- Por Lu Figueiredo
A Violência Sexual tem um destaque entre as modalidades de violência, pois envolve conteúdo moral muito forte. Neste texto chamamos a atenção para a modalidade “intrafamiliar” e as sinalizações da vítima.
A Violência Sexual Intrafamiliar tem como envolvidos no processo de abuso: pais, irmãos, tios, avós, padrasto e madrasta ou pessoas ligadas às vítimas por laços de afinidade.
Por se tratar de algo praticado por pessoas tão próximas, nem sempre as vítimas conseguem buscar ajuda, mas acabam sinalizando através de alterações de comportamento.
O abusador age de formas diversas, como pornografia, utilizando revistas, músicas, vídeos, exibicionismo, exploração sexual, mas existem formas que envolvem toques nas áreas genitais, mama ou ânus, masturbação, sexo oral, mas pode acontecer penetração anal ou vaginal. Nem sempre o abuso deixa marcas visíveis e, por isso, é difícil a detecção.
É um tipo de relação de poder, onde o agressor ameaça a vítima caso ela conte para alguém, e faz ameaças de maus tratos para a família e pessoas que representam proteção, em alguns casos para formalizarem a violência, matam animais de estimação, quebram brinquedos e até mesmo mostram fotos e vídeos de pessoas sendo agredidas, esses são fatores de grave ameaça.
Outro fator importante é que, em alguns casos de abuso intrafamiliar, a mãe é conivente com o agressor, por envolver vínculo de relacionamento da própria mãe (pai, padrasto, namorado), inclusive induzindo a vítima a negação.
Todo este ciclo de violência pode durar um longo tempo para ser desvendado, ou até mesmo nunca ser descoberto.
Algumas ações podem ser importantes para detectar o fenômeno da violência sexual intrafamiliar.
Reconhecer algumas sinalizações no comportamento pode ajudar a descobrir o abuso. Enurese noturna, ansiedade, alteração nos hábitos alimentares, mudanças como: roupas largas, cores escuras, mangas compridas, manias de isolamento, se mostram arredias a determinadas pessoas, agressividade, medo, dificuldade de atenção, choro, masturbação excessiva.
Nas marcas físicas podem ser encontradas feridas nas regiões genitais, assaduras, fissuras anais, nos lábios (sexo oral), desconforto ao urinar e evacuar.
Sinais psiquiátricos: depressão, ansiedade, dissociação, ideação suicida, compulsividade, imagem distorcida do corpo, sinais de uso de bebidas.
Estas sinalizações são pedidos silenciosos de socorro e é muito importante ser olhado, escutado e interpretado. Quando pensamos em violência sexual intrafamiliar a escola é um local que pode ter muita influência no processo de descoberta da vítima, pois é através do olhar e escuta do educador que a vítima pode encontrar o seu porto seguro, pois a escola passa ser um ambiente de proteção para vítima.
Temos um olhar especial para a crianças e adolescentes com deficiência, pois são bastante vulneráveis à violência sexual e muitas vezes chegam até a adolescência, guardando o segredo que em si já configura violência psicológica.
Muitas vezes a criança com algum tipo de deficiência que precisa de cuidados especiais, como: troca de fraldas, banhos, precisam de ajuda na mobilidade, podem sofrer toques abusivos, manipulações genitais e não conseguem verbalizar o incomodo do abuso, mas encontram nas alterações comportamentais a sua forma de pedido de socorro.
Por isso, cabe um olhar e escuta a este pedido de socorro, pois os estragos na vida de uma vítima são extremamente prejudiciais e podem até levar à morte.
No caso de Violência Sexual Intrafamiliar é muito importante que haja desmistificação de classe social, onde se imagina que este tipo de abuso acontece somente em comunidades de baixa renda, cortiços e assentamentos, mas acontece em lugares onde quem precisa ser a proteção assume o papel do criminoso. A vítima está em qualquer lugar onde o abusador tiver oportunidade de agir.
* LuQuinha Figueiredo é Bióloga Especialista em Métodos de Enfrentamento de Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes com Atenção às Vítimas de Abuso Sexual. Especialização em Neuropsicopedagogia e Educação Especial e Inclusiva.Fonte. https://revistareacao.com.br/violencia-domestica-sexual/
Postado por Antônio Brito
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