Estudantes surdos da UFSC enfrentam falta de intérpretes de Libras pelo segundo semestre consecutivo, comprometendo a acessibilidade em disciplinas essenciais e levando a cancelamentos e transferências de matrícula.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão com um misto de sentimento de frustração e revolta. Pelo segundo semestre consecutivo, a UFSC não conta com intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) em todas as disciplinas.
São pelo menos 6 alunos surdos dos cursos de Administração, Ciências Sociais e Nutrição que iniciaram mais um semestre onde a acessibilidade não é garantida.
A Coordenadoria de Acessibilidade Educacional (CAE), setor vinculado à Pró Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (PROAFE), 3 dias antes do início do semestre, informou que não teria o suporte de intérpretes nas disciplinas de Serviço Social e Economia Política, e Serviço Social, Direito e Cidadania.
Disciplinas teóricas que trazem os direitos humanos e a crítica social como base de estudos.
Isso ocorreu também no semestre anterior, na disciplina teóricoprática “Realidade Social II”.
O direito à acessibilidade na educação está previsto na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Além da lei, o artigo 14, do Decreto Federal Nº 5.626, de 2005, determina que as instituições federais de ensino são obrigadas a garantir: “acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até a superior”.
Para conseguir cursar as disciplinas em que não tem interpretação de Libras, os alunos recorrem a improvisos e contam com o auxílio de colegas de turma. Com seus computadores, eles utilizam uma ferramenta de transcrição automática para tentar compreender o que é dito. Só que este não é um recurso acessível totalmente confiável, não é 100% garantido e tem muitos erros de português, mas ele foi uma alternativa que ajudou os alunos a não desistirem das disciplinas.
A universidade informa que as disciplinas que não foram, ou que não estão sendo atendidas em 2025, é por falta de recursos humanos.
Entre os alunos, há relatos de estudantes surdos que cancelaram ou trancaram suas matrículas, ou então pediram transferência interna para o curso Letras-Libras, devido à falta de interpretação nas aulas.
No segundo semestre de 2024, a universidade contava com 8 matrículas ativas de alunos surdos em cursos de graduação que não são Letras-Libras.
O total de intérpretes atuando na UFSC em setembro de 2025 é de 12 pessoas. Do grupo, apenas 2 são servidoras concursadas e os demais terceirizados.
Para além dos alunos surdos, a falta de intérpretes afeta também os próprios trabalhadores. Dados indicam que as atividades de formação da equipe ficam prejudicadas pela “escassez de profissionais de Libras”.
Fonte https://revistareacao.com.br/noticias/noticia?id=08fee8fc-ec36-4701-b63d-027841573ebc
Postado Pôr Antônio Brito
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