07/01/2021
Enem: estudantes no espectro autista, surdos, disléxicos terão critérios específicos de correção
"Eu não ando e não falo, mas tenho sonhos e luto diariamente para realizá-los". Edvaldo
Edvaldo Alves Pereira, disse, em várias ocasiões, que nasceu para lutar contra as dificuldades impostas pela vida e “se o mundo fecha a porta, Deus abre outras”. Ele nunca deixou a esperança de lado, continuou lutando e sonhando.
“Concluído o Ensino Médio, o meu sonho era continuar os estudos, fazer a Faculdade de Letras, ser um escritor e também poeta, pois gosto muito de escrever poemas e acredito que é a melhor maneira de expressar nossos sentimentos.
No entanto, tive que parar de estudar porque os meus pais não me deixaram prosseguir. Eles acreditam que não compensa continuar estudando, que os estudos não valeriam de nada, nunca iria conseguir um emprego. Ingenuidade deles, pois não compreendem que eu não dependeria de um emprego, seria escritor e realizaria o meu sonho.
Outros motivos contribuíram para que eu não fizesse uma faculdade: o transporte, pois precisaria de um acompanhante para me levar do ônibus até a sala de aula. O meu pai não poderia me levar porque tem problema na coluna. Além disso, ele não queria deixar a minha mãe sozinha em casa até a meia-noite e, também, os meus pais achavam que eu não conseguiria fazer todas as tarefas e trabalhos da faculdade, tendo que ficar muitas horas por dia diante do computador, podendo me prejudicar. Assim, concluíram que seria melhor eu não estudar mais. Para não haver mais brigas entre nós, achei melhor desistir de tudo. Porém, continuo acreditando que eu conseguiria vencer mais este desafio porque confio em minha capacidade e na minha força de vontade.
O fato é que não deu ainda para realizar meu sonho. Fazer o quê? O negócio mesmo é me contentar com a formatura do Ensino Médio, a qual significou muito para mim. Significou a conquista do respeito de muitas pessoas e também orgulho de ter sido o primeiro aluno com deficiência (sequelas de paralisia cerebral) da região a frequentar e concluir o Ensino Médio. Considero-me um vencedor, porém, em contrapartida, sinto um vazio por não poder estudar mais.
No entanto devemos olhar o lado bom das coisas, uma vez que, após a formatura, quando estou sentado em minha cadeira de rodas em frente à calçada da rua, muitas pessoas passaram a me cumprimentar respeitosamente, conversar comigo, ficar ao meu lado”.
Edvaldo sempre lutou para realizar seus sonhos. E um deles, era conseguir fazer uma faculdade, principalmente depois que terminou seus estudos no Ensino Médio. No entanto, esse sonho parecia ser impossível, pois no município de Jussara não há faculdade. E sua ida para a cidade mais próxima, Cianorte, dependeria da boa vontade de terceiros para colocá-lo e tirá-lo do ônibus, bem como levá-lo até a sala de aula, ao banheiro, etc. Descartada esta possibilidade, o sonho ficaria para trás, procuraria fazer outras coisas.
Quando Edvaldo nem pensava mais nessa possibilidade, houve uma informação de que a Secretaria Municipal de Educação de Jussara estava fazendo uma lista de interessados em cursar a Faculdade de Pedagogia à distância. Sem hesitar, Edvaldo pediu à sua mãe para colocar seu nome nesta lista.
Passados alguns meses, no momento da inscrição para o Vestibular, Edvaldo relatou que não iria mais fazê-lo, porque ficara sabendo que o curso seria ministrado em Cianorte, duas vezes por semana, o que se tornaria inviável para ele, pelas dificuldades já relatadas.
Tendo conhecimento deste fato novo, a Psicóloga da Escola de Educação Especial Vamos Caminhar Juntos, Franciele Rosana Almeida Reki Panaino, juntamente com a Professora Sonia Maria Peteck Moro (ele a considera como um anjo) foram até a casa de Edvaldo. Chegando lá, a mãe de Edvaldo, dona Luzia, disse que ele não iria mais fazer a inscrição para o Vestibular. Isto o deixou triste e desanimado. Entretanto, a psicóloga e a professora, tanto argumentaram que Edvaldo aceitou fazer inscrição. Elas o incentivaram a tentar, pois se àquela situação mudasse futuramente, ele poderia se arrepender de não ter realizado sua inscrição.
Edvaldo ao final do ano de 2005, concorreu a uma vaga do Vestibular na Faculdade à distância do Curso de Pedagogia, sob Coordenação da UEM – Universidade Estadual de Maringá. Para realização da prova objetiva e da redação, Edvaldo contou com o auxílio de uma professora especialista da UEM. Na divulgação da lista de classificados foi surpresa para muitas pessoas, já que lá estava o nome de Edvaldo. Sua classificação foi surpreendente com uma nota igual a 99. Sua redação obteve valor de 39 pontos e na prova objetiva 60 pontos – aprovado na classificação regional geral, em octogésimo lugar de Cianorte, no qual participaram 2100 alunos.
Diante deste resultado, a sua família junto aos governantes de Jussara, se mobilizaram e o curso de Pedagogia que seria realizado em Cianorte, funcionou em Jussara. No ano de 2008, ele terminou o Curso Superior. A sua mãe o acompanhou o tempo todo. Ela participou de todas etapas para chegar à formatura. A meu ver, estaria apta para receber o certificado também.
No dia 31/01/2009, às 20h, no Centro de Eventos de Cianorte, Edvaldo participou da Cerimônia de Colação de Grau do Curso Normal Superior, promovida pela Universidade Estadual de Maringá – Câmpus Regional de Cianorte.
A maioria das pessoas luta por motivos variados como ganhar dinheiro, ter fama e sucesso. Edvaldo não. Ele luta para ser ouvido, falar, caminhar, por um mundo mais justo, principalmente para as pessoas excluídas e discriminadas pela sociedade.
Edvaldo, recentemente, produziu um vídeo com o apoio de nosso amigo em comum, Nardélio Fernandes Luz, escritor, que ficou tetraplégico ao realizar um mergulho em um rio há vários anos. O vídeo foi construído em virtude de nossa participação no pleito eleitoral e meu principal objetivo era apresentá-los à sociedade. E assim seguimos nossos planos.
"Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração..." Milton Nascimento.
Fonte https://www.bisbinoticias.com.br/post/eu-n%C3%A3o-ando-e-n%C3%A3o-falo-mas-tenho-sonhos-e-luto-diariamente-para-realiz%C3%A1-los-edvaldo
Postado por Antônio Brito
06/01/2021
Como transformar seus AirPods Pro da Apple em aparelhos auditivos
A Apple vem melhorando suas funções que podem ajudar os usuários com deficiência auditiva dos seus produtos – especialmente dos AirPods Pro! Você já conhece os recursos disponíveis hoje no iOs 14.3?
RECONHECIMENTO DE SOM
Seu iPhone e iPad podem te ajudar a ficar sabendo dos sons que estão acontecendo ao redor, como portas batendo, campainhas tocando, sirenes, alarmes de incêndio, etc! Muito útil para quando você está sozinho em casa ou em momentos nos quais está sem o seu aparelho auditivo!
FACETIME EM GRUPO
Agora o FaceTime tem o poder de detectar quando alguém está usando língua de sinais durante uma chamada. Detecção feita, ele coloca essa pessoa em evidência!
AMPLIFICAÇÃO SONORA PERSONALIZADA NOS AIRPODS PRO
Esse recurso vem sendo elogiado por MUITA gente! O Headphone Accomodations in Transparency Mode é um recurso de acessibilidade. Ele amplifica sons suaves e ajusta o aúdio para ajudar você a ouvir música, filmes, séries, ligações telefônicas, etc!
Nos AirPods Pro, esse recurso permite que as vozes fiquem mais audíveis em ambientes ruidosos, além de permitir ajustar os sons do seu ambiente às suas necessidades auditivas! Isso significa que os AirPods Pro ganharam funcionalidades que são idênticas às de um aparelho auditivo, como redução de ruído e amplificação personalizada. Inclusive, é possível incluir a sua audiometria no seu iPhone/iPad! Esse vídeo explica como.
Abaixo, coloquei dois vídeos úteis para ajudar você a usar esses recursos no seus AirPods Pro. Eu não posso testar porque uso implantes cocleares (fones de ouvido têm utilidade zero pra mim), mas quero saber o que vocês acharam. Encontrei inúmeros vídeos no YouTube sobre isso (em inglês), vale dar uma pesquisada! 🙂
COMO TRANSFORMAR SEUS AIRPODS PRO EM APARELHOS AUDITIVOS
ONGs superam desafios e mantêm trabalho social em meio à pandemia
O ano de 2020 tirou das organizações sociais algo que é tão fundamental para o trabalho delas: o contato. E, ao mesmo tempo, trouxe ainda mais famílias precisando de apoio. Foram meses de contrastes que aparecem nos números. Em abril e maio deste ano, mais de R$ 6 bilhões foram doados a ONGs brasileiras, de acordo com a ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos).
Mas, ao longo dos meses, as arrecadações começaram a cair. Em junho e julho, por exemplo, as doações tiveram uma baixa de 90% em relação à média dos dois meses anteriores. Nesse cenário desafiador, as campanhas precisaram se multiplicar para não deixar as famílias atendidas pelas ONGs desassistidas.
Com a pandemia da Covid-19, o home office foi uma solução encontrada para incentivar o isolamento social. Mas, além dos profissionais de saúde, outras funções exigem a presença física e foi assim com diversos profissionais da Liga Solidária, organização social sem fins lucrativos que atende a pessoas em situação de alta vulnerabilidade na capital paulista. Desde março, colaboradores da Liga vêm atuando em funções diversas, desde a distribuição de cestas básicas – inclusive na semana do Natal – até visitas a idosos.
Para Gilberto Camilo da Silva, gerente executivo de Longevidade da Liga Solidária, com a propagação da Covid-19 no Estado de São Paulo, a instituição se reorganizou para mudar a cultura de atendimento no período de isolamento social.
O maior desafio foi romper com uma de nossas maiores premissa que se refere à socialização. Diante do novo cenário, tomamos algumas medidas para proteger nossos idosos e colaboradores. Alteramos a rotina de atendimentos e atividades presenciais, por domiciliares e virtuais, garantindo dessa forma o contato dos Idosos com o programa, visando manter o vínculo afetivo com eles e garantindo sua autonomia”, explica Gilberto.
Foram criados novos protocolos técnicos de atendimentos e cuidados necessários com o uso de EPIS específicas para diminuir o risco de contaminação e contágio, seguindo todas as orientações das autoridades de saúde. Mas o trabalho presencial das equipes da Liga Solidária não significa que esses programas ficaram distantes da internet na pandemia. Atividades online também começaram a ser feitas em grupos de WhatsApp e pelo Facebook.
O Programa Famílias, por exemplo, ofereceu oficinas virtuais de Culinária, Artesanato e Empreendedorismo, além de realizar lives para falar sobre o impacto da pandemia e atendimentos por meio de videochamadas, o que possibilitou às famílias o acesso à orientação psicológica e social. Por sua vez, o Programa Idosos lançou a campanha #euaindaquero, com fotos e vídeos gravados pelos idosos atendidos, que aposta na resiliência para enfrentar a pandemia e na esperança de ainda fazer muitas coisas no futuro.
Liga Solidária distribui ceias para 4 mil famílias, mas não é só no Natal
Para este Natal, a Liga Solidária distribui ceias natalinas para quatro mil famílias em comunidades de todas as regiões da capital paulista. A iniciativa alcança famílias atendidas pelos nove programas sociais da organização. Porém, logo no primeiro semestre, para minimizar os efeitos da pandemia, a Liga realizou uma série de ações entre os meses de abril e julho, como a campanha “Cestou na Liga”, com doação por três meses de cestas básicas de alimentos e produtos de higiene pessoal e limpeza doméstica.
Também realizou a distribuição de cartões de alimentação no valor de R$ 150,00, o que aumentou em 10% a renda domiciliar per capita de mais de duas mil famílias residentes no bairro Jardim Esmeralda, região do Butantã. A Liga Solidária também distribuiu cestas básicas por meio de convênio com a SMADS (Secretaria Municipal de Assistência Social) e 10 mil máscaras de proteção, em parceria com a marca de roupas Aramis.
Liga Solidária: em São Paulo, distribuição de cestas básicas na pandemia para famílias em situação de alta vulnerabilidade (Foto: Liga Solidária/Divulgação)
Dificuldades para o estreitamento de vínculos
Mas se as distribuições de produtos são pontuais, com dias marcados, outros projetos da Liga Solidária são perenes e exigem presença diária da equipe. O Programa Famílias um dos principais eixos da organização, atende cerca de mil famílias e quatro mil pessoas. Outro programa fundamental é o Idosos, cujos beneficiados têm mais de 60 anos. Marina Nambu, gerente de Projetos Sociais da Liga Solidária, destaca a função social dessas ações:
Esses dois programas garantem o estreitamento de vínculos, que é um dos propósitos da Liga e se mostrou ainda mais importante agora, com a pandemia. O Famílias, por exemplo, organiza os benefícios que os usuários recebem, como cestas básicas, mas os colaboradores da Liga também atuaram em outras frentes, como dar orientação a quem precisou pedir o Auxílio Emergencial e encontrou dificuldades”, afirma.
Já o Programa Idosos tem uma grande responsabilidade, pois alguns atendidos precisam ser acompanhados de perto: “Alguns moram sozinhos, outros têm mobilidade reduzida, o que exige uma logística para ir até eles”.
Retrocesso: luta agora é por direito à alimentação
Segundo Shirley Christiane Basílio, coordenadora do Programa Famílias, a pandemia trouxe um retrocesso para as famílias em vulnerabilidade social.
Se anteriormente, o trabalho desenvolvido visava o empoderamento de pessoas que sonhavam com seu desenvolvimento, hoje voltamos a olhar e trabalhar em primeiro plano com a garantia de direito à alimentação, por exemplo. Quantas pessoas que tinham trabalhos formais perderam suas rendas e tiveram que entregar suas casas de aluguel e voltar a residir com suas famílias de origem”, afirma Shirley.
Outro fator importante se refere ao teletrabalho, realidade distante da maior parte da sociedade brasileira: “Grande parte das famílias atendidas pelo programa não tem acesso à internet via wifi ou dados móveis nem possui computadores. Quando muito tem um celular com internet para as crianças e adolescentes conseguirem ter acesso às aulas”.
Com a maior quantidade de pessoas dentro da mesma casa, Shirley contabiliza ainda o fator de risco devido à contaminação pelo vírus, além do aumento de despesas e declínio em suas condições de vida. “Lida-se também com a fragilidade de vínculos: atendemos a uma crescente demanda por atendimento psicossocial devido a conflitos familiares, inclusive com o aumento da violência doméstica”, complementa.
Liga Solidária: em São Paulo, distribuição de cestas básicas na pandemia para famílias em situação de alta vulnerabilidade (Foto: Liga Solidária/Divulgação)
ONG eleita em primeiro lugar na categoria esporte
Apesar das adversidades, muitas ONGs conseguiram se destacar nesse ano de 2020. O Instituto Futebol de Rua, de Curitiba, acabou reconhecido em primeiro lugar no Prêmio Melhores ONGs do Brasil 2020, na categoria esporte, pelos projetos e resultados alcançados ao longo deste ano. Promovido pelo quarto ano consecutivo pelo Instituto Doar, o prêmio teve 670 inscritos e reconhece as 100 melhores instituições. Trata-se do maior prêmio e reconhecimento do terceiro setor.
Com 35 ações realizadas desde abril, o Instituto Futebol de Rua conseguiu alcançar mais de sete mil pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social. Foram mais de oito toneladas de alimentos arrecadados por meio das campanhas desenvolvidas pelo Instituto, além de 2.000 itens de higiene pessoal, 800 sopas, 1.110 lanches e 1.300 litros de leite distribuídos. Uma parceria com a Central Única das Favelas (CUFA) também permitiu a entrega de 330 chips de telefone, fundamentais em um momento de aulas remotas.
Para o fundador da ONG, Alceu Natal Neto, os resultados são uma conquista e a superação das dificuldades encontradas por causa da pandemia. “O ano de 2020 foi de desafio para todos. Primeiro e principalmente para as famílias que atendemos, que viveram uma realidade de dificuldades ainda maiores. Depois para nossa equipe, que precisou se reinventar para não deixar que esses jovens e crianças ficassem desassistidos. Terminar o ano com tantas pessoas beneficiadas pelas campanhas que fizemos é muito gratificante”, afirma.
Fundado em 2006, em Curitiba (PR), o Instituto Futebol de Rua utiliza o esporte como ferramenta para o desenvolvimento social, educacional e cultural de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Por conta das atividades desenvolvidas ao longo dos meses, o Instituto foi reconhecido como uma das 100 melhores organizações do Brasil em 2020, pelo Prêmio Melhores ONGs, ficando em primeiro lugar na categoria esporte. O prêmio reconhece as boas práticas das ONGs em quesitos como governança, transparência, comunicação e financiamento.
Amigos do Bem já atendeu 75 mil famílias do sertão nordestino
Criada em 1993 e hoje atendendo 75 mil pessoas do sertão nordestino com projetos contínuos de Educação, Trabalho e Renda, Água, Moradia e saúde, a Amigos do Bem foi eleita a melhor organização do terceiro setor pelo prêmio Melhores ONGs de 2020 do Instituto Doar. A ONG promove mensalmente o desenvolvimento de mais de 140 povoados isolados no Nordeste (Ceará, Alagoas e Pernambuco). Nesta semana do Natal, voluntários de São Paulo viajaram para o sertão para levar recursos para mais de 150 mil pessoas.
O trabalho é realizado com todo o cuidado necessário durante a pandemia. Logo no início, foi acionado o Plano de Ação Emergencial da instituição. Mais de 1 milhão de pessoas de 300 povoados foram beneficiadas com: 172 mil Cestas Básicas para famílias do Sertão; abastecimento de 352 milhões de litros de água distribuídos; 180 mil atividades pedagógicas entregues para as crianças nas comunidades; 387 mil kits de higiene nos povoados; e apoio aos hospitais locais com insumos e equipamentos.
Principais realizações do projeto:
- 75 mil pessoas atendidas mensalmente de forma contínua;
- 140 povoados atendidos todos os meses;
- 10 mil crianças e jovens nos 4 Centros de Transformação;
- 180 mil refeições servidas todo mês para as crianças dos Centros de Transformação;
- 1.100 empregos gerados no sertão (Plantações, Fábrica de Beneficiamento de Castanha de Caju, Oficinas de Costura e Artesanato, Fábrica de Doces e Mel e Educadores e postos administrativos);
- 10.300 voluntários ativos;
- 123 cisternas para levar água à população;
- 50 poços artesianos perfurados;
- Mais de 540 casas construídas;
- Mais de 187 mil atendimentos médicos e odontológicos no último ano;
- Mais de 500 bolsas de estudo para faculdade;
- Mais de 845 milhões de litros de água distribuídos por ano.
Há 27 anos, atuamos no sertão nordestino, a região mais carente do nosso país. Estamos muito felizes com este reconhecimento, mas o nosso maior prêmio é ver a transformação na vida de milhares de pessoas. Agradeço aos nossos apoiadores e mais de 10.000 voluntários que seguem conosco nesta estrada do Bem”, comemora Alcione Albanesi, fundadora e presidente da Amigos do Bem.
Segundo ela, hoje, mais de 25 milhões vivem em estado de extrema pobreza, por conta das condições climáticas (altas temperaturas e seca), e com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano do Brasil. “Esta miséria secular no sertão só irá mudar com a intervenção humana, por isso criamos diversos projetos para gerar oportunidades e promover uma mudança efetiva ”, conta Alcione.
Com Assessorias
Fonte https://www.vidaeacao.com.br/ongs-superam-desafios-e-mantem-trabalho-social-em-meio-a-pandemia/
Postado por Antônio Brito
05/01/2021
Professor do IBC cria app para estudo de música
A inspiração para criação do software veio em 2014, ano em que Fernando ingressou no IBC e que começou a dar aulas de ritmo musical para os alunos do 1º ano do ensino fundamental. O professor pensou em um criar um aplicativo que permitisse o exercício de descoberta de sons e ritmos em outros espaços além da sala de aulas.
O sonho começou a virar realidade em 2018, quando Fernando propôs o desenvolvimento do app ao ingressar no curso de mestrado profissional da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Com o auxílio do analista de sistemas Marcelo Chiarella, as ideias de Fernando viraram realidade com a primeira versão do Ritmáximo concluída em agosto de 2019.
"O momento de testar o Ritmáximo com os alunos do IBC foi o de maior expectativa, pois o programa foi inspirado neles". De acordo com o professor, o domínio do alfabeto e do teclado pelos usuários daquela fase escolar era o ponto crítico para o sucesso do app. "Os testes foram satisfatórios, acima do esperado", concluiu o professor, que a partir dos primeiros testes, em 2019, ajustou o app e lançou-o semana passada (21).
Importante: o app funciona somente em computadores - desktops ou laptops/notebooks - com sistema operacional Windows (versão 7 ou superior), não estando disponível para smartphones ou tabletes e para qualquer outro sistema. É possível que seu antivírus proíba o download (clique aqui) e/ou a execução. Logo, é necessário configurar o computador para que ele permita o uso do app.
Jogos
O Ritmáximo oferece de forma lúdica as experiências de percepção de ritmos musicais e dos sons dos instrumentos musicais de determinados trechos musicais; são os jogos “Percebendo Ritmos” e “Percebendo Instrumentos”.
Já no jogo “Gravando seu Som”, o usuário pode escolher três instrumentos de uma lista e tocar um pequeno trecho musical utilizando algumas teclas do computador em andamentos e compassos variados.
Conhecimentos
Os usuários também podem obter informações sobre ritmos, instrumentos e artistas da música brasileira nas seções do app: “Conhecer os Ritmos”, “Conhecer Instrumentos” e “Conhecer Artistas”.
Curiosidade técnica
A linguagem de programação utilizada na produção do Ritmáximo foi a C#, uma linguagem desenvolvida pela Microsoft como parte da plataforma .Net. A C# é baseada na C++ com influências, principalmente, da Java.
Portanto, o nome da linguagem C# sugere uma alusão a símbolos +, dando a impressão de continuação do C++. Entretanto, a cerquilha de C# se refere ao sinal musical sustenido (♯, em inglês: sharp), que aumenta em meio tom uma nota musical. Mas, este pequeno detalhe, escolhido para indicar a evolução da linguagem de programação, não passa de uma incrível coincidência com o objetivo do Ritmáximo.
Fonte http://www.ibc.gov.br/noticias/1462-professor-do-ibc-cria-app-para-estudo-de-musica
Postado por Antônio Brito
Quais são meus direitos como pessoa com deficiência?
Atletas posam pra foto na pista de atletismo do Centro Paralímpico Brasileiro em 2019. Foto: Foto: Gui Christ / CPB
As políticas públicas da LBI se dividem em três principais eixos: direitos fundamentais, como educação, transporte e saúde, garantia do acesso à informação e a comunicação e a punição a quem descumpre esses pontos.
O Estatuto entrou em vigor modificando um conceito jurídico anteriormente utilizado: o da pessoa com deficiência como incapaz. Antes da LBI entrar em ação, pessoas com deficiência encontravam dificuldades burocráticas ao estabelecer união estável e exprimir suas vontades, e direitos sexuais e reprodutivos. A lei tornou o conceito inválido e ele foi substituído e alterado no Código Civil.
Outro direito fundamental garantido, que foi colocado em debate recentemente devido ao Decreto nº 10.502, é o da educação inclusiva, que garante o direito ao acesso escolar em diversos níveis e modalidades, com escolha e progresso de acordo com o desenvolvimento necessário do estudante. Estabelecendo que as instituições privadas também devem cumprir com todas as políticas de inclusão, sendo proibida a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza.
A LBI também criminaliza condutas que podem prejudicar o direito e a liberdade das pessoas com deficiência, como discriminação ou abandono, conduta que se aproprie ou desvie bens, proventos, pensão, benefícios, remuneração ou qualquer outro rendimento de pessoa com deficiência, acarretando pena e/ou pagamento de multa.
Esses são alguns dos direitos assegurados pela legislação brasileira, considerada uma das mais avançadas no mundo no que tange à inclusão das pessoas com deficiência, mas que ainda precisa de avanços, segundo Marinalva Cruz (Secretária Adjunta da SMPED). Para ela, a lei não assegura de forma efetiva a participação plena das pessoas com deficiência. Já para Leo Castilho (ativista e educador surdo), falta acesso à informação para que a pessoa com deficiência possa dialogar com a sociedade e participar de debates políticos.
Entrevistamos esses dois ativistas e profissionais especializados em inclusão e acessibilidade para compreender o cenário atual da legislação brasileira, principais desafios e necessidades da comunidade com deficiência, assim como formas de ativismo e de organização do movimento no Brasil e em outros países.
Abaixo, confira uma entrevista com Leo Castilho, ativista pela inclusão de pessoas com deficiência e que trabalha atualmente no Museu de Arte Moderna de São Paulo como educador surdo.
Crédito: acervo pessoal
Descrição da imagem: Leo está em frente a um fundo amarelo com os dois braços levantados e dobrados na altura de sua cabeça, ele é um homem negro, de cabelo black power e usa uma camiseta vinho com um colar prata.
Em relação a outros países, tem algum país que você considera exemplo na questão de leis de inclusão e acessibilidade? Por quê?
Posso dizer somente alguns lugares que eu já presenciei, por exemplo, em Londres, muita gente se preocupa com a pessoa com deficiência, já participei em alguns grandes festivais como Festival Clin D'oeil, que é um dos maiores festivais de surdo do mundo, onde há encontros com pessoas surdas artísticas do mundo inteiro, tem instituições que investem nas pessoas com deficiências, para quebrar tabu. Alguns países exigem implantar legendas e intérpretes de língua de sinais em todas emissoras de TV.
Como você acredita que a falta de representatividade de pessoas com deficiência na política e setor público afeta na criação de políticas públicas de inclusão e acessibilidade?
Todos os anos na época de eleições, sempre surge algum candidato com as propostas para pessoas com deficiência, mas sem representatividade, até hoje não vejo algum candidato fortalecer as propostas, o que dificulta a nossa confiança nos processos das políticas. O problema é que muitas pessoas surdas não conseguem ter acesso às informações, e também existem muitos que não conseguem acompanhar. Infelizmente com essa questão, até a comunidade surda sofre a polarização.
Como você trabalha seu ativismo?
Eu trabalho no Museu de Arte Moderna de São Paulo, sou educador surdo, acredito no poder da língua de sinais e sua representatividade. Meu trabalho me incentivou a produzir festas como Vibração e Bloco Vibramão com a equipe surda, com o objetivo de trazer lazer, conhecimentos, encontros, valorização, enquanto isso eu e a equipe do Corposinalizante fundamos o "Slam do Corpo", que é uma batalha de poesias entre português falado e libras sinalizadas, isso trouxe muitos ouvintes e surdos, e também pessoas com deficiência a se unir, respeitar um ao outro, dando espaços para nós.
Abaixo, confira outra entrevista. Desta vez, com Marinalva Cruz, secretária adjunta da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo.
Crédito: acervo pessoal
Descrição da imagem: Marinalva é uma mulher branca de cabelos curtos na altura do pescoço e usa óculos, uma blusa preta de mangas compridas e saia xadrez cinza. Está sentada em uma cadeira preta e há uma janela atrás dela.
Como você encara a lei brasileira de inclusão e os direitos de pessoas com deficiência aqui no Brasil?
Sem dúvida, a Lei Brasileira de Inclusão – LBI (13.146/2015), assim como tantas outras leis, incluindo a própria Constituição de 1988, são fundamentais para garantia dos direitos humanos das pessoas com deficiência, mas, na prática, os direitos previstos no ordenamento jurídico não garantem de forma efetiva a participação plena e efetiva de todas as pessoas com deficiência. Já avançamos muito e conquistamos alguns espaços, mas ainda falta conhecimento, acessibilidade, mudança nas atitudes e o entendimento que esse processo de inclusão é uma via de mão dupla, todos nós temos responsabilidades e podemos construir a sociedade justa e igualitária que tanto queremos.
Você acredita que as pessoas com deficiência têm acesso a ela? Acredita que elas compreendem quais são os seus direitos?
Na minha opinião, são poucas as pessoas, com e sem deficiência, que conhecem a legislação e sabe claramente quais são os seus direitos e entre aqueles que conhecem, muitos não sabem como ou onde recorrer para fazer valer os seus direitos, pois as leis nem sempre são claras e no caso da LBI por exemplo, muitos artigos carecem de regulamentação.
O que você acha que o país ainda precisa avançar em termos de direitos para pessoas com deficiência no país?
Primeiro é importante lembrar que a deficiência é apenas uma entre tantas outras características, que antes da deficiência existe um ser humano com direitos, deveres, qualidades, defeitos, habilidades e competências como as demais pessoas, portanto, para garantir igualdade de oportunidades é necessário eliminar as barreiras arquitetônicas, urbanísticas, comunicacionais, digitais, atitudinais, as barreiras no transporte público e privado, investir em acessibilidade, nos recursos de tecnologia assistiva e incluir a pauta das pessoas com deficiência em todas as áreas, levando em consideração, por exemplo, as questões relacionadas à faixa etária, gênero, raça/etnia, orientação sexual e localidade.
Quais seriam as melhores estratégias para avançar na criação de políticas públicas?
Para além de considerar a interseccionalidade das pessoas com deficiência, faz-se necessário promover o protagonismo do cidadão com deficiência, ampliar o diálogo com a sociedade e o trabalho intersetorial e intersecretarial, levando em consideração todas as especificidades da pessoa com deficiência.
Como você acredita que o setor privado pode contribuir?
Todos têm um papel importante nesse processo de garantia dos direitos, garantia de igualdade de oportunidades e com equidade e o setor privado, além de contribuir tornando os seus espaços físicos, sites, aplicativos e comunicação mais acessíveis, podem ampliar as contratações de pessoas com deficiência nos programas de estágio, aprendizagem, trainee ou cargos efetivos, disponibilizar todas as vagas para todas as pessoas e o mais importante, ter consciência que a pessoa com deficiência também é um cliente, um potencial consumidor, portanto, respeitar e valorizar a diversidade humana é beneficial para todos os envolvidos.
Novo ciclo paralímpico marca início de segunda gestão de Mizael Conrado e nova diretoria do CPB
Edênia Garcia, Mizael Conrado e Yohansson Nascimento posam para foto durante assembleia no CT Paralímpico. Foto: Ale Cabral/CPB
O período marcará também a segunda gestão do presidente Mizael Conrado, reeleito por aclamação no último mês de dezembro para a posição para o ciclo 2021-2025. O ex-atleta do atletismo Yohansson Nascimento foi eleito vice-presidente e formará a nova diretoria executiva da entidade. Já a nadadora Edênia Garcia (classe S4) foi eleita presidente do conselho fiscal do CPB.
Esta é a primeira vez na história do Movimento Paralímpico nacional que a diretoria eleita do Comitê será formada somente por atletas medalhistas. Eleito presidente pela primeira vez em 2017, Mizael Conrado foi o primeiro medalhista paralímpico a assumir o cargo do CPB. Ele foi bicampeão paralímpico de futebol de cinco nos Jogos de Atenas 2004 e Pequim 2008, além de ter sido considerado o melhor jogador do mundo da modalidade em 1998.
Já o alagoano Yohansson Nascimento se aposentou das pistas em 2020 para concorrer à vice-presidência do CPB. Durante a carreira foi ouro nos 200m em Londres 2012 pela classe T45 (para atletas com deficiência nos membros superiores), além das pratas no revezamento 4x100m em Pequim 2008, nos 400m em Londres 2012 e no revezamento 4x100m no Rio 2016.
Também conquistou bronze nos 200m em Pequim 2008 e nos nos 100m no Rio 2016. Foi ainda medalhista mundial e em Jogos Parapan-americanos.
Já presidente eleita do conselho fiscal, Edênia, tem três medalhas paralímpicas: prata nos 50m costas em Atenas 2004, bronze nos 50m livre em Pequim 2008, e prata nos 50m costas em Londres 2012.
Foi também a primeira mulher brasileira a conquistar o título de tetracampeã mundial paralímpica (50m costas em 2002, 2006, 2010 e 2019). A nadadora é ainda pentacampeã parapan-americana (Mar del Plata 2003, Rio 2007, Guadalajara 2011, Toronto 2015 e Lima 2019).
“Precisamos deixar os nossos mais sinceros e profundos agradecimentos aos vice-presidentes Maria Naíse de Moraes Pedrosa e Ivaldo Brandão pela inestimável contribuição para o desenvolvimento do CPB no ciclo que se encerrou em 31 de dezembro último. A participação de vocês foi de crucial importância na sustentabilidade e maturidade de todo o ecossistema paralímpico nacional, não somente nos últimos quatro anos, mas ao longo das décadas de atuação no movimento. Cabe a nós, agora na companhia do campeão paralímpico Yohansson Nascimento na condição de vice-presidente, e a medalhista paralímpica e tetracampeã mundial, Edênia Garcia, presidente do conselho fiscal, prosseguirmos com o trabalho nos anos vindouros. Uma configuração jamais experimentada antes na diretoria executiva do Comitê Paralímpico Brasileiro, com ex-atletas no centro da gestão. É, por óbvio, razão suficiente para nos encher de orgulho e aumentar a esperança de grandes e impactantes conquistas aos atletas paralímpicos brasileiros. Feliz ano novo a todos”, escreveu Mizael Conrado, bicampeão paralímpico de futebol de cinco nos Jogos de Atenas 2004 e Pequim 2008 e presidente do CPB, em suas redes sociais nesta segunda.
Durante a sua primeira gestão (desde 2017), o Brasil conseguiu bater recorde de medalhas nos Jogos Parapan de Lima 2019, assim como no Mundial de atletismo do mesmo ano, quando contou com o seu melhor desempenho na história da competição ao ficar somente atrás da China no quadro de medalhas.
Também houve o lançamento do projeto Centro de Formação Esportiva, com a participação de mais de 500 crianças com idade escolar por ano, além do surgimento do Festival Paralímpico em 2018, que já movimentou mais de 100 mil pessoas com deficiência em 70 cidades do país.
Ainda sob seu mandato, foi realizado o lançamento do curso EaD Movimento Paralímpico: fundamentos básicos do esporte, que forma mais de 7 mil professores por ano, além das qualificações online e gratuitas de arbitragem e habilitação técnica.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)
04/01/2021
“Falta união entre as pessoas com deficiência e isso prejudica todas”
Descrição da imagem #pracegover: Foto de Felipe Diogo, homem branco, magro, de 35 anos. Veste camisa verde de mangas compridas, está sentado em um sofá bege, sorri com o rosto voltado para a câmera. Crédito: Divulgação.
*Artigo de Felipe Diogo
Comecei o ano com muitas expectativas e projetos. Pretendia ampliar meu conhecimento sobre a edição de áudio, fazer cursos, estava planejando participar de muitas provas de corrida de rua – sou atleta há alguns anos, todo domingo encarava uma disputa – e também entrar num mercado de trabalho para pessoas cegas que está crescendo, o de consultoria para audiodescrição. No jornalismo, a ideia era fazer a cobertura dos eventos, como no ano passado, principalmente comentários e análises.
Nada disso foi possível. Não consegui mais treinar para as corridas porque preciso de um guia. Todas as provas foram canceladas. E a falta de acessibilidade digital dificultou o acompanhamento dos cursos, mas quero retomar no próximo ano.
Nosso programa ‘Espaço da Inclusão’, na Rádio Paraty, em Santo Bernardo do Campo (ABC Paulista), que mantinha uma caminhada de sucesso, foi cancelado. Chegamos a ser retransmitidos por 16 emissoras, entre elas uma na Espanha.
Conseguimos continuar na Rádio Teletema, de Lajeado (RS), que é online, retransmitia o programa desde setembro do ano passado e, em março deste ano, abraçou nosso projeto. O programa ainda tem duas horas de duração e até ganhou novos quadros, como um sobre teatro para pessoas com deficiência, conduzido de Curitiba pela nossa colega Carolina Antunes, que tem deficiência visual.
Apesar dessa situação, fizemos muitas entrevistas neste ano, isso foi muito rico, falamos com muita gente. A última entrevista do José Paulo de Andrade (jornalista, radialista e apresentador de TV, que faleceu em julho) foi para o nosso programa. Teve um papo com o Jota Júnior (jornalista e locutor esportivo) e fizemos uma ótima série sobre os 70 anos da TV.
Falando sobre imprensa, na cobertura da pandemia, as pessoas com deficiência quase nunca são citadas, há pouca informação sobre os perigos da covid para esse grupo, é raro encontrar material com essa abordagem. Veículos especializados no tema, a ONCB (Organização Nacional de Cegos do Brasil) e blogs da área aprofundaram essa discussão, mas a grande imprensa não.
Essa falha também existe nas entrevistas com médicos, nas lives que muitos prefeitos fizeram, e eu acompanhei várias, nas coletivas do governo estadual. São milhões de pessoas com deficiência no País, mas quase ninguém fala com esse público. E não se trata apenas dos riscos para quem for contaminado, também tem o problema da exposição ao vírus.
Desde o começo da pandemia, não tenho saído de casa, primeiro porque sou cego e essa condição exige o toque nas pessoas e nas coisas, mas também porque já fiz uma cirurgia no coração para corrigir um problema que descobri por causa das corridas. Tenho me dedicado totalmente ao programa de rádio, o que é muito bom e mantém meu equilíbrio psicólogico. Não tenho essa ansiedade de ter que sair de casa, compreendendo totalmente a necessidade de respeitar o momento e aguardar a vacina para poder retomar as atividades com segurança para mim e para as outras pessoas.
A ONU (Organização das Nações Unidas) alertou para o abandono das pessoas com deficiência durante a pandemia, em todo mundo. E isso é um fato. Atualmente, nas discussões sobre a vacina e os preparativos para a imunização coletiva, em muitos paises as pessoas com deficiência não foram incluídas nos grupos prioritários.
Tem ainda o problema da falta de respeito às determinações das autoridades, inclusive de saúde. Deveríamos seguir o exemplo da Inglaterra, que decretou lockdown e não voltou atrás na decisão. É uma questão de consciência da população e também de confiança nos governos, da credibilidade na maneira como os governantes conduzem a situação.
No Brasil, isso é terrível. Nosso presidente não mostra interesse em resolver essa questão e carrega toda a população junto. Os municípios preferem não obedecer determinações estaduais e o povo acaba espalhando ainda mais o vírus. Muita gente morrendo ou sendo infectada e as prefeituras descumprindo as diretrizes e para fazer festa de fim de ano.
Precisamos ficar atentos à retirada de direitos das pessoas com deficiência. Um exemplo é o decreto, agora suspenso, que retomava as salas e escolas especiais. Particularmente, entendo que a inclusão na escola regular só vai dar certo se o professor estiver preparado para realmente incluir esse estudante, oferecer o que é necessário para o aluno com deficiência progredir. Acredito que as chamadas ‘escolas especiais’ podem contribuir muito nesse processo, dar muito suporte. Passei pelos dois modelos e aprendi muito em ambos.
Falta união entre as pessoas com deficiência e isso prejudica todas. A máxima ‘Nada sobre nós, sem nós’ não parece sensibilizar e, por isso, direitos que foram conquistados depois de uma longa luta se perdem. Também falta espaço para manifestação e representatividade. Minha cidade, São Bernardo do Campo (ABC Paulista), com mais de 700 mil habitantes, e centenas de empresas, não tem uma secretaria municipal da pessoa com deficiência.
Para o próximo ano, a vacina é a meta. Não parece que será rápido e ainda tem um debate sobre quem vai para a frente na fila, mas esse tem de ser o objetivo.
*Felipe Augusto Diogo, de 35 anos, é cego, paratleta, jornalista, radialista, apresentador do programa ‘Espaço da Inclusão’, transmitindo pela Rádioweb Teletema (Lajeado/RS) e comentarista esportivo da Rádio Paraty, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Fonte https://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/falta-uniao-entre-as-pessoas-com-deficiencia-e-isso-prejudica-todas/
Postado por Antônio Brito
4 Etapas para Conseguir Cadeira de Rodas Motorizada pelo SUS
A LEI
Dia Mundial do Braile chama atenção para inclusão na escrita e leitura
O Dia Mundial do Braile é comemorado hoje (4). A data foi instituída para chamar a atenção da sociedade sobre a importância de assegurar formas de inclusão de deficientes visuais também na escrita e no acesso a livros.
Os dados oficiais mais recentes sobre a presença de deficientes visuais no Brasil são do Censo de 2010. Segundo o levantamento, cerca de 24% da população tinham algum tipo de deficiência naquele momento, o que correspondia a 46 milhões de brasileiros.
A visual é a modalidade mais comum. Se consideradas pessoas com qualquer tipo de dificuldade, o número de cidadãos com algum grau de problema para enxergar chega a quase 20%.
Se considerados aqueles que não conseguem ver de forma alguma ou que têm grande dificuldade, o índice cai para 3,4%, o equivalente a 6,5 milhões de pessoas. Desse total, 582,6 mil são incapazes de enxergar.
De acordo com o Relatório Mundial sobre Visão 2019, da Organização Mundial da Saúde (OMS), 2,2 bilhões de pessoas têm algum tipo de deficiência visual, sendo 1 bilhão com uma condição que poderia ser prevenida ou tratada.
Ainda conforme a OMS, a incidência de deficiência visual é quatro vezes maior em países de rendas baixa e média do que nas nações mais ricas.
O Sistema Braile é uma alternativa para que pessoas enquadradas nessas situações possam entrar em contato com a leitura. Assim, o método contribui para a inclusão em uma das principais formas de registro e aquisição de conhecimento, a escrita.
O Sistema Braile foi criado pelo francês Louis Braille, em 1925. Cego após um acidente na oficina do pai, adaptou métodos utilizados por soldados franceses para comunicação noturna. A versão final foi apresentada por ele em 1837.
O sistema é baseado em pontos com relevo em papéis, que são apreendidos por meio do contato com a ponta dos dedos. Por meio da combinação de seis pontos, é possível fazer até 63 caracteres diferentes.
Segundo a União Mundial de Cegos, apenas 5% dos livros em todo o mundo são transcritos para o Braile. Em países mais pobres, esse percentual cai para 1%.
*Com informações de Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil no Rio de Janeiro
Edição: Graça Adjuto
Fonte https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-01/dia-mundial-do-braile-chama-atencao-para-inclusao-na-escrita-e-leitura
Postado por Antônio Brito