22/11/2025

Paralimpíadas Escolares abrem portas para indígenas com deficiência iniciarem no esporte

Fraylson (à esquerda) ao lado de Tatiane Freita, se abraçam após finalizarem as provas de pista nas Paralimpíadas Escolares, no CT Paralímpico | Marcello Zambrana/CPB

O último dia da primeira fase das Paralimpíadas Escolares 2025, nesta sexta-feira, 21, reuniu cerca de 940 atletas do atletismo em provas de pista e campo, entre eles estavam Fraylson Vera e Tatiana Freitas, da etnia Guarani Kaiowá, moradores da aldeia indígena Guapo’y, localizada em Amambai, município que fica a 340 km no interior de Mato Grosso do Sul.

As Paralimpíadas Escolares reúnem 2.055 atletas das 27 Unidades Federativas, consolidando-se como o maior evento do mundo dedicado à formação de jovens atletas com deficiência. A primeira fase foi encerrada nesta sexta-feira, 21, após competições de atletismo, goalball, futebol de cegos, basquete 3×3 em cadeira de rodas, halterofilismo, taekwondo, tênis em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas. A segunda fase ocorre de 26 a 28 de novembro, com disputas de natação, bocha, vôlei sentado, futebol PC, judô, tênis de mesa e badminton.

Ambas as fases são realizadas nas dependências do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo (SP).

O sul-mato-grossense Fraylson Vera (12), da classe T13 (deficiência visual), participa pelo segundo ano consecutivo. Em 2025, competiu nos 60m, 100m e 200m, conquistando três medalhas (um ouro e duas pratas).

Aos nove anos, Fraylson perdeu a visão do olho esquerdo após ser atingido por uma pedra lançada de um estilingue, por um vizinho que tentava acertar um passarinho. Após avaliação médica, foi informado à família que não havia mais intervenção possível. No ano seguinte, foi convidado a integrar o projeto Mitã Vy-a, que significa “Criança Feliz” no idioma Guarani Kaiowá, coordenado pelo professor Fernandes Ribeiro, que atende 30 atletas e recebe apoio da Missão Evangélica Caiuá, da Prefeitura de Amambai, da Sedesc (Secretaria de Desporto e Cultura) e da Semed (Secretaria Municipal de Educação).

O projeto, que caminha para cinco anos de existência, desenvolve as atividades em um campo de futebol ou nas estradas próximas à aldeia: “Nós corremos na estrada; às vezes o professor nos acompanha de bicicleta para dar as instruções”, explicou Fraylson.

Embora o foco principal seja o atletismo, o projeto contempla outras modalidades, como basquete em cadeira de rodas e futebol PC (paralisados cerebrais), sempre buscando ampliar a visibilidade e a aceitação do paradesporto entre as famílias indígenas.

“Trabalhar com atletas paralímpicos exige conquistar primeiro a família, mostrar a importância do esporte na vida dessas crianças. Isso leva tempo para se espalhar pela aldeia. Os pais estão aprendendo a aceitar, e essa visão já mudou muito”, destacou Fernandes, técnico e fundador do projeto.

Além de Fraylson, a delegação conta com outros quatro atletas, entre eles a estreante Tatiane Freitas (13), da classe T20 (deficiência intelectual). A atleta foi identificada pelo professor após se mudar de Dourados para a região de Amambai. O olhar atento do treinador percebeu que Tatiane tinha dificuldades para acompanhar os colegas de turma, o que levou ao diagnóstico e ao seu ingresso no projeto.

“Eu sou diferente dos outros. Eu não era igual na minha escola de Dourados, e em Amambai eu me sinto parte do grupo. Eu sou assim mesmo”, contou Tatiane, referindo-se ao projeto, que segue em expansão e planeja ampliar a participação em eventos nacionais.

“Como no próximo ano completamos cinco anos do projeto, queremos intensificar a presença no Meeting Paralímpico Loterias Caixa e em todas as fases nacionais, além das Paralímpiadas Escolares. Queremos vivenciar mais competições”, afirmou Fernandes.

Refugiado brilha em três provas e conquista ouro
Em 2025, o refugiado venezuelano Jorge Alejandro Alvarez Tortoledo, 15, retornou às Paralimpíadas Escolares e brilhou nas provas de pista. Competiu nos 100m (23s01), 200m (49s03) e 400m (1min41s45), conquistando ouro nas três provas. Esta é a primeira edição em que o atleta utiliza seu próprio equipamento, já que, no ano anterior, precisou competir com uma cadeira emprestada.

Jorge teve meningite aos dois meses de vida e ficou com os movimentos das pernas comprometidos. Ele veio ao Brasil para tratamento e completou, este ano, seis anos pós-cirurgia, permanecendo no país pela continuidade da assistência que recebe. Sua trajetória esportiva tem profunda relação com o trabalho desenvolvido pelo Centro de Referência Paralímpico de Boa Vista (RR), mantido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, que atende dezenas de refugiados venezuelanos e foi fundamental para a sua continuidade no paradesporto.

O atleta participa das Paralimpíadas Escolares desde 2022, quando, aos 12 anos, conquistou dois ouros no arremesso de pelota e no arremesso de peso pela classe T34 (para atletas com comprometimento de coordenação motora em membros inferiores). Com o tempo, passou a testar novas provas até se encontrar definitivamente na pista.

Imprensa
Os profissionais de imprensa interessados em cobrir as Paralimpíadas Escolares 2025 podem enviar um e-mail para imp@cpb.org.br com os seguintes dados: nome completo, RG ou CPF, veículo pelo qual irá cobrir o evento. No dia da competição, os profissionais deverão se identificar na sala de imprensa do local.

Serviço
Paralimpíadas Escolares 2025
Datas: 1ª fase – 18 a 21 de novembro | 2ª fase – 26 a 28 de novembro
Horário: a partir das 8h da manhã
Local: Centro de Treinamento Paralímpico
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, km 11, 5, Vila Guarani – São Paulo (estação Jabaquara – Comitê Paralímpico Brasileiro do Metrô)

Patrocínios
A CAIXA, as Loterias CAIXA, a Braskem e a ASICS são as patrocinadoras oficiais do atletismo.

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

Fonte https://cpb.org.br/noticias/paralimpiadas-escolares-abrem-portas-para-indigenas-com-deficiencia-iniciarem-no-esporte/

Postado Pôr Antônio Brito 

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