O último dia da primeira fase das Paralimpíadas Escolares 2025, nesta sexta-feira, 21, reuniu cerca de 940 atletas do atletismo em provas de pista e campo, entre eles estavam Fraylson Vera e Tatiana Freitas, da etnia Guarani Kaiowá, moradores da aldeia indígena Guapo’y, localizada em Amambai, município que fica a 340 km no interior de Mato Grosso do Sul.
As Paralimpíadas Escolares reúnem 2.055 atletas das 27 Unidades Federativas, consolidando-se como o maior evento do mundo dedicado à formação de jovens atletas com deficiência. A primeira fase foi encerrada nesta sexta-feira, 21, após competições de atletismo, goalball, futebol de cegos, basquete 3×3 em cadeira de rodas, halterofilismo, taekwondo, tênis em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas. A segunda fase ocorre de 26 a 28 de novembro, com disputas de natação, bocha, vôlei sentado, futebol PC, judô, tênis de mesa e badminton.
Ambas as fases são realizadas nas dependências do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo (SP).
O sul-mato-grossense Fraylson Vera (12), da classe T13 (deficiência visual), participa pelo segundo ano consecutivo. Em 2025, competiu nos 60m, 100m e 200m, conquistando três medalhas (um ouro e duas pratas).
Aos nove anos, Fraylson perdeu a visão do olho esquerdo após ser atingido por uma pedra lançada de um estilingue, por um vizinho que tentava acertar um passarinho. Após avaliação médica, foi informado à família que não havia mais intervenção possível. No ano seguinte, foi convidado a integrar o projeto Mitã Vy-a, que significa “Criança Feliz” no idioma Guarani Kaiowá, coordenado pelo professor Fernandes Ribeiro, que atende 30 atletas e recebe apoio da Missão Evangélica Caiuá, da Prefeitura de Amambai, da Sedesc (Secretaria de Desporto e Cultura) e da Semed (Secretaria Municipal de Educação).
O projeto, que caminha para cinco anos de existência, desenvolve as atividades em um campo de futebol ou nas estradas próximas à aldeia: “Nós corremos na estrada; às vezes o professor nos acompanha de bicicleta para dar as instruções”, explicou Fraylson.
Embora o foco principal seja o atletismo, o projeto contempla outras modalidades, como basquete em cadeira de rodas e futebol PC (paralisados cerebrais), sempre buscando ampliar a visibilidade e a aceitação do paradesporto entre as famílias indígenas.
“Trabalhar com atletas paralímpicos exige conquistar primeiro a família, mostrar a importância do esporte na vida dessas crianças. Isso leva tempo para se espalhar pela aldeia. Os pais estão aprendendo a aceitar, e essa visão já mudou muito”, destacou Fernandes, técnico e fundador do projeto.
Além de Fraylson, a delegação conta com outros quatro atletas, entre eles a estreante Tatiane Freitas (13), da classe T20 (deficiência intelectual). A atleta foi identificada pelo professor após se mudar de Dourados para a região de Amambai. O olhar atento do treinador percebeu que Tatiane tinha dificuldades para acompanhar os colegas de turma, o que levou ao diagnóstico e ao seu ingresso no projeto.
“Eu sou diferente dos outros. Eu não era igual na minha escola de Dourados, e em Amambai eu me sinto parte do grupo. Eu sou assim mesmo”, contou Tatiane, referindo-se ao projeto, que segue em expansão e planeja ampliar a participação em eventos nacionais.
“Como no próximo ano completamos cinco anos do projeto, queremos intensificar a presença no Meeting Paralímpico Loterias Caixa e em todas as fases nacionais, além das Paralímpiadas Escolares. Queremos vivenciar mais competições”, afirmou Fernandes.
Refugiado brilha em três provas e conquista ouro
Em 2025, o refugiado venezuelano Jorge Alejandro Alvarez Tortoledo,
15, retornou às Paralimpíadas Escolares e brilhou nas provas de pista.
Competiu nos 100m (23s01), 200m (49s03) e 400m (1min41s45), conquistando
ouro nas três provas. Esta é a primeira edição em que o atleta utiliza
seu próprio equipamento, já que, no ano anterior, precisou competir com
uma cadeira emprestada.
Jorge teve meningite aos dois meses de vida e ficou com os movimentos das pernas comprometidos. Ele veio ao Brasil para tratamento e completou, este ano, seis anos pós-cirurgia, permanecendo no país pela continuidade da assistência que recebe. Sua trajetória esportiva tem profunda relação com o trabalho desenvolvido pelo Centro de Referência Paralímpico de Boa Vista (RR), mantido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, que atende dezenas de refugiados venezuelanos e foi fundamental para a sua continuidade no paradesporto.
O atleta participa das Paralimpíadas Escolares desde 2022, quando, aos 12 anos, conquistou dois ouros no arremesso de pelota e no arremesso de peso pela classe T34 (para atletas com comprometimento de coordenação motora em membros inferiores). Com o tempo, passou a testar novas provas até se encontrar definitivamente na pista.
Imprensa
Os profissionais de imprensa
interessados em cobrir as Paralimpíadas Escolares 2025 podem enviar um
e-mail para imp@cpb.org.br com os seguintes dados: nome completo, RG ou
CPF, veículo pelo qual irá cobrir o evento. No dia da competição, os
profissionais deverão se identificar na sala de imprensa do local.
Serviço
Paralimpíadas Escolares 2025
Datas: 1ª fase – 18 a 21 de novembro | 2ª fase – 26 a 28 de novembro
Horário: a partir das 8h da manhã
Local: Centro de Treinamento Paralímpico
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, km 11, 5, Vila Guarani – São Paulo (estação Jabaquara – Comitê Paralímpico Brasileiro do Metrô)
Patrocínios
A CAIXA, as Loterias CAIXA, a Braskem e a ASICS são as patrocinadoras oficiais do atletismo.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)
Fonte https://cpb.org.br/noticias/paralimpiadas-escolares-abrem-portas-para-indigenas-com-deficiencia-iniciarem-no-esporte/
Postado Pôr Antônio Brito
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