01/04/2020

Síndrome do olho vermelho cresce no verão e pode indicar doenças mais graves

Você já sentiu seus olhos mais secos por conta das mudanças climáticas? Isso acontece porque o olho é o órgão que mais sente essas variações, além de sofrer outros impactos, com mudanças de hábito ou maior proliferação de bactérias no ar. Durante o verão, a síndrome do olho vermelho é 20% mais comum e pode estar relacionada a várias doenças.

Olhos com colírio
Reprodução/Divulgação
Doenças podem estar relacionadas à síndrome dos olhos vermelhos
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, alguns dos sintomas dessa síndrome - além dos olhos vermelhos - são lacrimejamento, coceira, sensação de corpo estranho, queimação, fotofobia e visão borrada. Ele diz que isso pode sinalizar doenças como conjuntivite, alergia, olhos secos ou ceratite. 
O profissional ainda alerta contra o hábito da automedicação. "Cada uma dessas alterações tem tratamento específico, mas nos meses mais quentes do ano 4 em cada 10 pacientes já chegam aos consultórios usando colírio por conta própria e por isso colocam a visão em risco", afirma.

Confira a seguir as principais características das doenças que apresentam a síndrome do olho vermelho:

1. Conjuntivite


Olhos de paciente com conjuntivite
Reprodução/Shutterstock
Olhos de paciente com conjuntivite
A conjuntivite é uma inflamação causada por bactéria, vírus ou contato com algum alérgeno. Quando é do tipo bacteriana ou viral, pode ser extremamente contagiosa e começar num olho só. Geralmente, as pessoas passam as mãos nos olhos para coçá-los, o que faz com que o olho que não estava doente também se contamine. 
Uma das grandes vilãs para a conjuntivite é a água do mar e das piscinas e, por isso, as crianças que costumam abrir os olhos dentro da água são muito afetadas, especialmente porque no caso do mar, o sal aumenta a perda da lágrima que protege a superfície do olho. Essa proteção fica suspensa na superfície pela córnea, uma membrana muito fina, com apenas 0,5 milímetros.
"No mar, este hábito facilita a contaminação por micro-organismos", conta o oftalmologista Leôncio. As piscinas, por sua vez, não oferecem um cenário melhor: o cloro pode ser responsável pelos olhos vermelhos, mas não apenas ele. Até as mais bem tratadas possuem bactérias causadoras da conjuntivite. Elas estão presentes na urina, muco, suor, maquiagem e protetor solar, por exemplo.
O excesso de filtro solar ao redor dos olhos também pode ser responsável pela conjuntivite tóxica, que é uma reação alérgica pelo contato da mucosa ocular com substâncias do protetor.
Uma característica bastante comum da conjuntivite são as pálpebras inchadas.  Além disso, os olhos apresentam uma secreção viscosa quando a infecção é causada por vírus; purulenta se for decorrente de infecção bacteriana; e aquosa quando se trata de uma conjuntivite alérgica. Essa última é causada pelo contato do olho com poluentes, cosméticos, maquiagem e outros produtos de higiene pessoal.
Segundo o médico oftalmologista Queiroz Neto, os tratamentos vão variar de acordo com a secreção apresentada. "Na bacteriana é purulenta e ao primeiro sinal devem ser aplicadas compressas mornas mais colírio antibiótico", orienta. "Na viral, a secreção é viscosa e deve ser tratada com compressas frias, associadas a colírio anti-inflamatório não hormonal nos casos mais leves, ou corticóide nos mais severos".  Para os casos de conjuntivite tóxica ou alérgica, em que a secreção é aquosa, o médico recomenda compressas frias para aliviar o desconforto.
Apesar de a receita médica só é exigida na compra de colírios antibióticos, a interrupção abrupta do uso de corticóide pode causar efeito rebote, ou seja, agravar a inflamação. Da mesma forma, a aplicação prolongada de colírios corticóides pode induzir à catarata e até ao glaucoma.  "O uso indiscriminado de colírio adstringente predispõe ao olho vermelho crônico", afirma o oftalmologista.
2. Olho seco

Paciente coçando olhos secos
Reprodução/Shutterstock
Paciente coçando olhos secos
Esse quadro trata-se de uma alteração não contagiosa da quantidade ou qualidade dalágrima . O desconforto causado nessa situação é muito grande, já que sem lubrificação suficiente, a superfície do olho fica exposta às agressões externas, como poeira, vento e poluição.
No Brasil, 12% da população é afetada, o que corresponde a 25 milhões de pessoas, numa proporção de 3 mulheres para cada homem. As mulheres são mais afetadas porque, principalmente após a menopausa, os hormônios sexuais femininos são relacionados à produção da lágrima.
No verão, os três piores hábitos entre os adultos, que podem levar à essa situação são: dormir com lente de contato, abusar do ar condicionado e viagens aéreas longas. Essas ações levam ao ressecamento da lágrima e podem tornar a oxigenação da córnea insuficiente.
A sensação que o olho seco provoca é de que as pálpebras estão colando no olho. A visão fica turva e algumas pessoas lacrimejam constantemente. Isso acontece porque 70% dos casos estão relacionados à deficiência da camada lipídica da lágrima, responsável por reter a camada aquosa na superfície do olho. 
O uso intensivo de computadores e celulares faz com que, hoje, essa condição seja comum em todas as faixas etárias, já que piscamos menos diante das telas digitais, o que contribui para a evaporação da lágrima. 
O tratamento do olho seco pode ser feito com colírio lubrificante ou aplicação de luz pulsada, uma tecnologia que chegou esse ano no Brasil. De acordo com o o profissional de saúde, muitas pessoas banalizam o olho seco porque toda lágrima artificial causa melhora instantânea do desconforto. Mas o problema é que o uso compulsivo de lágrima artifical pode causar olho seco crônico.
O diagnóstico é feito hoje por um equipamento que analisa as camadas da lágrima e permite ao oftalmologista indicar o colírio mais eficaz para cada caso, já que cada colírio tem uma função específica e age de formas diferentes sobre a lágrima.
A luz pulsada - uma espécie de laser aplicado ao redor dos olhos com o objetivo de estimular pequenas glãndulas responsáveis pela produção da camada lipídica da lágrima - também é uma opção de tratamento. Em 80% dos casos, o equilíbrio da lágrima é restabelecido numa média de três aplicações, com um intervalo de 30 dias entre elas.
3. Ceratite

Olhos com ceratite
Reprodução/Shutterstock
A ceratite é uma inflamação bem dolorida da córnea, que é a lente externa do olho. Apesar de ser causada por fungos, bactérias ou vírus, não pode ser passada de uma pessoa para a outra e pode atingir só um dos olhos.
O principal grupo de risco a contrair a ceratite são as pessoas que usam lentes de contato , sobretudo as gelatinosas, pois apesar de serem confortáveis, elas diminuem a oxigenação da córnea.
É importante ter bastante cautela no uso das lentes de contato, pois elas ficam suspensas sobre a córnea e, quando há falha no uso, higienização ou armazenamento, pode levar à diminuição e até mesmo à perda da visão.
O oftalmologista Queiroz Neto explica que a córnea é uma espécie de lente natual fixa na frente do olho, que foca a luz e o protege, absorvendo o oxigênio direto do ar e não da corrente sanguínea.
A má oxigenação da córnea é o que pode levar à inflamação e à ceratite. Por isso, ele recomenda nunca dormir com lentes de contato, mesmo as indicadas para uso noturno. Também indica a retirada das lentes antes de viagens aéreas com mais de três horas de voo.
Alguns sintomas da ceratite são os mesmos das outras condições citadas acima, como vermelhidão, coceira, sensação de corpo estranho, queimação, desconforto em locais muito iluminados (fotofobia), lacrimejamento e visão borrada.
Para além deles, o paciente pode sentir dor nos olhos e dificuldade em abrir os olhos por conta dessa dor ou irritação. Geralmente, a ceratite se desenvolve em apenas um olho, mas pode desenvolver-se nos dois olhos ao mesmo tempo.
Uma das formas de tratar a ceratite é através de diferentes colírios, que variam de acordo com o micro-organismo encontrado no diagnóstico. Para saber o colírio ideal, o paciente precisa de uma boa supervisão médica.
Já nos casos mais graves, pode ser necessário fazer a reticulação da córnea. Esse tratamento consiste em aplicar vitamina B1 associada à radiação ultravioleta, para fortalecer as fibras de colágeno e eliminar o micro-organismo.

Quando devo procurar um oftalmologista?

Se o paciente está com conjuntivite e os sintomas não desaparecem com a aplicação de compressas por dois dias, é indicado que ele vá ao oftalmologista. As compressas devem ser frias quando a secreção é viscosa ou aquosa e mornas quando a secreção é purulenta.
Para os que desconfiam de olho seco, uso de colírio lubrificante só é recomendado no caso de uma urgência, para proporcionar alívio imediato. Quando o sintoma persiste, a consulta com o oftalmologista é essencial para que o problema não se torne crônico.
No caso da ceratite, que, como já falamos, tem relação com a síndrome do olho vermelho , se o paciente usa lentes de contato, elas devem ser retiradas a qualquer desconforto. Se a sensação desagradável permanecer, a necessidade de ir até um oftalmologista é imediata.
FonteIG Saúde
https://www.obomdanoticia.com.br/saude-bem-estar/sndrome-do-olho-vermelho-cresce-no-vero-e-pode-indicar-doenas-mais-graves/34822
Postado por Antônio Brito 

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