Ideia foi transformada em Projeto de Lei que aguarda tramitação na Câmara
WILLIAN MOREIRA
Três estudantes da Etec (Escola Estadual Técnica) Dona Escolástica Rosa, em Santos, no Litoral Paulista, desenvolveram um sistema que pretende auxiliar pessoas com deficiência visual durante o uso do transporte coletivo na cidade.
A vereadora Audrey Kleys, tomou conhecimento da ideia e criou um Projeto de Lei, que aguarda entrada em pauta na Câmara para ser discutido.
A proposta é das estudantes Carla da Silva Ribeiro, Juliana Entenza Santos e Rúbia do Amaral Ferreira Conceição, para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
A ideia surgiu após o ingresso de um aluno com deficiência visual na turma. Diante disto, as alunas do curso técnico de Logística criaram um equipamento sonoro que pode trazer maior autonomia ao passageiro.
O projeto, intitulado “Transporte público, deficientes visuais e a mobilidade urbana”, foi traçado por meio de pesquisas, nas quais foi feito um paralelo dos sistemas sonoros existentes nos trens e metrô com as dificuldades encontradas por este grupo de pessoas.
O programa consiste em entregar a cada pessoa com deficiência visual um aparelho transmissor integrado com GPS, no qual é possível cadastrar uma linha de ônibus desejada. Assim, o passageiro recebe um aviso sonoro de que o veículo está perto.
Quando o ônibus desta rota estiver se aproximando, um outro aviso é emitido ao motorista do coletivo mais próximo, alertando que logo a frente um passageiro com deficiência visual necessita embarcar no transporte. Chegando ao ponto, o condutor do ônibus emite outro alerta informando a linha e o destino do veículo para a pessoa.
Buscando aperfeiçoar a sua ideia, as estudantes entrevistaram pessoas no Lar das Moças Cegas, onde o colega de turma frequenta, para entender os desafios e dificuldades diárias no transporte.
A partir da experiência, perceberam que a busca pela autonomia destas pessoas é retirada quando vão usar o transporte público, ao depender do auxílio de terceiros para embarcar em seu ônibus.
Willian Moreira em colaboração especial para o Diário do Transporte
Morador de Sorocaba constrói triciclo para auxiliá-lo na rotina após ter perna amputada — Foto: Reprodução/ TV TEM
Um mecânico de Sorocaba (SP) resolveu usar as habilidades para construir um meio de voltar a andar depois de precisar amputar a perna.
Adilson Franzini tem 51 anos e sofre de diabetes. Em 2020, ele teve trombose e precisou amputar a perna esquerda. E, mesmo com as dificuldades na adaptação, resolveu usar a criatividade e a experiência na manutenção de automóveis e aeromodelos para criar algo especial.
"Pensei nos meus filhos e decidi que não posso desistir, não posso deixar eles para trás. Tenho que continuar trabalhando, trabalhando bastante", diz.
Depois de um mês de trabalho duro, o triciclo ficou pronto. A estrutura, adaptada com uma cadeira de rodas, pneus de bicicleta e que funciona a bateria, trouxe mais autonomia e alegria para o dia a dia dele.
"Agora eu consigo ir ao mercado, subir as rampas. Depois, vou ali no lugar onde pego marmita e volto para casa", conta.Após ter perna amputada, morador de Sorocaba constrói triciclo para auxiliá-lo na rotina
https://globoplay.globo.com/v/9232155/
Um morador de Sorocaba (SP) que teve a perna esquerda amputada devido a uma trombose decidiu construir um triciclo para auxiliá-lo no dia a dia.
Mas os planos não param. Agora, o próximo projeto é construir um encaixe para a prótese que tem em casa, já que comprar uma nova seria muito caro. "Vou fazer com fibra de vidro, mas a parte interna vai ser de silicone para não afetar a pele", diz.
"Quero voltar a andar e continuar a minha vida, fazer minhas coisas e ajudando quem eu posso ajudar. Meu futuro é isso: sempre trabalhando e ajudando quem precisa", diz.
Nos últimos anos, diversas grandes marcas têm focado cada vez mais na diversidade, seja ela racial, de gênero ou aparência, ao anunciar seus novos produtos. A inclusão é sempre bem-vinda e a Zara é mais uma a entrar nesse maravilhoso "novo normal".
Nos últimos anos, diversas grandes marcas têm focado cada vez mais na diversidade, seja ela racial, de gênero ou aparência, ao anunciar seus novos produtos. A inclusão é sempre bem-vinda e a Zara é mais uma a entrar nesse maravilhoso “novo normal”.
Há alguns dias ficamos sabendo da notícia de uma criança com síndrome de Down chamada Patricio (carinhosamente chamado de Roscón), filho da famosa chef Samantha Vallejo-Nágera, que participa como júri do programa Masterfchef espanhol. Ela é tão conhecida por lá que se tornou uma celebridade. No entanto, nada disso a salvou de receber várias críticas ao postar um vídeo com o filho.
No registro, a chef apareceu conversando com o filho sobre uma festa na escola da qual ele compareceu. Ela então perguntou se ele tinha dançado com uma menina ou um menino. Patricio respondeu: “Com um menino.” Antes disso, sua mãe, surpresa, disse-lhe que “meninos dançam com meninas”.
Imediatamente, e a internet não perdoa, choveram críticas sobre a chef, nas quais vários usuários a classificaram como sendo uma pessoa homofóbica pela resposta que dada ao filho.
Acontece que o garoto já era famoso também muito antes disso. Ele foi o primeiro rosto da Zara com Síndrome de Down a ser chamado pra modelar.
Foi na campanha de 2019 chamada “Sun Summer Fun”, Roscón vestiu roupas de verão, com vários vestuários, estampando catálogos internacionais.
Na época, a chef publicou com orgulho as fotos do filho em seu Instagram e escreveu: “Quando seu filho é o primeiro modelo com síndrome de Down no site da Zara e você está morrendo de ilusão sobre o que isso significa. Obrigado por amá-lo tanto.”
A questão é que naquele tempo, não houve qualquer menção sobre a chef, que apoiou o filho que até fotos com maiô fez. Esse exemplo é só mais um de como às vezes a internet pode ser perturbadora. Ainda assim, ficamos felizes por grandes marcas reconheceram e cederem espaço pra que o diferente na verdade seja encarado definitivamente com o o “novo normal”.
Por Fernanda M. Cercal Eduardo e Thayse Zerger G. Dias
A Fibromialgia comumente conhecida como uma patologia de dor generalizada, é conceituada pela Sociedade Brasileira de Reumatologia como “uma condição que se caracteriza por dor muscular generalizada, crônica (dura mais que três meses), mas que não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor”. Esse conceito demonstra a dificuldade de diagnóstico, visto que não existem, atualmente, marcadores laboratoriais que confirmem a doença.
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Os diagnósticos são feitos a partir do conjunto de sinais e sintomas que caracterizam a síndrome, conforme critérios do Colégio Americano de Reumatologia (ACR). Em torno de 2,5% da população mundial experimenta situações de dores inespecíficas que iniciam lentamente de forma localizada e vão se espalhando pelo corpo, perdurando por meses, classificando-se dessa forma como dor crônica.
A Fibromialgia no Brasil já representa um problema de saúde pública com custos econômicos elevados e impacto social tão grande quanto. Do ponto de vista biopsicossocial relacionam-se a esta síndrome, déficits tanto funcionais quanto emocionais gerando desgaste e comprometimento nas atividades de vida diária, lazer, convívio e trabalho desses pacientes.
Um diagnóstico preciso e um acompanhamento multidisciplinar da condição de saúde faz total diferença nos resultados que beneficiam os pacientes em todos os aspectos de suas vidas.
A Nutrição, Fisioterapia, Psicologia dentre outras profissões da saúde, fazem parte do atendimento especializado, a fim de ajustar as condições fisiológicas do organismo, lidando de maneira concomitante com as dificuldades apresentadas e também em relação aos anseios do portador da síndrome.
Tanto o aspecto nutricional quanto o aspecto físico, assim como o psicológico/emocional constituem os pilares de equilíbrio do corpo humano. Dessa forma, o tratamento da Fibromialgia atualmente, deve ser pensado como um trabalho em conjunto, visando o equilíbrio dinâmico entre o organismo e o ambiente que o cerca, considerando todas as atividades exercidas pelo paciente em sociedade e também a forma que este indivíduo encara esta realidade, a fim de atingir o objetivo principal que é melhorar o aspecto de saúde como um todo, considerando todas as fases do ciclo vital.
O tratamento não é simples, e só há de obter resultados partindo da colaboração entre paciente e profissionais envolvidos, mas também, o auxílio da família é muito importante, ao se obter entendimento da síndrome e aspectos a serem trabalhados, aspectos esses que pouco a pouco evidenciam melhoras cotidianas.
Muitos estudos sobre o tema têm surgido nos últimos anos e, por meio de pesquisas da comunidade científica, já é possível perceber que é o conjunto de ações que proporciona os melhores resultados. Trabalhar com suplementação, atividades físicas, terapias manuais, analgesias, psicoterapia, métodos para alívio de estresse e melhora do sono é essencial para o sucesso no tratamento.
Ainda não podemos falar em cura, mas o prognóstico é bom e melhora a cada dia, ao surgimento das evidências de tratamento que, com comprometimento entre os pares, tem grande efetividade no controle dos sintomas. Seguindo um tratamento adequado e bem conduzido por uma equipe multiprofissional, os sintomas tendem a melhorar, resgatando a capacidade funcional e o convívio social saudável.
O papel do Fisioterapeuta nesse sentido, é conduzir terapias físicas de suporte, como eletroterapia para analgesia, massoterapia e outras terapias manuais relaxantes e analgésicas, orientação e prescrição de exercícios e atividades físicas personalizadas além da orientação terapêutica no nível primário de atenção em saúde. Os objetivos traçados por este profissional devem ser realistas, comuns e complementares a outros objetivos da equipe multiprofissional e do seu paciente.
Outro recurso que vem sendo adicionado às terapias físicas é a hidroterapia, obtendo ótimos resultados pelos seus efeitos fisiológicos globais ao organismo. Metodologias de exercícios como Pilates e Yoga têm evidenciado progressos.
Fibromialgia dói mais quando não está sendo administrada. Fibromialgia tem jeito sim!
* Autoras:
Fernanda M. Cercal Eduardo é fisioterapeuta, mestre em Tecnologia em Saúde e coordenadora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Internacional Uninter.
Thayse Zerger G. Dias é fisioterapeuta, especialista em Terapia Intensiva e tutora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Internacional Uninter.
O Projeto Irmãos, lança um canal de podcast com o objetivo de dar voz aos irmãos de pessoas com necessidades específicas (ou com deficiência) a partir do olhar dos irmãos, que é muito diferente do olhar dos pais e/ou responsáveis diretos. Dentro desse contexto a série traz entrevistas que falam sobre a importância das escolhas e validação dos sentimentos na relação de fratria, sem que haja o sentimento de culpa.
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Segundo PIETSRZAK; FACION, a relação de irmãos “…se inicia com o nascimento de um segundo filho, o que pode gerar um conflito intergeracional, além de perturbar o equilíbrio constituído na família. Com os irmãos, dividimos nossa carga genética, nossa família, experiências, lembranças; um patrimônio psíquico é transmitido através das gerações. A fratria é um verdadeiro “laboratório” onde se experimentam pela primeira vez variadas relações interpessoais.” (PIETSRZAK; FACION, 2006, FERNANDES, 2002, pag 49)
Serão abordados conteúdos sobre diversidade, cultura regenerativa, sustentabilidade e claro, inclusão. Já estão no ar o documentário “Irmãos de Pessoas com Deficiência: Ressignificando Sentimentos para Promoção da Inclusão” ea recém lançada “Histórias de Irmãos: Uma série sobre convivência, diferenças, amor e desafios!” também disponíveis no canal de youtube @Projeto Irmãos.
São retratadas histórias, projetos de vida e perspectivas de futuro que mostram a importância do pertencimento para os irmãos, como forma de contribuir com o fortalecimento de vínculos familiares e, mais ainda, auxiliar no processo de construção da história de vida do irmão com necessidades específicas, mas sem deixar de ser protagonista de sua própria vida! O empoderamento fraterno funciona como um impulsor para autonomia e envolvimento da família estendida (primos, tios, avós, etc), amigos próximos, impactando na construção de redes de apoio até mesmo em casos de famílias com filhos únicos com deficiência.
“Quando me sinto ouvida de verdade, me sinto pertencente, tenho vontade de continuar apoiando meus pais e dividindo responsabilidades para não deixá-los tão sobrecarregados. Além disso, tenho vontade de contar ao mundo a importância de olhar para o potencial de todo ser humano, muito além de qualquer tipo de diversidade funcional.” – diz Débora Goldzveig, idealizadora do Projeto Irmãos.
A série traz 2 diferenciais:
O olhar para o futuro: esta é uma iniciativa em parceria com o canal Gerocast, criado por Willians Fiori, o primeiro Podcast no Brasil que fala de longevidade, gerontologia , geriatria e saúde. “O envelhecimento é inerente a todos, começa quando nascemos. Precisamos desmistificar as consequências deste processo trabalhando as relações afetivas no presente, pensando em acessibilidade e desenho universal, principalmente quando se trata da pessoa com deficiência intelectual, que passa pelo envelhecimento precoce.” diz Willians.
A participação dos irmãos com necessidades específicas que participam de várias entrevistas.
O posicionamento de Patricia Castilho, que hoje é curadora do irmão Lauriceu Jr, de 51 anos, com Síndrome de Down, mostra a importância de contribuir com essas mensagens “É bem desafiador entender os limites do meu irmão e também os meus limites, não deixar que a chama dos meus sonhos se apaguem por conta do meu papel – e responsabilidades de curadora dele.”
O processo de construção dos episódios se dá em uma conversa prévia onde é definido quem será o irmão no papel de entrevistador “oficial” e define-se a temática latente. Também contamos com a voluntária Mariana Resnik, designer e mãe de 3 filhos, sendo dois com Deficiência Intelectual e uma irmã que participa do Projeto. Vale ressaltar que cada uma dessas temáticas pode ser aplicada muito além do universo fraterno pois expõe corajosamente vulnerabilidades que todos nós temos em diferentes contextos de vida, além de nos levar a reflexões provocativas sobre a naturalidade de como tratamos certas questões a medida em que ter um irmão ou conviver com pessoas com deficiência, potencializa esse olhar mais empático e altruísta.
Além de disseminar esses valores, o processo da troca e escuta ativa através da CNV (Comunicação não Violenta), metodologias utilizadas pelo Projeto Irmãos, beneficia os próprios entrevistados em tamanho grau de profundidade capaz de ressignificar suas visões e atitudes perante a vida, algo como “antes e depois” do podcast. Como diz o slogan do projeto: “Respeitando Diferenças. Ressignificando Identidades.”
“Nós construímos nossa identidade e personalidade já vivendo a deficiência do nosso irmão desde cedo. Será que se tivéssemos a idade e disposição dos nossos pais, nós seríamos tão militantes assim?” reflete Caroline Nóbrega Almeida, irmã do André de 18 anos com Síndrome de Down, após a gravação do terceiro episódio sobre “culpa”.
Já Maria Paula, de Belo Horizonte, irmã da Maria Clara, de 16 anos com Síndrome de Down, após ouvir o mesmo episódio diz “lembro-me de em alguns momentos me culpar por ter tantos interesses e sonhos (olha isso!), pensava: Por que eu me interesso por tanta coisa? Eu poderia ser menos curiosa na vida…Uma coisa que me ajudou com isso foi pensar que nem sempre aquilo que a gente acha bom pra gente o outro também acha ou quer. E que para eu continuar inclusive sendo uma irmã/pessoa melhor preciso me nutrir dos meus sonhos também!”
Confira os 3 primeiros episódios da série:
Como manter a criança que existe em você?
Existe influência dos irmãos nos relacionamentos?
É “normal” sentir culpa por ser o irmão/irmã SEM deficiência?
Você pode acessá-los pelo Facebook, Youtube e Spotfy do Projeto Irmãos e canal Gerocast no Spotfy.
Caso você seja irmão de pessoas com necessidades específicas e queira participar, mande uma mensagem para Débora: (11) 996702771 ou para contato@projetoirmaos.com.br.
Sua opinião também será muito bem vinda!
Sobre o Projeto Irmãos
Criado e idealizado em 2014, formado por irmãos de pessoas com necessidades específicas, o Projeto irmãos proporciona um espaço íntimo, seguro, de compartilhamento sem julgamento, contribuindo para com o estabelecimento de vínculos familiares afetivos, um olhar respeitoso e empático para sociedade. Através da escuta ativa e fortalecimento das habilidades e competências socioemocionais, o projeto atua como uma rede de conexões para disseminação da diversidade e militância pelos direitos das pessoas com deficiência, sendo os membros denominados como “embaixadores da inclusão”. Público alvo: 1. Irmãos de pessoas com deficiência; 2. Famílias; 3. Empresas e Escolas; 4. Iniciativa pública.
O projeto tem previsão de conclusão para 2022. A Fundação Salvador Arena, instituição de terceiro setor parceira de longa data da APRAESPI, custeará o maquinário, enquanto a rede de supermercados Coop vai doar uma impressora 3D.
O objetivo da ampliação e modernização da Oficina Ortopédica da APRAESPI é facilitar o acesso da comunidade à órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção.
Existe uma fila de espera no Grande ABC para esses equipamentos – sem contar a chamada ‘demanda reprimida’ de pacientes que não conseguem o encaminhamento para solicitar um equipamento na rede pública de saúde.
É consenso médico que, quanto maior o tempo de espera de um paciente por um equipamento de reabilitação adequados, maiores são os riscos de sequelas.
Além da produção de meios de locomoção, os profissionais da oficina ortopédica da APRAESPI se dedicam a avaliar e acompanhar os pacientes que recebem cadeiras de rodas através do SUS.
Com uma trajetória de 54 anos, a APRAESPI, de Ribeirão Pires, é um dos maiores centros de reabilitação do Grande ABC. Atende diariamente 2.000 pessoas.
A entidade também aceita doações que podem ser feitas pelos telefones: (11) 2504-9078, (11) 97436-4824 ou (11) 5563-9623.
A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deste ano trouxe, muito acertadamente, o tema “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”. A palavra estigma, que na sua etimologia significa sinal ou marca, se refere à identificação coletiva de um atributo individual, tomado socialmente como depreciativo, que diminui a pessoa estigmatizada, desacreditando-a, negando e desqualificando sua identidade, por ela apresentar um suposto “desvio” que contraria os padrões sociais. O estigma, portanto, é a negação da diversidade humana, uma vez que a considera uma indevida e indesejável exceção a normas.
No caso da deficiência intelectual, assim como nas doenças mentais, ao longo da História, amparada por valores e crenças de cada tempo e lugar, a sociedade sempre buscou segregar esses grupos, retirando-os da convivência com a comunidade em geral. Isso deixou marcas profundas no imaginário coletivo, e está, ainda hoje, na raiz do capacitismo estrutural que inferioriza e invisibiliza as pessoas, e impede a sua plena inclusão na sociedade.
Embora haja uma clara diferença entre deficiência e doença, ou seja, deficiência intelectual não é uma doença mental e vice-versa, apesar de até mesmo muitos profissionais confundirem essas condições, a sociedade sempre se referiu a este público, na verdade muito diverso, como incapaz, inferior ou inútil. Prova disso é que muitas expressões utilizadas como ofensas no cotidiano são justamente termos que em algum momento se referiram a pessoas com estas condições.
Palavras como “louco”, “débil mental”, “retardado”, “cretino”, entre outras, fazem parte do repertório ofensivo de quase todos nós. Isto fortalece o estigma e o perpetua na coletividade, sem que, na maior parte das vezes, tenhamos consciência deste fato. São os chamados vieses inconscientes, traços culturais tão arraigados que se propagam quase que espontaneamente. Vale ressaltar que, sejam pessoas com deficiência intelectual ou doença mental, o estigma nasce de velhas crenças, há muito ultrapassadas, e nada há que justifique a manutenção desses rótulos sociais que nos impedem de ver quem nós somos, no grande espectro que caracteriza a nossa humanidade e a individualidade de cada um.
Lembramos, ainda, que depressão, síndrome do pânico e outras condições de saúde mental, hoje tão presentes no nosso dia a dia, não nos permitem olhar para essas questões como se não nos dissessem respeito, como se fossem apenas do outro. O estigma, também aí, só agrava este cenário, pois neste caso recai não mais sobre um grupo, mas na verdade sobre a maioria, nesses nossos tempos, sobre todos nós.
A “nau dos insensatos”, uma espécie de embarcação mítica que carregava pessoas estigmatizadas pelos mares para que ficassem longe da sociedade, deu lugar, no mundo científico, aos manicômios e instituições fechadas, que foram palco de grandes horrores, inclusive no Brasil, isso sem demérito de profissionais dedicados que tentaram humanizar esses ambientes ao longo do tempo, sem muito sucesso. Por tudo isso, mais do que justo, é necessário e urgente, levar os jovens e a sociedade em geral a refletirem sobre este assunto, sobretudo no momento atual, em que vemos tentativas de retrocesso a instituições de segregação, seja no campo da educação, do emprego ou da saúde.
Neste chamado “Janeiro Branco”, em que campanhas de conscientização sobre a saúde mental tentam nos chamar a atenção sobre o tema, mais do que pensar em como prevenir ou tratar as chamadas doenças mentais, é indispensável reafirmar a diversidade humana, a neurodiversidade e a firme oposição a qualquer prática excludente que venha a repetir os erros do passado. Temos que construir uma sociedade para todos, na qual as diferenças individuais não apenas não são negadas, mas, pelo contrário, são celebradas como parte da riqueza humana, inerente a esse imenso ecossistema em que cada um de nós tem o seu lugar e o seu valor. Temos, também, que garantir o acesso à informação para ampliar o entendimento e os apoios tanto para quem tenha deficiência intelectual quanto aos que vivem as doenças mentais em suas vidas, para finalmente banir do imaginário social esses estigmas que, além de em nada contribuírem com o avanço da sociedade, apenas revelam aspectos refratários de um processo civilizatório ainda em construção.
*Flavio Gonzalez é psicólogo e Executivo de Negócios Sociais do Instituto Jô Clemente (antiga Apae de São Paulo)
Daqui a menos de um ano, os Jogos Olímpicos Mundiais de Inverno de 2022 terão início em Kazan, Rússia.
Mais de 2.000 atletas da Special Olympics de mais de 100 países competirão em sete esportes e contarão com o apoio de 3.000 voluntários.
Os Jogos Olímpicos Mundiais de Inverno de Kazan 2022 irão mostrar o poder de um mundo de inclusão, igualdade, bondade e alegria. Os Jogos têm como objetivo criar comunidades inclusivas, transformando as atitudes em relação às pessoas com deficiência intelectual na Rússia e em todo o mundo.
Mary Davis, CEO da Special Olympics, disse: “A Special Olympics tem orgulho de sediar os Jogos Mundiais de Inverno de 2022 em Kazan, na Rússia. Kazan se estabeleceu como uma cidade capaz de sediar os principais eventos esportivos internacionais, e estou confiante de que os Jogos Mundiais de Inverno 2022 deixará um legado duradouro de inclusão na Rússia e mostrará ao mundo que o esporte é um catalisador para a inclusão e a paz. “
Com 130.000 atletas, a Special Olympics Rússia hospeda 5.000 eventos esportivos para pessoas com deficiência intelectual em um ano típico. Os Jogos Mundiais de Inverno em Kazan ajudarão as Olimpíadas Especiais da Rússia a criar inclusão social para cerca de três milhões de pessoas com deficiência intelectual no país.
Olga Slutsker, presidente das Olimpíadas Especiais da Rússia, disse: “ Os Jogos Mundiais de Inverno de Kazan criarão uma atmosfera de alegria e bondade, quebrando barreiras e convenções. Quando se trata de inclusão de pessoas com deficiência intelectual, vemos que somos mais parecidos do que nós somos diferentes. Os esportes têm o poder de unir as pessoas, e os Jogos Mundiais de Inverno de Kazan 2022 criam uma cultura inclusiva na Rússia e em todo o mundo. “
Considerada a capital do esporte da Rússia, Kazan tem um profundo patrimônio esportivo e as instalações esportivas, a infraestrutura e a base de voluntários estabelecida da cidade já sediaram muitas competições esportivas de nível mundial. Os Jogos Mundiais de Inverno de Kazan 2022 marcarão a primeira vez que as Olimpíadas Especiais trouxeram uma competição global para a Rússia.
Os atletas da Special Olympics e parceiros do Unified terão a oportunidade de competir em sete esportes: esqui alpino, snowboard, floorball, esqui cross-country, patinação artística, patinação de velocidade em pista curta e caminhada na neve.
O impacto de todos os Jogos Mundiais da Special Olympics é duradouro. Os jogos recentes deixaram legados de mudanças nas políticas, investimentos financeiros e mudanças mensuráveis nas atitudes.
Além das competições esportivas, os Jogos Olímpicos Mundiais de Inverno de 2022 se concentrarão na expansão da programação da organização em saúde, educação e liderança para atletas.
A Special Olympics Rússia foi fundada em 1999 e é um dos maiores programas nacionais do movimento global da Special Olympics. Na Rússia, cerca de 130.000 pessoas com deficiência intelectual estão envolvidas na educação física e cerca de 5.000 eventos de cultura física em nível municipal, regional e em todos os níveis russos são realizados anualmente no âmbito do programa Special Olympics Rússia. Atualmente, existem escritórios regionais da Special Olympics em 62 regiões da Rússia. Atletas russos com deficiência intelectual participam de torneios internacionais anualmente no programa Special Olympics Rússia, com atletas ocupando várias posições de liderança.
A Special Olympics oferece treinamento esportivo ao longo do ano em uma variedade de esportes do tipo olímpico para crianças e adultos com deficiência intelectual. O treinamento de futuros participantes da Special Olympics já começou na Rússia. Atletas russos com deficiência intelectual podem ingressar em uma equipe de sua região no site: https://specialolympics.ru/programs .
A Prefeitura Municipal de Itaí, interior de São Paulo, através do Departamento de Esporte, Lazer e Recreação lançará o programa desportivo “Mente Única”, programa destinado e desenvolvido para crianças com Transtorno do Espectro Autismo (TEA).
As atividades desportivas ministradas serão basquetebol e futebol adaptado. Por serem esportes coletivos, o basquete e o futebol são considerados ótimas opções para incentivar a socialização e coordenação motora, além de aprimorar o foco e atenção.
“Itaí será a pioneira no Estado de São Paulo a desenvolver esse projeto, que teve início em Curitiba-PR, o município pioneiro no Brasil a desenvolver esse projeto. Nosso esporte é especial, somos cidadãos com os mesmos direitos”, explicou o Diretor de Esportes Harold Hatzfeld Jr.
As aulas serão uma vez por semana, às quartas-feiras no Ginásio de Esportes Irineo Miranda, no Jardim Planalto.
As inscrições serão efetuadas no Departamento de Esportes, anexo à piscina, situado à Rua José Antunes de Oliveira, 690 – Vila Florentino Dognani- Tel. (14) 3761-3933.
A BISFed (Federação Internacional de Bocha) anunciou que o Rio de Janeiro será cidade-sede do próximo Campeonato Mundial de bocha, em 2022. O evento será no mês de agosto na Arena Carioca 1, no Parque Olímpico do Rio.
A candidatura do Brasil, submetida em outubro de 2020, para sediar a competição foi realizada pela Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE), responsável nacionalmente pela modalidade. Outras duas cidades concorreram com o Rio de Janeiro: Portimão (Portugal) e Sevilha (Espanha).
Ao todo, são esperados 176 atletas da elite mundial da modalidade que disputarão 11 medalhas em oito dias de competição. Serão utilizadas as Arenas Cariocas 1 e 2, sendo a segunda apenas para a fase de aquecimento. Este será o primeiro Mundial com a separação de gêneros no individual, que acontecerá após os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.
O Mundial de bocha é realizado a cada quatro anos e o Brasil já sediou uma edição, em 2006, também no Rio de Janeiro, na praia de Copacabana. As edições seguintes foram Lisboa 2010, Pequim 2014 e Liverpool 2018.
Nos últimos anos, a ANDE realizou duas grandes competições da modalidade: o Open Regional de bocha, em 2018, e a Copa América, ambas no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
Para a edição do Mundial em 2022, a ANDE convidou o jogador de bocha e designer Thulio Toledo, da classe BC3, para criar toda a identidade visual do evento.
Fonte: Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE) e Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro