19/05/2020

Pessoas com deficiência visual redobram cuidados com a higiene para evitar contaminação pelo novo coronavírus

Pandemia do novo coronavírus altera rotina de deficientes visuais

Os cuidados para se evitar o contágio pelo novo coronavírus merecem atenção especial de quem explora muito o tato e o toque nas atividades do dia a dia. É o caso da pessoas com deficiência visual. A pandemia transformou a rotina deles, que dependem também da conscientização dos que estão ao redor e querem ajudar para, assim, diminuir os riscos de contaminação.

O biólogo Jean Roberto de Lima, por exemplo, é deficiente visual há dois anos. Ele vem adotando cuidados adicionais nesse período, embora passe por situações que, às vezes, dependem da conscientização do próximo.

“Eu fui à farmácia buscar alguns medicamentos e pedi informação para uma pessoa, mas só enxerguei que ela estava sem a máscara quando cheguei bem próximo a ela, e ela já estava conversando comigo. O que eu fiz? Cheguei em casa, tirei a roupa que estava usando, pendurei na lavanderia do lado de fora da casa e fui tomar banho”, relata Lima.

“O que mais mudou foi a higienização, que nós aumentamos. Quando retornamos para casa, deixamos o calçado do lado de fora. Nós usamos uma guia, então, chegando em casa, higienizamos essa guia com álcool e um pano, deixamos pendurada do lado de fora. E fazemos muita higienização no interior da casa também”, completa o biólogo.

Jean Lima mora com Neusa Maria Nunes, que também tem deficiência visual. Para os dois, o toque é essencial, assim como a ajuda de outras pessoas quando eles estão na rua. Como o contato é a principal maneira de interação, para evitar o contágio da doença, é preciso seguir todas as medidas.

Higienização da guia é um dos cuidados a serem tomados — Foto: Reprodução/TV Diário

“Nós não enxergamos e tocamos nas coisas. Tem pessoas que tocam na gente, vêm ajudar, pegam na nossa mão. Nós já carregamos um álcool na bolsa, o papel para higienizar a guia, porque as pessoas pegam até na guia para tentar ajudar”, conta Neusa.

São cuidados redobrados que quem “enxerga” pelas mãos precisa ter neste momento. Com Ricardo Pedroso, que também é deficiente visual, não é diferente. “Na minha cão guia, eu sempre passo um pano com produto específico para limpeza, água, álcool e vinagre para limpar as patas, higienizar o corpo dela e tirar uma possível contaminação”.

Deficiente visual há 20 anos, Pedroso é o segundo secretário do Conselho Municipal de Mogi das Cruzes para Assuntos da Pessoa com Deficiência. Ele explica qual é a orientação do Conselho neste momento.

“Temos um número bem grande na nossa cidade, tanto de pessoas totalmente cegas, como de pessoas com baixa visão. A gente tem orientado para que, em primeiro lugar, fiquem em casa. Em segundo lugar, água e sabão, caso você tenha isso próximo de você. Se não tiver, usar álcool em gel. É o que eu faço no meu dia a dia e o que oriento para as pessoas fazerem”.

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos lançou uma cartilha com textos e vídeos de orientações para pessoas com deficiência. A cartilha orienta, por exemplo, que o deficiente visual, ao aceitar ajuda, procure segurar a pessoa que vai guiar no ombro, local mais seguro para evitar o contágio.

Além do uso de máscaras e dos cuidados de higiene, para a limpeza dos lugares por onde os deficientes visuais passam, a cartilha pede atenção também aos corrimãos e às maçanetas, que devem ser limpos com água, sabão e álcool 70%. A cartilha está disponível no site do Governo Federal.

Fonte  https://g1.globo.com/google/amp/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2020/05/18/pessoas-com-deficiencia-visual-redobram-cuidados-com-a-higiene-para-evitar-contaminacao-do-novo-coronavirus.ghtml

Postado por Antônio Brito 

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