O Meeting Paralímpico
chegou neste sábado a João Pessoa (PB) e reuniu novas e antigas
gerações do esporte. Sob o sol escaldante da capital paraibana, a
piscina da Vila Olímpica Parahyba testemunhou o encontro de atletas que
representam a experiência e a juventude dentro do movimento paralímpico
brasileiro.
Juventude marcada no corpo e no rosto de Guilherme Souza, jovem de 16
anos que competiu em casa. Morador do bairro Cristo Redentor, ele dois
ônibus para chegar à Vila Olímpica. “Venho todo dia, mesmo quando dá um
pouco de preguiça”, disse o estudante, que é bolsista do governo
paraibano e treina na própria Vila Olímpica.
Guilherme, que nasceu com os braços encurtados e costuma ser
comparado com o ídolo Gabrielzinho, competiu em cinco provas na classe
S6 (atletas com limitações físico-motoras). Seu desempenho garantiu
participação nas Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, no fim do ano.
Manoel Ubiramar, o Mazinho, treinador do Grêmio Vila Olímpica Parahyba,
garante que Guilherme tem dedicação suficiente para chegar longe.
Na torcida pelo jovem atleta, estava uma nadadora pioneira da natação
paralímpica. Na classe S5, Rildene Fonseca competiu nos 50m peito e
trazia nas braçadas os reflexos de uma carreira dedicada ao esporte. Com
cinco paralimpíadas no currículo, a potiguar do Sadef (Sociedade Amigos
do Deficiente Físico) virou referência na natação do Rio Grande Norte.
Aos 50 anos, ela deu conselhos ao jovem paraibano Guilherme Souza, de
16, que sonha em participar de sua primeira.
“Aproveite a oportunidade de um evento como esse [o Meeting] também
pra ser divertir, fazer amigos e conhecer outras culturas e realidades”,
disse a veterana ao novato, que compete na classe S6. “O esporte me fez
conhecer o mundo e você tem potencial pra conhecer também.”
A primeira participação paralímpica de Rildene aconteceu em
Barcelona, em 1992, três anos antes da fundação do Comitê Paralímpico
Brasileiro, que em fevereiro de 2025 completou 30 anos. A nadadora
também esteve em Sidney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008 e Rio-2016. Uma
trajetória surpreendente para uma atleta que ficou paraplégica após um
acidente com arma de fogo aos seis anos.
Além da natação, o Meeting de João Pessoa teve provas de bocha, tiro
com arco, tiro esportivo, tênis de mesa e atletismo – ao todo foram mais
de 300 atletas. Entre eles, se destacaram Jonathan Costa, de Campina
Grande, que arremessou para 9,69m e bateu o recorde brasileiro no
arremesso de peso na classe F33 (paralisados cerebrais), uma marca que
pertencia a ele próprio.
Ele celebrou o resultado em campo, mas destacou também a importância
do esporte em sua vida. “Comecei a treinar em 2020 quando uma mulher
passou de moto e quase me atropelou na rua”, contou Jonathan, que tem
paralisia cerebral. “Acontece que essa mulher era treinadora, viu meu
porte físico e me chamou pra treinar. Eu agradeço muito porque ela mudou
minha vida. O esporte melhorou minha autoestima e me tirou da
depressão.” Além de conquistar índices melhores, Jonathan busca uma
carreira acadêmica: com graduação em História, voltou à faculdade para
fazer Educação Física.
Outro recordista que quer conciliar a vida de atleta com uma carreira
paralela é o jovem José Marcos Martins Costa, o Marquinhos, que fez
59s73, a melhor marca escolar do Brasil nos 400m na classe T11
(deficientes visuais). “Treinei muito, todo dia, pra conseguir essa
marca”, comemorou o estudante, que é cego e músico – toca nove
instrumentos e é especialista em flauta e piano.
“O Meeting é uma grande oportunidade para os jovens se verem como
atletas”, disse o velocista Petrúcio Ferreira, o multicampeão paraibano
que é o paralímpico mais rápido do mundo. “Lembro que foi depois do meu
primeiro Meeting, em Natal, há muitos anos, que eu decidi que eu iria me
dedicar de verdade pra ser atleta”, afirmou o recordista mundial dos
100m.
O Meeting Paralímpico tem o objetivo de desenvolver o paradesporto em
todo o Brasil e conta com a participação de novos talentos e atletas de
elite. O evento é realizado desde 2021, como uma atualização dos
tradicionais Circuitos Loterias Caixa, que aconteciam desde 2005. Entre
abril e agosto deste ano, o Meeting passará por todos os estados e pelo
Distrito Federal.
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As Loterias Caixa e a Caixa são as patrocinadoras oficiais do Meeting Paralímpico Loterias Caixa.
As Loterias Caixa, a Caixa, a Braskem e a ASICS são as patrocinadoras oficiais do atletismo.
As Loterias Caixa e a Caixa são as patrocinadoras oficiais da natação.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br) Fonte https://cpb.org.br/noticias/meeting-paralimpico-de-joao-pessoa-reune-ex-nadadora-da-selecao-com-jovem-de-16-anos/
Postado Pôr Antônio Brito