17/07/2021

No limite de nós mesmas…

Por Márcia Gori 

Olá meninas !!! Hoje gostaria de conversar com vocês sobre os nossos sentimentos neste momento de isolamento social, como estamos nos sentindo fora do nosso dia a dia, algumas sem poder ir trabalhar, ver gente e sentir o abraço e o olhar social.

O isolamento social se torna necessário por questões de prevenção, o que está difícil mesmo é ver tantos de nós da militância indo embora, virando estrelinha em algum lugar, creio que isso dói muito mais.

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Sinto saudades dos nossos encontros, das nossas lutas e divergências, quando será que nos veremos novamente?

O que me preocupa, trazendo uma reflexão profunda como será que estamos, nós mulheres com deficiência, nesse isolamento ? Será que estamos sendo respeitadas ? E como será que está a violência doméstica ?

Por que diante dessa loucura toda que estamos vivendo, as pessoas à beira de um surto, sem dinheiro, com medo com o que pode acontecer amanhã, sem entender os seus próprios sentimentos e confusões emocionais, como está essa mulher nesta confusão toda ?

Sabemos que muitas famílias, cuidadores, não estão preparados para enfrentar tanta pressão e principalmente lidar com sentimentos desta mulher que também está tentando passar por todo este turbilhão, e ainda mais, com um risco maior de perder pessoas que as auxiliam e talvez a própria vida.

Tenho comigo que neste momento precisamos ser mais solidários, onde houver suspeita de violência, cada um de nós deve fazer denúncia e nos colocar mais à vista para auxiliar as pessoas neste momento.

A questão da violência doméstica é muito maior e mais grave do que pensamos, porque ela existe desde os primórdios dos tempos e cada vez que há uma pressão social por pandemias, crises mundiais (guerras, fome, calamidades), sabemos que é nesses momentos que aqueles que tem sentimentos ruins, ficam piores, e desperta muitas vezes um mal que chega a ferir a sociedade. Se analisarmos, não é culpa dessas pessoas, elas são consequências de toda estrutura familiar que muitas vezes está doente e ninguém se envolve para resolver, porque nós somos assim, é mais fácil fechar os olhos do que ter um trabalho de auxiliar, acolher e educar.

Estamos vivendo tempos críticos e atípicos, com nossas emoções saltando dos poros, vivendo forçadamente isolados, sem contato com pessoas. Só que temos que entender que o ser humano não sabe ficar isolado, e pior ainda, vivendo consigo mesmo.

O seu entorno fica raso, sem novas experiências e convivendo intimamente com suas dores e mazelas. É muita dor para entender !

Quando tudo estava “normal”, era mais fácil conviver consigo mesmo, dava para disfarçar as nossas dores. Mas agora está tudo muito escancarado, olhar para dentro e praticar o autoconhecimento não é fácil, precisa de coragem, determinação, fé em si mesmo e certeza que vamos sobreviver a todo esse furacão.

Quantas vezes já acordei no meio da noite com medo de que isso nunca mais vai acabar ? Medo de abrir as redes sociais e ver a notícia da morte de pessoas queridas minhas, assim como também de outras pessoas que não conheço, pois são queridas de alguém… É desgastante, doloroso e nos causa a sensação de impotência, entretanto,  estamos sendo forçados a ter fé e acreditar em Deus (não estou fazendo apologia religiosa, respeito toda forma de pensamento e sentimento), não tem como negar que existe uma força maior, com planos arrojados e corajosos para nossa evolução.

Dessa forma, volto a dizer que está em nossas mãos a justiça, o amor ao próximo ou o acolhimento da dor do outro. Caso tiverem contato um algum tipo de violência ao seu próximo, seja solidário, interfira, denuncie, acolha a vítima, porque a pior dor é você se sentir sozinho e ninguém para te ajudar.

Até nosso próximo encontro !!!

Márcia Gori é bacharel em Direito-UNORP, Presidente-fundadora da Ong “ESSAS MULHERES”, Idealizadora da Assessoria de Direitos Humanos – ADH Orientação e Capacitação LTDA, Ex-presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência – CEAPcD/SP 2007/2009, ex – apresentadora do Programa Diversidade Atual no canal 30-RPTV, ex-Conselheira Estadual do CEAPcD/SP 2009/2011, ex-Presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São José do Rio Preto/SP 2009/2012. Idealizadora do I Simpósio sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência do NIS – Núcleo de Inclusão Social da UNORP, Seminário sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência na REATECH 2010 a 2015, co-realizadora do I Encontro Nacional de Políticas Públicas para Mulheres com Deficiência em 2012, capacitadora e palestrante sobre Sexualidade, Deficiência e Inclusão Social da Pessoa com Deficiência, modelo fotográfico da Agência Kica de Castro Fotografias.

E-mail: marcia_gori@yahoo.com.br

Fonte. https://revistareacao.com.br/no-limite-de-nos-mesmas/

Postado por Antônio Brito

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