Um estudo de pesquisadores do Grupo de Estudos em Neuroinflamação e Neurotoxicologia (Genit), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), publicado esta semana, levanta a hipótese que o Transtorno do Espectro Autista (TEA), assim como diabetes, obesidade e doenças cardíacas, pode ser um fator de risco para a Covid-19. Os pesquisadores postulam a ideia a partir da análise de outras pesquisas científicas sobre fatores de risco da doença pandêmica.
O estudo publicado na revista científica Medical Hypotheses evidencia que pessoas com autismo são suscetíveis a infecções devido à alterações no nível genético e imunológico do corpo. Algumas dessas modificações são, conforme a pesquisa, condições comuns na população considerada grupo de risco para Covid-19.
De acordo com o professor do curso de Medicina da Uece e coordenador do Genit, Gislei Frota, os pesquisadores ficam intrigado com o fatores de risco. "Vimos que pessoas que tinham diabetes, obesidade, doenças autoimunes são mais propensas. Começamos a conjecturar se isso pode acontecer com o autismo."
Alimentação
Ele explica que pessoas com autismo têm, em geral, alimentação com baixo valor nutricional, pois são muito seletivos. "Esses alimentos produzem alterações metabólicas e processos inflamatórios", completa.
O "ambiente metabólico que o autista tem dentro de si", afirma o pesquisador "é um ambiente alterado, inflamado". E isso, enfatiza, "faz com que a Covid se estabeleça muito bem". O estudo aponta que há diversas características do TEA que podem ser considerados pontos para agravamento da Covid-19, dentre eles: a vulnerabilidade do sistema imune, inflamação endógena e neuro inflamação.
O professor explica que a pesquisa é inédita e traçou um comparativo entre TEA, comorbidades e os grupos de risco da Covid-19, como diabéticos, pacientes cardiovasculares e obesos.
"Vimos a interseção que há entre autismo e Covid e chegamos a essa hipótese. A ideia é lançar a semente para que pesquisadores do mundo inteiro possam comprovar a nossa hipótese. Além disso, nós também somos um grupo que trabalhamos com pesquisa clínica experimental e nós também queremos trabalhar comprovando essa hipótese isso também faz parte de um dos nossos projetos. É a gente dar continuidade a esse trabalho teórico para comprovarmos na prática", contao pesquisador.
Gislei reforça também que novos estudos são necessários para a confirmação dessa correlação, mas enfatiza que a pesquisa "é de suma importância", pois, embora afete entre 1% e 2% da população, o autismo é uma condição que vem crescendo ano a ano no mundo inteiro.
Postado por Antônio Brito
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