O "Vela Para Todos" recebe alunos com qualquer tipo de deficiência. Alguns dos participantes já estão se destacando no cenário internacional
Por Carina Ávila — Brasília, DF
O projeto "Vela Para Todos" oferece aulas gratuitas de vela adaptada para pessoas com deficiência. Os treinos são no Lago Paranoá e alguns dos atletas já se destacam no cenário internacional. Pessoas com qualquer tipo de deficiência são bem-vindas e não há limite de idade.
— É um projeto que o nome diz tudo: é vela para todos. A gente não segrega deficiência. Atendemos qualquer e todo tipo de deficiência, desde o lesado medular ao síndrome de down, deficiência degenerativa, estamos com um projeto agora com deficientes visuais, então é realmente emocionante — diz Estevão Lopes, coordenador do projeto.
Ele perdeu o movimento das pernas quando foi atingido por uma bala perdida em 2012. Durante o período de reabilitação no Hospital Sarah Kubitschek, conheceu a vela adaptada e se apaixonou.
Fui vítima da violência de Brasília. Aparentemente seria uma história triste, mas a partir daí, falei: "Cara, vamos transformar este limão em uma limonada". Não foi fácil no começo. Falo que a gente passa por um período de luto. Mas tive a felicidade de ter aqui em Brasília o Hospital Sarah Kubitschek, que tem como uma das atividades da reabilitação a "vivência esportiva", onde me apresentaram vários esportes — conta Estevão.
Estevão já competiu em mais de 30 países e usa toda a experiência para ensinar quem está chegando, como a Iracema Sousa. Ela já tinha 48 anos quando praticou um esporte pela primeira vez na vida, em 2015. Iracema teve poliomielite e raquitismo na infância, que atrofiaram algumas partes do corpo dela. Algumas décadas depois, uma colega de trabalho a convidou para fazer uma aula de vela adaptada.
— A vela foi meu primeiro esporte, foi o esporte do coração. O esporte que me acolheu, que me inseriu no mundo e me ajudou a superar várias dificuldades. Em 2015, eu estava com depressão e o projeto me ajudou a ficar bem, a vela mudou minha vida por completo — relembra Iracema.
Hoje, ela tem 52 anos e já participou de competição até fora do país. Em julho, ela representou o Brasil no Campeonato Mundial de Vela Adaptada, em Cádiz, na Espanha, e ficou em nono lugar.
— Eu me superei na expectativa, porque o primeiro Mundial não é fácil, a gente não conhece, eu nunca tinha velejado no mar. Foi minha primeira experiência internacional, para mim foi muito, muito, muito inexplicável. Você vai com a certeza de que fará o seu melhor, porém surgem vários obstáculos. Encarei e fiquei entre as dez melhores do mundo — relata.
Iracema Sousa ficou entre as dez melhores do mundo no Campeonato Mundial de Vela Adaptada, na Espanha. Foto: TV Globo/Reprodução |
Iracema trabalha no Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV). O "Vela Para Todos" fechou uma parceria com o CEEDV e está com um projeto voltado especificamente para os deficientes visuais.
— É emocionante ver a alegria das crianças. É incrível como elas se superam, porque elas sentem melhor o vento, elas têm uma percepção mais apurada, sensibilidade para perceber o vento melhor do que a gente que enxerga, é incrível — pontua Iracema.
Além da atividade física e dos campeonatos, os participantes reforçam que o projeto também cria muitos laços de amizade.
— Conheci um monte de gente aqui e nós somos todos muito amigos, então é bem legal. Sempre fica melhor quando tem mais gente, por isso já convidei muitas pessoas — enfatiza Bia Mendes, que tem 12 anos e participa do projeto desde os 7.
"Gosto muito de velejar, é uma brincadeira para mim", diz Bia Mendes, atleta de vela adaptada — Foto: TV Globo/Reprodução |
"Vela Para Todos"
Local: Clube Nipo (Setor de Clubes Sul)
Mais informações: https://fbva.esp.br
Telefone: (61) 9 9962-9868
Para ver o vídeo: https://globoplay.globo.com/v/8206969/
Fonte http://www.fernandazago.com.br/2020/03/projeto-oferece-aulas-gratuitas-de-vela.html?m=1#.Xmam5Kgyw78.facebook
Postado por Antônio Brito
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