01/04/2020

Precisamos falar do autismo


O autismo não é mais algo que deve ser desconsiderado pelas pessoas, a presença do autismo está cada vez mais visível entre nós e algumas pessoas me perguntam "Jacson, o número de autistas vem aumentando?". Acredito que não seja apenas isso, com a divulgação, preocupação e entendimento maior sobre o assunto vemos mais profissionais buscando se aperfeiçoar em terapias que envolvam o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção (TDA), Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Deficiência Intelectual (DI), dentre outros. São centenas de ramificações, classificações, condições coexistentes e comorbidades associadas.

Por outro lado, eu vejo um despreparo social como um todo. Quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) e, infelizmente, até alguns planos de saúde ficam suscetíveis a longas filas de espera e na incerteza de achar profissionais capacitados para atender adequadamente às crianças, adolescentes e adultos dentro do espectro.

Pode observar isso em laudos que são dados a revelia, sem uma descrição completa sobre as particularidades, potencialidades e negativas de cada autistas. Algumas mamães têm seus filhos enquadrados em quadros de hipersensibilidade, deficiência intelectual, transtornos de personalidade ou epilepsia sem nem mesmo ter noção das medicações ou do acompanhamento necessários. 

Infelizmente o Brasil apresenta uma visão muito estagnada dos devidos processos e também do que é o autismo, das potencialidade e duplas excepcionalidades a serem extraídas de cada indivíduo. Além disso, alguns métodos também já são ultrapassados e papais, mamães, cuidadores e autistas ficam a mercê da "indústria de pseudoterapias", procedimentos que visam apenas lucro financeiro, com efeitos placebos e não validadas pelo sistema de saúde.

Quem devemos culpar ? A família? Os autistas? Os médico não atualizado? Acredito ser algo bem mais profundo a falta de preparo, entendimento e preparo básico para o tratamento e apoio aos autistas.

Precisamos reeducar e aperfeiçoar os métodos atuais, aplicar a inclusão e buscar equidade, transmitir conhecimento e informações adequadas, coibir falsas promessa de cura, apoiar familiares que recebem todo tipo de pressão física, emocional e financeira,  apoiar profissionais que não recebem o devido amparo.

A mudança deve começar já.

Jacson Marçal, autista

Fonte  https://mundoadaptado.com.br/blog/precisamos-falar-do-autismo?utm_campaign=5e834177200e7629ae75cdaa&utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_content=article3-5e5550bcf595b834f807484a

Postado por Antônio Brito 

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