29/05/2020
Morrer de fome ou de vírus’, o dilema de milhões de pessoas, diz economista
Contas públicas têm resultado negativo de R$ 94,3 bilhões em abril
Pandemia do novo coronavírus contribuiu para aumento dos gastos.
Em meio à pandemia de covid-19, as contas públicas fecharam abril com déficit de R$ 94,303 bilhões, o maior saldo negativo da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em dezembro de 2001. Os dados do setor público consolidado, formado por União, estados e municípios, foram divulgados hoje (29) pelo BC.
O resultado do mês passado supera todo o déficit primário - receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros – de 2019, que ficou em R$ 61,872 bilhões.
Em abril de 2019, houve superávit primário de R$ 6,637 bilhões.
No mês passado, o Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) apresentou déficit primário de R$ 92,165 bilhões.
Os governos estaduais e municipais também registraram saldo negativo: R$ 1,332 bilhão e R$ 611 milhões, respectivamente.
As empresas estatais federais, estaduais e municipais, excluídas as dos grupos Petrobras e Eletrobras, registraram déficit primário de R$ 195 milhões no mês passado.
No primeiro quadrimestre, o déficit primário chegou a R$ 82,583 bilhões, contra o resultado positivo de R$ 19,974 bilhões, de janeiro a abril de 2019.
Em 12 meses encerrados em abril, o déficit primário ficou em R$ 164,429 bilhões, o que representa 2,25% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
A meta para este ano era de déficit primário de R$ 118,9 bilhões. Entretanto, o decreto de calamidade pública dispensou o governo de cumprir a meta.
Despesas com juros
Os gastos com juros ficaram em R$ 21,517 bilhões em abril, contra R$ 34,685 bilhões no mesmo mês de 2019. De janeiro a abril, essas despesas acumularam R$143,171 bilhões, ante R$ 129,166 bilhões em igual período do ano passado.
Em abril, o déficit nominal, formado pelo resultado primário e os gastos com juros, ficou em R$ 115,820 bilhões, contra o resultado negativo de R$ 28,048 bilhões em igual mês de 2019. No acumulado de quatro meses do ano, o déficit nominal chegou a R$ 225,754 bilhões, contra R$ 109,192 bilhões em igual período de 2019.
Dívida pública
A dívida líquida do setor público (balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais) chegou a R$ 3,845 trilhões em abril, o que corresponde 52,7 % do PIB. Em março, esse percentual estava em 51,7%.
Em abril, a dívida bruta - que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais - chegou a R$ 5,817 trilhões ou 79,7% do PIB, 1,2 ponto percentual acima do percentual registrado em março de 2020.
A dívida pública bruta é o principal parâmetro usado pelas agências de classificação de risco para avaliar a solvência das finanças de um país. Quanto mais alto o indicador, maior a desconfiança em relação à capacidade de um governo honrar os compromissos. No entanto, a elevação da dívida pública além do previsto em todos os países deve aliviar as pressões sobre o Brasil, à medida que se trata de um fenômeno global.
Edição: Valéria Aguiar
Fonte https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-05/contas-publicas-tem-resultado-negativo-de-r-943-bilhoes-em-abril
Postado por Antônio Brito
Termina prazo para instituições de ensino superior aderirem ao Sisu
Prazo para retificação do termo de adesão será de 1º a 5 de junho.
Termina hoje (29) o prazo para instituições de ensino superior públicas e gratuitas aderirem ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para o segundo semestre de 2020. O prazo para retificação do termo de adesão será de 1º a 5 de junho. O processo seletivo do programa, para vagas em cursos de graduação, usa as notas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) como critério de classificação.
Os estudantes interessados em concorrer a uma vaga em uma universidade ou instituto público poderão consultar os cursos e o número de vagas que serão disponibilizados por cada instituição participante. Os interessados poderão fazer as inscrições para o Sisu 2020 entre os dias 16 e 19 de junho.
A partir do próximo semestre, o Sisu passará também a permitir a oferta de vagas na modalidade de ensino a distância (EaD).
O Sisu é o programa do Ministério da Educação para acesso de brasileiros a um curso de graduação em universidades públicas do país. As vagas são abertas semestralmente, por meio de um sistema informatizado, e para participar é preciso ter garantido um bom desempenho nas provas do Enem e não ter zerado a redação.
Para acesso de estudantes ao ensino superior, o governo oferece ainda bolsas de estudo em instituições privadas, por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni), e a opção de financiamento com taxas reduzidas pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). As inscrições para os dois programas vão de 23 a 26 de junho e de 30 de junho a 3 de julho, respectivamente.
Edição: Graça Adjuto
Fonte https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-05/termina-prazo-para-instituicoes-de-ensino-superior-aderirem-ao-sisu
Postado por Antônio Brito
Cartão Nacional de Saúde do SUS – SUS Digital APP
O Cartão Nacional de Saúde do SUS é um importante documento que você precisa ter em mãos sempre que necessitar da utilização do Sistema Único de Saúde no Brasil. Entretanto, uma das facilidades que você pode usufruir, a partir de agora, é com relação ao cartão digital. Com ele você pode ter ainda mais facilidades na hora de ser atendido. A seguir, explicaremos tudo sobre este cartão.
O que é o Cartão Nacional de Saúde do SUS?O cartão nacional de saúde do SUS nada mais é do que um “documento” que todos os brasileiros precisam ter para que seja possível realizar diversos procedimentos gratuitos no SUS. Dentre eles, consultas, exames, atendimentos emergenciais, internações, etc. Trata-se de um cartão que serve para identificar cada paciente, e o mesmo é emitido pelo Ministério da Saúde.
Caso você ainda não tenha o seu cartão, é necessário se dirigir até uma unidade do SUS próxima à sua casa e solicitar o seu cadastro. Entretanto, além deste cartão, é possível agora solicitar a opção digital do mesmo, para facilitar ainda mais a sua vida.
Neste caso, trata-se de um documento digital, que nada mais é do que a versão online do seu cartão que antes era feito no papel. Sendo assim, é igualmente utilizado para identificar o cidadão quando o mesmo necessita de atendimento no SUS.
Desse modo, como a maioria das pessoas hoje em dia já possui algum smartphone com acesso a internet, é possível utilizar o cartão digital sempre que necessário, diminuindo assim os gastos com papeis para impressão do documento. Tudo se torna mais ágil e organizado com o documento virtual.
Quais são as funcionalidades do SUS Digital APP?
Quando você baixar o aplicativo em seu celular, você poderá se deparar com algumas funcionalidades específicas do mesmo. Sendo elas:
- Visualizar todos os seus dados pessoais, vacinas, medicamentos, alergias, informações nutricionais e médicos que lhe atenderam e atendem no Sistema Único de Saúde;
- Ter acesso à Ouvidoria do SUS e poder sanar todas as suas dúvidas de um modo muito mais organizado e ágil;
- Obter informações sobre as campanhas do Ministério da Saúde;
- Localizar hospitais, farmácias populares, maternidades, entre outros serviços importantes de saúde;
- Acompanhar consultas que estão agendadas;
- Acessar a fila de espera;
- Acessar histórico de consultas no SUS.
Como baixar e instalar o app?
Para baixar e instalar o seu aplicativo é muito simples. Você apenas seguir o passo a passo abaixo:
- Acesse, primeiramente, a loja de aplicativos do seu celular. Se o seu sistema for Android, clique aqui. Se o seu sistema for iOS, clique aqui;
- Depois, pesquise por “Meu DigiSUS”;
- Clique no aplicativo que consta este nome;
- Clique em “instalar” para fazer o download do mesmo;
- Depois de baixado, o app irá instalar no seu celular, automaticamente. Aguarde;
- Abra o mesmo e clique em “primeiro acesso”;
- Preencha o seu cadastro;
- Crie a sua senha de acesso e confirme o seu cadastro;
- Aceite os termos de uso e pronto.
Você já poderá utilizar o seu Cartão Nacional de Saúde do SUS pelo seu celular. Simples e rápido!
Fonte https://cursosedicas.com/cartao-nacional-de-saude-do-sus-sus-digital-app/
Postado por Antônio Brito
Covid-19 e HIV não são os mesmos. Mas são similares em muitos aspectos que importam, diz artigo do El País
Desde que a pandemia de covid-19 começou a se alastrar sobre nós nos primeiros meses de 2020, duas tensões opostas têm se mantido acesas nas páginas da internet e também dentro do meu coração. De um lado, na busca por alguma referência para aquilo que meu terapeuta chama de “estes tempos estranhos”, muitos têm olhado para a epidemia de aids em busca de lições, de algum tipo de conselho sobre como lidar com tempo de mortes maciças, histeria e medo. Do outro, porque a epidemia de aids foi um monstro muito peculiar, há um instinto de mantê-la em um armário protegido com vidro laminado e deixá-lo descansar em paz.
Desde que aquela imagem apareceu on line pela primeira vez, centenas de contas têm criticado duramente ACT UP New York pela comparação, e as razões das críticas são várias. Alguns têm dito que usar Mar-a-Lago como representação de todo o Governo federal associa um problema sistemático diretamente a Trump e é em última instância contraprodutivo. Outros entendem que a comparação é desrespeitosa com Wojnarowicz, com pessoas vivendo com HIV, e com a História da Epidemia. Na verdade, todas as vezes em que a comparação entre HIV e covid-19 aparece, discussões similares se seguem: covid-19 não está afetando exclusivamente a população queer como no caso da HIV. Não se trata de uma doença estigmatizante que tem feito as pessoas serem renegadas por suas famílias, ou serem proibidas de partilharem garfos e facas durante o jantar. Não se trata de um vírus fortemente associado a um grupo estigmatizado ou um conjunto de grupos estigmatizados, como era o caso do HIV no começo da pandemia.
Desde aquela primeira imagem, ACT UP New York dobrou a aposta e divulgou uma segunda imagem no Instagram, uma atualização do famoso Silêncio = Morte embaixo de um triângulo rosa sob um fundo preto feito por Gran. Dessa vez, em uma referência a Trump, o fundo preto foi mantido, mas o triângulo é laranja, e o texto é Trump = Morte.
Aquela imagem também fez o antigo grupo de ativistas se encontrar com seus opositores, principalmente para aqueles que acreditam que insistir em Trump tira de foco o tom de luta próprio do ACT UP: mudanças estruturais são necessárias agora. Entretanto, quão mais a internet fazia barulho contra o ACT UP Nova Iorque e quão mais eu checava os efeitos disso com aqueles que eu amo, tanto dentro quanto fora do ACT UP, mais eu via a necessidade de comparação, tanto das imagens quanto das epidemias.
Antes que eu avance na comparação, gostaria de esclarecer que reconheço que esses vírus são cientificamente diferentes: HIV e covid-19 têm pouco em comum no que se refere a formas de transmissão e efeitos na fisiologia do corpo. Mas, naquilo que eles afetam o corpo político, os cidadãos, eles têm desenterrado muito dos piores impulsos da sociedade: a necessidade de culparmos, criminalizarmos e prendermos uns aos outros. São esses os aspectos da epidemia de HIV que podemos em busca de orientação.
Ambos, covid-19 e HIV, afetam aqueles que são mais marginalizados.
No início da epidemia de aids, havia a ideia de que HIV afetava grupos conhecidos como “clube dos 4H): homosexuais, haitianos, usuários de heroína e hemofílicos. Vamos ampliar isso um pouco mais e simplesmente dizer: população trans e queer, negros (e outros não brancos), pessoas que usam drogas, pessoas com necessidades especiais. Estão incluídos aí a maior parte dos grupos que ainda são mais suscetíveis ao HIV hoje, e isso tem uma razão simples: saúde física tem pouco a ver com o nosso próprio corpo. Em muitos casos, saúde física não é um produto de escolhas individuais, e ela está, em muito casos, fora do nosso controle. Se você me disser o CEP de onde você nasceu, eu posso informar que doenças você tem maior risco de contrair.
Enquanto as imagens iniciais da crise da aids focam em homens gays brancos, a verdade é que uma faixa muito maior foi afetada por/ respondeu à/ morreu na/ e sobreviveu à epidemia. E quando você nota quem ainda é diagnosticado e morre de aids hoje, a população para quem a epidemia continua presente, tratam-se de negros, pessoas trans não brancas e a população queer no geral. Para essas comunidades, aids não é algo protegido em um armário com vidro laminado, nós ainda estamos vivendo em meio a ela. Adam Geary abre seu livro, Anti-Black Racism and the aids Epidemic (não publicado no Brasil), com a frase: “A cor da aids na América é Preta”. E, também, como nós estamos começando a ver, essa é a cor da covid-19.
Enquanto Nova York continua a acumular manchetes por ser o epicentro da epidemia nos Estados Unidos, há um outro estado também tem sido abalado pela covid-19: Louisiana. Enquanto Nova York tem o maior número de casos, é importante olhar para a Louisiana e como ele tem sido desproporcionalmente impactado pelo vírus devido a sua falta de acesso a cuidado médico e de equidade. Em 2017, o Commonwealth Fund classificou o sistema de saúde da Louisiana na posição 49 dentre os 50 estados estadunidenses e o distrito federal, Washington. No fim de março, os números de desfechos fatais por covid-19 no estado da Louisiana competiam com os do estado de Nova York. Na quinta, 2 de abril, o estado registrou 2.726 novos casos do vírus, um aumento de 42% em relação ao dia anterior.
E não se trata apenas da Louisiana. Apesar de representarem apenas 29% da população da cidade de Chicago, a população negra responde por 70% das mortes relacionadas à covid-19. Em Milwaukee, cidade do estado de Wisconsin, onde 26% da população é negra, residentes negros são a metade dos casos da cidade e 81% das mortes relacionadas à doença. Enquanto alguns podem entender a epidemia de AIDS como uma epidemia que aconteceu e que chegou a um fim, e o coronavírus como uma que começou e que um dia chegará ao fim, lembre-se, Louisiana é um estado que ainda está lidando com as duas simultaneamente, junto com políticas racistas, como encarceramento em massa e a realidade da pobreza e da mudança climática, ambas as quais afetam americanos de formas diferentes ao longo do espectro racial.
Responsabilidade Pessoal
Eu já falei sobre a peculiar filosofia americana sobre saúde. Mas voltemos a ela. Nos Estados Unidos, muitas pessoas acreditam que o que quer que aconteça com você, no que diz respeito a sua saúde, é culpa sua. Eis porque nós não temos um sistema de saúde universal e porque muita gente acredita que precisamos pagar tão caro só pra manter nossos corpos em pé.
Isso não é bem assim. Muito da nossa resposta a qualquer vírus vem do medo. Um vírus expõe nossa mortalidade. Na maior parte das vezes, muitos de nós podemos manter o fato de que somos mortais de lado, mas esse não é o caso durante uma epidemia. A epidemia de aids ensinou algo para a população queer, para a população trans e outros não brancos, que ainda está grudado nas nossas cabeças até hoje: a qualquer momento a nossa sexualidade poderia nos fazer ficar doente e morrer. Quando me assumi gay para minha família, fui avisado de que não deveria pegar aids. Naquele tempo, Eu não sabia que meu pai estava vivendo com HIV: tudo porque ele vinha lidando com dependência de drogas desde que tinha 13 anos de idade.
Agora, na era da covid-19, tenho visto muita gente na internet expondo as pessoas que saem na rua, aqueles que têm encontrado seus entes queridos. Como um homem gay, vejo muitos homens gays julgando uns aos outros não somente por querer sair pra transar, mas também por estarem no Grindr. Deixe me ser bem claro: nenhuma dessas práticas é boa do ponto de vista da saúde pessoal ou coletiva. Eu desencorajaria qualquer um a sair por uma razão não essencial e recomendaria às pessoas a acharem formas para explorar uma sexualidade saudável durante esse tempo: sexo por telefone, por vídeo, masturbação. A escolha aqui é do freguês.
Nesse momento, eu me vejo continuamente olhando para os meus heróis da tempo da aids em busca de orientação. Um, o jornalista Steven Thrasher, recentemente escreveu no Twitter sobre como fazer as pessoas passarem vergonha não é uma tática útil para a saúde pública. Mesmo que essas pessoas possam não estar fazendo isso por motivos de saúde pública, é tão importante quanto saber que nós estamos passando por uma era traumática, e que as pessoas estão lidando com ela na forma que podem.
Se nós voltarmos outra vez para a epidemia de aids em busca de orientação, veremos que envergonhar as pessoas não é uma intervenção efetiva em saúde pública. Envergonhar a população gay pela sua sexualidade não funcionou. As pessoas fizeram sexo (sem proteção!) porque elas precisavam se sentir próximas de outras em um momento no qual o nosso futuro era incerto. Insisto, eu não estou diminuindo a gravidade de sair para transar agora. Mas algo que eu aprendi em terapia é que as ações das outras pessoas estão fora do nosso controle. O que você pode controlar é como você reage a essas ações.
Eu espero que nós possamos reagir com menos julgamento. Outra lição oriunda da epidemia de aids veio com meu amigo Jeremiah Johnson, diretor de tratamento de HIV no Treatment Action Group, uma organização nascida do ACT UP. Em uma atualização de status feita no Facebook, ele escreveu um checklist útil com alvos para direcionar a raiva durante uma epidemia, vou citar a lista aqui:
1. O vírus em si.
2. Os políticos, o sistema, e a estruturas sociais que inibem nossa habilidade de responder efetivamente ao vírus.
3. A falta de ferramentas efetivas para parar o vírus.
4. Comportamentos individuais que contribuem para a disseminação do vírus.
Tenho a impressão de que, com muita frequência, nós invertemos essa lista ―pesando a mão no comportamento humano, porque esse é um alvo sobre o qual nós acreditamos ter mais controle― inadvertidamente esquecendo de convocar os nossos políticos a assumirem a responsabilidade por um sistema de saúde falido e/ou respostas efetivas para a epidemia ―esquecendo ainda que o maior vilão da história é o vírus em si mesmo.
A covid-19 está sendo criminalizada
Os Estados Unidos não só culpam as pessoa por adquirirem doenças, eles também amam culpar pessoas que já estão doentes por transmitirem doenças para outros. Na terra de encarceramento em massa, doenças são similares a armas. Para além de toda a realidade das profilaxias de pré-exposição (PrEP), ações de prevenção e outros avanços científico, inúmeros estados ainda criminalizam pessoas vivendo com HIV por atos que não transmitem HIV, como cuspir. Alguns estados não têm legislações específicas para o HIV, mas irão aumentar as penas se a pessoa condenada estiver vivendo com HIV.
Já existem relatos nos Estados Unidos e em outros países de pessoas sendo presas e encarceradas por “intencionalmente” disseminarem coronavírus. Nos Estados Unidos, eles podem ser acusados usando as leis federais antiterrorismo. Uma pessoa doente não é um terrorista.
Criminalizar o HIV não é uma boa prática de Saúde Pública. Essas leis representam nossos piores medos e ideologias sancionadas pelo Estado.
Elas são formas de controlar populações marginalizadas ―e essas novas formas de criminalizar a covid-19 serão usadas da mesma forma. Como já sabemos com as informações iniciais que temos, comunidades negras estão outra vez sendo devastadas por essa crise sanitária. Não resta dúvida de que essa crise será usada como uma desculpa para aumentar a vigilância policial nas comunidades de não brancos, seja por espirrar, não pode pagar o aluguel, ou ir ao supermercado.
Intimidade
Humanos são criaturas sociais. Nós precisamos uns dos outros para viver. Nossas relações com outras pessoas ―familiares, românticas, fraternas, sexuais― nos sustentam. A aids rompeu as redes através das quais as pessoas exercitam sua sexualidade, seja porque as pessoas estavam morrendo, sentindo-se envergonhadas por suas sexualidade, ou por se absterem de sexo pelo medo de morrerem. Esse medo fez nascer textos como How to have sex in an Epidemic ( Como transar durante uma epidemia), um dos primeiros textos a discutir francamente como um homem gay poderia transar com o outro e seguir vivo. Nós vivemos em uma realidade muito diferente no que se refere à mídia.
Desde o início da expansão da covid-19 e do isolamento social a ele associado, eu tenho visto muito material jornalístico discutindo sobre o que significará ter intimidade com alguém, e manter a nossa sanidade, em um momento em que estamos sendo instruídos a manter a distância uns dos outros. As pessoas têm escrito sobre festas sexuais digitais, como ter intimidade em tempos de distância, e como se masturbar quando você não tem o privilégio de uma porta fechada.
Estamos todos reaprendendo como manter o sexo vivo neste momento, e nós temos nos apoiado mutuamente nesse aprendizado. Devemos ficar a dois metros de distância neste momento enquanto precisamos nos livrar dessa dor.
Nosso governo é um desastre
Como você já deve ter entendido até aqui, todo o adoecimento é estrutural. Uma das falas mais repetidas sobre a resposta governamental ao HIV é que ela foi além da apatia e transformou-se em crueldade. A administração de Reagan riu do total de mortes durante a epidemia de aids. Ainda não há nenhum áudio vazado de Trump rindo dessa epidemia, mas há amplas provas de que o presidente nem pestaneja sobre deixar norte-americanos pobres morrerem para que as grandes empresas possam sobreviver. Muitas famílias já não podem pagar pelo aluguel e pelas compras de mercado. O governo respondeu com um cheque de 1.200 dólares que, ainda que seja algo, pode não chegar até setembro para alguns e não será suficiente para dar conta do aluguel e das necessidades básicas de muitos.
E, porque nós vivemos em um país que acredita na responsabilidade pessoal, as pessoas já estão sendo engolidas por contas exorbitantes simplesmente por terem contraído covid-19 e estarem sendo tratadas.
Como Bernie Sanders frequentemente diz, nós vivemos em um país que acredita no socialismo para os ricos (uma programa de incentivos financeiros que salva as empresas) e um inabalável individualismo para os pobres (contas por estar recebendo cuidado durante a pandemia de covid-19).
ACT UP segue dando respostas
No imaginário de muitos, ACT UP provavelmente teria se dissolvido tão logo o auge da (mainstream, branca) epidemia de aids se atenuou. Não é bem o caso. Um amigo e membro do ACT UP, Andy Velez, que morreu em 2019, costumava dizer que uma vez que você esteve no ACT UP, você sempre estará no ACT UP. Ninguém sai. Eu ainda recebo e-mails do ACT UP e posso te dizer: muito da estrutura de resposta montada por ativistas para a covid-19 vem de redes que já existiam por conta do ativismo por saúde queer nascido nos tempos da epidemia de aids.
Muitos dos meus amigos que hoje integram as respostas coletivas a aids estão sendo chamados a lutar novamente contra a covid-19 porque eles veem a linha comum entre as duas doenças. Nós estamos enfrentando um vírus para o qual ainda não há tratamento efetivo. Ele tem levado as pessoas a culparem umas às outras. Nós estamos com medo da intimidade.
As fraturas no nosso terrível sistema de saúde estão sendo expostas. Melhor do que entender covid-19 e HIV como epidemia separadas, muitos estão vendo a covid-19 como uma espécie de sequência, provando que a luta à laVingadores contra um sistema de saúde terrível ainda não terminou.
Pouco tempo depois do drama online inicial contra o meme do ACT UP ter acontecido, eu retuitei aqueles que estavam repreendendo o ACT UP New York. “Eis uma observação”, escrevi. “Enquanto queers brancos estão discutindo sobre a estética de um meme ACT UP, eu assisti à covid-19 tirar a vida de pelo menos quatro pessoas queers não brancas”. O sentimento por trás do tuíte era verdadeiro: tal e qual o HIV, a covid-19 irá afetar aqueles em nossa sociedade que são mais marginalizados, o que ainda significa a população queer.
O fiasco todo me desanimou em muitos aspectos. Ao invés de ampliar compaixão ou focar naqueles que estavam morrendo, as pessoas preferiram tuitar baboseiras sobre o grupo que está tentando fazer algo para resolver o problema. Conversando com um amigo, ele me lembrou de um poster, “A sua nostalgia está me matando”, criado pelos artistas Vincent Chevalier e Ian Bradley-Perrin em 2013.
Em uma entrevista, Bradley-Perrin afirmou que o cartaz é uma reação à nostalgia que circula a AIDS (o que eu chamei de o armário protegido da aids, onde a história da aids é canonizada, intocável e quase estéril) e o “papel que [a nostalgia] tem executado de reescrever as realidades do período com imagens visuais de conforto e comunidade”.
Ele acrescenta: “Quando pensamos nos anos oitenta e noventa e falamos sobre as ações envolvendo cinzas e os funerais públicos, e os descontextualizados de sua especificidade histórica ―quando dizemos que as coisas são diferentes para nós agora― nós não estamos pensando sobre as formas através das quais a criminalização é extenuante sobre as pessoas pobres hoje”.
Entendo e simpatizo com as pessoas para quem a comparação entre as pandemias pareça descabida ou, em um nível mais pessoal, desrespeitosa. Cada um de nós, especialmente as pessoas queer, pessoas não brancas e aqueles, como eu, na interseção, têm uma relação intensa e pessoal com a epidemia de AIDS. Cada um dos nossos traumas ligados a isso é singular, como nossas impressões digitais. A comparação desenhada entre ela e a pandemia de covid-19 pode não ser perfeita, mas eu me recuso a deixar o perfeito ser inimigo do bem. E eu realmente acredito que falar das falhas do nosso sistema de saúde, da flagrante desconsideração para com a vida humana, e quais emoções essa comparação em nós são todas em nome do bem.
À luz da duração da história humana, nosso tempo gasto dentro de casa e isolados uns dos outros será uma pequena mancha. Mas isso irá emergir gigante em nossa psique coletiva. Todos irão lembrar como é sentir-se desamparado, assustado, sozinho e excluído. Nós compareceremos a funerais e celebrações, muitas delas digitais, e aprender novas lições durante o luto. Nós teremos um senso partilhado de trauma; precisaremos uns dos outros para nos recuperar. A lição que tiramos disso será útil. Torçamos para que não coloquemos esse aprendizado na gaveta.
Fonte https://agenciaaids.com.br/noticia/covid-19-e-hiv-nao-sao-os-mesmos-mas-sao-similares-em-muitos-aspectos-que-importam-diz-artigo-do-el-pais/
Postado por Antônio Brito
Como cuidar de autistas severos na fase adulta?
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o transtorno do espectro do autismo é definido por características que afetam o comportamento social, a comunicação e a linguagem do indivíduo, que está focado em um conjunto restrito de atividades e interesses únicos de seu contexto.
Normalmente, as características do autismo aparecem nos primeiros cinco anos de vida e tendem a persistir durante a adolescência e a fase adulta. O transtorno é normalmente identificado em três níveis, conforme a dificuldade de comunicação: grau 1 (leve), grau 2 (moderado) e grau 3 (severo).
Quando ficam mais velhos, os autistas severos podem ter mudanças de comportamento que surpreendem os pais. Como a comunicação verbal é restrita, essa compreensão é muito limitada.
"Eles podem ficar mais agressivos. E como agora eles têm mais força, com um corpo de adulto, fica ainda mais difícil de serem contido pelos pais, que estão mais idosos", analisa a especialista em biologia molecular Graciela Pignatari, que estuda os mecanismos biológicos presentes no autismo.
As mudanças de comportamento
O casal Eduardo e Alba Milena, de Santo André (SP), estava acostumado com a rotina do filho Lucas, um autista não-verbal que também apresenta quadro de epilepsia —uma doença comum em pessoas que têm o transtorno. O dia a dia de Lucas se resumia a terapias, consultas médicas e atividades variadas em uma escola de educação especial em São Bernardo do Campo (SP).
Há cerca de dois anos, após completar 22 anos, a comunicação ficou mais difícil. Lucas, que sempre havia se mostrado obediente com os pais, começou a ter surtos agressivos mais frequentes e duradouros que o normal para sua condição. "Ele começou a se impor. Percebemos que estava virando um homem que começou a confrontar os pais", conta Eduardo.
Esse processo não aconteceu do dia para a noite; foram cerca de sete meses, ao lado de médicos, terapeutas e profissionais da escola, tentando entender o que estava acontecendo com ele. "Um dia, o Lucas teve uma crise agressiva de oito horas, e aí percebemos que não tínhamos mais controle físico e emocional sobre ele", relata a mãe.
Depois de muitas pesquisas e conversas, os pais foram convencidos de que a saída seria um tratamento mais direcionado, 24 horas por dia, em uma clínica especializada no cuidado com autistas severos. Lucas passaria a viver na clínica; a casa de Eduardo e Alba, agora, seria um local para visitar nos fins de semana.
Para o casal, esse foi o maior sofrimento. Eles mudaram para Atibaia (SP), onde fica a clínica, para ficar mais perto do filho. A recompensa foi vê-lo rapidamente adaptado ao seu novo lar —em uma semana, já não havia mais resquício dos surtos agressivos.
"Tivemos que contar com a ajuda da minha irmã para encontrar essa solução, porque não tínhamos condição de pensar nisso. Mas conversamos com o Mauro, fundador da clínica, e percebemos que esse era o caminho", diz Alba.
O que acontece com o autista quando chega à fase adulta?
Basicamente, como aconteceu com o Lucas, o autista passa por mudanças hormonais análogas a qualquer pessoa que chega à adolescência e à fase adulta e sofre, muitas vezes, de uma crise de identidade.
"Você começa a criar condições físicas, mentais e psíquicas para enfrentar a realidade, com essa obrigação de ter maturidade. Isso também acontece com o autista. Só que ele não consegue entender esse processo de uma maneira linear e nem absorver esse conceito", explica o psicólogo Mauro Sérgio Stepanies, fundador do Núcleo de Integração Luz do Sol, a clínica especializada que recebeu Lucas.
Segundo Graciela Pignatari, essa situação é agravada pela tendência de alguns pais de infantilizarem o filho que possui o transtorno —e que também busca ter alguma independência, de acordo com a sua visão particular sobre o mundo. "O fato de ser autista não descarta que eles tenham questões de crescimento como nós temos, como a puberdade ou a necessidade de ter uma relação sexual, por exemplo", comenta Pignatari.
O cuidado necessário
Independentemente da idade, o tratamento de autistas estimula a interação social por meio de terapia ocupacional, psicoterapia e outros recursos para que ele tenha uma qualidade de vida melhor.
Considerando essas mudanças que afetam o comportamento dos filhos na chegada à fase adulta, os pais continuarão contando com o apoio dos profissionais especializados no trabalho com autistas, entre terapeutas, psicólogos, médicos e cuidadores, para serem mais assertivos no tratamento.
"O terapeuta comportamental pode dar orientações, por exemplo, sobre a questão da sexualidade, de como os pais devem agir com os filhos. Essa é uma das coisas que mais mexe com as pessoas nessa passagem da adolescência, e o terapeuta comportamental é fundamental para ajudar nesse processo", indica a psicopedagoga Cristiane Martins Bianco, diretora da escola de educação especial CrerSer, em São Bernardo do Campo, que recebe alunos que possuem algum tipo de deficiência.
Mas o ponto principal, tanto para os pais quanto para os especialistas, é observar e entender quais são as demandas do autista. "O Lucas é o meu mestre", define Mauro Sérgio Stepanies. "Ele me ensina quais são suas limitações. Temos que criar um ambiente para eles e aceitá-los como são."
Tão importante quanto cuidar do autista é que os próprios pais e familiares procurem ajuda para tratar do emocional e do psicológico nessa fase de transição. "Os pais precisam de trabalho terapêutico. Não é só cuidar dos filhos; eles precisam cuidar de si mesmos", ressalta Mauro.
A quem recorrer
A solução encontrada para o Lucas foi a clínica particular especializada no tratamento a autistas severos, num modelo de residência assistida. Mas Graciela Pignatari ressalta que cada um que possui o transtorno precisa ser avaliado individualmente, e a resposta para o tratamento sairá a partir dessa avaliação. "Não existe autismo igual para todos. Eles têm que ser vistos como pessoas únicas", afirma.
Além das opções de terapia e residência, os pais podem recorrer também às AMAs (Associação de Amigos do Autista) e outros grupos e fundações com experiência no tema, que servem como apoio psicológico. "Foi num evento de uma AMA em São Paulo, por exemplo, que eu conheci a residência assistida, e eles estão lutando para que esse modelo se torne mais viável no Brasil", conta Graciela.
Segundo os especialistas, no entanto, não se deve esperar essa mesma compreensão em relação a hospitais e outras unidades de saúde, que têm muita dificuldade no cuidado com um paciente autista, segundo o relato de pais e especialistas. "A sociedade e o poder público precisam investir nos profissionais da saúde para que eles se capacitem no cuidado com autistas. Eles não aprenderam isso na faculdade", diz Mauro.
Eduardo e Alba, por exemplo, sofreram com esse desconhecimento dos profissionais quando tiveram que levar o Lucas a hospitais durante seus surtos de agressividade. "Eles não sabem o que fazer, e aí encaminham para um hospital psiquiátrico", conta Alba.
Ao chegar ao hospital psiquiátrico, particular, a experiência foi ainda mais desalentadora. "Fomos orientados a não interná-lo ali. Ele, um autista severo, ficaria junto com pacientes esquizofrênicos e dependentes químicos", conta a mãe. "O sistema de saúde não está preparado. Não tem amparo."
Eduardo e Alba ressaltam que, se o atendimento já é muito deficiente em hospitais particulares, a situação é muito pior em unidades públicas. Por isso, agradecem por terem condições financeiras de levar Lucas para profissionais especializados e se dizem gratos pelo investimento no cuidado com ele.
"Desde o começo, colocamos ele numa escola especial e em todas as terapias. Nunca acreditamos no discurso de 'não adianta, ele não vai melhorar' que ouvimos de alguns médicos", diz Eduardo.
Esse cuidado direto também levou o casal a uma compreensão melhor —ainda que um tanto conturbada— sobre a condição do filho quando ele se tornou adulto.
"Vimos que ele quis o espaço dele. Um pai de um autista precisa entender o que acontece e respeitar essa decisão. Que pode ser doída para a gente, mas é a melhor para ele", diz Alba. "Graças a Deus, ele está num lugar onde é super bem tratado, junto com outros autistas que têm as mesmas, ou até mais, dificuldades que ele. Essa foi a escolha dele, e a gente respeita", conclui Eduardo.
28/05/2020
A partir da publicação da Lei 16.769 de junho de 2018 no Diário Oficial, indivíduos que escutam de um ouvido só podem participar de processos seletivos na condição de deficientes
Surdos unilaterais, ou seja, que escutam apenas de um ouvido, podem participar de processos seletivos, públicos ou privados, a fim de concorrer às vagas de emprego destinadas para pessoas com deficiência (PcDs) em todo o Estado de São Paulo. É o que garante a Lei 16.769 de junho de 2018, de responsabilidade do deputado estadual André Soares (DC), publicada no Diário Oficial na última terça-feira (19/06).
De acordo com a autoridade, a norma, decretada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) no dia 13 de junho, visa eliminar os problemas encontrados pelas pessoas com deficiência auditiva unilateral durante a busca por trabalho, uma vez que, apesar de apresentarem limitações, não eram consideradas com necessidades especiais e não disputavam às vagas de emprego reservadas aos candidatos com deficiência.
“Nossa ideia com essa lei é acabar com uma injustiça, pois a pessoa com audição unilateral não conseguia entrar no mercado de trabalho. Isso porque, nas vagas em geral, elas não passavam no exame médico por não terem parte da audição. Já nas vagas para pessoas com deficiência, elas também não passavam porque o médico dava um parecer de que a perda de audição não era total. Com a promulgação da lei [pelo governador Márcio França], os direitos são garantidos”, explica Soares.
Segundo informações divulgadas pela assessoria de imprensa do parlamentar, em fevereiro deste ano o projeto de lei foi vetado pelo então governador Geraldo Alckmin, alegando, entre outras justificativas, que o tema era de competência do governo federal. No entanto, em 2011, Alckmin sancionou a lei que “classifica a visão monocular como deficiência visual”. Dessa forma, “a nova regra adequa a legislação estadual às diretrizes da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e qualifica a deficiência auditiva unilateral (ou surdez unilateral) como deficiência”.
Transtorno do espectro autista, um tema pertinente a muitas famílias, que deve ser discutido
Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2017, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado anualmente no início de abril (dia 2). Contudo, para muitas famílias brasileiras com crianças e adolescentes diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a conscientização contra o preconceito e a favor do desenvolvimento acontecem o ano todo, diariamente. De acordo com os dados do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje, no mundo, um caso a cada 110 pessoas. No Brasil, com mais de 210 milhões de habitantes, estima-se que existam, em média, dois milhões de autistas.
Essa é a causa e a luta da família de Alice, de apenas 3 anos e oito meses, diagnosticada com transtorno do espectro autista regressivo. “A Alice teve seu desenvolvimento como qualquer criança até os 13 meses de idade, mas depois disso passou a ter regressão e apresentar sintomas do transtorno. A busca pelo diagnóstico levou praticamente de um ano e meio, em diversas clínicas particulares, até que conseguimos obter o quadro final. Atualmente, o tratamento é feito pelos terapeutas da Care Plus”, conta Roberta Tunisi, de 37 anos, mãe da Alice, que dedica todo o seu tempo aos estímulos e tratamento da filha.
“Assim que o TEA é diagnosticado, o tratamento deve ser iniciado de imediato, pois, antes dos cinco anos, o cérebro é muito mais maleável e flexível, devido a neuroplasticidade, então habilidades sociais e de comunicação podem ser melhor desenvolvidas na criança”, comenta Melina Cury, coordenadora de psicologia da Care Plus.
Para Roberta, este tema (TEA) deveria estar em evidência o ano todo. Na data de conscientização em abril, muitas ações são feitas, mas falta frequência: “Precisamos informar toda a sociedade; afinal, muitas mães, como eu, lidam com crianças autistas o ano todo, todos os dias. Precisamos nos livrar da perfeição. Sei que existe um processo de aceitação, mas não temos que vestir a carapuça de vítima, nem ter peso por tratar da doença; pelo contrário, precisamos ser fortes, otimistas e nos libertar disso, vivendo felizes e proporcionando qualidade de vida aos nossos pequenos”.
O desafio de manter o tratamento em tempos de pandemia
Com a pandemia da Covid-19, 100% do tratamento da Alice passou a ser feito em casa, de modo remoto, por meio de consultas virtuais. “Diariamente nos conectamos, e as terapeutas vão conduzindo as medidas clínicas on-line, enquanto eu vou aplicando fisicamente todas as orientações e aquilo que precisa ser feito. Para não haver regressão da síndrome, é preciso realizar um estímulo de três horas diárias, no mínimo”, declara Roberta.
A família de Alice é beneficiária da Care Plus há dois anos. Segundo a mãe, antes usufruíam dos serviços de médicos particulares, mas o diferencial da Care Plus, com médicos seletivos e atenciosos, proporciona atualmente três tipos de terapias à Alice, que envolvem cinco profissionais ativos, duas supervisoras e psicólogas formadas em Análise do Comportamento.
Como o atual desenvolvimento de Alice assemelha-se ao de um bebê de 10 meses, os estímulos devem ser diários para manter e aprimorar as habilidades adquiridas. Para a mãe, é o tratamento que proporciona o sorriso da Alice: “Todos temos o sol e a sombra, mas nenhum deve ofuscar o outro. As pessoas precisam compreender isso. Me dedico muito e quero tocar o coração das pessoas e quebrar os estereótipos”.
Cada autista é diferente e precisa de cuidados específicos. Nesse sentido, ao estar no ambiente familiar, minimiza-se a mecanização de uma clínica médica. “Inserimos ainda mais personalização no tratamento, usando brinquedos que ela gosta, dentro dos ambientes que ela já tem contato e está habituada, sem causar estranhamentos. Sem contar que, quando há mudança de terapia, o processo de adaptação é bem demorado, lento, e tudo vira um ritual. E, como nós estamos aplicando as terapias em casa, personalizamos ainda mais o tratamento, o que tem fortalecido os nossos vínculos de confiança. Isso é muito gratificante. Há um ganho enorme por Alice ser tratada em casa, notamos que ela está muito mais participativa, mais confortável e se solta bem mais agora do que na clínica”, finaliza Roberta.
Fonte https://revistareacao.com.br/transtorno-do-espectro-autista-um-tema-pertinente-a-muitas-familias-que-deve-ser-discutido/
Postado por Antônio Brito
MP prevê que Cinemas terão até 1º de janeiro de 2021 para cumprir acessibilidade
A Câmara dos Deputados aprovou, sem destaques, medida provisória que prorroga até 1º de janeiro de 2021 o prazo para que todas as salas de cinema no país ofereçam recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual ou auditiva.
Ao enviar a MP 917/19 ao Congresso Nacional, o governo argumentou que a prorrogação era necessária pois os recursos para financiamento para as salas de cinema fazerem adaptação, compra e instalação de equipamentos só foram liberados no dia 17 de dezembro de 2019 – duas semanas antes de terminar o prazo inicial.
Em nota de encaminhamento, o governo ressaltou que “não houve tempo hábil para possibilitar o desenvolvimento de linhas de crédito e, consequentemente, para que o mercado se organize, por meio de seus arranjos e planejamento de negócios, se faz necessário a prorrogação do prazo”.
A MP segue para tramitação final no Senado Federal. A adaptação das salas de cinema cumpre o que determina a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – o Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Informações da Agência Câmara
Fonte https://revistareacao.com.br/mp-preve-que-cinemas-terao-ate-1o-de-janeiro-de-2021-para-cumprir-acessibilidade/
Postado por Antônio Brito