Por Márcia Gori
Olá meninas !!! Hoje gostaria de conversar com vocês sobre os nossos sentimentos neste momento de isolamento social, como estamos nos sentindo fora do nosso dia a dia, algumas sem poder ir trabalhar, ver gente e sentir o abraço e o olhar social.
O isolamento social se torna necessário por questões de prevenção, o que está difícil mesmo é ver tantos de nós da militância indo embora, virando estrelinha em algum lugar, creio que isso dói muito mais.
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Sinto saudades dos nossos encontros, das nossas lutas e divergências, quando será que nos veremos novamente?
O que me preocupa, trazendo uma reflexão profunda como será que estamos, nós mulheres com deficiência, nesse isolamento ? Será que estamos sendo respeitadas ? E como será que está a violência doméstica ?
Por que diante dessa loucura toda que estamos vivendo, as pessoas à beira de um surto, sem dinheiro, com medo com o que pode acontecer amanhã, sem entender os seus próprios sentimentos e confusões emocionais, como está essa mulher nesta confusão toda ?
Sabemos que muitas famílias, cuidadores, não estão preparados para enfrentar tanta pressão e principalmente lidar com sentimentos desta mulher que também está tentando passar por todo este turbilhão, e ainda mais, com um risco maior de perder pessoas que as auxiliam e talvez a própria vida.
Tenho comigo que neste momento precisamos ser mais solidários, onde houver suspeita de violência, cada um de nós deve fazer denúncia e nos colocar mais à vista para auxiliar as pessoas neste momento.
A questão da violência doméstica é muito maior e mais grave do que pensamos, porque ela existe desde os primórdios dos tempos e cada vez que há uma pressão social por pandemias, crises mundiais (guerras, fome, calamidades), sabemos que é nesses momentos que aqueles que tem sentimentos ruins, ficam piores, e desperta muitas vezes um mal que chega a ferir a sociedade. Se analisarmos, não é culpa dessas pessoas, elas são consequências de toda estrutura familiar que muitas vezes está doente e ninguém se envolve para resolver, porque nós somos assim, é mais fácil fechar os olhos do que ter um trabalho de auxiliar, acolher e educar.
Estamos vivendo tempos críticos e atípicos, com nossas emoções saltando dos poros, vivendo forçadamente isolados, sem contato com pessoas. Só que temos que entender que o ser humano não sabe ficar isolado, e pior ainda, vivendo consigo mesmo.
O seu entorno fica raso, sem novas experiências e convivendo intimamente com suas dores e mazelas. É muita dor para entender !
Quando tudo estava “normal”, era mais fácil conviver consigo mesmo, dava para disfarçar as nossas dores. Mas agora está tudo muito escancarado, olhar para dentro e praticar o autoconhecimento não é fácil, precisa de coragem, determinação, fé em si mesmo e certeza que vamos sobreviver a todo esse furacão.
Quantas vezes já acordei no meio da noite com medo de que isso nunca mais vai acabar ? Medo de abrir as redes sociais e ver a notícia da morte de pessoas queridas minhas, assim como também de outras pessoas que não conheço, pois são queridas de alguém… É desgastante, doloroso e nos causa a sensação de impotência, entretanto, estamos sendo forçados a ter fé e acreditar em Deus (não estou fazendo apologia religiosa, respeito toda forma de pensamento e sentimento), não tem como negar que existe uma força maior, com planos arrojados e corajosos para nossa evolução.
Dessa forma, volto a dizer que está em nossas mãos a justiça, o amor ao próximo ou o acolhimento da dor do outro. Caso tiverem contato um algum tipo de violência ao seu próximo, seja solidário, interfira, denuncie, acolha a vítima, porque a pior dor é você se sentir sozinho e ninguém para te ajudar.
Até nosso próximo encontro !!!
* Márcia Gori é bacharel em Direito-UNORP, Presidente-fundadora da Ong “ESSAS MULHERES”, Idealizadora da Assessoria de Direitos Humanos – ADH Orientação e Capacitação LTDA, Ex-presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência – CEAPcD/SP 2007/2009, ex – apresentadora do Programa Diversidade Atual no canal 30-RPTV, ex-Conselheira Estadual do CEAPcD/SP 2009/2011, ex-Presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São José do Rio Preto/SP 2009/2012. Idealizadora do I Simpósio sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência do NIS – Núcleo de Inclusão Social da UNORP, Seminário sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência na REATECH 2010 a 2015, co-realizadora do I Encontro Nacional de Políticas Públicas para Mulheres com Deficiência em 2012, capacitadora e palestrante sobre Sexualidade, Deficiência e Inclusão Social da Pessoa com Deficiência, modelo fotográfico da Agência Kica de Castro Fotografias.
E-mail: marcia_gori@yahoo.com.br
Fonte. https://revistareacao.com.br/no-limite-de-nos-mesmas/
Postado por Antônio Brito
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