O Início – Até parece ser um clichê, mas desistir de um sonho assemelha-se a um crime. Na minha vida, e só pelo meu blog (Sem Barreiras) deve ter ficado perceptível, o esporte é a paixão que carrego. Como já abordado aqui anteriormente, esse sentimento ganhou um novo contorno:o paradesporto.
Foram dois anos e alguns meses de treinamentos de Bocha Paralímpica. Por motivos para além da modalidade, minha estreia em competições oficiais estava distante. Entretanto, na vida, a pressa é inútil. Tudo já tem o seu momento reservado. Foi nessa linha de pensamento que cheguei à classificação funcional em marco de 2019. No final do mesmo mês, enfim disputei pela primeira vez a Segunda Divisão do Campeonato Paulista.

O Início... Na Prática
Quando o assunto é competição, a atmosfera é ímpar. Mogi das Cruzes foi a sede dos jogos esse ano e durante a viagem eu só pensava nas partidas, embora não fizesse a menor ideia do que estava por vir.
Ao longo do aquecimento, a ficha começou a cair e então adentrei, de fato, no ambiente do campeonato. O frio na barriga cresce. Ao sinal do árbitro para que seja iniciada a primeira parcial (como o set do vôlei), passa o famoso filme na cabeça. O jogo é rápido. O arremesso ofensivo precisa ser uma boa estratégia de defesa. Logo, quem errar menos vence.
Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece, não é? Assim foi a tão aguardada estreia. Enfrentei uma paratleta chamada Luísa, que tal como eu, estava se acostumando com a nova realidade.
Iniciei a partida, jogando a bola alvo. Já na jogada seguinte, me aproximei da conhecida bola branca e, a partir daí, peguei confiança no jogo. Saí vitorioso por 8 a 0. Ao final da fase de grupos, avancei em primeiro lugar às oitavas. Porém, parei por aí. Fui derrotado por aquele que seria o Campeão Paulista da Segunda Divisão 2019, Juan.

O Início... Um Aprendizado
Tudo isso modificou profundamente a minha visão sobre o universo paradesportivo. Uma prova dessa nova forma de pensar é a diferença de abordagem da atual edição para outra passada em que também retratei o esporte adaptado, contudo sem vivência nenhuma em competições.
Apesar da contextualização já feita aqui neste texto, o paralímpico vai além das modalidades. Na bocha nós, paratletas, levamos as dificuldades alheias como aprendizados. Mas, mais do que isso, a relação com os auxiliares, que muitas vezes são familiares dos competidores, traz uma confiança extra nos momentos dos arremessos. Certamente, essa é a grande marca do jogo.
Nem sempre nossas percepções são reflexos do cotidiano. O paradesporto, além de ser um grande sonho, é uma das grandes lições que já tive na minha vida. Às vezes, o destino da gente passa pelos pontos mais improváveis. Cabe a nós ter a paciência de entendê-lo e viver intensamente cada segundo que ele proporciona.

Murilo Pereira
Cursando a faculdade de Jornalismo, Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele administra, nas redes sociais, as páginas "Vem Comigo" e "Sem Barreiras", este último oriundo do seu blog que dá nome a coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões.
Fonte https://jornalistainclusivo.com/o-inicio/
Postado por Antônio Brito
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