anos.
Paixão da escrita deu dois livros
"Os segredos de meditar no futebol" foi o primeiro livro de José, resultado da sua tese de doutoramento, onde fala da sua mensagem para o futebol e como o entende. Aborda também as questões táticas e técnicas, as relações humanas, a liderança e a comunicação, como sendo essenciais para o treinador.
"É errado tirar filhos do futebol como castigo"
Está a treinar o escalão de benjamins, mas José passou por outros escalões. Diz que "já passou pelo contexto todo, nos escalões de formação e raparigas". Venceu um campeonato de iniciados pelo Dragões Sandinenses, um campeonato de juniores pelo Sanguedo e vários torneios de futebol de sete. Nos escalões mais jovens alerta para o comportamento dos pais que castigam os filhos ao tirá-los do futebol. "É errado porque levam os filhos a errar com os colegas, a falhar ao compromisso assumido", justifica.
Fonte https://www.ojogo.pt/futebol/formacao/noticias/de-cadeira-de-rodas-a-ensinar-futebol-o-cerebro-e-o-mais-importante-que-tenho-11893023.html
Postado por Antônio Brito
O resto a que se refere o Francisco é o facto de José se movimentar e dar os treinos numa cadeira de rodas, companheira de viagem desde que deu uma queda, em 2012. Desportista desde sempre, aventurou-se como treinador em 2002. O acidente que lhe deixou sequelas é encarado "como uma oportunidade". Entre os treinos, palestras em escolas, associações ou entrevistas à imprensa local e nacional, José dá exemplo que as limitações... "estão aqui", diz, apontando para a cabeça.
José adapta o treino aos escalões que orienta e, no caso dos benjamins, é importante "perceber o contexto antes de trabalhar os atletas, conhecê-los", sendo certo que, "nestas idades, os pais fazem parte do processo". Os exercícios de treino focam-se em jogos de posição, no estímulo do espírito de equipa e no comportamento coletivo. "Se não forem organizados taticamente, a equipa vai sofrer um golo. Treino os conceitos em contexto de jogo para perceberem o que fazer em cada momento", justifica. "Sempre coordenados! Agora aproximem-se!... Vamos alargar um bocadinho. Isso, gira!", vai ecoando no campo.
Com um doutoramento na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, José fundamenta a sua ação nas três vertentes do comportamento do treino: o desempenho ("que é máximo"), a fadiga ("que nestas idades é zero") e a recuperação ("super-rápida"). Além disso, estimula nas crianças a criatividade. "O cérebro é o que de mais importante tenho no meu corpo", vinca, fazendo-se acompanhar de uma representação do cérebro na sessão.
Paixão da escrita deu dois livros
"Os segredos de meditar no futebol" foi o primeiro livro de José, resultado da sua tese de doutoramento, onde fala da sua mensagem para o futebol e como o entende. Aborda também as questões táticas e técnicas, as relações humanas, a liderança e a comunicação, como sendo essenciais para o treinador.
Ex-seminarista, o segundo livro de José é "O Vagabundo", mais filosófico e místico, representando uma faceta otimista, como a que o levam a ser um ativista da cura da lesão medular paraplégica.
Está a treinar o escalão de benjamins, mas José passou por outros escalões. Diz que "já passou pelo contexto todo, nos escalões de formação e raparigas". Venceu um campeonato de iniciados pelo Dragões Sandinenses, um campeonato de juniores pelo Sanguedo e vários torneios de futebol de sete. Nos escalões mais jovens alerta para o comportamento dos pais que castigam os filhos ao tirá-los do futebol. "É errado porque levam os filhos a errar com os colegas, a falhar ao compromisso assumido", justifica.
Fonte https://www.ojogo.pt/futebol/formacao/noticias/de-cadeira-de-rodas-a-ensinar-futebol-o-cerebro-e-o-mais-importante-que-tenho-11893023.html
Postado por Antônio Brito
Nenhum comentário:
Postar um comentário