Famílias dizem que, desde setembro, há falhas na assistência psicossocial para pessoas que sofrem com o transtorno.
Por Apilly Ribeiro
Mães de pessoas com autismo protestaram, nesta segunda-feira (3), em frente ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no Centro Recife. Elas reclamaram da falta de acompanhamento psiquiátrico nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) (veja vídeo acima).
O tratamento psiquiátrico garante um melhor desenvolvimento para os pacientes e qualidade de vida para a família. Em setembro, famílias protestaram pelo mesmo motivo, em frente ao Caps Professor Zaldo Rocha, no bairro da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife.
De acordo com as mães, desde junho de 2019, a Policlínica Albert Sabin, na Tamarineira, na Zona Norte, ficou sem a única médica infantojuvenil que havia, várias falhas de atendimento assistencial começaram a aparecer também nos Caps.
A Policlínica Albert Sabin é de referência no atendimento psicossocial e a manutenção dos serviços nos Caps é de responsabilidade da prefeitura. A recepcionista Havana Oliveira tem um filho de 2 anos e 4 meses.
Ela tem medo que a falta de tratamento nos primeiros anos de vida da criança aumentem as chances de ele não se desenvolver e ter uma vida normal.
"Eu quero pedir que deem a assistência à qual meu filho tem direito. Ele merece ter um futuro e se desenvolver. Eu descobri precocemente que meu filho é autista, mas estou vendo a chance de ele se desenvolver se estragar, porque o poder público não dá assistência adequada para o meu filho", declarou.
Segundo a enfermeira Carol Aleixo, que também tem um filho autista, o objetivo das mães não é cobrar mais medidas na legislação para pessoas com autismo, mas fazer com que as ações existentes sejam implementadas.
"O estado e nosso país já possuem leis, o que precisamos é que elas sejam respeitadas. Existem milhares de crianças e pessoas com autismo e com deficiência desamparadas. A pessoa com deficiência precisa ser prioridade do governo. Pernambuco tem de tudo pra sair na frente, temos leis de inclusão, leis para pessoas com autismo, mas elas não estão sendo cumpridas", disse.
As mães conseguiram, no fim da tarde, ser atendidas pelo secretário executivo de Projetos Especiais do governo do estado, Eduardo Figueiredo.
Resposta
Por meio de nota, o governo informou que integrantes da Casa Civil e da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco receberam o grupo de mães. A pauta conta com solicitações relativas aos atendimentos nas áreas de saúde, educação e transporte.
Ainda segundo o governo, "todos os pontos da pauta foram discutidos e encaminhados, sendo agendadas reuniões nas próximas semanas com as Secretarias e os órgãos responsáveis".
Também por meio de nota, a Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife informou que, na última semana, o psiquiatra infantil da Policlínica Albert Sabin, na Tamarineira, na Zona Norte, pediu desligamento.
Disse, ainda, que outro profissional vai substitui-lo ainda esta semana. Antes disso, uma outra psiquiatra fez os atendimentos no segundo semestre de 2019.
A Sesau explicou também que a psicopedagoga que atendia na unidade era cedida pelo governo do estado e, no ano passado, solicitou retorno ao órgão de origem.
"A secretaria estuda, em parceria com a Secretaria de Educação do município, a viabilidade de mobilizar internamente um profissional para esta vaga", afirmou.
Sobre o atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Zaldo Rocha, que fica na Encruzilhada,na Zona Norte, a Sesau esclareceu que "uma psiquiatra começará a trabalhar na unidade ainda esta semana, e outra, iniciará até o fim deste mês".
A Sesau reforça que estão em andamento concurso e seleções para contratação de mais médicos e outros profissionais de saúde que irão reforçar o atendimento em toda rede municipal.
Fonte https://g1.globo.com/google/amp/pe/pernambuco/noticia/2020/02/03/maes-de-criancas-com-autismo-protestam-contra-falta-de-assistencia-psiquiatrica.ghtml
Postado por Antônio Brito
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