20/03/2020

Mãe de meninas autistas usa experiência e cria ONG que atende crianças com o transtorno em Divinópolis

Por Anna Lúcia Silva, G1 Centro-oeste de Minas

Mãe de três filhas autistas, Skarlait Neves criou ONG para atender crianças com transtornos — Foto: Skarlait Neves/ Arquivo Pessoal

Mãe de três filhas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ela usou a experiência que teve na família e fundou a Organização Não Governamental (ONG) Céu Azul, que hoje atende em Divinópolis mais de 80 crianças com autismo e outros transtornos.

É fácil perceber perceber em Skarlait que toda dor vivenciada com os diagnósticos clínicos das filhas se transformou em coragem para travar uma batalha coletiva, onde hoje ela tem a oportunidade de compartilhar dentro da ONG.

Aos 19 anos Skarlait teve uma gestação, mas por complicações na gravidez acabou perdendo a criança.

Na mesma ocasião e já casada, ela e o marido iniciaram um tratamento de um ano para tentar engravidar novamente.

Durante o processo foi informada por médicos que não poderia mais ter gestações, mas ela conta que não desistiu. Cerca de três meses depois, engravidou de uma menina.

"Por providência divina, meses depois e sem nenhum medicamento eu engravidei da minha primeira filha, Samara" relatou.

Diagnósticos de autismo

Skarlait conta que a gestação de Samara foi considerada de alto risco e a criança nasceu prematura. Ao nascer, a bebê ficou internada para ganhar peso e, nos primeiros três primeiros meses de vida da bebê, mãe percebeu que ela já demonstrava características do autismo.

"O autismo não tem uma característica apenas. São características muito particulares e que sempre vão variar de uma pessoa para outra. Samara foi diagnosticada com um ano e oito meses de idade e nesse momento eu perdi meu chão. Precisei recriar meu universo e redefinir minha vida a partir dela," lembrou.

Ainda tendo que lidar com o diagnóstico da primeira filha, Skarlait realizou exames para saber o percentual de chances dos outros filhos nascerem com autismo e o resultado foi de 98%. Na ocasião destes exames ela descobriu a gravidez de Emanuelle.

Assim que nasceu Emanuelle, aos oito meses, um neurologista avaliou a criança e desde então posicionou a mãe sobre a possibilidade dela também ser autista. O diagnóstico foi concluído quando a menina fez um ano.

Ainda em meio à turbulência das duas filhas com autismo, Skarlait descobriu a quarta gravidez. Novamente mais dificuldades e obstáculos.

"Tive todas as intercorrências possíveis numa gravidez e minha filha nasceu com 650 gramas e 15 centímetros. Uma experiência sobrenatural. Quando ela nasceu, aos cinco meses, teve complicações que nenhum prematuro suportaria. É nesse sentido que digo que toda essa experiência, de minhas três filhas, me fez crescer como mulher", frisou.

Desde o primeiro diagnóstico Skarlait deixou sua função de administradora, abandonou seus gostos para então viver na dedicação exclusiva à maternidade. Se debruçou a aprender sobre o autismo e aceitou que estava pronta para uma verdadeira batalha que hoje é compartilhada com mais de 80 famílias de crianças especiais atendidas pela Ong Céu Azul.

"Tive experiências com verdadeiras avalanches, tive medo e insegurança. Mas tudo isso me fortaleceu e eu quero a cada dia poder transmitir força a essas famílias e a essas crianças que cuidamos com tanto amor", finalizou.
Fonte  https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2020/03/08/mae-de-meninas-autistas-usa-experiencia-e-cria-ong-que-atende-criancas-com-o-transtorno-em-divinopolis.ghtml
Postado por Antônio Brito 

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