Por Rodrigo do Val
Segundo pesquisa realizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no final de 2019, mais de 23 milhões de brasileiros apresentavam sintomas de transtornos mentais, ou seja, quase 12% de nossa população, sendo que 5 milhões sofriam com transtornos graves e persistentes. Apesar do número expressivo de pessoas com essas condições, nossa sociedade ainda está longe de fazer a inclusão completa deste grupo, principalmente na representação em desenhos, vídeos e ilustrações.
O conceito de representatividade é entendido, no mundo da ficção, como a colocação de personagens que simbolizam uma minoria social. Desta maneira, devido à importância no senso identitário infantil, é necessário que o espectador se sinta semelhante ao personagem fictício. Apesar de existirem datas de conscientização fundamentais, como o Dia Mundial do Autismo, em 2 de abril, nós ainda precisamos caminhar para uma inserção completa deste grupo. Por outro lado, também é possível encontrar exemplos de ilustrações que fizeram a inserção destas pessoas de forma assertiva e positiva.
Abaixo listo quatro programas infantis que fizeram a integração de pessoas com deficiência neurológicas de forma correta e exemplar:
- Turma da Mônica
A Turma da Mônica é um dos desenhos infantis que mais se preocupa com a representatividade. As doenças mentais são retratadas de forma assertiva em dois personagens: Haroldo e André. Haroldo é uma criança de 7 anos, com epilepsia. Em uma edição do quadrinho, o personagem sofre uma crise na hora de brincar com seus amigos. Após o início da crise, a mãe de Haroldo aparece e ajuda a criança a controlar os espasmos. Este quadrinho conseguiu explicar de forma bem sutil e didática as crises de epilepsia, além de ser uma das poucas vezes em que a condição é representada em um desenho.
Já André é um personagem com autismo. Ele apareceu em um quadrinho de 2002, quando o Cristo Redentor estava iluminado de azul, representando a conscientização das pessoas com a doença, no Dia Mundial do Autismo, em 2 de abril.
Para quem não é familiarizado com o desenho, Pocoyo é uma série de animação infantil espanhola-britânica, tendo seu primeiro episódio em janeiro de 2005. Mesmo o criador não confirmando que o personagem tem TEA, transtorno do espectro autista, todos os sinais característicos da condição estão presentes no personagem.
Outro fato interessante no desenho é a presença da personagem Nina, única amiga de Pocoyo, que tem como mascote uma torradeira robô. Vale informar que dentro do espectro autista é comum optar por brincar com objetos improváveis, como torradeiras, ao invés de brinquedos tradicionais.
- Ursinho Pooh
Um dos desenhos mais famosos e que está presente em diversas gerações é a Turma do Ursinho Pooh. Apesar de não ser confirmado pelo autor, uma pesquisa realizada pela Universidade de Avé, no Canadá, mostra que cada personagem do desenho representa um tipo de transtorno mental. Segundo levantamento, o Ursinho Pooh, por exemplo, apresenta TDAH, déficit de atenção e hiperatividade.
- Vila Sésamo
Outro desenho tradicional e muito conhecido é a Vila Sésamo. No ano de 2017 apareceu uma nova personagem na série, a Julia. Ela é uma muppet de 4 anos de idade, que gosta de cantar, pintar e tem ecolalia, sintoma do autismo caracterizado por repetir frases ditas por outras pessoas. No começo, seus amigos ficaram chateados pela situação, por não compreenderem, mas com o tempo entendem que o jeito dela a torna especial. Julia, uma menina autista, faz dela ainda mais essencial na representatividade, pois o TEA acontece quatro vezes mais em meninos do que em meninas.
** Este texto é de responsabilidade exclusiva de seu autor, e não expressa necessariamente, a opinião do SISTEMA REAÇÃO – Revista e TV Reação.
Fonte https://revistareacao.com.br/a-inclusao-de-pessoas-com-deficiencia-neurologica-em-desenhos-infantis/?amp=1
Postado por Antônio Brito
Nenhum comentário:
Postar um comentário