Em tempos de Coronavírus a solidão vem sendo pauta devido ao isolamento (necessário) para que possamos controlar a propagação do vírus. No entanto, a solidão já está presente na vida das pessoas com deficiência, pois muitos de nós vivemos sozinhos, já que há uma real dificuldade de interação social, seja por falta de acessibilidade ou de empatia, além disso, muitos de nós estamos isolados dentro da própria família, ou seja, existe sim uma exclusão familiar por conta da deficiência.
Em níveis moderados a solidão é positiva para que possamos ter um tempo para nós, mas vale lembrar aqui que nenhum de nós humanos poderia viver completamente sozinho, visto para a sobrevivência da nossa espécie é fundamental a interação social.
Durante minhas pesquisas para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e para artigos posteriores, questionei pessoas com deficiência sobre inclusão na mídia, e dentro disso, muitos destacaram a companhia do rádio, ou seja, havia ali duas coisas importantes: havia solidão, mas havia uma companhia chamada rádio. E entrevistando pessoas com deficiência intelectual consideravelmente severa, ouvia deles a palavra “rádio” para ouvir “música e notícia”, claro que precisava considerar o quanto a opção da família afetava essas decisões, mas o registro se tornava fantástico quando a pessoa dizia “rádio” e sorria.
E por falar em rádio, ele a solidão se misturam, pois quem nunca teve esse aparelho fantástico como companhia durante uma noite de insônia, durante uma viajem ou mesmo num dia sem luz que o radinho de pilha te salvou. Lembre-se quantas músicas especiais, quantas notícias boas e outras nem tão boas assim, ou mesmo os gols do seu time. Enfim, o rádio é uma companhia histórica do brasileiro.
Em outra pesquisa que fiz em outubro de 2018 questionei as pessoas nas redes sociais sobre qual mídia atendia melhor suas necessidades. As opções eram Rádio, TV, Internet, Jornal e Revista, e novamente, o rádio se destacou sendo o mais votado com 48%, com isso foi possível concluir que o rádio sempre esteve presente na vida dessas pessoas, é sim uma forma de companhia, e destaca-se pela linguagem e acesso fácil e multiplicidade de conteúdo.
Por isso, aquele radinho de pilha, muitas vezes lembrança (ou herança) do avô e que carrega muitas histórias, pode ser a única companhia de alguém. Quando se sentir sozinho ouça música, ouça notícias, ouça qualquer coisa, mas ligue um rádio.
Onde tem um rádio ligado, não existe solidão.
Fonte https://casadaptada.com.br/2020/03/o-radio-a-solidao-e-a-pessoa-com-deficiencia/?fbclid=IwAR1WRHwuq7VaXFyqYRp8WK4Tqld-C_aWwFYd-WPjUBEWPonGdEj8xiQ6Rw8
Postado por Antônio Brito
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