O Círio de Nossa Senhora de Nazaré é a maior manifestação Católica Mariana do mundo, e acontece sempre no segundo domingo de outubro, na Cidade de Belém do Pará. Teve início em 1700, quando um caçador chamado Caboclo Plácido encontra uma pequena estátua de Nossa Senhora de Nazaré às margens de um riacho.
A história conta que, mesmo levando a imagem para casa, ela voltava para as margens do rio. E, desde lá o seu número de romeiros só faz aumentar, com mais de 2 milhões de pessoas que vão para as ruas de Belém. São ao todo 8(oito) Romarias que somam ao Círio de Nazaré. Sendo elas o Traslado, Romaria Rodoviária, Romaria Fluvial, Moto Romaria, Trasladação, Procissão do Círio, Ciclo Romaria, Romaria da Juventude, Romaria das Crianças, Romaria dos Corredores, Romaria da Acessibilidade, Procissão da Festa e o Recírio.
O Recírio acontece duas semanas após o Círio, é a procissão que encerra a Festividade Nazarena, quando os paraenses se despedem da Rainha da Amazônia.
O Círio é uma procissão grandiosa, romeiros vão unidos pela fé, muitos pagando promessas das mais variadas formas. Na corda ou sozinhos ou de joelhos. Acompanhados por Maria, a multidão segue pelas ruas de Belém. Apesar de ser um ato de fé, por vezes, inacessível para uma pessoa com deficiência, devido a sua grandiosidade.
O Círio tem que viver pra saber e sentir!
Em 2023, foi criada a Romaria da Acessibilidade pensada para as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
A Romaria da Acessibilidade foi um projeto inicialmente pensado dentro da APABB, que em janeiro/23 procurou integrantes da Diretoria do Cirio para apresentar uma proposta de romaria que contemplasse as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. A APABB desde o início entendeu que uma procissão voltada para este público não poderia ser trabalho de uma única entidade social e no mesmo mês fez convite para inúmeros instituições ligadas ao público pretendido a fim de apresentar a proposta e formatar um documento a ser entregue a DFN. Ainda em janeiro/23 aceitaram o convite, além da APABB, mais 08 entidades. No total 09 entidades (APABB, APAE, ASAN, ASCEPA, SABER, UFRA/ACESSAR, UFPA/COACESS, SABER e Instituto Felippo Smaldone) fecharam um projeto de levar para as ruas de Belém a primeira romaria voltada para as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Foram várias reuniões para montar a proposta a fim de apresentar um projeto seguro e confortável para os romeiros. No projeto foi especificado a participação de voluntários, pontos de apoio, profissionais de saúde, distribuição e outros. Foram criadas comissões para tratar de cada assunto.
A proposta foi aprovada e em agosto de 2023 a igreja católica comunicava a sociedade a realização de mais uma romaria. No dia 21.10.2023 acontecia a 1ª Romaria da Acessibilidade com público estimado em 25 mil pessoas, num percurso de 1.400 metros, especialmente escolhido por ser arborizado, tenho 300 voluntários reunidos pelas entidades sociais, 10 pontos de apoio para de descanso, uso de banheiro e atendimento médico. Com carro de som para cânticos e orações comandado por pessoas com deficiência. Tivemos ainda áudio descritores e Intérpretes de libras espalhados por todas a Romaria e em pontos estratégicos da procissão.
Desde o início a coordenação da Romaria teve uma atenção especial, também, para com o meio ambiente. No primeiro ano 100 sacos plásticos de lixo foram distribuídos junto aos voluntários e orientamos o tempo todo sobre o descarte correto dos resíduos, principalmente os copinhos plásticos de água. Em 2024 foram 200 sacos distribuídos e em 2025 serão 400. A coordenação tem uma comissão de sustentabilidade que está cuidado desta parte, levando para a Romaria segurança e consciência ambiental.
Segundo Amaral, coordenador da AABB em Belém, “Nos preocupamos ainda em evitar faixas ao longo da procissão, pois elas prejudicam a Acessibilidade das pessoas, danos como opção a colocação dessas faixas no gradil da praça Santuário”.
A intenção da Romaria é fazer um trabalho de conscientização a cada ano para que não sejam utilizados fogos de artifício no percurso, o barulho pode desorganizar pelos com o aspectro Autismo. A própria igreja não toca seus sinos no horário da Romaria.
Outra criação da organização foi um mapa virtual do trajeto contendo os pontos de apoio e os principais atendimentos e a quem recorrer no caso de acidente. O mapa era repassado aos romeiros para que fosse utilizado como guia.
A Romaria possui logomarca, hino e já está funcionando uma plataforma contendo todas as informações necessárias para capacitação, inicialmente dos voluntários, para o exercício correto da função. Os vídeos, cartilhas e podcast explicam como reconhecer, acolher e incluir uma pessoa com deficiência. Instagram @romariadaacessibilidadeoficial
Durante a Romaria têm várias funções sendo exercidas por pessoas com deficiência. A exemplo do carro de som, onde o som é administrado por pessoas com deficiência que vão dando informações da Romaria, do trajeto, das músicas etc. Na romaria o lema: Nada sobre nós sem nós é respeitado!
A empresa RECICLE que trabalha com recolhimento de resíduos é parceira da Romaria e faz o recolhimento dos sacos de lixo ao final da procissão. Parte do material recolhido e destinado ao projeto social dentro da UFRA Universidade Federal Rural da Amazônia.
Texto de Gisele Costa – Advogada e parceira da Romaria da Acessibilidade.
Fonte: https://www.ciriodenazare.com.br/cirio/procissoes
Fonte https://diariopcd.com.br/cidade-de-belem-do-para-recebe-romaria-da-acessibilidade-no-segundo-domingo-de-outubro/
Postado Pôr Antônio Brito
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