06/02/2020

Lak Lobato lançará novos livros falando sobre surdez




Lak Lobato lançará novos livros 


#PraTodosVerem: Sob um fundo rosa está Lak Lobato, uma mulher branca, de cabelos curtos escuros. Ela está com a mãe esquerda no ouvido sob o formato de concha. Ela veste uma roupa preta com bolinhas brancas e na mão direita em destaque ela segura um exemplar de “Lalá é assim: Diferente igual a mim”. Fim da descrição. Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

Quanto mais produzirmos conhecimento sobre nossas deficiências, mais pessoas conhecerão nosso mundo, e menos preconceito teremos. Talvez seja isso o que move a jornalista Lakshmi Lobato, que convive há 33 anos com a surdez. Sobre a deficiência ela conta que nunca descobriu a origem “sou surda adquirida aos 9 anos, por sequela de alguma doença, nunca tive diagnóstico fechado para o meu caso, simplesmente acordei assim, surda profunda e bilateral.”
Lak é formada em comunicação social e escreve um blog sobre surdez, o DesculpeNaoOuvi.com.bronde conta sobre as aventuras de ser surdo e falar oralmente, ler lábios, usar tecnologias auditivas para ouvir, num mundo em que se acha que surdez se resume a usuários de língua de sinais. “Por 23 anos, usei apenas a língua de sinais como forma de comunicação. E há 10 anos, sou usuária de implante coclear (uma tecnologia parcialmente implantada, que reproduz artificialmente a percepção auditiva). Os resultados dessa tecnologia variam de uma pessoa para outra, no meu caso, eu ouço maravilhosamente bem, falo no telefone, ouço música, vivo uma vida bem ativa socialmente.” Relata.

#PraTodosVerem: Em uma biblioteca está Lak Lobato, uma mulher branca, de cabelos curtos escuros. Ela aponta para um exemplar do livro “Escute como um surdo”. Ela veste uma camisa branca, e um terno preto. Fim da descrição. Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação.

Os Livros

No próximo dia 08 de fevereiro, Lak lançará dois livros: Escute como um surdo e Lalá é assim: Diferente, igual a mim.
“O Escute como um surdo é a versão prática disso. É um livro interativo, que estimula o leitor a ouvir, prestar atenção  no som, observar como se sente em relação ao som, trabalhar suas expectativas e ansiedades, criando uma rotina gratificante do uso de tecnologias auditivas. É uma troca de experiências de usuária para usuários.”  Já “Lalá é assim: Diferente, igual a mim”, traz a continuação da aventura, em que ela percebe que é a única que usa aparelho auditivo no meio das pessoas com quem convive e começa a se questionar quem mais usaria esse aparelho. E quais são os tipos de aparelhos que existem. E quais são as outras diferenças que existem, etc. Questionamentos comuns de crianças que se sentem diferentes e que precisam descobrir que ser diferente não é ruim nem errado, muito pelo contrário, é uma oportunidade maravilhosa de viver, trocar experiências, aprender e fazer amigos!” Explica.
Ela conta ainda que já tem outros dois livros publicados “o primeiro, é autobiográfico e quase que uma compilação das histórias pessoais relatadas no meu blog que, aliás, leva o mesmo nome do blog. Escrevi porque meus leitores gostavam da forma como eu contava as aventuras de voltar a ouvir através de uma tecnologia. Sempre tive uma visão leve o otimista de encarar o longo e cansativo período de reaprender a ouvir, depois de mais de duas décadas em silêncio.” Conta.
Sobre os de 23 anos sem ouvir Lak diz “me fez perder a maior parte da minha memória auditiva. Sabe o que é isso? Quando você ouve, mais do que simplesmente perceber o som, você precisa identificar o que aquele som significa, saber se deve responder a ele, como responder, se é algo importante, se deve ignorar, etc. E eu não lembrava mais o que era nenhum som, não sabia mais como deveria me comportar diante deles. Tive que reaprender.  E eu encarei isso com tanta leveza, com tanta alegria, com tanta paciência, que tive o maior prazer de compartilhar e inspirar pessoas.” Lembra.
Seu primeiro livro trata de diversos textos publicados em seu blog “meu primeiro livro, que eu carinhosamente chamo de DNO (sigla de “Desculpe, Não Ouvi!”) foi muito importante para os pais de crianças que usam a mesma tecnologia que eu. Tanto que eles queriam que os filhos lessem minha histórias e se sentissem inspirados como eles, os pais, se sentiram.  Só que esses filhos eram crianças. Achei que seria mais agradável ter uma versão especialmente escrita pra elas. Daí nasceu o livro “E Não É Que Eu Ouvi?”, a história de Lalá, uma menininha que, um dia, acorda dentro de uma bolha de silêncio e parte numa aventura em busca dos sons que ela sabe que estão do lado de fora da bolha. E consegue alcança-los através de um aparelho encantado. O livro foi muito bem aceito pelos pais e pelas crianças, que adoram as aventuras da Lalá.” Explica.

#PraTodosVerem: Em uma biblioteca está Lak Lobato, uma mulher branca, de cabelos curtos escuros. Ela está na frente de uma parede de livros e segura um exemplar de “Escute como um surdo” e “Lalá é assim: Diferente igual a mim”. Ela veste uma camisa branca, e um terno preto. Fim da descrição. Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação.

Como adquirir os livros de Lak

Quem estiver em São Paulo pode ir no evento de lançamento, que será numa livraria infantil de bairro, aberta para o público interessado, seja ele qual for.  Após o lançamento, o livro estará a venda pela internet (link ainda não disponível, assim que possível postaremos aqui). E também pretendo fazer alguns lançamentos regionais, mas sem previsão de locais e datas, por enquanto. Sobre novos livros, Lak diz que se houver inspiração e oportunidade, certamente haverão novas obras.

Preconceito


#PraTodosVerem: Na foto está Lak Lobato, uma mulher branca, de cabelos curtos escuros. Ela veste roupas pretas e está com o dedo indicador esquerdo sobre os lábios fazendo sinal de silêncio. Fim da descrição. Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação.

Lak conta que o preconceito faz parte da sua vida “desde que adquiri a surdez, sofro preconceito porque minha voz passou a ter “sotaque de surdo”, que é aquela voz menos nasal, com som meio “pra dentro”, que às vezes, escorrega na pronúncia de algumas vogais ou consoantes.” Explica.
Segundo ela, ainda hoje tem pessoas que querem que ela faça terapia com fonoaudióloga para perder esse sotaque, adquirido durante os 23 anos sem ouvir “eu acho que me fazer entender é muito mais importante que ter uma voz que não denuncia que eu tenho uma deficiência.” Analisa.
Para finalizar, Lak deixou um recado para vocês “tenham orgulho de quem vocês são, empoderem-se das suas histórias. Ter deficiência não é algo a se envergonhar, nem para se desculpar, nem para achar que você deve algo para a sociedade. Briguem pelo que vocês acreditam e tenham fé que é necessário comprar briga para mudar o que não estiver bom para nós! Nossa geração é uma das primeiras a ter voz ativa e ouvida pela sociedade. Nós podemos fazer a diferença para as próximas gerações terem mais oportunidades do que tivemos.
Mas, não vistam a carapuça de serem heróis. A sociedade tenta nos mover da categoria dos coitadinhos para a categoria dos heróis, apenas para poder continuar não tendo que promover acessibilidade e inclusão satisfatórias. Afinal, um herói se vira, não precisa da ajuda dos outros, não é mesmo? Sejamos todos humanos, simplesmente humanos!
Fonte  https://deficienciaemfoco860798267.wordpress.com/2020/02/04/lak-lobato-lancara-novos-livros-falando-sobre-surdez/
Postado por Antônio Brito 

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