- Por Kica de Castro
A moda faz parte da história do mundo desde o século XV, início do renascimento europeu. Já a roupa surgiu bem antes, no período Paleolítico, usando recursos naturais, através da manipulação de caules e plantas. O homem do tempo da “Pedra Lascada” inventou uma das mais fantásticas descobertas da humanidade. Vejam só: a roupa foi criada com um tema atual, ecossistema !!!
Muito além de ser apenas indumentária humana, a roupa faz parte do conceito da moda que abrange muito mais que vestuário. É definida como um conjunto de opiniões, gostos, tecidos, cores, assim como modos de agir, viver e sentir coletivos.
A moda é um assunto mundial, passou a criar sua própria linguagem, mudando comportamentos e alterando a mais básica expressão de uma sociedade.
Não é por acaso que esse tema ganhou espaço no meio acadêmico e virou estudo de pesquisa e transformador na ciência humana. Sua classificação é considerada arte e também ciência.
Com a chegada dos anos 40 e as grandes atrizes de Hollywood, a moda dita o que é padrão de beleza corporal, e vai mudando as características físicas até estacionar nos anos 90, quando surge a cruel ditadura que o corpo, para ser belo, precisa ter apenas uma característica física e ter exata altura e demais medidas.
Desde então, entrar no conceito de beleza é uma luta diária para valorizar a pluralidade dos corpos.
Em tempos atuais, a moda precisa passar por um novo processo de reeducação para
continuar a sua evolução. Com tantas belezas físicas existentes, não tem como determinar um padrão corporal. Podemos sim ter um tipo físico da nossa preferência, mas aí é uma questão de gosto, onde cada indivíduo tem o seu. Devemos respeitar, mas rotular jamais.
O coletivo RElab Criativo, vem para esse cenário de educar para poder integrar e revolucionar, desde 2019. Nesse momento com a proposta de um novo vocabulário nos temas: acessibilidade, design universal, sustentabilidade, resgate da ancestralidade e moda.
São pontos simples para exercitar a reflexão. Ao invés de usar a palavra inclusão, passou-se a usar a palavra interação. No lugar da diversidade podemos falar pluralidade – fato de existir em grandes quantidades, de não ser único.
Mudar o termo de Moda Inclusiva para Moda Plural faz todo sentido.
Parando para avaliar, são atitudes simples que transformam o mundo. Hoje é impossível falar que pessoas com deficiência é um segmento formado por minorias, afinal, 46 milhões de pessoas com deficiência no Brasil são capazes de escrever qualquer história.
“A minha moda é de acordo com o meu gosto pessoal e não por imposição do mercado de consumo.”
Anny Souza – Modelo com tetraplegia de Salvador/BA
“Se for para ser julgada pelas roupas que uso, a definição é mulher empoderada.”
Deborah Fontenele – Modelo com paraplegia de Goiânia/GO
“Eu gosto da definição de que corpo bonito é aquele que tem gente feliz dentro.”
Mariozane Machado Silva – Lutadora de boxe com amputação de membro inferior.
“A moda precisa ser democrática e promover a interação.”Sandra Ribeiro – Relações Públicas – Poliomielite
* Kica de Castro é publicitária e fotógrafa. Tem uma agência de modelos exclusiva para profissionais com deficiência, desde 2007. Apresentadora do programa Viver Eficiente e consultora colaboradora do coletivo RELab Criativo.
E-mail: vivereficiente@gmail.com
Instagram: @vivereficiente
Fonte. https://revistareacao.com.br/educar-para-revolucionar/
Postado por Antônio Brito
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