
A pouca quantidade de células e o aprimoramento de novas técnicas, como o transplante haploidêntico, são alguns dos motivos para a queda deste tipo de TMO
Por Natália Mancini
O transplante de medula óssea é um dos possíveis tratamentos para os cânceres hematológicos, como os linfomas e as leucemias. Nessa terapia, as células doentes da medula são substituídas por células-tronco saudáveis. O objetivo é que a partir dessas células saudáveis, o corpo consiga reconstituir a medula sem a presença da doença.O transplante pode ser alogênico, quando a medula vem de um doador 100% compatível; autólogo, quando a medula do próprio paciente é usada; haploidêntico, quando vem de um doador 50% compatível, exclusivamente da família; e também a partir do sangue do cordão-umbilical.
Nesta matéria, falaremos exclusivamente sobre o transplante que acontece por meio do sangue do cordão umbilical. Para tirar todas as dúvidas, falamos com a Dra. Adriana Seber, coordenadora da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO).
Tipos de doação do cordão umbilical

“As sociedades de pediatria em todo o mundo não recomendam que o cordão seja guardado para si mesmo. A recomendação é que estas células sejam doadas para um banco público”, explica a Dra.
Isso acontece porque as chances da própria pessoa utilizar as células guardadas futuramente são muito baixas, já que é possível também estarem doentes. Afinal, a leucemia e o linfoma são cânceres que se desenvolvem por um erro genético.
“Além disso, quando a coleta é feita para um irmão ou para a própria criança, em geral, os critérios de qualidade da coleta são diferentes. Então, é coletado e congelado qualquer número de células. Enquanto que para o banco especializado em cordão umbilical, tem um número certo”, fala a especialista.
O cordão umbilical não é utilizado por inteiro

Para as terapias existentes, é utilizado apenas o sangue de dentro do cordão.
Importância do transplante com o cordão umbilical

“O avanço no transplante haploidêntico diminuiu muito a realização deste tipo de TMO. Agora, é possível fazer o transplante comum, com o doador familiar”, diz a especialista.
Quanto ao resultado do tratamento, a melhor resposta é obtida com o transplante de doador adulto com 100% de compatibilidade. Em seguida, vem o haploidêntico, junto com a doação de cordão.
Acreditava-se que o grande diferencial do transplante com sangue do cordão umbilical seria a flexibilidade da compatibilidade. Entretanto, essa teoria já foi descartada, por isso ele está no mesmo patamar que o transplante haploidêntico.
“Nós descobrimos que as condições necessárias para a compatibilidade de cordão são cada vez mais parecidas com a doação comum. Quanto mais compatível, melhor o resultado. Então toda aquela flexibilidade que a gente achava que podia existir no cordão e que causava vantagem, está caindo por terra. Por isso o uso do cordão vem diminuindo”, disse a especialista.
A doação do sangue de um cordão umbilical pode acabar nem sendo utilizada
É possível que isso aconteça, caso a qualidade da coleta não esteja de acordo com os padrões exigidos pelo banco.“Você não consegue dividir para mais de uma pessoa as células do cordão umbilical. Isso acontece porque o número destas células é muito limitado”, conta a Drª.
Fora isso, as células-tronco encontradas no cordão umbilical, depois de congeladas, podem demorar mais de um mês para voltar a trabalhar. Atualmente, existem pesquisas para diminuir esse tempo ao multiplicar o número de células antes de infundir no paciente. Entretanto, também não está disponível para pessoas ainda.
Não são todos os hospitais que fazem o congelamento do cordão umbilical

Dessa forma, a mãe que tiver interesse em doar, precisa procurar um hospital que tenha programa de coleta de sangue de cordão umbilical. Além disso, ela precisa informar esse desejo durante o pré-natal e fazer exames para ter certeza que está apta.
“Quanto ao recém-nascido, ele tem que nascer no tempo certo. Ele não pode ter nenhuma complicação e a coleta tem que ser boa e efetiva na questão de quantidade de sangue e número de células. Então a doação de cordão precisa que vários passos estejam adequados”, finaliza a Drª. Adriana Seber.
Fonte https://www.abrale.org.br/revista-online/transplante-de-cordao-umbilical-e-leucemia/
Postado por Antônio Brito
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