24/03/2020

No Dia Internacional da Síndrome de Down, conheça as histórias de amor de duas famílias em Presidente Prudente

Por Aline Costa, G1 Presidente Prudente


Dia Internacional da Síndrome de Down é celebrado neste sábado (21) — Foto: Aline Costa/G1

Dia Internacional da Síndrome de Down é celebrado neste sábado (21) — Foto: Aline Costa/G1
A data é diferente das lutas das famílias, que tentam todos os dias diminuir as limitações de seus filhos com Down e encontrar mais espaço diante da sociedade.
G1 mostra histórias emocionantes, como as das famílias da pequena Ana Clara e do pequeno Lucas. Além de moradoras de Presidente Prudente (SP), ambas têm muita coisa em comum, principalmente o amor e o cuidado, que fazem com que todos os familiares afirmem que os pequeninos são capazes de tudo.

Ana Clara

Ana Clara, de 12 anos — Foto: Aline Costa/G1

Ana Clara, de 12 anos — Foto: Aline Costa/G1
"Soube da Síndrome de Down um dia depois que ela nasceu, pela médica. Foi um susto, só conseguia pensar: 'E agora, o que eu vou fazer? Como eu vou lidar?'. Não estava preparada, mas depois descobri que, na realidade, eu havia sido agraciada por uma bênção de Deus", disse a dona de casa Elizabete Emília Barbosa, de 49 anos, mãe da Ana Clara Barbosa Rocha de Araújo, de 12 anos.
Depois da notícia, tudo mudou na vida de Elizabete e a alteração foi para melhor. Ela não teve uma fase de aceitação difícil, na verdade, segundo ela, não havia nem o que ser aceito, a filha é perfeita.
Os momentos de pânico existem, e os de dificuldades também, mas o sorriso de Clarinha, como é carinhosamente chamada a pequena Ana Clara, faz com que a mãe aprenda a lidar com tudo.
Clarinha é a única filha de Elizabete e uma de suas principais características, daquelas bem marcantes mesmo, é que ela fala bastante.
"Tem dias em que eu preciso pedir para que ela pare só por um momento de falar, ninguém consegue acompanhar (risos)", falou a mãe.
Outra característica de Ana Clara é a de ensinar.
Elizabete com a filha Ana Clara — Foto: Aline Costa/G1


Elizabete com a filha Ana Clara — Foto: Aline Costa/G1
"É o tempo todo de aprendizado com ela. Clarinha me ensina muito através do amor, do perdão, a não perder tempo com besteiras e coisas pequenas. Tem um bom relacionamento com todos, e tudo que ela se propõe a fazer, ela faz", contou Elizabete ao G1.
Embora muitas pessoas acreditem que existam limitações para portadores de Down, Elizabete afirmou que não. Existem dificuldades, mas eles são capazes de tudo.
"Eu espero do mundo que haja mais compreensão, mais paciência. Mesmo que eu não tenha vivido, sabemos que ainda existem preconceitos no sentido do desenvolvimento de pessoas com Down. É preciso que as pessoas acreditem que eles são capazes de tudo, basta haver muita estimulação, pois tudo é possível", pontuou a mãe.

Lucas

Lucas, de 5 anos — Foto: Aline Costa/G1

Lucas, de 5 anos — Foto: Aline Costa/G1
Quando um casal se propõe a adotar, uma ficha é preenchida, para que sejam estabelecidas as características que estes pais buscam em seu filho.
A professora Heliane Aparecida Alves Ramos Reis, de 47 anos, e o funcionário público Manoel Luiz de Oliveira Reis, de 50 anos, no momento de preencher esse formulário exigido, sonhavam apenas em serem pais. E o desejo era tão grande que, se a criança mexesse os olhos, como foi dito por Heliane, já estava bom.
Diante do gesto de amor puro e do coração aberto do casal, a vida presenteou os dois com o pequeno Lucas. O sorriso de Lucas, adotado aos nove meses, iluminou o caminho do casal e de toda a família.
"Depois de todo o processo feito para a adoção, a assistente social ligou e me perguntou se eu e meu marido gostaríamos de conhecer a criança, mas eu falei que não, que nós gostaríamos e estávamos indo conhecer o nosso filho", contou Heliane ao G1.
O propósito do casal era adotar a primeira criança que surgisse e aí veio o Lucas.
"Ele apareceu sorrindo, com apenas nove meses. Falei para o meu marido: 'É nosso mesmo'", relembrou a mãe.
"A gente se prepara para receber uma criança com muita deficiência quando não especificamos nada na ficha, mas aí veio o Lucas, que não tinha nada, porque para a gente é isso, ele não tem nada, é perfeito", falou Heliane.
Helena, avó de Lucas, os pais Manoel e Heliane, e o pequeno Lucas — Foto: Aline Costa/G1

Helena, avó de Lucas, os pais Manoel e Heliane, e o pequeno Lucas — Foto: Aline Costa/G1
Filho único do casal, Lucas também é a alegria da avó Helena Alves Ramos, que é muito presente na vida do neto.
Lucas ensina diariamente aos pais, que afirmam que ele é capaz de tudo, mesmo com limitações e dificuldades.
O amor do casal pelo filho reflete na educação e na alegria de Lucas, que está sempre sorridente e feliz.

Desenvolvimento

Tanto a Ana Clara quanto o Lucas passam por atendimentos na Apae, em Presidente Prudente (SP).
As crianças são submetidas a diversos atendimentos, entre eles, o da psicóloga Carla Aparecida de Oliveira Guimarães, que trabalha com a terapia cognitiva comportamental.
Dia Internacional da Síndrome de Down é celebrado neste sábado (21) — Foto: Aline Costa/G1

Dia Internacional da Síndrome de Down é celebrado neste sábado (21) — Foto: Aline Costa/G1
"Com os pequenos, o meu trabalho é de estimulação precoce, então, eu avalio, identifico e faço as remediações das funções cognitivas, assim como os aspectos comportamentais, sociais e afetivos", explicou a profissional ao G1.
Carla ainda conta que trabalha conforme a fase em que cada criança se encontra.
"Aos pais, orientamos após cada atendimento que fazemos com os filhos. Fazemos estudo de casos, visitas domiciliares quando há necessidades. É um trabalho harmônico entre Apae, escola, família e a criança", acrescentou a psicóloga.
A especialista ainda pontua a respeito da estimulação, que deve ser constante ao portador de Down.
"A estimulação e a repetição são as mais importantes, porque é fato que eles aprendem tudo que se propõem a aprender, mas essas abordagens são extremamente necessárias", disse ao G1.

Síndrome de Down

A Síndrome de Down não é uma doença, mas uma condição inerente à pessoa, portanto, não se deve falar em tratamento ou cura. Essa condição está associada a algumas questões de saúde que devem ser observadas desde o nascimento da criança. O termo correto é criança com síndrome e criança comum (nunca falar em criança normal).
Ainda no útero, é possível realizar exames que podem detectar se o bebê apresenta Síndrome de Down. Casais com síndrome têm 80% de chance de ter um filho também com síndrome. Se só um dos parceiros tiver a síndrome, a possibilidade de ter um filho com Down cai para 50%.
A Síndrome de Down é causada pela presença de 3 cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo. Isso ocorre na hora da concepção. As pessoas com Síndrome de Down têm 47 cromossomos no núcleo das células em vez de 46, como é comum.
O Brasil possui uma população de 350 mil pessoas com Síndrome de Down, são 8 mil nascimentos por ano na proporção de 1 com síndrome a cada 750 nascidos.
Fonte  https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/noticia/2020/03/21/no-dia-internacional-da-sindrome-de-down-conheca-as-historias-de-amor-de-duas-familias-em-presidente-prudente.ghtml
Postado por Antônio Brito 

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