Jane Klébia do Nascimento Silva trilhou um caminho marcado pelo esforço. A investigadora passou em 10 concursos e hoje leva informações por meio de palestras à população humilde do DF
“Brasília foi formada por dois tipos de pessoas: servidores públicos transferidos e aqueles que se aventuraram em busca de emprego na ideia da nova capital. Eu vim desse segundo grupo”, conta Jane Klébia do Nascimento Silva, 56 anos, titular da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá). Naturais da Bahia, os pais da investigadora chegaram ao Distrito Federal em 1960 e passaram a morar em Sobradinho. Após três anos, Jane nasceu. Porém, sem conseguir emprego, o pai dela decidiu abandonar a família e ir embora para São Paulo. “Ficamos eu — ainda com 3 meses —, minha mãe e meu irmão, de 2 anos”, lembra.
De origem pobre, Jane trilhou um caminho marcado pelo esforço para chegar a uma posição de chefia na Polícia Civil. Ao longo da vida, passou em 10 concursos públicos e exerceu diversos cargos no Distrito Federal, como secretária de Estado de Políticas para Crianças Adolescentes e Juventude, administradora de Sobradinho e chefe da controladoria jurídica da Companhia de Planejamento (Codeplan), além de concorrer para deputada distrital nas eleições de 2018. Hoje, encontrou paixão no trabalho na 6ª DP, onde se aproximou da sociedade, e tenta passar uma imagem de força e superação.
Na condição de mulher e negra, a história da investigadora, contudo, teve diversos episódios manchados por preconceitos, assunto que ela evitar detalhar. “O cargo de delegado de polícia ainda é elitizado. As pessoas imaginam um padrão da pessoa que assume essa função. Elas não conseguem imaginar e tratam como se fosse uma coisa impossível para uma mulher negra ocupar esse espaço”, frisa. Jane conta que viveu situações em que pessoas não a reconheceram como delegada, justamente por causa do gênero e da raça. Outra queixa da investigadora é referente ao distintivo, onde está escrito delegado no masculino. Este, segundo ela, é o único modelo disponível na corporação.
Dedicação
Após ser abandonada, a mãe de Jane passou a lutar por sobrevivência. Trabalhou como doméstica e costureira até conseguir se formar em enfermagem e começar a exercer a profissão. Com auxílio de um programa assistencial do governo, a mãe conquistou um lote em Sobradinho, lugar onde a delegada passou a maior parte da vida. Entretanto, ainda faltavam condições financeiras para cuidar da filha. Por isso, a policial precisou morar com a avó na Bahia e com um tio no Rio de Janeiro, que a trouxe de volta antes de completar 10 anos. “Com 9 anos, eu já era como uma dona de casa”, diz.
Jane estudou apenas em colégios públicos de Sobradinho: na Escola Classe 5, no Centro de Ensino 2 e no Centro de Ensino Médio 1, antigo ginásio. Durante o período, desenvolveu a paixão por esportes e passou a jogar na Seleção Brasília de Vôlei. Competiu em torneios fora do Distrito Federal, mas teve que interromper o sonho. “Precisava trabalhar. Naquela época, a sobrevivência falava mais alto.” Com 16 anos, virou atendente de uma papelaria e passou a estudar para enfermagem, por orientação da mãe.
Com 18 anos, Jane conseguiu um emprego na Pediatria do Hospital Regional de Sobradinho e, pouco tempo depois, na Oncologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB). “Ver aquelas crianças nascendo e morrendo mudou minha maneira de pensar. Na Oncologia, era outro extremo. Passei a perceber como a humanidade era igual, independente de patrimônio e família. Aprendi a valorizar a vida”, ressalta. Aos 20 anos, a policial se casou, teve o primeiro filho aos 22 e o segundo nove meses depois. Porém, ainda insatisfeita, decidiu cursar geografia no UniCEUB.
Em 1992, já formada e após passar oito anos como enfermeira, Jane foi aprovada em um concurso na Secretaria de Educação e começou a dar aulas em Samambaia. “Tinha dois meninos de fralda, precisava trabalhar e estudar. Saía de casa às 5h para chegar na escola às 7h30.” Apesar da rotina pesada, a agora policial não abandonou os estudos e usava todo tempo livre, mesmo durante a madrugada, para mergulhar nos livros.
Após passar por escolas de Taguatinga e Fercal, ela chegou a Sobradinho e, depois, ao cargo de diretora do Sindicado dos Professores. Entretanto, inconformada com as dificuldades na carreira de educadora, decidiu prestar concurso para a Polícia Civil e começou a trabalhar como agente em 1999. “Tinham 700 vagas e sabia que uma delas era minha. Na mesma época, consegui passar para a Polícia Federal, mas o meu sonho era entrar na força de segurança do DF”, afirma.
Como agente de polícia, Jane almejava mais e decidiu ser delegada. Se formou em direito e mergulhou nos livros novamente. Durante dois anos, estudou oito horas por dia, incluindo fins de semana e feriados, para assumir o cargo. “Se eu ficasse me lamentando, não teria conquistado nada. O mundo não liga para você, e a competição é para todo mundo.” Ela relata que, depois que conquistou a função, em 2011, as portas começaram a se abrir.
Palestras
Ao mesmo tempo que é vaidosa, Jane transmite humildade. Ela chega à delegacia maquiada, com o cabelo impecável e as
unhas feitas. Mas carrega na mão o café da manhã: um pão de sal dividido ao meio, ainda na embalagem, e um copo de suco. No trajeto até sua sala, cumprimenta pessoas que aguardam para registrar ocorrências, funcionários da limpeza e agentes no balcão. Hoje, ela usa o próprio carisma para tentar se aproximar da comunidade.
Por ser de origem humilde, mulher e negra, Jane tomou para si a missão de levar informação à população do Paranoá — lugar onde trabalha — e de outras áreas do Distrito Federal. Durante a semana, ela faz de quatro a cinco palestras em instituições de ensino, além de outras entidades, como o Centro de Referência de Assistência Social (Cras). “As pessoas mais simples acabam me colocando nesse lugar de referência. Escuto muita gente que diz se inspirar em mim, que consegui superar as dificuldades”, destaca.
O principal tema tratado por Jane nas palestras é a violência contra o público feminino. “Muitas mulheres sofrem violência e não têm consciência disso. Além disso, a maioria não sabe o conteúdo da Lei Maria da Penha e elas precisam dessas informações”, comenta. A delegada almeja deixar uma marca de força na sociedade e, por isso, garante que precisa se reafirmar todos os dias para ser reconhecida. “Nunca me vitimizei, me senti inferior ou duvidei que conseguiria. Hoje, tenho certeza de que o nosso lugar é onde a gente quiser.”
Especial
Para marcar o Mês da Consciência Negra, a série Histórias de consciência é publicada ao longo de novembro e presta homenagem a mulheres e homens negros que ajudam a construir uma Brasília justa, tolerante e plural. Todos os perfis deste especial e outras matérias sobre o tema podem ser lidos no site www.correiobraziliense.com.br/historias
Aos 37 anos, Rodrigo Fontana em breve vai poder se casar com a noiva, Cássia Souza, sem a autorização de ninguém. Aliás, com o fim da interdição que o impedia de tomar suas próprias decisões, o auxiliar de escritório pode comprar o carro que tanto quer e até mesmo viajar. Rodrigo, que tem Síndrome de Down, foi interditado pela mãe aos 19 anos, e continuou sob a responsabilidade da irmã após a morte da matriarca, mesmo sendo capaz de responder por suas ações. Por isso, em mais de uma ocasião, os dois foram impedidos de se casar oficialmente, como EXTRA mostrou, há dois anos, em uma reportagem sobre amor e preconceito. Hoje, revelamos como a sorte do casal mudou: com a ajuda de uma advogada, Rodrigo enfim conseguiu se ver livre da curatela que o freava, e agora tem o direito de dizer SIM para o que quiser.
- Minha mãe me interditou quando eu era muito novo, achando que eu não conseguiria viver no mundo porque tenho Síndrome de Down. Eu tentei mostrar que podia, mas não fui ouvido por quase ninguém. Tentei várias vezes pedir ajuda à Justiça, mas não consegui, e continuei sendo controlado em tudo. Agora posso correr com minhas próprias pernas para tirar minha habilitação e comprar uma casa sem ter assinatura de ninguém. Já até marquei o casamento com a minha noiva para o dia 26 de outubro deste ano. Agora podemos oficializar a nossa relação. -, comemora o noivo, que já alugou o salão para a festa em Santos, cidade onde vive.
Livre da sensação de carregar "um peso nas costas", Rodrigo já tem uma lista de planos que agora podem sair do mundo das ideias.
- Quando o juiz falou para pegar o documento parecia que eu estava flutuando. "Pronto, conseguimos!", pensei. Hoje sou uma pessoa livre, nada me impede de ter meu carro, de fazer Administração, de abrir a minha própria empresa. - celebra ele, antes de revelar o maior de todos os seus objetivos: - Quero poder ajudar as pessoas com Síndrome de Down e outras condições. Quero dizer para os pais que acreditem em seus filhos, que confiem, porque eles são capazes. Eu não tive isso, mas outras pessoas podem ter, e vai fazer toda a diferença na vida delas -, completa.
Leia da Inclusão e a luta contra a invisibilidade
Para a advogada que defendeu Rodrigo, Cristiane Zamari, de 40 anos, o preconceito e a cultura"paternal" diante de pessoas com Síndrome de Down explicam as decisões que mantiveram Rodrigo sob a curatela da família.
- A Lei de Inclusão ainda é invisível a muitas pessoas que deveriam conhecê-la, incluindo profissionais. Além disso, alguns não concordam com a conquista da capacidade civil de quem tem deficiência intelectual, mas a lei diz que hoje as pessoas com Síndrome de Down não são mais consideradas incapazes. Assim, quando se tornam maiores de idade, são cidadãos com direitos e deveres como os demais -, explica.
A advogada, que é mãe de um menino com síndrome de Down, conselheira do Movimento Down e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Santos, afirma que Rodrigo nunca deveria ter sido interditado.
- É grave que ele tenha sido considerado incapaz apenas por ter Síndrome de Down, pois nem sequer foi ouvido, nem sequer teve suas habilidades avaliadas. Esse olhar automático precisa acabar. Aliás, é um direito garantido por lei -, diz ela.
'Conhecer Rodrigo mudou minha vida inteira', diz noiva
Cássia conta que as pessoas ainda não se acostumaram a vê-los como um casal e que a rotina de preconceitos e comentários maldosos é uma realidade.
- A sociedade não considera o nosso relacionamento normal, porque eu não tenho Síndrome de Down e ele sim. As pessoas me perguntam se eu o levo ao fonoaudiólogo, se eu dou remédio para ele. Dizem assim: 'Coitadinho'! Hoje a gente encara os comentários na rua melhor, tenta não se chatear.", revela Cássia, focada na próxima etapa: - O melhor jeito de fazer as pessoas entenderem é vivendo a nossa vida, botando nossos planos em prática. Agora nós podemos -, afirma, aliviada.
Em outubro, seis anos depois de começarem a namorar e quatro anos sonhando com o dia em que poderiam dizer "SIM", o casamento de Cássia e Rodrigo vai marcar uma nova era, em que os sonhos de adotar uma criança e de engravidar podem virar realidade.
- Se nosso filho tiver que vir com Down, que venha. Isso nunca será um problema para nós dois. -, afirma a futura esposa de Rodrigo.
Série de reportagens sobre amor e preconceito
Em 2017, o EXTRA fez uma série de reportagens sobre famílias que enfrentavam preconceitos em seu dia a dia. Além de Cássia e Rodrigo contarem sua história de comentários sobre a Síndrome de Down, Thais Carla e Israel relataram gordofobia e racismo. Para completar, Thaís, que é andante,revelou o tipo de comentário e os olhares que ela, o marido e o filho recebem nas ruas porque os dois são cadeirantes.
Depois de quatro anos da aprovação da Lei 5.756 que proíbe a circulação de veículos de tração animal em vias do Distrito Federal, ainda vai demorar cerca de oito meses para que o brasiliense deixe de ver cavalos maltratados, doentes e famintos arrastando cargas pesadas pelas ruas da cidade.
Esse novo prazo é o tempo necessário para implantação do programa de transição estabelecido pelo decreto 40.336, de 23 de dezembro de 2019, que regulamenta a lei. Segundo membros do grupo de trabalho que participaram da elaboração do Decreto, o governador Ibaneis era a favor do imediato cumprimento da lei, mas acabou aceitando o estabelecimento de prazo para adequação dos trabalhadores.O decreto assinado pelo governador do DF cumpre uma determinação da Vara do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que em outubro de 2019 estabeleceu um prazo de 90 dias para que Lei 5.756 fosse regulamentada, caso contrário o GDF pagaria multa diária de dez mil reais.
De acordo com o ato do GDF, o Programa de Transição da Utilização de Veículos de Tração Animal tem como fundamentos a inclusão social e produtiva dos trabalhadores de veículos de tração animal em substituição ao exercício da sua atual ocupação; a viabilização de formas de participação, a ocupação e convívio dos trabalhadores de veículos de tração animal na sociedade; o desenvolvimento de projetos que estimulem a participação de trabalhadores de veículos de tração animal em programas profissionalizantes e a dignidade humana.
Plano de transição
Para participar do programa de transição os carroceiros deverão se cadastrar junto à Secretaria de Trabalho do DF num prazo de 90 dias. Os trabalhadores receberão capacitação, treinamento, inclusão no mercado de trabalho e inclusão em programas de educação para jovens, adultos e idosos. Também serão viabilizados cursos técnicos profissionalizantes, integração ao mercado de trabalho e qualificação visando a independência financeira. A Secretaria de Trabalho do DF terá 240 dias para implementar o plano de inclusão dos carroceiros no mercado de trabalho.
Maus tratos
O biólogo Roberto Cabral aponta vários problemas no uso de veículos de tração animal. Entre estes, ele destaca a ocorrência de acidentes, a falta de respeito ao descanso dos animais, uma vez que eles são usados durante o dia por seus donos e muitas vezes alugados à noite para outros carroceiros, a falta de alimentação adequada, de água e de cuidados veterinários, ausência de cuidados com as ferragens das carroças, causando machucados e sofrimento aos animais etc. “As vezes cai uma ferradura e ela não é reposta. É como se uma pessoa andasse usando apenas um sapato”, explicou o biólogo. Fonte https://jornaldebrasilia.com.br/cidades/carroceiros-tem-8-meses-para-deixar-de-usar-cavalos/ Postado por Antônio Brito
Em iniciativa inédita, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED), em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), está levando aos bairros da Cidade de São Paulo a Paraoficina Móvel, que realiza reparos em cadeiras de rodas, órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, como muletas, bengalas e andadores.
A operação da Paraoficina Móvel - uma van customizada com equipamentos, máquinas, ferramentas, peças de reposição e material para os reparos - é feita pela AACD, organização referência na reabilitação e habilitação de pessoas com deficiências físicas e necessidades neuro-ortopédicas.
Como funciona?
Os serviços serão prestados por dois técnicos especializados em OPMs, em um veículo adaptado com mobiliário e equipamentos específicos. Os atendimentos serão realizados prioritariamente nos Centros Especializados em Reabilitação – CERs, equipamentos de reabilitação da rede municipal de saúde.
Os Centros Especializados em Reabilitação (CERs) farão o agendamento das pessoas que precisam dos serviços nos dias previstos do cronograma de visitas. No dia marcado, o munícipe deverá apresentar o cartão do SUS e documento RG ou outro documento com foto. As visitas serão realizadas durante a semana, somente em dias úteis das 9h às 17h.
Agenda Janeiro 2020
As unidades de Saúde que contarão com o atendimento da Paroficina Móvel em janeiro são:
· Campo Limpo – dias 13 e 27/01, Rua Gastão Raul Fourton Bousquet, 377;
· Flavio Gianotti – dia 10/01, Rua Padre Marchetti, 557;
· Lapa – dias 17 e 31/01, Rua Catão, 420;
· Parelheiros – dias 06 e 21/01, Rua Gaspar Leme, Balneário São José, s/número;
· Tucuruvi – dias 14 e 28/01, Avenida Zaki Narchi, 357;
· São Miguel – dias 07 e 22/01, Rua Professor Antonio Gama de Cerqueira, 347;
· CER Sé – dia 24/01, Rua Frederico Alvarenga, 259 – 3º andar.
Mutirão nos Bairros
A Paraoficina Móvel participa também dos Mutirões nos Bairros - evento que apresenta ações intensivas de cidadania - para atendimento à população. Os Mutirões são realizados aos sábados, das 9h às 15h.
· Guaianases - dia 18/01
· Parelheiros - dia 01/02
· Itaquera - dia 08/02
· Campo Limpo - dia 15/02
· Freguesia/Brasilândia - dia 07/03
· Lapa - dia 14/03
· M´Boi - dia 21/03
· Pirituba/Jaraguá - dia 28/03
Contamos com a participação de todos e colaboração na divulgação dessas ações em prol da pessoa com deficiência.
Dicas e informações sobre eventos culturais acessíveis
A Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) lançou em 7 de maio de 2018, o programa “Cultura Inclusiva”, na Biblioteca Mário de Andrade, centro da capital.
A iniciativa, conta com o apoio do Itaú Unibanco, tem como objetivo promover acessibilidade comunicacional em teatros e equipamentos municipais de cultura, oferecendo, além de acessibilidade arquitetônica, recursos de Libras e audiodescrição para munícipes com deficiência auditiva e visual. A programação cultural gratuita será divulgada mensalmente pelas Secretarias.
Para facilitar o acesso, um micro-ônibus adaptado fornecerá transporte gratuito para pessoas com deficiência de diversas comunidades da periferia da cidade. Os pedidos de agendamento podem ser feitos pelo e-mail cerimonialsmped@prefeitura.sp.gov.br.
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Secretaria Municipal de Cultura
Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência * Baixe os símbolos de acessibilidade: Libras, Audiodescrição e Closed Caption.
Áreas privativas de edifícios comerciais e residenciais devem contar com plantas adaptáveis
Heloísa Pimenta
Há 14 dias - Tempo de leitura: 3 minutos, 19 segundos
A partir de 1º de janeiro de 2020, começou a valer um conjunto de regras claras sobre acessibilidade para as estruturas de áreas externas e internas, comuns e privativas, de edifícios comerciais e residenciais. O Decreto 9.451 incrementa a lei de 2015, que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência.
“Algumas construtoras já fazem uma proposta de planta adaptada, que fica disponível no estande de vendas e, quando alguém fala que existe essa demanda, eles apresentam a planta mais eficiente. Mas nem sempre tem a mesma qualidade do produto disponibilizado para os outros públicos”, conta a arquiteta e urbanista Elisa Prado. Leia mais: Lar: doce e adaptado Saiba como adaptar a casa para deficientes e idosos Veja como ter uma casa segura para crianças
Desde o ano 2000, a Constituição exige a desobstrução de barreiras em espaços de uso coletivo, em vias, prédios e meios de transporte, bem como alternativas aos entraves de qualquer natureza a pessoas com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial e também a seus acompanhantes.
Ainda que as construtoras tenham aderido às exigências em relação ao acesso das áreas comuns, equívocos e falta de planejamento universalizado ainda são desafios para que pessoas com mobilidade reduzida transitem e usufruam dos espaços.
Pilares, shafts e outros elementos estruturantes de um edifício impedem que se criem recuos de giro para cadeirantes, por exemplo. Portas estreitas e cômodos reduzidos impossibilitam não apenas o acesso, mas também a adaptação do espaço.
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“A partir de agora, a pessoa com deficiência deve poder comprar qualquer apartamento em qualquer posição da planta, em qualquer andar, e ter a mesma qualidade. Se a obra não estiver iniciada, a pessoa pode solicitar e a construtora tem que entregar o espaço já com adaptações”, acrescenta Elisa Prado.
Pontos da legislação
Além de corrigir desníveis no piso, apresentando soluções para degraus, como rampas ou plataformas de elevação, banheiros coletivos largos e com barras de apoio, passagem alternativa às catracas e sinalização tátil (braile e relevo para elevadores), a lei passa a regulamentar as exigências para adaptabilidade de interiores, incluídos terraços e varandas, seguindo as diretrizes da Norma Brasileira descrita pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 9050/ABNT).
Barras de apoio
O banheiro deve contar com barras de apoio nas laterais da bacia sanitária, boxe do chuveiro, banheira ou vestiário, mas as barras também podem ser úteis nas laterais de pias ou no quarto, ao lado da cama.
Altura
É possível solicitar à construtora instalações com altura personalizada para interruptores de luz, tomadas elétricas e termostatos, pias, maçanetas, campainha e interfone, fundamentais ao uso de pessoas com nanismo, por exemplo. Sinalizações Nos elevadores, braile e relevo são essenciais. Mas alarmes sonoros também podem ser úteis, bem como piso podotátil, para guiar deficientes visuais ao longo de passagens ou orientá-los até a saída do ambiente.
Corredores
Os corredores devem ser dimensionados de acordo com o fluxo de pessoas, assegurando uma faixa livre de barreiras ou obstáculos. Para corredores de uso comum com extensão de até 4 metros, a largura mínima é de 90 centímetros. Já para corredores de uso público, a largura mínima é de 1,50 metro.
Portas
A norma estipula que as portas tenham pelo menos 80 centímetros de largura, mais 60 na lateral do batente e ao lado da maçaneta. Além disso, é necessário um espaço de transposição com um círculo de 1,50 metro de diâmetro para permitir a aproximação de uma pessoa em cadeira de rodas.
Janelas
A altura das janelas deve considerar os limites de alcance visual, exceto em locais onde devam prevalecer a segurança e a privacidade. Cada módulo de janela deve poder ser operado com um único movimento, utilizando apenas uma das mãos. Fonte https://imoveis.estadao.com.br/noticias/nova-lei-de-acessibilidade-entra-em-vigor-em-janeiro/ Postado por Antônio Brito
A Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) divulgou nesta quinta-feira, 16, a convocação das Seleções Brasileiras de futebol de 5 e goalball para a primeira fase de treinos. De 29 de janeiro a 6 de fevereiro, as equipes das duas modalidades vão se concentrar no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo.
No futebol de 5, o técnico Fábio Vasconcelos manteve sua base campeã do Parapan de Lima, no ano passado, e repete a lista da última fase de 2019, quando deu chance ao goleiro Tales, da ABDV-DF, e ao pivô Jonatan, da Agafuc-RS. Todos os astros do time tetracampeão paralímpico que buscará o penta no Japão estão garantidos, como Luan, Ricardinho, Jefinho, Cássio, Tiago Paraná e Nonato. Os jovens da sub-23 também estarão concentrados no período.
No goalball, manutenção do que vem dando certo também é o segredo. Entre os homens, foram chamados os seis campeões parapan-americanos, além do pivô Son, do Sesi-SP, e do ala Mizael, do Cetefe-DF. As maiores novidades estão na lista das mulheres. O técnico Dailton Nascimento, que deu descanso às titulares na etapa final de treinos do ano passado, chamou novamente suas principais jogadoras e ainda fez uma mescla com algumas das atletas observadas em dezembro, casos das alas Larissa, do Santos-SP, e Isis, da AMC-MT.
"Essa convocação, que é a primeira do ano paralímpico, é importante porque fecha praticamente o número de atletas para a formação final das seis que irão a Tóquio. Vamos continuar avaliando as convocadas nos diversos aspectos e, de acordo com os seus desempenhos nos treinos e competições, escolher as melhores", explica Nascimento.
As primeiras competições das duas modalidades em 2020 serão interclubes, com as disputas das Supercopas, no fim de fevereiro, em São Paulo. Em seguida, todas as seleções – incluindo também a de judô – partirão rumo a Tóquio, onde em março participarão de clínicas de treinamento e torneios que servirão como eventos-teste para a Paralimpíada.
Confira as listas de atletas convocados por cada modalidade:
O atletismo voltou aos treinos após o recesso no Centro de Treinamento Paralímpico já na primeira semana útil do ano. A modalidade entrou numa nova fase de treinos na preparação para os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, em agosto.
O atletismo conquistou 35 vagas no Mundial de Atletismo, ocorrido em novembro de 2019, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Antes disso, o Brasil tinha garantido uma vaga no Mundial de Maratona, em Londres. O período de obtenção do índice mínimo, estabelecido pelo Departamento Técnico do CPB, para compor a delegação brasileira em Tóquio segue até 15 de maio.
"Essas duas primeiras semanas nós chamamos de processo adaptativo, porque realmente virá uma sequência de treino. É uma semana de adaptação não só do atleta, mas dos treinamentos" comenta Amauri Veríssimo, técnico-chefe da modalidade.
Até esta sexta-feira, 13 atletas participam de um treinamento intensivo no CT, junto aos atletas do Centro de Referência da modalidade que funciona no local. Eles foram selecionados por apresentarem potencial competitivo. "O objetivo é dar condição para esses atletas que não tem a estrutura do CT melhorarem os seus resultados e irem para as Paralimpíadas de Tóquio" explica Amauri.
Rayane Soares está entre os atletas do treino intensivo. No ano passado, a maranhense da classe T13 (para atletas com baixa visão) conquistou o ouro nos 400m e a prata nos 200m no Mundial de Atletismo em Dubai e uma prata nos 100m nos Jogos Parapan-Americanos de Lima. Na prova dos 400m, ela já tem índice para Tóquio.
"Os treinos estão bem fortes e cansativos. Estamos fazendo bastante trabalho de força e de resistência. Eu tive essa oportunidade de começar a treinar no CT no início do ano passado e retornei outras vezes durante o ano. Agora, tive novamente a oportunidade de voltar e quero aproveitar tudo o que está acontecendo", comenta a velocista que tem baixa visão devido à microftalmia bilateral congênita.
Outro atleta entre os treze participantes do treinamento intensivo é Thomaz Ruan, que também medalhou no Mundial de Atletismo em Dubai: prata nos 400m na classe T47. O paulista de Jundiaí nasceu com uma má-formação no braço direito. Com índice nos 400m já conquistado, a meta agora é ser medalhista na capital japonesa.
"Treinar no CT é maravilhoso, é como se fosse um paraíso: tem tudo que um atleta precisa, tudo é ótimo. Eu estou fora de casa, mas com pessoas novas e que me ajudam todos os dias. Estou gostando muito da experiência aqui. Agora meu principal objetivo esse ano é ser medalhista nas Paralímpiadas."
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)
Um projeto muito bacana está levando jovens com deficiência intelectual para conhecer as belezas do fundo do mar. A iniciativa recebeu o nome de Mergulho Adaptado.
A idealizadora do projeto é a professora de Educação Física Chrystianne Simões, doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento, oferecido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tive a oportunidade de bater um bom papo com ela, que me contou detalhes da iniciativa.
Chrystianne mergulha há mais de 10 anos e fez o curso Adaptive Techniques pela PADI, que permite ao profissional trabalhar com pessoas com diferentes tipos de deficiência. Como nunca tinha visto aulas de mergulho para pessoas com deficiência intelectual, encontrou aí uma oportunidade bacana de criar o projeto.
“Quando decidi fazer o doutorado, precisava apresentar uma ideia inusitada e inovadora. Como as aulas para a prática de mergulho possuem muitos exercícios respiratórios, decidi juntar essas técnicas com pessoas com deficiência intelectual e Síndrome de Down”, conta Christianne.
O início do projeto de mergulho
Com o apoio do curso de doutorado e da escola Scafo Mergulho ABC, foram selecionados 20 alunos da APAE de Barueri, com deficiência intelectual de leve a moderada e idade mínima de 10 anos, para participarem do projeto.
Essa espécie de “peneira” foi necessária, porque os participantes deveriam responder a um questionário e apresentar um determinado nível de compreensão para atender às ordens de comando nas atividades de mergulho.
Chrystianne conta que, nesta turma experimental do projeto, não havia pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). “Porém, depois do projeto finalizado atendi pessoas com experiências de mergulho em piscina na superfície, entre elas autistas e pessoas com paralisia cerebral que apresentavam comprometimentos severos e quadriplegia.”
Para quem não tem deficiência, as aulas de mergulho são ministradas em um final de semana. Já para esta turma especial o curso durou 14 aulas, entre teoria e prática, oferecidas gratuitamente.
As aulas de mergulho podem ser praticadas em qualquer lugar, mas o projeto acontece em Ilha Grande, no Rio de Janeiro. “Hospedamos os alunos na Pousada Nautilus, por ser acessível, assim como o Píer e o local escolhido para mergulho. O lugar é bem apropriado para eles”, comenta Chrystianne.
E quais os benefícios das aulas de mergulho para estes jovens?
Bem, Chrystianne explica que foram feitos testes diafragmáticos com espirometria, testes de oximetria e caminhadas de seis minutos três vezes durante seis meses. “Identificamos uma melhora mínima de 17% na capacidade respiratória e diafragmática”, aponta a professora de Educação Física.
É importante lembrar que a prática do mergulho, assim como outras atividades físicas, trabalha a interação social, uma característica essencial para a melhorar a convivência em família e com a sociedade.
Alunos devidamente certificados para a prática do mergulho!
Esta iniciativa tão bacana da Chrystianne teve como consequência um feito inédito no Brasil e, talvez para o mundo: 11 dos 20 alunos obtiveram uma certificação Scuba Divers, uma licença que permite a eles levarem adiante suas práticas de mergulho.
“Com essa certificação, os alunos com deficiência intelectual só podem praticar mergulho com dive masters (mergulhador que trabalha em parceria com o instrutor) ou instrutores e descer numa profundidade máxima de 12 metros”, explica Chrystianne.
Os pais que desejam inserir seus filhos na prática de mergulho adaptado devem procurar a escola Scafo Mergulho ABC, levando um exame médico para a prática do exercício e capacidade para realizar atividades debaixo d’água.
“Nós vamos fazer uma análise para sabermos se o jovem pode praticar mergulho para obter a certificação. Caso ele não tenha a possibilidade de adquirir a licença, receberá as instruções de como utilizar os equipamentos e um certificado de participação”, esclarece a idealizadora do projeto.
Muito legal este projeto da Crhystianne Simões! Eu, que trabalho aproximando o esporte de crianças com transtorno do espectro autista, sempre gosto de divulgar iniciativas que têm como foco a inclusão e o desenvolvimento motor e cognitivo de crianças, jovens e adultos.
Que venham mais projetos assim!
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