O esporte pode transformar a vida por meio da promoção de saúde e desenvolvimento físico. Para alguns, como os atletas paralímpicos, a reinvenção que a prática esportiva causa é ainda maior. O Governo Federal, por meio do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), vinculado ao Ministério da Saúde, auxilia pessoas com deficiência com apoio, tratamento, acompanhamento e reabilitação necessários de forma integral e totalmente gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Entre as histórias do Centro de Amputados do INTO, que promove a reabilitação de pessoas que sofreram amputação, está a da Nayara Ramalho, de 33 anos, que viu no esporte a possibilidade de dar a volta por cima após um grave acidente que provocou amputação do braço direito. Mesmo sem um membro, atualmente ela é paratleta de lançamento de dardo, arremesso de peso e tiro esportivo.
“Existe uma Nayara antes e depois do esporte. Quando comecei meu tratamento no INTO, além de resgatar minha autonomia e de aprender adaptações que me ajudaram nas tarefas do dia-a-dia, eu também ganhei confiança para ir além e encontrei o esporte”, contou a paratleta.
O trabalho continuado para esses pacientes é fundamental e por isso, mesmo durante a pandemia de Covid-19, as atividades presenciais não foram suspensas no instituto. Com todos os protocolos de segurança para prevenção da Covid-19 entre pacientes e dos profissionais de saúde, a não interrupção dos trabalhos evitou prejuízos nos processos de reabilitação dos pacientes que já estavam em tratamento, como atrofia do membro e até mesmo danos à saúde mental, com o desenvolvimento de quadros depressivos.
Para a fisiatra e chefe do Centro de Amputados do INTO, Eliane Machado, os serviços do instituto são fundamentais para a população. “Nós trabalhamos para ajudar a tornar a pessoa funcional, para que ela volte a atuar integralmente dentro das suas atividades, não só as físicas, mas também as emocionais”, explicou Eliane. A primeira etapa do processo é a reunião de acolhimento com equipe formada por psicólogo, assistente social, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, onde os pacientes são acolhidos e tomam consciência de que a reabilitação é um processo contínuo.
O esporte tem comprovada importância na qualidade de vida de qualquer pessoa. A atividade esportiva contribui não só para o desenvolvimento físico, como também é uma poderosa ferramenta de ajuda na reabilitação e inclusão social de pessoas com deficiência. Mais que isso, o esporte pode transformar tanto a vida de uma pessoa com deficiência que em pouco tempo de prática ela pode estar representando o Brasil nos maiores eventos esportivos do mundo, como as Paralimpíadas, que iniciaram oficialmente nesta terça-feira (24).
O paratleta Márcio Miranda, de 45 anos, fundista e meio-fundista nas pistas de atletismo, também está entre os pacientes do Centro de Amputados do INTO que tiveram a vida ressignificada pelo esporte. Depois de perder os dois braços em uma descarga elétrica, há dez anos, ele coleciona medalhas dos vários campeonatos disputados desde que entrou para o atletismo, em 2015.
Para ele, um dos momentos mais emocionantes da carreira foi quando carregou a tocha olímpica, pela orla de Copacabana, nas Paralímpiadas de 2016, no Rio de Janeiro. A terapeuta ocupacional Sandra Helena foi a responsável por criar uma adaptação que permitisse ao atleta percorrer o trajeto com a tocha nos braços.
“Foi criada uma adaptação, com braçadeiras e um encaixe para a tocha, tudo confeccionado em termoplástico, um material que se torna maleável quando submetido a altas temperaturas. Foi desafiador, porque o Márcio fez esse pedido numa data próxima ao evento, mas, ao mesmo tempo, foi gratificante ver o sorriso dele depois de ter completado o trajeto”, relatou Sandra.
O incentivo ao esporte faz parte da rotina do Centro de Amputados do INTO, por meio de ações conjuntas realizadas por sua equipe de profissionais. Entre elas, está o evento anual, organizado pela equipe de Serviço Social, para celebrar o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, que acontece no mês de setembro. No encontro, vários stands abordam a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência. Um deles é voltado para o tema do esporte, onde os pacientes podem conversar com paratletas convidados e descobrir no esporte novas possibilidades.
Sobre o INTO
O INTO é uma instituição especializada em atendimento cirúrgico e não presta serviços de emergência. Os pacientes encaminhados ao instituto por outras unidades de saúde passam por um processo de triagem e são avaliados pelos especialistas que definem a indicação cirúrgica. As quatro especialidades mais requisitadas são joelho, medicina desportiva, quadril e coluna. O INTO atende, exclusivamente, pacientes do SUS e se destaca como centro de excelência nacional no tratamento de doenças e traumas ortopédicos, de média e alta complexidade. Certificado como hospital de ensino, oferece programas de residência médica em ortopedia e traumatologia, enfermagem e farmácia.
A instituição também apoia a promoção da qualificação técnica em procedimentos cirúrgicos ortopédicos de alta complexidade para os profissionais de todo o país. Além de oferecer regularmente treinamento intensivo (“imersão”) em cirurgia ortopédica, hospeda conferências científicas. Por meio de uma rede integrada de telemedicina possibilita a discussão de casos de alta complexidade e promove o ensino de técnicas cirúrgicas em tempo real. Nos Jogos Olímpicos de 2016, foi designado pelo Comitê Olímpico como o hospital de referência para atendimento ortopédico dos atletas.
Fonte: https://revistareacao.com.br/instituto-do-ministerio-da-saude-oferece-tratamento-a-paratletas/
Postado por Antônio Brito