Para Uip, as pessoas têm uma “falsa impressão” de que o vírus não está presente nos locais onde moram – e é justamente por essa análise que os casos passam a se multiplicar, como aconteceu no norte da Itália e nos Estados Unidos, novo epicentro da doença que já infectou mais de 2 milhões de pacientes e tirou cerca de 146 mil vidas no mundo todo.
“O vírus é invisível. As pessoas tem falsa impressão que ele não está em sua cidade. Nós não estamos inventando nada, estamos tendo a oportunidade de aprender com quem nos antecedeu na pandemia.”, disse o infectologista. “Eu fico surpreso que as pessoas não consigam entender o que já aconteceu. Olha o que aconteceu na Itália, nos EUA, na Turquia. Estamos tendo a oportunidade de nos antecipar em medidas de contenção, com medidas de isolamento, e depois na preparação do sistema público e privado na assistência a esses pacientes.”, complementou.
David Uip, que teve coronavírus e fez um relato de como a doença o acometeu e o afastou de suas funções, também explicou que existe um achatamento importante da curva das infecções em São Paulo, mas que ainda há necessidade de enfatizar o isolamento social em, idealmente, 60% da população. Na quinta-feira 16, o monitoramento do estado registrou 49% de isolamento.
Para ele, a mudança do “pico da doença” de abril para maio e junho, como estimado pelo Ministério da Saúde, reflete que o isolamento dá as respostas corretas para a crise.
“Isso reflete que as medidas tomadas foram efetivas. Se nós mantivermos as medidas de contenção e confinamento, se nós ampliarmos, melhores os resultados. 50% é um bom número, mas nosso objetivo é aumentar a cada dia. As pessoas não precisam acreditar, é só olhar o que aconteceu e está acontecendo.
No cenário político, o presidente Jair Bolsonaro encabeça a narrativa de que os estados e municípios devem reabrir o comércio o quanto antes, uma discordância com o campo científico que o levou a demitir seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e substituí-lo pelo médico Nelson Teich, que promete ser mais alinhado aos desejos do presidente.
Para Bolsonaro, a contradição que sustenta, por mais que implique em um maior número de casos e de mortes, poderá ser um “preço político” que ele deverá pagar no futuro. “Essa briga de começar a abrir para o comércio é um risco que eu corro, porque se agravar a situação, vem para meu colo. Mas precisamos enfrentar isso”, afirmou na sessão de solenidade que admitiu Teich como novo chefe da pasta central do comando à epidemia.
Fonte https://www.cartacapital.com.br/saude/as-pessoas-tem-a-falsa-impressao-de-que-o-coronavirus-nao-esta-em-suas-cidades-diz-david-uip/
Postado por Antônio Brito
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