André Barbieri carrega e balança a bandeira brasileira no enceramento dos Jogos Paralímpicos de Inverno Pequim 2022 | Foto: Divulgação/IPC
Esta foi apenas a terceira participação do Brasil em Jogos Paralímpicos de Inverno - a primeira ocorrera há oito anos, em Sochi. A missão brasileira em Pequim, no entanto, entrou para a história por ter sido a maior entre todas, com seis atletas: além de Barbieri, no snowboard, o país foi representado por cinco esquiadores cross-country: a paranaense Aline Rocha, os paulistas Wesley Vinicius dos Santos e Guilherme Rocha, o rondoniense Cristian Ribera e o paraibano Robelson Lula.
Este foi o ciclo de maior investimento por parte do CPB nos esportes de neve, e o Brasil chegou a Pequim com a inédita medalha de prata na prova de sprint do cross-country no Mundial de Lillehammer, em janeiro deste ano, conquistada por Ribera.
Na neve artificial das montanhas de Zhangjiakou, cidade a 180km de Pequim, que recebeu tanto o cross-country como o snowboard, os brasileiros mostraram sensível evolução com os ensinamentos que só os Jogos Paralímpicos são capazes de proporcionar aos atletas de alto rendimento.
Abaixo, listamos cinco lições que a China deixou para a delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Pequim.
O snowboarder André Barbieri disputou duas provas em Zhangjiakou e, em ambas, terminou na 13ª colocação: cross e banked slalom. Nesta última, o gaúcho da cidade de Lajeado foi tomado pela emoção. A prova, que estava marcada inicialmente para o dia 12, foi antecipada em um dia por questões climáticas, e coincidiu com duas datas marcantes na vida do atleta: o aniversário de amputação e o nascimento da filha mais nova. No dia da prova, Barbieri caiu logo nos primeiros metros e teve de se recompor psicologicamente para voltar à segunda tentativa sem erros. “A pressão me pegou, tive que descer na segunda tentativa com cautela, para evitar novo erro. Estou feliz que deu certo”, comentou após a prova.
Persistência
As provas de esqui cross-country foram realizadas em um percurso extremamente técnico e sob condições adversas de neve. As subidas exigiam muito dos esquiadores brasileiros, todos os cinco usam o sitting ski para competir.
“De todas as pistas que enfrentei ao longo do ciclo paralímpico, esta de Pequim é uma das mais difíceis e com certeza a pior neve”, comentou Cristian Ribera, que mesmo sob tais condições foi o atleta brasileiro com os melhores resultados em Pequim: 14º lugar na prova longa, 9º na curta e 13º na média distância.
Flexibilidade
A declaração de Ribera sobre o percurso de Zhangjiakou vem acompanhado de impressões sobre a situação da neve nas montanhas chinesas. As pistas, tanto do esqui cross-country como do snowboard, foram cobertas por neve artificial, visto que na região não houve precipitação suficiente para formar os percursos.
No prazo de uma semana em que os brasileiros estavam na China o clima mudou drasticamente, saindo de -15ºC dias antes da cerimônia de abertura para 9ºC na última quarta-feira, dia 9. A prova de banked slalom de Barbieri foi antecipada em um dia para evitar que os snowboarders tivessem que descer a montanha em condições ainda piores. A imprensa inglesa que cobriu os Jogos Paralímpicos in loco chamou a neve de “purê de batatas”. Os brasileiros tiveram que se adaptar à situação.
“Em março, fica muito quente e fica muito difícil esquiar, em qualquer lugar. Mas aqui como o sol esquenta de verdade é pior ainda porque a neve derrete muito mais e à noite não esfria o suficiente. Então, ela fica empapada. É quase impossível estar preparado para uma neve dessa. Acho que até quem tem neve no país teve dificuldade, porque não é comum treinar em uma neve assim”, disse Cristian Ribera.
Dedicação
Os quatro brasileiros do cross-country empreenderam um esforço imenso para chegar em condições de se manter entre os melhores do mundo na neve, mesmo vivendo a milhares quilômetros de distância. Além dos treinos e competições de roller esqui promovidos pela CBDN (Confederação Brasileira de Desporto na Neve), eles se submenteram a uma imersão de quase quatro meses de treinamentos intensivos no Canadá, Itália, Suécia e Noruega, até chegarem a Pequim.
“Estou feliz, mas não satisfeito. Prometo que vou melhorar muito mais. Foram apenas quatro anos de preparação, ainda tenho muito a aprimorar. Desde que sofri o acidente, desde quando fui fazer a minha primeira amputação, meu pai disse que a minha vida ia mudar. Eu falei que seria atleta paralímpico, e o meu sonho está realizado. Estou muito contente”, comentou Guilherme Rocha, após a prova de média distância, no dia 12.
Progressão
Aline Rocha demonstrou uma evolução substancial nesta edição dos Jogos Paralímpicos de Inverno Pequim 2022. “Melhorei muito de PyeongChang [2018] para cá, não caí em nenhuma prova e isso já é uma coisa boa. Gostei do meu resultado, foi uma honra estar aqui e poder representar o meu país mais uma vez”, disse ao se despedir de Pequim, após o revezamento.
A paranaense Aline conseguiu o melhor resultado do Brasil da prova de esqui cross-country de média distância ao terminar na décima colocação nas finais, no penúltimo dia de competições dos Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim 2022. Em Pequim, a atleta de 31 anos repetiu o feito na prova de sprint (1 km), quando também finalizou a sua participação no top 10. Foi ainda sétima colocada na prova longa (15 km), sua melhor participação em Jogos Paralímpicos de Inverno.
Entre os homens o Brasil também se mostrou competitivo. Cristian Ribera foi o brasileiro mais bem colocado: 9º colocado no sprint, 13º na prova de média distância e 14º na disputa longa.
Guilherme terminou em 18º no sprint e na competição de média distância, além de ter sido 19º na longa. Robelson foi o 20º na média e na longa distância, e 21º no sprint. Já Wesley foi 23º na longa, 24º no sprint e 27º na média distância.
Com exceção de Wesley, os outros três esquiadores, ao lado de Aline Rocha, compuseram o revezamento 4x2,5km e terminaram em oitavo entre as oito equipes participantes.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)