Com BPC de filhos com deficiência suspenso, mulher enfrenta dificuldade para manter a casa
Sem enxergar direito de um olho, uma mulher de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, enfrenta uma rotina exaustiva para cuidar de três filhos com uma doença neuromuscular nunca identificada. Para complicar a situação, a dona de casa Dalva Maria dos Santos, de 54 anos, perdeu o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que havia conseguido para dois dos três filhos com deficiência. Essa era a única renda que ela tinha para manter a família, que mora na zona rural do município.
A família é assistida por uma equipe de uma Unidade Básica de Saúde que atende na região. — Foto: Reprodução/TV Grande Rio
"As vezes eu fico tão abatida que não consigo fazer nada dentro de casa. Não tenho coragem, fico sem andar, sem ânimo", lamenta.
Dona Dalva tem sete filhos, mas mora apenas com quatro, Miguel, 36 anos, Carlos, 35, Edenil, 25 anos, e Denilson. Regularmente, a família é assistida por uma equipe de uma Unidade Básica de Saúde que atende na região. Com esse suporte, ela conseguiu dar entrada no BPC que é pago para idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social. O auxílio só contemplou Miguel e Carlos.
Em janeiro de 2019, o BPC de Miguel foi suspenso sem aviso prévio. A renda que já era pouca, ficou ainda menor. Alguns meses depois, a família conseguiu se cadastrar no auxílio emergencial pago pelo governo federal durante a pandemia. Desde então, conseguiram sobreviver da forma que dava.
Com o fim do auxílio, dona Dalva se viu novamente sem perspectiva. — Foto: Reprodução/TV Grande Rio
Com o fim do auxílio, dona Dalva se viu novamente sem perspectiva. Denilson Gomes Reis, o outro filho da dona de casa, está desempregado e ajuda da forma que pode. Ele já tentou resolver a situação dos irmãos, mas não conseguiu. "Foi bloqueado o benefício dele [de Miguel], alegando que foi falta de recadastramento. A gente não tinha conhecimento disso", diz.
Denilson tentou fazer o recadastramento na Casa Bolsa e no INSS, mas pelos irmãos serem maiores de idade, seria necessário fazer uma curatela, um documento jurídico que permite cuidar dos interesses de outra pessoa que se encontra incapaz de fazê-lo. "Quando soube disso já tinha perdido o benefício", conta.
Denilson está desempregado e ajuda os irmãos como pode. — Foto: Reprodução/TV Grande Rio
A advogada previdenciária,Lívia Batista conta que o cancelamento do BPC acontece com bastante frequência.
"Existe um pente um fino no INSS que reavalia sua condições e acaba que eles entendem que você não comprovou, ou suas atualizações cadastrais dentro do Cadastro Único não estão sendo realizadas dentro do que a lei determina", diz.
A advogada destaca que as atualizações precisam ser feitas a cada ano para evitar que o prazo seja perdido ou tenha o benefício cancelado.
Para se manter, dona Dalva têm recebido doações da comunidade, mas espera que a situação seja resolvida o mais rápido possível. "Que eles deem os direitos do meu filho. Que façam alguma coisa por mim, me aposentem pelo menos. Eu preciso disso", conta.
Em nota, o INSS informou que “o Benefício recebido pelo Sr. Miguel Santos Reis foi inicialmente suspenso em 11/2019 por falta de saque por mais de 60 dias. Assim, após 6 meses sem saque o benefício foi cessado, por esta falta, o que é feito automaticamente pelo sistema.
Informamos que o motivo de cessação foi este e que para ter o benefício reativado o titular ou seu representante legal deve solicitar através do MeuInss ou 135 a reativação do mesmo”.
A estudante de Direito, Amanda Courel, tem apenas 20 anos e já passou por 8 cirurgias, ela nasceu com uma deficiência chamada mielomeningocele, também conhecida como uma má formação na coluna, que a tornou paraplégica. Mas para a Amanda, isso jamais foi empecilho para sonhar e lutar pelos seus sonhos.
“Nunca gostei de ficar parada, quando eu tinha 5 anos de idade, assisti uma apresentação de dança e pedi para minha mãe pra fazer balé, ela ficou um pouco surpresa com o pedido, mas para mim nada é impossível“.
Os pais da Amanda, foram em busca de uma escola que atendesse a demanda, e encontraram um lugar que ela pudesse ter aulas em Botucatu. Foi amor à primeira vista pela arte da dança, a botucatuense já coleciona inúmeras apresentações.
“Eu me realizo dançando, e sempre vou levar comigo que eu posso fazer, tudo que eu quiser.”
Além de ser um sucesso nas apresentações, a bailarina também está bombando nas suas redes sociais. Amanda começou a criar um conteúdo mostrando as coreografias e ensinando muita gente, que nada é um empecilho quando existe força de vontade e alegria em simplesmente estar vivo.
Os vídeos estão chegando para vários artistas do país, e a cantora Luísa Sonza reconheceu a bailarina em um comentário positivo no Instagram.
Fonte https://conteudo.solutudo.com.br/mundo/bailarina-cadeirante-da-um-show-de-inspiracao-e-faz-sucesso-nas-redes-sociais/Postado por Antônio Brito
O governo federal vai pagar, na próxima quinta-feira (28), mais de R$ 248 milhões de auxílio emergencial para 196 mil pessoas. A portaria do Ministério da Cidadania foi publicada hoje (26) no Diário Oficial da União, após análise das contestações e revisões decorrentes de atualizações de dados governamentais.
O grupo de beneficiários inclui cerca de 191 mil pessoas que contestaram a suspensão do benefício no site da Dataprev, entre 7 e 16 de novembro e entre 13 e 31 de dezembro de 2020, além de 5 mil pessoas que tiveram os pagamentos reavaliados em janeiro de 2021. Elas receberão de uma só vez todas as parcelas a que têm direito.
De acordo com o ministério, entre as 196 mil pessoas, há 8,3 mil que receberão a segunda, a terceira, a quarta e a quinta parcelas do auxílio emergencial. Outras 40,9 mil pessoas receberão as três últimas parcelas. Uma terceira faixa, de quase 68,1 mil cidadãos, receberá a quarta e a quinta parcelas. Por último, 78,3 mil vão embolsar somente a quinta parcela.
Os recursos serão depositados na poupança social digital da Caixa e já estarão disponíveis no dia 28, tanto para movimentação por meio do aplicativo Caixa Tem, quanto para saques e transferências para outros bancos.
Com o Caixa Tem é possível fazer compras na internet e nas maquininhas em diversos estabelecimentos comerciais, por meio do cartão de débito virtual e QR Code. O beneficiário também pode pagar boletos e contas, como água e telefone, pelo próprio aplicativo ou nas casas lotéricas, e transferir os recursos sem o pagamento de tarifas.
Para o saque em espécie, é preciso fazer o login no aplicativo Caixa Tem, selecionar a opção “saque sem cartão” e “gerar código de saque”.
Depois, o trabalhador deve inserir a senha para visualizar o código de saque na tela do celular, com validade de uma hora. Esse código deve ser utilizado para a retirada do dinheiro, que pode ser feita nas lotéricas, correspondentes Caixa Aqui ou mesmo nas agências.
Casais falam sobre o estigma social que significa namorar alguém com deficiência.
Depois que Hannah e Shane Burcaw se casaram em uma cerimônia íntima em casa, eles compartilharam uma foto do evento nas redes sociais.
"Somos marido e mulher!!!!", escreveu Hannah.
"Tenho muita sorte de agora estar casada com o melhor cara que conheço."
Mas eles receberam de volta mensagens como estas:
"Falando sério agora... ela também tem outro parceiro para fazer sexo?"
"Ele é rico ou algo assim?"
"Meu Deus... isso deve ser photoshopado."
O motivo, acreditam os YouTubers Shane e Hannah, é porque ele tem deficiência, e ela não. Shane tem atrofia muscular espinhal e usa cadeira de rodas desde os dois anos.
O casal, que mora em Minneapolis, no estado americano de Minnesota, afirmou à BBC Three que esse tipo de reação reflete o quão mal informadas muitas pessoas ainda estão em relação à deficiência e o namoro.
"Nossa sociedade nos diz que pessoas com deficiência não são parceiros dignos", diz ela.
"Quase não há representação positiva da deficiência ou de relacionamentos de pessoas com deficiência na mídia, então muita gente pensa que pessoas com deficiência não podem ter um relacionamento saudável e maravilhoso."
"Isso significa que quando veem Shane e eu, inventam teorias conspiratórias para tentar compatibilizar nosso relacionamento com o que aprenderam."
'A mídia torna a deficiência indesejável'
Uma pesquisa, de 2014, sugere que 44% dos britânicos incluídos na amostra não considerariam fazer sexo com alguém que tivesse uma deficiência física, enquanto 50% não descartariam a possibilidade.
Shane, que tem 28 anos, diz que a falta de representação positiva muitas vezes o fez sentir que "nunca encontraria uma parceira".
"As coisas que vi na mídia tornam a deficiência extremamente indesejável", afirma.
"Isso me levou a acreditar que a maioria das pessoas não gostaria de namorar alguém com deficiência."
Hannah, que está com 24 anos, afirma que embora a deficiência de Shane nunca a tenha incomodado (eles começaram a conversar depois que ela viu um de seus vlogs online), ela igualmente "nunca conheceu ninguém que usasse cadeira de rodas ou tivesse uma deficiência física".
Também há um debate sobre como os casais com e sem deficiência se descrevem.
Nos Estados Unidos, alguns casais, inclusive na comunidade de vlogs para pessoas com deficiência, começaram a usar o termo interabled.
Mas não é amplamente aceito. Alguns acham que é um reforço nada útil do pensamento limitado e voltado para condição clínica.
"É impreciso e foca nas diferenças físicas ou mentais entre as duas pessoas (ou mais) em um relacionamento", diz o radialista Mik Scarlet, militante da causa da deficiência.
"As pessoas com deficiência passam muito tempo tentando fazer com que a sociedade em geral entenda o 'modelo social da deficiência', que sugere que não somos deficientes por causa dos nossos corpos, mas sim pela maneira como a sociedade nos trata, então quando um conceito como 'interabled' ganha força, destrói grande parte desse trabalho. "
A BBC Three conversou com outros jovens casais sobre suas experiências.
'As pessoas supõem que somos irmãos'
Charlie e Gina
Charlie and Gina
Imagem: BBC / Acervo pessoal
Charlie diz:
Tenho paralisia cerebral devido à falta de oxigênio no cérebro com 10 semanas de vida. Eu basicamente uso uma cadeira de rodas porque tenho problemas de equilíbrio e uso de meus membros inferiores.
Gina e eu estamos juntos há pouco mais de três anos.
Gina nunca se incomodou com a deficiência. Ela fez muitas perguntas no início de nosso relacionamento, mas eu não me importei com isso. Como ela sabia que eu era deficiente desde o início, e desenvolvemos nosso relacionamento online, quando nos conhecemos pessoalmente já estávamos bastante envolvidos e isso já não importava.
Em termos de percepções sociais, é interessante que as pessoas muitas vezes supõem que somos irmãos. Claro, nós dois somos ruivos, mas acho que é mais fácil para as pessoas presumirem que alguém com deficiência sairia com a família, em vez de ter um parceiro.
Também acontece de um monte de gente agradecer ou elogiar Gina por estar comigo, o que me faz soar como um prêmio de consolação ou que ela se contentou com algo que não deveria ter que lidar.
As pessoas também parecem pensar que deve ser uma relação bastante unilateral, com Gina fazendo tudo por mim. Pelo contrário: é uma via de mão dupla, assim como os relacionamentos de todas as outras pessoas. Sim, ela pode ajudar fisicamente no dia a dia, mas eu a apoio nos conflitos mentais e na vida cotidiana.
Se há uma coisa que quero que as pessoas entendam é que relacionamentos são relacionamentos. Eles têm altos e baixos, responsabilidades, cuidado e compreensão um pelo outro. Ter uma deficiência não muda isso. Se você está se relacionando com alguém com deficiência, é apenas isso. Sem segundas intenções.
Gina diz:
Quando começamos a conversar, perguntei a Charlie se ele se importaria se eu fizesse algumas perguntas... para quebrar o gelo, perguntas sobre a vida. Eu disse que ele poderia fazer o mesmo, e transformamos isso em um jogo bobo divertido.
Muitas das minhas perguntas envolviam questões sobre sua deficiência, mas eu disse que se eu fizesse uma pergunta estúpida ou que ele não quisesse responder, ele não precisava. Ajudou a abordar muita coisa, então quando nos conhecemos nada pareceu estranho.
Avance três anos. Quando saímos, já me acostumei com o olhar chocado e de compaixão que recebo quando menciono que meu namorado é cadeirante ou que tenho que ajudá-lo em certas tarefas. As pessoas dizem: "Isso deve ser demais para você... Aposto que foi difícil decidir se você queria seguir em frente com o relacionamento".
A resposta, sem rodeios, é não. Sempre respondo com um elogio a Charlie ou explico que não, não estou em um relacionamento unilateral opressivo, pelo contrário, estou com ele porque ele é uma pessoa incrível, amorosa e atenciosa.
Acho que muitos mal-entendidos vêm de pessoas que acreditam que ajudar uma pessoa com deficiência só pode ser uma tarefa árdua — a tarefa de um assistente ou de um amigo remunerado.
O que eles não conseguem entender é que, na verdade, quando ajudo Charlie, isso não enfraquece o relacionamento nem leva embora o amor. Se faz alguma coisa, é intensificar. Nunca uso a palavra cuidadora por esse motivo, sou parceira de Charlie em tudo.
'Há um tabu em torno de deficiência e sexo'
Lucy e Arun
Lucy and Arun
Imagem: BBC / Acervo pessoal
Lucy diz:
Eu tenho fibromialgia, uma deficiência musculoesquelética. Os sintomas incluem dor crônica, confusão mental, fadiga crônica e provavelmente o que mais me afeta a mobilidade. Eu regularmente preciso usar um bastão de caminhada ou outro suporte.
Conheci o Arun há mais de dois anos em um programa de intercâmbio em Los Angeles. Como sou muito aberta, ele se apaixonou por mim sabendo da minha deficiência.
Arun entende que meu corpo é muito diferente e imprevisível — ele não só é a pessoa mais carinhosa, mas também a mais companheira.
No dia a dia, preciso de muita ajuda para manter minha mobilidade, pois tenho dificuldade com o transporte público, não posso andar muito longe e infelizmente no momento não posso dirigir (muita coisa tem que ser levada em consideração). Tenho sorte que Arun dirige e me ajuda a realizar tarefas, como fazer compras.
O fato de a fibro ser invisível significa que somos inicialmente vistos como um casal sem deficiência, mas isso significa que pode ser um choque mais visível para algumas pessoas.
É frustrante, pois Arun é bombardeado com muitas perguntas. Em público, tendo a ignorar muito mais, ao passo que ele às vezes fica muito irritado. No entanto, em casa, tenho muito mais ataques de pânico e crises nervosas porque é incrivelmente opressor.
Gostaria que as pessoas entendessem que minha deficiência não lhes dá direito a mais informações sobre minha vida privada em comparação com qualquer outra pessoa.
Dito isso, definitivamente existe um tabu em torno da deficiência e do sexo, uma vez que as pessoas pensam que não se pode ter os dois.
Embora possa ser verdade em alguns casos, sinto que as pessoas com deficiência têm um apreço muito mais profundo sobre o que significa intimidade e fazer sexo. Não se trata apenas de penetração (desculpe ser tão direta), mas penso mais nos sentimentos e nas emoções, nas preliminares e no prazer.
'O cuidado deve existir em todos os relacionamentos românticos'
Lorna e Rob
Lorna e Rob
Imagem: Acervo pessoal / BBC
Lorna diz:
Estou com Rob há 11 anos, e casada há quatro. Estávamos juntos há cerca de sete anos quando fui diagnosticada com encefalomielite miálgica, que causa fadiga severa e me deixa frequentemente usando uma cadeira de rodas e confinada em casa a maior parte do tempo.
Também significa que Rob tem que me ajudar com alguns cuidados pessoais, como tomar banho e outras tarefas do dia a dia.
Eu diria que isso realmente nos aproximou como casal, e continua a aproximar. Acho que o cuidado dentro de um relacionamento, embora muitas vezes difícil de conduzir, pode ser muito íntimo.
Isso não quer dizer que tenha sido uma adaptação fácil para nenhum de nós.
A transição foi difícil para mim, pois minha vida mudou drasticamente. Tive de abandonar minha carreira de professora e isso realmente impactou meu senso de autoestima.
No entanto, tive sorte de poder ter acesso a terapia pelo NHS (serviço de saúde público do Reino Unido), e meu terapeuta e eu trabalhamos muito isso. A principal coisa que ajudou foi reformular o que consideramos ser "útil".
Então embora eu possa não ser capaz de aspirar a casa ou cozinhar, eu sou toda ouvidos quando ele precisa desabafar sobre como foi o dia. E faço o cardápio das refeições para garantir que ambos tenhamos uma alimentação saudável e equilibrada.
O fato é que o cuidado de alguma forma deve existir em todos os relacionamentos românticos (com deficiência ou não) do contrário, o que exatamente vocês estão fazendo um com o outro?
Em relação à vida fora de casa, ter uma condição flutuante e fadiga crônica significa que nunca podemos fazer de fato planos concretos.
Obviamente, ainda temos nossos momentos de frustração, mas eu diria que isso realmente nos ensinou a ser mais flexíveis e descontraídos, e também a viver um pouco mais no presente e apreciar as pequenas coisas que ainda são acessíveis para nós.
Além disso, aquele cara é tipo, obcecado por mim ou algo assim, ele está feliz apenas por estar comigo! Nossa vida sexual é forte, principalmente porque nos comunicamos.
Como sociedade, ainda não conseguimos ver as pessoas com deficiência como seres humanos plenamente realizados, com o mesmo espectro de necessidades emocionais e físicas que qualquer outra pessoa.
Isso precisa mudar. Perdi toda a minha confiança e temia que meu marido não me achasse mais desejável, mas isso não poderia estar mais longe da verdade.
Além disso, ainda desejo demais o meu marido, então isso sempre ajuda.
Continua em vigor a Lei Complementar que instituiu essas modalidades de aposentadoria, que é a lei complementar 142 de 2013 que foi regulamentada pelo decreto 8.145 de 2013. Para poder ter o direito às aposentadorias a pessoa com deficiência precisa de contribuição, seja com vínculo empregatício ou através de recolhimentos.
Partindo dessa premissa, tem que ser feita à análise da deficiência, o seu conceito está no art. 2º da lei complementar 142. Essa deficiência é aquela de longo prazo, pode ser de natureza física, mental, intelectual, sensorial, que impede então a sua participação na sociedade em iguais condições às outras pessoas. Deficiência que será analisada por perícia junto ao INSS.
O Benefício de APOSENTADORIA POR TEMPO DA PCD é devido ao cidadão que comprovar o tempo de contribuição necessário, conforme o seu grau de deficiência, além da carência, ou seja, deste período, no mínimo 180 meses devem ter sido trabalhados na condição de pessoa com deficiência:
O Grau de deficiência pode ser considerado: LEVE, MODERADO e GRAVE;
O Tempo de Contribuição: SE HOMEM, 33, 29 e 25 anos, SE MULHER, 28, 24, 20 anos; respectivamente, conforme grau da deficiência;
Carência: 180 meses
O Benefício de APOSENTADORIA POR IDADE é devido ao cidadão que comprovar o mínimo de 180 contribuições realizadas exclusivamente na condição de pessoa com deficiência, além da idade de 60 anos, se homem, ou 55 anos, se mulher. E nesse caso a deficiência não importa o grau. Basta a sua comprovação. Mas essa deficiência deverá existir quando do requisito etário e no dia do requerimento do benefício.
A nova redação do art. 201, §1º, da Constituição Federal manteve a possibilidade de concessão de aposentadoria com critérios diferenciados à pessoa com deficiência.
Além disso, a EC nº 103/2019 (Reforma da Previdência), em seu art. 22, dispôs que esta modalidade de benefício será concedida na forma da LC nº 142/2013, inclusive no que tange aos critérios de cálculo.
Ocorre o INSS emitiu, em 30 de dezembro de 2019, o Ofício Circular nº 64/2019, e portaria 450 de 03 de abril de 2020, que dentre outras orientações, estabelece que a modalidade de benefício em questão será concedida nas condições anteriormente previstas, exceto quanto às novas regras para formação do Período Base de Cálculo (utilização de 100% das contribuições para cálculo da média contributiva).
Isto é, embora mantidos os demais critérios de cálculo, como a não aplicação do fator previdenciário e as regras de coeficientes, segundo o INSS não há mais a possibilidade de exclusão das 20% menores contribuições do PBC. Ocorre que isso fere a própria Constituição.
Então para o INSS seria essa forma o cálculo: Aposentadoria por idade da pessoa com deficiência:
– Média aritmética de 100% do período contributivo (sem a exclusão dos 20% menores);
Coeficiente de 70% da média mais 1% a cada grupo de 12 contribuições mensais até o máximo de 30%;
Aplicação do fator previdenciário somente se benéfico. Aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência:
– Média aritmética de 100% do período contributivo (sem a exclusão dos 20% menores);
Coeficiente de 100%;
Aplicação do fator previdenciário somente se benéfico.
Portanto, essa alteração do cálculo trazida pelo INSS poderá gerar grandes discussões no judiciário e teses nesse sentido, vez que teve alteração, não após a reforma, mas após o Ofício Circular e Portaria. Ocorre que essas normas não podem alterar legislação que está acima em sua hierarquia, consequentemente, o INSS poderá agir de forma injusta e ilegal, tendo que ser verificada à forma do cálculo utilizada quando das concessões dessas aposentadorias.
* Andressa Silva Garcia de Oliveira – Representante Regional do IAPE em Franca/SP, SP Advogada especialista e atuante em Direito Previdenciário e especialista e atuante em Direito Médico e à Saúde com foco nos Direitos do Autista e PCD.
A Prefeitura de Tabira iniciou esta semana os atendimentos na Clínica de Fisioterapia.
De acordo com a Secretaria de Saúde, o espaço está localizado no Hospital Dr Luiz José da Silva Neto. “São quatro fisioterapeutas capacitados e prontos pra atender a população com total dedicação e profissionalismo”, informou.
O agendamento de atendimento é realizado na Central de Marcações, que fica no próprio hospital.
Estudante com paralisia supera barreiras e se forma em letras em Orlândia (SP) — Foto: Andresa Jerônimo/Acervo pessoal
Andresa Jerônimo lembra como se fosse ontem do dia em que aprendeu a ler. Por ter nascido com paralisia cerebral e ser cadeirante, os professores da instituição que frequentava, exclusiva para crianças com deficiência, diziam que ela nunca aprenderia a ler ou a escrever. A jovem provou o contrário e, aos 24 anos, formou-se em letras.
Andresa, que vive em Orlândia (SP), diz que, não fosse a insistência da mãe, Maria Veríssima, ela provavelmente não teria sequer ingressado no ensino regular. A dona de casa não aceitava o que diziam os professores e ensinou Andresa a ler por conta própria, com o material escolar do filho mais velho.
“Com 6 anos, uma psicóloga me disse que ela não aprenderia nada. Eu discordei, mas ela insistiu nisso, então eu mesma ensinei. Ela aprendeu super rápido, começou a ler gibi e se apaixonou pelas letras”, diz Maria.
A persistência de Maria e a força de vontade de Andressa a levaram até o ensino superior, cursado à distância em uma faculdade de Franca (SP). Em dezembro, a jovem concluiu o curso e fez uma sessão de fotos com a família para celebrar a conquista.
Falta de acessibilidade
A jornada até a formatura foi repleta de dificuldades e superações. Para conseguir matriculá-la no ensino regular, Maria precisou recorrer às secretarias municipal e estadual de Educação. À época, ela dizia, ninguém se preocupava com acessibilidade.
“Ninguém acreditava que ela fosse conseguir. Falavam que ela sabia ler, mas não entendia o que lia, até que uma professora ficou admirada com o texto que ela escrevia e elogiou. Foi aí que percebi que ela gostava muito de português”, relembra.
Andresa gostava de assistir à mãe ajudando o irmão com as tarefas da escola. Ficou animada quando descobriu que teria a possibilidade de aprender sobre os mesmos assuntos e, de quebra, aprimorar as habilidades com a escrita e a leitura, que já faziam parte de sua rotina com gibis.
Mesmo com contraindicações, estudante com paralisia deixou escola exclusiva para crianças com deficiência e ingressou no ensino regular em Orlândia (SP) — Foto: Andresa Jerônimo/Acervo pessoal
No primeiro dia de aula, no entanto, foi recepcionada pelas adversidades de ser cadeirante em uma escola que sequer tinha rampas para que ela subisse às salas de aula do andar superior e onde os alunos a enxergavam com diferença. À época, Andresa tinha 8 anos.
As escolas foram para Andresa uma montanha-russa de altos e baixos. Após concluir o 5º ano, ela se mudou para outra escola, onde os alunos eram mais receptivos, apesar de a instituição também não ter acessibilidade. Já no ensino médio, viu-se novamente diante do preconceito.
“Era tudo de escada e tiveram que improvisar uma sala no térreo. Minha sala era separada das outras. Eu culpo a acessibilidade da escola, que era precária. Minha sala não podia subir no laboratório de informática, porque tinha escada. Eles tinham raiva disso e descontavam em mim”, relembra.
Paixão pela leitura
O incentivo da mãe e a paixão que Andresa tinha por aprender, no entanto, não a deixaram desistir. Quando a situação ficava difícil demais, Andresa diz que encontrava nos livros o escapismo e o apoio do qual precisava para enfrentar as adversidades que faziam parte do seu dia a dia.
“Não sei explicar, mas, desde criança, quando não sabia ler, eu sempre tinha curiosidade de saber o que estava escrito nas coisas, aí quando aprendi a ler, parece que abriu um mundo novo para mim. Até hoje, é uma forma de eu viajar e sair do meu dia a dia. Muitas vezes, livros foram refúgio para mim”, diz.
Uma de suas autoras favoritas é Clarice Lispector, que teria completado 100 anos em 13 de dezembro se estivesse viva e, em vida, teve pouco sucesso comparado com a fama que ganhou ao longo das últimas décadas, tanto no Brasil quanto em outros países ao redor do mundo.
“Gosto muito de romance e a história da Clarice é muito bonita. É uma inspiração para mim, porque as pessoas duvidavam muito dela, que era mulher imigrante que queria escrever. Geralmente é isso que acontece com artistas: as pessoas só reconhecem quando vai embora”, diz.
Superação
Andresa quer trabalhar como revisora, mas também tem experiência como educadora, por ter feito um estágio em uma das escolas onde estudou. Ao retornar, ficou feliz ao ver que o prédio se tornou acessível, realidade distante da maioria das escolas da cidade, mas que alimenta sua esperança.
Jovens de 18 a 29 anos com Transtorno do Espectro Autista (EUA) poderão participar de projeto de qualificação para o mercado de trabalho em Fortaleza. A ação será realizada em parceria com o Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce (Nutep) da Universidade Federal do Ceará (UFC), com recursos do Governo Federal.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) destinou quase R$ 1 milhão para o projeto, em recursos repassados no final de 2020 com o objetivo de fomentar a inclusão desse público.
A iniciativa é executada por meio da Secretaria Nacional da Juventude (SNJ), que integra a estrutura do MMFDH. O órgão é responsável pela articulação e fomento de políticas públicas para a juventude brasileira.
A titular da SNJ, Emilly Coelho, avalia que o trabalho de inclusão de jovens precisa ter um olhar atencioso para jovens autistas. “Nós precisamos garantir que essa juventude também possa ocupar seu espaço profissionalmente, com capacitação e oportunidades com foco na autonomia”, explica a secretária.
O termo de fomento da parceria foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na terça-feira (12). A previsão do Ministério é que as atividades comecem ainda neste mês de janeiro, com o processo de seleção dos jovens. A capacitação deve ser iniciada no próximo mês de fevereiro, conforme plano de trabalho.
A advogada Valéria Mendes Siqueira, responsável pelo Centro de Inclusão e Apoio à Pessoa com Deficiência da OAB Paraná, foi escolhida como representante do Brasil na World Disability and Rehabilitation Professionals Association (WDRPA, Associação Mundial de Profissionais com Deficiência e em Reabilitação) para o período de janeiro de 2021 a janeiro de 2025. Até o início deste ano, a instituição congregava representantes de 12 países (veja quadro). O Brasil é o 13º integrante do grupo, sendo o primeiro da América do Sul.
O primeiro contato que teve sobre a possibilidade de integrar a WDRPA ocorreu em novembro de 2020, por meio de um professor que conheceu durante a graduação em Direito. O professor conhece a luta da advogada para incluir, capacitar e tornar autônomas pessoas com deficiência e também seu interesse em travar batalhas também em escala internacional. Por isso, a colocou em contato com um membro da WDRPA que está no Iraque. A escolha decorre também do reconhecimento do trabalho desenvolvido na OAB Paraná. Valéria é primeira advogada cega contratada pelo sistema OAB no Brasil.
Atuação
Na seccional paranaense, Valéria atua em um setor exclusivo para incluir advogados com deficiência e orientar pessoas sobre questões pertinentes à temática dos direitos das PCDs, criado por iniciativa da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência. Esse Centro de Inclusão, na visão de Valéria, respalda a luta pela inclusão social, capacitação, autonomia e independência das pessoas com deficiência.
“Participei de uma reunião por zoom, enviei o meu currículo e fui convidada para coordenar os trabalhos da WDRPA que iniciarão no Brasil”, relata ela. Para Valéria, a sociedade ainda é muito discriminatória quando se trata de incluir pessoas com deficiência em todo o mundo. No Brasil não é diferente. “Por isso, somar forças com outros países, trocar experiências, ter apoio internacional para conscientizar e informar a sociedade contribuirá, no Brasil, para uma abrangência maior das ações desenvolvidas para capacitar, reabilitar e tornar as pessoas com deficiência independentes e autônomas em todas as áreas de suas vidas resultará em inclusão de uma forma mais natural e menos dolorosa”, acredita.
Missão
As principais atividades envolvem a participação no comitê executivo, a divulgação das conferências, a promoção de eventos e atividades organizados pela associação dentro de sua rede no país ou região representados e o apoio para aumentar o número de associados. Também faz parte das atribuições contribuir para o desenvolvimento da associação por meio de sugestões e manter conexão com o comitê central. Valéria será ainda responsável por dar o suporte para a marca WDRPA no Brasil, participar de pesquisas sobre direitos humanos das Pessoas com Deficiência (PCDs) e atuar para garantir a aplicação destes direitos, elaborar campanhas informativas que contribuam para a inclusão social das PCDs e apresentar proposta de tema para a conferência internacional que ocorrerá em novembro de 2021, tomando por base os projetos em desenvolvimento no Brasil.
Valéria considera que durante as conferências internacionais certamente haverá a troca de informações e conhecimentos que facilitarão a inclusão de pessoas com deficiência. “Nessas conferências pretendo apresentar trabalhos de grande relevância na inclusão de pessoas com deficiência desenvolvidos no Brasil. Dentre eles certamente, na medida do possível, quero apresentar o projeto de empregabilidade do advogado com deficiência da OAB Paraná. Afinal, a função de advogado existe em todos os países e a iniciativa da OAB Paraná continua sendo pioneira no Brasil e também no mundo. Além disso, pretendo conhecer projetos de outros países e trazê-los para serem implementados no Brasil”.
Difusão
Para disseminar as conferências no Brasil, a advogada conta com as redes sociais e com os relacionamentos construídos por mais de 20 anos. “Tenho contatos em todo o país que poderão ser pontes importantes para a divulgação e a implementação dos projetos da organização”, sublinha. Outra tarefa a que a advogada se dedicará será a identificação de potenciais integrantes para a organização. Caberá a ela fazer os convites àqueles que mostrarem maior envolvimento e dedicação na caminhada pela inclusão de pessoas com deficiência. “Da mesma forma, empresas com comportamento inclusivo são possibilidades de futuras parcerias para a viabilização e implementação dos projetos aqui no Brasil”, completa.
Valéria conciliará a representação da WDRPA com suas atividades no Centro de Inclusão da OAB Paraná. “Nosso projeto de empregabilidade vai ao encontro dos propósitos da associação, que é de tornar autônomas e independentes pessoas com deficiência. Sendo assim, penso que com o conhecimento que irei adquirir através da experiência dos coordenadores dos outros países que compõe a instituição poderei potencializar e agilizar o alcance dos objetivos da OAB Paraná e do Centro de Inclusão e da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência no que tange à inclusão das pessoas com deficiência; inclusive dos advogados com deficiência, foco do projeto de empregabilidade da seccional.
Sinergia
Ela aposta que a sua atuação como coordenadora de uma organização internacional propagará também o projeto de empregabilidade; afinal, não há como representar os interesses de uma organização internacional como a WDRPA sem ter na base uma história de atuação nacional na luta por tais direitos. ‘É exatamente isto que o trabalho no Centro de Inclusão e Apoio à Pessoas com Deficiência me proporcionou; a expertise de identificar os passos a serem dados e as barreiras a serem transpostas para alcançar a inclusão social tão desejada pelas pessoas com deficiência”, observa.
“Ainda há muito por ser realizado. A discriminação velada ainda impera na sociedade, seja por falta de informação, receio de não saber como agir ou por preconceito. Mas o principal passo já foi dado, que é agir para incluir em todos os aspectos sociais”, pontua.
Após dez anos de cegueira, um idoso de 78 anos conseguiu recuperar a visão em Israel. Ele também se tornou a primeira pessoa no mundo a receber um transplante de córneas artificiais bem-sucedido.
O paciente faz parte de estudos clínicos realizados pela startup israelense CorNet Vision, que criou um tipo de córnea sintética que se biointegra ao olho humano. O procedimento é recomendado apenas em casos de córneas deformadas, com cicatrizes ou opacificadas. O dispositivo tem uma lente projetada para se integrar com o tecido ocular usando nanofibra não degradável sintética, que é colocada sob a conjuntiva.
O implante é considerado relativamente simples e a expectativa é de que o paciente consiga novamente enxergar depois de horas em recuperação. No caso do idoso de 78 anos, identificado como Jamal Furani, ele foi capaz de um dia depois reconhecer os familiares. Ele também conseguiu ler textos.
“O procedimento cirúrgico foi direto e o resultado superou todas as nossas expectativas. O momento em que tiramos as bandagens foi emocionante e significativo. Momentos como este são o cumprimento de nossa vocação de médicos. Temos orgulho de estar na vanguarda desse empolgante e um projeto significativo que sem dúvida impactará a vida de milhões ", disse ao jornal Israel Hayom o médico Irit Bahar, chefe do Departamento de Oftalmologia do Rabin Medical Center Bahar, que realizou o procedimento.
Córneas artificiaisFoto: Ministério da Saúde/Divulgação
Além do paciente operado, ainda existem outros na fila de espera para receber as córneas artificiais durante os experimentos clínicos do dispositivo em humanos.
A expectativa é tornar o procedimento viável ao redor do mundo a fim de acabar com uma fila de pacientes no aguardo de doadores. A empresa, contudo, ainda não deu uma data para produção em grande escala do dispositivo.
"Esperamos que isso permita que milhões de pacientes cegos em todo o mundo, em áreas onde não há prática corneana nem cultura de doação de órgãos, recuperem a visão", disse Gilad Litvin, diretor médico da CorNeat Vision.