Confira a seguir as principais características das doenças que apresentam a síndrome do olho vermelho:
1. Conjuntivite
"No mar, este hábito facilita a contaminação por micro-organismos", conta o oftalmologista Leôncio. As piscinas, por sua vez, não oferecem um cenário melhor: o cloro pode ser responsável pelos olhos vermelhos, mas não apenas ele. Até as mais bem tratadas possuem bactérias causadoras da conjuntivite. Elas estão presentes na urina, muco, suor, maquiagem e protetor solar, por exemplo.
O excesso de filtro solar ao redor dos olhos também pode ser responsável pela conjuntivite tóxica, que é uma reação alérgica pelo contato da mucosa ocular com substâncias do protetor.
Uma característica bastante comum da conjuntivite são as pálpebras inchadas. Além disso, os olhos apresentam uma secreção viscosa quando a infecção é causada por vírus; purulenta se for decorrente de infecção bacteriana; e aquosa quando se trata de uma conjuntivite alérgica. Essa última é causada pelo contato do olho com poluentes, cosméticos, maquiagem e outros produtos de higiene pessoal.
Segundo o médico oftalmologista Queiroz Neto, os tratamentos vão variar de acordo com a secreção apresentada. "Na bacteriana é purulenta e ao primeiro sinal devem ser aplicadas compressas mornas mais colírio antibiótico", orienta. "Na viral, a secreção é viscosa e deve ser tratada com compressas frias, associadas a colírio anti-inflamatório não hormonal nos casos mais leves, ou corticóide nos mais severos". Para os casos de conjuntivite tóxica ou alérgica, em que a secreção é aquosa, o médico recomenda compressas frias para aliviar o desconforto.
Apesar de a receita médica só é exigida na compra de colírios antibióticos, a interrupção abrupta do uso de corticóide pode causar efeito rebote, ou seja, agravar a inflamação. Da mesma forma, a aplicação prolongada de colírios corticóides pode induzir à catarata e até ao glaucoma. "O uso indiscriminado de colírio adstringente predispõe ao olho vermelho crônico", afirma o oftalmologista.
2. Olho seco
A sensação que o olho seco provoca é de que as pálpebras estão colando no olho. A visão fica turva e algumas pessoas lacrimejam constantemente. Isso acontece porque 70% dos casos estão relacionados à deficiência da camada lipídica da lágrima, responsável por reter a camada aquosa na superfície do olho.
O uso intensivo de computadores e celulares faz com que, hoje, essa condição seja comum em todas as faixas etárias, já que piscamos menos diante das telas digitais, o que contribui para a evaporação da lágrima.
O tratamento do olho seco pode ser feito com colírio lubrificante ou aplicação de luz pulsada, uma tecnologia que chegou esse ano no Brasil. De acordo com o o profissional de saúde, muitas pessoas banalizam o olho seco porque toda lágrima artificial causa melhora instantânea do desconforto. Mas o problema é que o uso compulsivo de lágrima artifical pode causar olho seco crônico.
O diagnóstico é feito hoje por um equipamento que analisa as camadas da lágrima e permite ao oftalmologista indicar o colírio mais eficaz para cada caso, já que cada colírio tem uma função específica e age de formas diferentes sobre a lágrima.
A luz pulsada - uma espécie de laser aplicado ao redor dos olhos com o objetivo de estimular pequenas glãndulas responsáveis pela produção da camada lipídica da lágrima - também é uma opção de tratamento. Em 80% dos casos, o equilíbrio da lágrima é restabelecido numa média de três aplicações, com um intervalo de 30 dias entre elas.
3. Ceratite
O oftalmologista Queiroz Neto explica que a córnea é uma espécie de lente natual fixa na frente do olho, que foca a luz e o protege, absorvendo o oxigênio direto do ar e não da corrente sanguínea.
A má oxigenação da córnea é o que pode levar à inflamação e à ceratite. Por isso, ele recomenda nunca dormir com lentes de contato, mesmo as indicadas para uso noturno. Também indica a retirada das lentes antes de viagens aéreas com mais de três horas de voo.
Alguns sintomas da ceratite são os mesmos das outras condições citadas acima, como vermelhidão, coceira, sensação de corpo estranho, queimação, desconforto em locais muito iluminados (fotofobia), lacrimejamento e visão borrada.
Para além deles, o paciente pode sentir dor nos olhos e dificuldade em abrir os olhos por conta dessa dor ou irritação. Geralmente, a ceratite se desenvolve em apenas um olho, mas pode desenvolver-se nos dois olhos ao mesmo tempo.
Uma das formas de tratar a ceratite é através de diferentes colírios, que variam de acordo com o micro-organismo encontrado no diagnóstico. Para saber o colírio ideal, o paciente precisa de uma boa supervisão médica.
Já nos casos mais graves, pode ser necessário fazer a reticulação da córnea. Esse tratamento consiste em aplicar vitamina B1 associada à radiação ultravioleta, para fortalecer as fibras de colágeno e eliminar o micro-organismo.
Quando devo procurar um oftalmologista?
Se o paciente está com conjuntivite e os sintomas não desaparecem com a aplicação de compressas por dois dias, é indicado que ele vá ao oftalmologista. As compressas devem ser frias quando a secreção é viscosa ou aquosa e mornas quando a secreção é purulenta.Para os que desconfiam de olho seco, uso de colírio lubrificante só é recomendado no caso de uma urgência, para proporcionar alívio imediato. Quando o sintoma persiste, a consulta com o oftalmologista é essencial para que o problema não se torne crônico.
No caso da ceratite, que, como já falamos, tem relação com a síndrome do olho vermelho , se o paciente usa lentes de contato, elas devem ser retiradas a qualquer desconforto. Se a sensação desagradável permanecer, a necessidade de ir até um oftalmologista é imediata.
Fonte: IG Saúde