Foi o câncer, inclusive, que provocou a cegueira nos dois olhos de João Cláudio, em 2008. Ao longo do tratamento, o estudante já passou por oito cirurgias e mais de 30 sessões de radioterapia. Com tantos obstáculos, João Cláudio considera que a formatura no curso superior é uma “superação”.
“Devido à deficiência, gasto mais tempo para estudar e preciso fazer um esforço maior, e o curso é pesado. Teve muito esforço, muitas pedras no caminho, muita luta. É um sonho que se torna realidade”, diz.
No fim do ano passado, João Cláudio recebeu a notícia de que o tumor cerebral, que havia sido curado em 2014, retornou. Agora, ele se prepara para passar pela nona cirurgia.
“Preciso fazer uma cirurgia intracraniana, que é bem invasiva, mas estou aguardando passar a minha colação de grau, em fevereiro, e a prova da OAB, no dia 5 de abril”, explica.
Animado pela formatura, marcada para esta segunda-feira (10), João Cláudio sonha em conseguir um emprego na área. Devido à sua dedicação ao longo da faculdade, o aluno chegou a ganhar uma bolsa de pós-graduação de um de seus professores, o coordenador do programa de acessibilidade do curso de direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Frederico Alves.
“Não chegaria até aqui sem o apoio desse professor. Algumas vezes pensei em desistir, mas ele sempre me apoiou e me incentivou”, diz.
Por sua vez, Frederico Alves conta que se sente grato por poder auxiliar na conquista de João Cláudio. “Me sinto muito satisfeito de poder ajudá-lo, é muito gratificante”, afirma.
Segundo o estudante, outra pessoa fundamental em sua trajetória é a esposa Angelita Magna Braga e Silva, de 41 anos. O casal se conheceu na faculdade há quatro anos.
“Ela trabalha na faculdade e lia as provas para mim no início. Fomos nos conhecendo e começamos a namorar. Há três anos nos casamos. Depois que nos aproximamos, ela deixou de ler as provas para mim. Até brinco que perdi a leitora, mas ganhei uma esposa”, comenta.
Uma das maiores incentivadores de João Cláudio, Angelita conta que o marido supera todas as limitações.
Cão-guia e óculos inteligente
Segundo Angelita, o sonho de João Cláudio é conseguir um cão-guia para ajudá-lo a se locomover com mais facilidade. “Ele quer muito conseguir um cão-guia, mas a fila é muito grande. Disseram que tem duas mil pessoas na frente dele, sendo que só disponibilizam cinco cães-guia por ano”, afirma.
Além disso, o estudante também tenta conseguir na Justiça o direito a receber um óculos inteligente.
“Esse óculos escaneia as páginas dos livros e lê para ele, fala as cores de roupas que as pessoas estão vestindo, lê placas, ajuda demais. Ingressamos com a ação há um ano, mas foi negada. Agora, entramos com o recurso”, relata Angelita.
Veja outras notícias da região no G1 Goiás.
Fonte https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2020/02/10/estudante-cego-que-luta-contra-cancer-se-forma-em-direito-em-goiania-sonho-que-se-torna-realidade.ghtml
Postado por Antônio Brito
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