12/03/2021

Nordeste fecha compra de 37 milhões de doses da vacina Sputnik

Os nove estados do Nordeste fecharam a compra de cerca de 37 milhões de doses da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (12) pelo governador da Bahia, Rui Costa, em vídeo postado nas redes sociais. Segundo o governador, a Bahia deve receber quase 10 milhões de doses do imunizante. 

"Conseguimos finalizar a compra de 37 milhões de doses, para os estados do Nordeste, da vacina Sputnik. Com isso, a Bahia ficará com quase 10 milhões de doses, para imunizar 5 milhões de baianos e baianas", afirmou.

A Sputnik V ainda não tem autorização de uso emergencial concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governo federal também negocia a compra de mais 10 milhões de doses do imunizante russo.

Na capital baiana, o prefeito Bruno Reis também anunciou nesta sexta-feira a prorrogação das medidas de restrição de circulação de pessoas na cidade, para conter a disseminação da covid-19. As medidas, que ficarão em vigor pelo menos até o dia 22 deste mês, incluem a proibição de atividades não essenciais e o fechamento de praias, parques e clubes, além do toque de recolher, que vigora diariamente entre as 20h e as 5h.

Segundo o prefeito, as medidas já estão surtindo efeito, mas a pressão no sistema de saúde continua muito forte. Bruno Reis disse que, no setor privado, há 55 pacientes aguardando leito de unidade de terapia intensiva (UTI). Nos hospitais da rede pública, o número de pacientes na fila é de 76. 

"Só com isolamento social, reduzindo a taxa de contágio, é que a gente vai conseguir passar por esse momento crítico, o pior momento que Salvador está vivendo desde a chegada do coronavírus no Brasil", afirmou o prefeito em vídeo postado nas redes sociais.

Fonte  https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-03/nordeste-fecha-compra-de-37-milhoes-de-doses-da-vacina-sputnik

Postado por Antônio Brito 

Em Aracaju/SE, Biblioteca lança Projeto Pontes para Leitura

Foto: Maria Odília/Seduc

Buscando adaptar-se às necessidades ocasionadas pela pandemia da covid-19, a Biblioteca Pública Epiphanio Dória vem reestruturando suas ferramentas digitais e adotando medidas que visam a atender às necessidades dos seus usuários.

A Biblioteca realizou o lançamento do projeto Pontes Para Leitura, que consiste no empréstimo de livros e audiolivros do setor Braille nas residências dos usuários com deficiência visual que moram no município de Aracaju/SE. A ação, que vai acontecer semanalmente, funcionará via cadastro prévio, por agendamento e com todos os cuidados de higiene recomendados pelos órgãos de saúde.

De acordo com a diretora, Juciene Maria de Jesus, a Bped tem ciência de sua responsabilidade social e inclusiva no engajamento de uma sociedade mais justa e igualitária, e visando a atender a esse dever, foi elaborado o Projeto Pontes para Leitura. “É um projeto que tem por objetivo ir ao encontro da pessoa com deficiência visual na sua residência e ofertar-lhe o empréstimo de livros e audiolivros, com o intuito de minimizar o impacto causado pela pandemia e a dificuldade de locomoção do usuário, como meio de disponibilizar leitura acessível a todos os públicos e democratização e socialização do saber”, explicou.

A duração do empréstimo dos livros é de um mês, podendo ser renovado, e apenas dois títulos poderão ser disponibilizados ao usuário. O acervo disponível é formado por: CD em formato acessível MP3; livro com acessibilidade total; livro em fonte ampliada e Braille. O projeto tem como parceiros Associações e Instituições que trabalham com pessoas com deficiência visual, além da Fundação Dorina Nowill para Cegos e Instituto Benjamin Constant (IBC).

Segundo a responsável pelo Setor Braille da Bped, Anatércia Silva, o objetivo do projeto é desenvolver habilidades relacionadas à leitura e à escrita Braille. “Estimular a interpretação de texto, ampliando o conhecimento linguístico, cultural e social dos leitores, no intuito de realizar o empoderamento das pessoas com deficiência visual é o que esperamos com a realização do projeto”, afirmou.

Para fazer o cadastro é preciso ser uma pessoa com deficiência visual e residente no município de Aracaju. O cadastramento deve ser feito por meio do email anatercia.santos@seduc.se.gov.br ou pelo Instagram da Biblioteca @epiphaniodoria. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (79) 3179 1907.

Fonte: https://revistareacao.com.br/em-aracaju-se-biblioteca-lanca-projeto-pontes-para-leitura/

Postado por Antônio Brito 

Craques do goalball mostram que força vai muito além dos arremessos

Carol Duarte e Victória Amorim durante partida dos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 | Foto: Daniel Zappe / EXEMPLUS / CPB

Ana Carolina Duarte Ruas Custódio, 33 anos, e Victória Amorim do Nascimento, 23, possuem muito mais afinidades do que terem nascido no mesmo estado do Rio de Janeiro e defenderem a Seleção Brasileira de goalball. Apesar dos dez anos de que separam duas das principais atletas da equipe, a vida de cada uma, de certa forma, traçou destinos semelhantes. Para o bem e para o mal.

Mas este texto não pretende focar nas tristezas, muito pelo contrário. Em data tão significativa, a ideia é que sirva de exemplo e leve tantas outras mulheres a se identificarem com as dores e os amores de pessoas reais, de carne e osso, cuja potência não aparece apenas nos arremessos em quadra. Pois foi justamente fora dela onde tiveram de ser mais fortes.

Bom, o primeiro traço que une a dupla é a precocidade de um fato que mudaria para sempre suas realidades. Ambas tinham 11 anos quando acordaram de cirurgias sem que pudessem mais enxergar como antes. A partir desse ponto, vamos separar as histórias para que você as conheça melhor.

Carol: novos passos da bailarina

Para quem nasceu em Madureira, um dos berços do samba carioca, dançar era quase uma redundância. Por isso, desde cedo, a música atraiu Ana Carolina às aulas de balé, jazz, sapateado e o que mais aparecesse em seu caminho. O sonho de ser bailarina, porém, foi encerrado quando fortes dores de cabeça levaram sua mãe, Ana Maria, a buscar ajuda médica. "Os médicos tratavam como sinusite", conta Carol.

O resultado de uma tomografia, no entanto, mostrou que a sinusite era, na verdade, um tumor do tamanho de um caroço de abacate na cabeça da jovem. Apesar de benigno, ele precisou ser extraído. No dia 21 de maio de 1999, Carol enfrentou 14 horas de uma cirurgia muito delicada: "Os médicos chamaram meus pais e disseram que eu tinha chance mínima de vida e, caso sobrevivesse, ficaria com sequelas muito graves. Quando acordei da cirurgia, não tinha ninguém perto de mim. Estava bastante grogue e não percebi que havia perdido a visão".

Os primeiros passos sem enxergar foram cada vez mais agarrados à saia da mãe. A jovem bailarina se tornou uma pessoa retraída, com medo de tudo. "Sempre fui manhosa, mimada pela minha mãe. Depois que perdi a visão, ela era os meus olhos, um pedaço de mim."

As aulas de balé, ela ainda tentou frequentar para estar próxima das amigas. Desistiu. Uma outra semente começara a ser plantada no Instituto Benjamim Constant, referência no país na área da deficiência visual. "Quando conheci o esporte, não sei se preencheu a lacuna da dança, mas me fez gostar de outra modalidade, que foi o goalball. Passei pela natação, pelo remo, mas foi no goalball onde me encontrei como atleta", relata.

Saudade E Fibra Para Se Reconstruir

No fim de 2002, Carol perdeu seu maior alicerce. Um mal súbito no coração logo após a família se reunir para montar a árvore de Natal levou Ana Maria para longe da filha de 15 anos. "Ali, eu percebi que tinha perdido meu anjo da guarda", diz a atleta.

O vazio, ela teve de preencher com a própria necessidade de se reerguer. Para isso, o esporte se tornou elemento fundamental. Dois anos após a morte da mãe, veio a convocação para defender o Brasil nos Jogos de Atenas, em 2004 – a primeira participação do goalball brasileiro em Paralimpíadas, motivo de orgulho até hoje: "Foi o goalball feminino que alavancou o Brasil no cenário internacional", ressalta.

O papel de líder – é a mais experiente da Seleção –, por sinal, ajudou a moldar sua consciência em relação ao que datas como a de hoje simbolizam: "Dizem que a mulher é o sexo mais frágil. Será? Com tantas atribuições, será mesmo que somos o sexo mais frágil? Penso que não. Pra mim, ser mulher é poder me superar cada dia mais e ser capaz de ter orgulho do que sou. Ser mulher e cega é uma luta constante contra os estereótipos que a sociedade nos impõe", define a jogadora. "Ser mulher também é receber críticas, ser rejeitada ou menosprezada apenas pelo meu gênero. Tudo isso só me faz querer ser mais forte e encorajada para dizer, com honra, que eu sou mulher, atleta e tenho deficiência visual!".
 
Victoria: mãe e atleta antes dos 20
Como ela mesma diz, foi "premiada". A Síndrome de Miller Fisher, doença que provocou a atrofia do seu nervo óptico e, consequentemente, a perda da visão ainda criança, afeta anualmente uma em um milhão de pessoas. Em Itaguaí, município a cerca de 70 km da capital do Rio, a pequena que já havia sonhado em ser de empregada doméstica, pois se orgulhava da tia que trabalhava em várias casas, a veterinária, dado o amor pelos bichos, demorou a entender que o quadro era irreversível.

"Achava que, se passassem dez, 15 dias, eu voltaria a enxergar. E foram se passando dois, três meses, e nada. Quando deu seis meses, tive de retornar ao hospital. Foi quando ouvi uma conversa da minha mãe com uma outra mãe falando que o médico havia dito que eu jamais voltaria a enxergar. Ali, sim, foi um baque", relembra.

Para se adaptar, acabou indo estudar no Benjamin Constant. Foi lá onde Victoria conheceu o goalball, em 2010. Porém, não se engane. O amor pela bola azul demorou a engatar. "De cara, não gostei. Você acha que eu ia ficar me arrastando pelo chão e levando bolada? Mas continuei, tinha minhas amigas. Dei outra chance em 2011", conta.

O que passou a mexer com a cabeça da jovem de 14 anos foi a velocidade com a qual a modalidade transformava sua vida. Aos poucos, ela entendeu que os gols marcados em profusão poderiam virar também seu sustento. "De uma menina que não tinha tênis para jogar e dependia de doação, eu comecei a comprar meus próprios tênis. Isso foi uma grande conquista. E acabou mudando minha vida de uma forma surreal, em todos os aspectos. Foi um gatilho muito importante para superar a perda da visão e me tornar a mulher que sou hoje."

Mas é claro que nada viria tão fácil. Como tudo em sua vida, outro acontecimento precoce abalou as estruturas. 

Menino Ou Menina?

Nos Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016, Victoria já era uma estrela em ascensão na Seleção Brasileira. Porém, a derrota por 3 a 2 para os EUA na disputa pelo bronze no quintal de sua casa mexeu demais com o emocional: "Estava sofrendo muito com a depressão e não admitia nem deixava que falassem nada. Após a derrota no Rio, eu me cobrei demais, achei que tinha responsabilidade e fiquei muito mal. Quando pensei em engravidar, foi para suprir uma dor que era muito grande. Achei que, tendo um filho, voltaria a ser feliz outra vez".

Entre a teoria e a prática, no entanto, há uma distância que a própria Vic desconhecia. Quando soube da gravidez, aos 19 anos, levou um choque. "Como eu cuidaria de uma criança? Não sabia nem cuidar de mim mesma", conta. Com o pequeno Victor – que completa 3 anos no fim deste mês – nos braços, ela logo percebeu que a maternidade e a carreira como atleta precisariam entrar num acordo, afinal, uma coisa dependia da outra.

"Durante a gravidez e mesmo no pós-parto, eu pensei em desistir várias vezes. Até hoje penso, porque quero acompanhar o crescimento do meu filho, estar com ele o tempo todo. Mas não é possível. Dependo do esporte financeiramente para cuidar dele. Quando voltei para a Seleção, estava animada, mas, ao mesmo tempo, dilacerada por dentro por saber que eu deixaria meu filho com menos de seis meses de idade para poder jogar", diz, sobre o retorno à equipe, em 2018.

Hoje, ela concilia a dupla jornada com a ajuda da família, que se mudou do Rio para Suzano, sede do Sesi-SP, clube defendido pela ala de 23 anos. E espera que datas como a deste 8 de março esclareçam melhor o papel da mulher na sociedade: "O mais difícil em ser mulher e deficiente visual é a aceitação das pessoas, é elas te verem realmente como uma mulher, como uma mãe que pode fazer as coisas. O meu recado, então, é esse: que a gente pode, sim, que a gente consegue, sim!". Alguém duvida?

*Com informações da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV)

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

Fonte  https://www.cpb.org.br/noticia/detalhe/3232/craques-do-goalball-mostram-que-forca-vai-muito-alem-dos-arremessos

Postado por Antônio Brito 

Raquel Banha: “As pessoas não têm de ignorar a deficiência”

Raquel Banha tem 24 anos e considera-se uma “Artivista”. Mulher de vários talentos, domina a arte da escrita no seu blog Chairleader e é mestre em Marketing Digital. Nasceu com uma doença neuromuscular rara e usa o blog para quebrar tabus e falar sobre a deficiência

Foto – Inês Oliveira

 

Li no teu blog, a certa altura, que “há 20 anos que namoras a tua varanda solarenga, local da casa onde te sentes mais viva e livre, e onde aprendes a viver através dos outros, das pessoas, dos animais, das plantas”. O que seria necessário para poderes sair da varanda e viver essa vida que tanto observas?

Há muitos factores, na verdade. Moro num prédio com 24 degraus, que não tem rampa, não tem elevador, não tem nada. E durante 18 anos, o meu pai, todos os dias, me transportava às cavalitas. Além de eu estar, obviamente, dependente dele, 56 anos já começam a pesar no corpo de um adulto. Então apareceu a Ana.

A Ana é a tua assistente pessoal.

Sim, comecei a ter assistência pessoal desde Outubro de 2019 e já desde essa altura que houve a necessidade de arranjar maneira de sair de casa, de forma, mais ou menos, autónoma. E em Maio de 2020, instalámos uma cadeira elevatória. Ainda não é ideal, por várias razões: esta cadeira de rodas (eléctrica) não vai a casa por exemplo.

Quanto é que pesa?

200 quilos.

Há ajudas do Estado para tudo isso?

Há algumas…esta cadeira foi o Estado que me deu, mas demorou três anos a chegar. É uma eternidade (sorri). Como estávamos numa situação complicada e urgente, pois o meu pai já estava mesmo muito mal das costas, tivemos de arranjar rapidamente a cadeira elevatória, e então fomos nós, do nosso bolso, que a pagamos. Agora estamos à espera da junta de freguesia. Disseram que como os degraus para entrar no prédio ainda estão na rua, poderiam fazer a obra sem cobrar nada. Portanto, para sair de casa, esta era a minha primeira barreira, a barreira arquitectónica, que é a mais óbvia. Depois há uma outra barreira, a barreira emocional. Eu agora, felizmente, com a Ana, supostamente já poderei fazer aquilo que quero. Mas estamos a falar de 23 anos. Foram 23 anos sem a oportunidade de fazer aquilo que eu queria, à minha maneira, no meu horário… E a nossa mente acaba por se moldar a essa realidade. E agora, tenho a oportunidade de sair, mas não sei o que é que vou fazer, não sei o que é que posso fazer, nem tão pouco tive oportunidade para construir um circulo social de amigos consistente para dizer “agora vou tomar um café com…” Não criei isso ao longo do meu desenvolvimento. E claro, tenho a consciência de que a minha personalidade também não ajuda. Às vezes acabo por ficar em casa, pois vou lá fora fazer o quê? Não sei. Há muita coisa que não conheço, não sei por onde começar… e isto depois é uma bola de neve. Costumo dizer que a independência é um músculo. E, no meu caso, foram 23 anos que estive sem utilizar esse músculo. É um processo lento e demorado.

E há o problema com que se deparam todas as pessoas que têm de se deslocar em cadeira de rodas eléctrica, que é a impossibilidade de entrar na maioria dos locais públicos, porque não têm acesso.

Pois, não entro.

Portanto aquela coisa de telefonar a alguém a dizer “vamos jantar não sei onde e depois vamos a uma discoteca” ou uma combinação de última hora, é uma coisa que não existe para ti. Tens de ter tudo programado, saber onde é que podes entrar e onde é que não podes entrar.

Lá está. É aí que entra o lado emocional. O trabalho de sair e planear tudo, com a grande possibilidade de chegar aos sítios e as coisas não correrem bem. Isso desmotiva-me imenso. Por isso é que digo que o lado emocional comanda tudo.

Compreendo.

Há aqui um degrau sim, mas o lado emocional é aquele que dita que vamos ter de arranjar uma solução, uma alternativa. E de facto a nossa vida tem de ser programada com muito tempo de antecedência. Tenho de telefonar primeiro, para saber se o sítio é acessível, depois as pessoas dizem-me que “ah, é acessível, sim”, chegas lá e não é acessível. Porquê? Porque as pessoas também não têm formação técnica para saber avaliar se aquele espaço é totalmente acessível ou não. Mesmo com a Ana ao meu lado é muito cansativo para mim…

Há um termo, que começa a ser usado quando se fala de discriminação e preconceito social contra pessoas com capacidades reduzidas – que é o “capacitismo”. Queres falar um pouco sobre isto? E já agora, gostava imenso que desenvolvesses a tua ideia de que (para ti) está ligado a uma “premissa de que assim que uma pessoa nasce e/ou fica com uma incapacidade é automaticamente um ser especial.”

Acho que é uma tendência natural da sociedade. Quando vês alguém diferente, começa a surgir uma variedade de suposições à volta dessa pessoa e nós baralhamos muito os termos “diferente” com “especial”. E não tem nada a ver uma coisa com a outra. Diferente é diferente… Ser especial é quando alguém faz alguma coisa que realça e tem valor. Estando agora mais dentro da comunidade de pessoas com deficiência, é algo que eu noto muito. Todos nós, a certa altura da nossa vida, somos chamados de “especiais e únicos”. Depois, quando chegamos ao mundo real e temos este contacto com pares da nossa comunidade, percebemos que afinal há mais pessoas como nós, percebemos que afinal não somos assim tão especiais, nem únicos. E isso tem várias consequências a nível psicológico e emocional. Por exemplo, pessoalmente, acho que isto mexeu muito, e mexe, com a minha autoconfiança. Quando faço alguma coisa e as pessoas me elogiam, fico sempre na dúvida se é puro mérito meu, ou se está ligado com esta conotação “especial da deficiência”. Ou seja, o facto de eu me ter apercebido desde cedo que não era assim tão especial, não era assim tão única, criou uma necessidade dentro de mim de criar essa “parte especial de mim” de que tanto falavam. E então há aqui uma espécie de exigência comigo mesma, “tenho de fazer alguma coisa para ultrapassar a minha deficiência”. Mas eu pergunto: será que isso é mesmo necessário? Será que isto é algo meu, ou é uma necessidade que desenvolvi por causa de tudo isto à minha volta? Não sei.

Também dizes que sentes com frequência as pessoas estarem contigo e isso fazê-las sentirem-se bem porque estão perante alguém que está pior do que elas. Perverso, não?

É perverso mas toda a gente pensa assim, eu inclusive. Aliás, ainda não consegui formular uma opinião sobre o voluntariado internacional, por exemplo. Agora está muito na moda, um jovem ir a África ou à Ásia fazer voluntariado durante umas semanas ou meses. Mas na maioria dos testemunhos que tenho lido, as pessoas vão com o objectivo principal de verem que há pessoas em situações piores do que elas. Vão lá, são iluminados pela desgraça dos outros e voltam seres superiores, com um currículo todo pimpão. E isso faz-me comichão. Mas lá está, não quero ser demasiado fundamentalista, porque ainda estou a tentar perceber este fenómeno e essa necessidade das pessoas se compararem a outras, para pensar “ah, afinal eu tenho que dar mais valor à minha vida”. Mas, até agora, com a informação que tenho, isso incomoda-me.

Naturalmente.

Incomoda-me, irrita-me. Nós não devemos comparar a nossa realidade com a dos outros.

Sim, a dor dos outros não pode ser um bálsamo para nós…

Não é? Irrita-me muito.

É a isso que tu chamas “objectificação da deficiência como meio de inspiração”?

Sim, mistura-se um bocado com o ponto anterior. “Eu gosto e sinto-me bem em ver alguém em “piores” condições que eu. Faz-me sentir melhor”… E há aquela cena do “ah eu vejo alguém com deficiência a fazer determinada coisa, se ela consegue, eu também consigo”.

Mas também há pessoas que fingem ignorar. 

Conheço várias pessoas, das quais tive necessidade de me afastar um pouco, porque elas vinham sempre com esse discurso do “ah, eu quando olho para ti, não vejo a deficiência”… as pessoas claramente deparam-se com uma pessoa diferente, com alguma coisa que não conhecem ou entendem, e a maneira delas lidarem com isso, ou tentarem disfarçar esse sentimento de estranheza, é dizerem “ah, eu olho para ti e não vejo a deficiência”. As pessoas não têm de ignorar a deficiência. É como eu estar a olhar agora para ti e ignorar que tens uma coisa nos ouvidos (os auscultadores do gravador). É ridículo. Não é real…. não faz sentido.

Como o que te aconteceu na escola, numa aula de ciências.

Exactamente isso… acho que foi numa aula de ciências, sim, em que o laboratório era no primeiro andar. A escola não tinha elevador, rampa, nada. E marcaram a aula lá para cima e eu fiquei muito chateada porque, quando eu vou para uma escola, a primeira coisa que se faz é falar com o conselho, com a direcção, para mostrar que eu tenho uma deficiência e que não é para esquecê-la, é precisamente para tê-la em conta. E marcaram aulas para o primeiro andar. Eu falei com uma professora e ela, com um ar muito despreocupado, diz-me para eu não ficar chateada porque isso queria dizer que olhavam para mim e não viam a minha cadeira de rodas. E isso não é um argumento válido. É só parvo.

Fazes parte da direcção do Centro de Vida Independente cujo objectivo é a defesa e a divulgação da filosofia da vida independente em Portugal. Queres falar-nos sobre o vosso trabalho?

A filosofia da vida independente vem revolucionar a maneira como se lida com a deficiência, pois há vários modelos da deficiência e o mais comum é o modelo médico. Que pressupõe que estas pessoas “têm de ser curadas”, e até haver uma cura, não há nada a fazer. As pessoas são postas num hospital ou num lar, à espera que aconteça algo, que não vai acontecer. Pronto. E a esperança destas pessoas está apenas ligada à ciência e aos laboratórios. Quando, na realidade, os processos de descoberta e de evolução científica demoram, às vezes, mais do que uma geração. Ou várias gerações. E não podemos deixar morrer gerações, à espera de algo que pode ou não acontecer. Então, houve a necessidade de se criar o modelo social, que diz que somos todos diversos funcionalmente e que as sociedades é que não estão adaptadas para toda a gente. Nascemos ou adquirimos esta ou aquela doença, e vamos provavelmente, morrer assim. Mas queremos viver a melhor vida possível com a nossa realidade, no presente. Sabemos perfeitamente que vamos sempre precisar de uma segunda pessoa para concretizar aquilo que queremos. Isto da vida independente não é nada mais, nada menos, do que fazermos aquilo que nós quisermos, tendo controlo total da nossa vida, das nossas opções. Com a ajuda de uma segunda pessoa.

No teu caso a Ana, a tua perna metade, como lhe chamas?

A minha perna metade (sorri) é como ter uma muleta, estás a ver? A muleta está lá disponível para eu poder fazer aquilo que eu quiser. A vida independente já é uma realidade nalguns países na Europa. Nomeadamente na Suécia, onde estão super avançados, e onde ter um assistente pessoal é super banal. Em Portugal, até há muito pouco tempo, nunca se tinha falado na hipótese de sermos nós a controlar a nossa vida. Há uma frase emblemática neste movimento que é “Nada sobre nós, sem nós”. É muito isso: é trazermo-nos como parte activa deste processo todo. Uma coisa que é muito comum ainda nas associações e instituições de pessoas com deficiência, é que a maioria delas são geridas por familiares, por cuidadores e por pessoas que não têm deficiência. E temos de alterar isso, porque são essas pessoas que estão a decidir e a lutar por coisas que nós podemos lutar. Temos uma voz e queremos muito ser activos e fazer acontecer, e não ir por aquele lado da solidariedade, de pedinchar, entendes?

Entendo, claro. É um direito que nos assiste enquanto seres humanos.

Tem a ver com direitos humanos, é isso mesmo. Os direitos humanos não são solidariedade. Está na constituição, está na lei. E nós trabalhamos para garantir que estes direitos humanos são cumpridos. Acho que é essa a nossa principal função, para que mais pessoas tenham estes direitos. Porque, por exemplo, em Lisboa, neste momento, somos apenas, salvo erro, menos de 50 pessoas a usufruir de assistência pessoal, paga pelo Estado. E isso é muito pouco.

Um tema que é particularmente sensível e que continua um tabu para as pessoas em geral é o amor, a paixão, a sexualidade. Muitas pessoas com diversidade funcional encontram-se dependentes da ajuda de outras para exercer a sua sexualidade. Em Espanha sei que há assistentes sexuais, mas não sei se esse serviço existe em Portugal, creio que ainda não.

Oficialmente não.

Queres falar um pouco sobre isso?

Olha, ainda no outro dia falei disso, ou ouvi falar disso, que tem a ver com o papel do assistente sexual. Qual é o papel do assistente sexual? Isso também é um tabu. As pessoas pensam que um assistente sexual é quase como um prostituto ou uma prostituta e não tem nada a ver uma coisa com a outra. Portanto, na sua génese não há sexo entre a pessoa com deficiência e o assistente. O objectivo do assistente é…por exemplo, uma pessoa com muito pouca mobilidade e que tenha muita dificuldade em ter prazer sexual com ela própria – masturbação, o ou a assistente sexual ajuda nesse processo, mas é a mão da pessoa com deficiência que faz essa exploração, com a força da mão do/da assistente. Não é uma mão qualquer em cima do teu corpo, é a tua própria mão, onde tu quiseres, como tu quiseres, mas com o auxílio de uma segunda pessoa. Depois ainda há outro tipo de assistência, necessária numa relação sexual, onde já estão envolvidas duas ou mais pessoas. Imagina que uma dessas pessoas tem dificuldade em fazer o movimento necessário para a relação acontecer – o assistente sexual poderá auxiliar nisso. Poderá estar na relação, mas nunca activamente. Portanto, está lá, mas apenas para auxiliar na realização da mesma. Outra situação, por exemplo, é uma relação sexual entre duas pessoas com deficiência.

Sim, sim. Eu conheço um casal assim. Têm dois assistentes, um para cada um deles.

Lá está. Têm? A sério?

Sim, vêm de Espanha, precisamente.

Fantástico. Que bom para eles. E depois há aqui uma outra situação, que ainda não está muito bem delimitada. Por exemplo, a Ana não é assistente sexual, é pessoal, mas até que ponto eu não poderia pedir à Ana que me ajudasse a pôr uma lingerie mais sensual? Ou, imaginando que eu não preciso de ajuda para o acto em si, mas preciso ajuda para me limpar. É um assistente pessoal ou é um assistente sexual? Ainda há coisas não estão muito bem definidas. Porque no fundo as tarefas que eu mencionei já não fazem parte do acto em si, são coisas extras ou posteriores.

Mas é importante que se criem condições em Portugal para formar esses assistentes. A sexualidade é um direito.

Aos 17 anos fui a uma conferência sobre sexualidade na deficiência e foram mencionados vários exemplos de progenitores que masturbavam os filhos. Isto é uma coisa completamente impensável! Por vários motivos lógicos, emocionais, de privacidade e dignidade humana. E isto acontece em Portugal, mais no interior, onde os pais acabam por dar este prazer sexual aos filhos… É algo sobre o qual o Estado devia ser responsabilizado. A sexualidade é um direito humano, logo o Estado tem de dar resposta a este tipo de casos. Obviamente no que toca a encontrar um parceiro sexual, estamos, teoricamente, muito teoricamente, em pé de igualdade. Visto que todos nós passamos por isso.

Quando falamos em sexualidade, falamos também da relação com o nosso corpo e é uma coisa por que toda a gente passa. Toda a gente tem de encarar isto como uma realidade. Faz parte da nossa vida, de todos nós.

Mas eu estou confiante que mais dia menos dia também haverá assistentes sexuais em Portugal.

Para terminar esta conversa, gostava que desenvolvesses a ideia que deixaste expressa no teu blogue e que diz: “Quero viver num mundo onde todos os Dom Quixotes têm lugar seguro para viver as suas aventuras de cavalaria e enfrentar todos os seus monstros e gigantes.”

Dou muito valor à saúde mental, para mim é das coisas mais importantes na vida. Porque…ok, eu tenho uma deficiência, é o que é, não há volta a dar, nem há muito mais para explorar, digamos assim. Mas existem todos os desafios que passam por “viver com a deficiência” e “viver num mundo que ainda não está preparado para viver com a deficiência”. E além disso, como é que eu hei de explicar… venho de uma família toda ela bastante emocional, digamos assim…e também há historial de doenças psicológicas na minha família – eu própria tenho depressão crónica há cerca de 15 anos – tenho ansiedade, sou obsessiva e compulsiva, mas para mim tudo isto é muito natural. Sou uma pessoa que fala abertamente sobre tudo. Essa frase que eu escrevi vem da minha necessidade de querer falar sobre isto tudo, sem ter vergonha, sem ter medo. E por um lado também gostava de ser compreendida, sabes? Porque, na verdade, quantos de nós não enfrentamos demónios e monstros? Todos nós temos desafios ao longo da nossa vida e é super natural a nossa mente levar-nos a sítios estranhos. E eu sinto muito essa necessidade de falar com as pessoas e tocar em assuntos mais “chatos”. E as pessoas não gostam de falar de problemas, nem sempre gostam de pôr a cabeça a funcionar e eu não sou assim. Eu gosto de falar sobre as coisas, gosto de tocar nas feridas e tenho um humor, muito negro e sarcástico, “eu vou falar sobre aquilo que tu não queres falar”. Gostava de sentir mais abertura por parte das pessoas para poder falar e dialogar sobre isso, sobre monstros e gigantes. Eu acho que é muito por aí. Pelo menos eu espero contribuir com aquilo que eu faço na vida e com o meu blog.

Fonte  https://hojemacau.com.mo/2021/03/11/raquel-banha-as-pessoas-nao-tem-de-ignorar-a-deficiencia/

Postado por Antônio Brito 

Governo regulamenta programa para pessoa com deficiência

Medida está prevista no Estatuto da Pessoa com Deficiência (Imagem: Marcello Casal JrAgência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro assinou hoje (11) o decreto que traça as diretrizes, os objetivos e os eixos do Plano Nacional de Tecnologia Assistiva, voltado a pessoas com deficiência.

O documento, que deve ser publicado na próxima edição do Diário Oficial da União, é resultado de um trabalho conjunto dos ministérios da CiênciaTecnologia e Inovações e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

“Esse é um decreto muito importante, que vai permitir, a nível nacional, as políticas para o desenvolvimento de tecnologias para pessoas com deficiência, visando a redução de preço desses equipamentos, dar mais acesso à mobilidade, melhor qualidade de vida para tantas pessoas que nós temos no país”, disse o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, em vídeo publicado nas redes sociais.

Na gravação também estão o presidente Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é defensora das causas das pessoas com deficiência.

Entre as tecnologias assistivas estão incluídos todos os produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que promovam as habilidades funcionais de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. O objetivo é dar autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social a esse público.

O decreto regulamenta o Artigo 75 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015, que prevê o desenvolvimento de um plano específico de medidas para facilitar o acesso a crédito especializado para aquisição de tecnologia assistiva. O plano deverá ser renovado a cada quatro anos.

“A Exposição de Motivos [do decreto] destaca que a tecnologia assistiva é um assunto de grande relevância para o segmento das pessoas com deficiência e depende de ações articuladas entre os ministérios, o Sistema de Inovação, Pesquisa & Desenvolvimento, o setor produtivo e representantes da sociedade civil”, informou a Secretaria-Geral da Presidência, em nota.

De acordo com a pasta, o plano tem o potencial de beneficiar cerca de 46 milhões de pessoas, de acordo com o censo demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A norma define os limites de atuação do Comitê Interministerial de Tecnologia Assistiva, criado em 2019, tendo por balizas a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão.

Fonte  https://www.moneytimes.com.br/governo-regulamenta-programa-para-pessoa-com-deficiencia/amp/

Postado por Antônio Brito 

Anti-asilo, um movimento que cresce no mundo

Elas já entram de sola dizendo: ” Nem marido, nem família, nem patrão e nem o Estado me dirão como e nem onde eu devo envelhecer.” São mulheres e também homens a partir dos 60 que resolveram experimentar viver de forma coletiva, uma espécie de movimento “neo-hippie”.

Cada um mora no seu apartamento ou casa, mas realizam projetos juntos além de se divertirem nas áreas comuns deste “tipo de condomínio”, que tem estatuto próprio criado por eles mesmos. A auto-gestão da vida, autonomia e independência são primordiais, além de uma postura de cooperação e solidariedade para viver em grupo.

Os exemplos no Brasil e no mundo

Nas cercanias de Paris, no município de Montreuil, a Maison des Babayagas abriga 20 senhoras de baixa renda, que pagam um aluguel bem acessível. Elas são divorciadas, viúvas ou solteiras. A maioria tem filhos, netos, e todas possuem mais de 60 anos. Independentes, politizadas e ativas, essas mulheres decidiram que sua velhice seria exatamente do jeito que elas desejassem.

O nome Babayagas veio da mitologia eslava/russa que significa uma feiticeira solitária de mil disfarces, velha e poderosa e que pode ser “boa e má” ao mesmo tempo. Este projeto foi criado por Thérèse Clerc, militante feminista do icônico maio de 68.

As moradoras nunca estão sozinhas, e possuem uma infraestrutura mínima do Estado, mas a autonomia pessoal é um valor que não se coloca em dúvida neste coletivo criado em 1999, e chamado de “anti-asilo” pelo jornal Le Monde. A Maison foi inaugurada em 2013, após uma longa luta coletiva, capitaneada por Thérèse. Caso uma das moradoras perca a autonomia, não possa viver sozinha, ela vai para um asilo subvencionado pelo Estado.

Kirsten, 75, e Catherine, 65, respectivamente a presidente e a secretária-geral da Maison des Babayagas, em Montreuil, na região parisiense. Foto: Márcia Bechara

Não há empregadas, as “Babayagas” têm que cuidar da manutenção de suas casas assim como dos espaços coletivos da Maison. No estatuto consta também cidadania, ecologia, feminismo, laicidade e solidariedade.

Para morar na Maison des Babagayas é necessário ter um perfil compatível com a etiqueta Habitat Social, “porque se trata de um imóvel social”, que são destinados pela administração francesa a pessoas de menor renda comprovada. Estrangeiras residentes no projeto possuem dupla nacionalidade, incluindo a francesa, o que facilita o processo de admissão. A burocracia é importante, uma vez que a Maison é administrada em parceria com a prefeitura de Montreuil, que oferece subvenções financeiras, apoio logístico e propõe candidaturas.

República de Idosos de Santos no litoral paulista é a pioneira no Brasil. Criada em 1996 conta hoje com três unidades geridas pela prefeitura da cidade. Elas são mistas e têm em média 5 moradores cada –com idades entre 65 e 89 anos.

Aqui também a autonomia do idoso é fator primordial para ser aceito (a) na república e também ter uma renda mensal de até dois salários mínimos, pois o custo da moradia é de R$ 170,00 com água, luz e aluguel inclusos. Em caso de perda da autonomia será encaminhado (a) para uma ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idosos), conveniadas da Secretaria Municipal de Assistência Social.

Vila ConViver começou a ser planejada em 2013 por um grupo de professores aposentados da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). As diretrizes jurídicas e códigos de ética já foram desenvolvidos e aprovados pelo conjunto, que conta com 54 pessoas. Até 2021, os participantes esperam morar no cohousing.

Conexão Gaia e Aldeia da Sabedoria são dois projetos mineiros em Belo Horizonte e em Ravena, distrito de Sabará, respectivamente, que procuram resgatar os preceitos das antigas comunidades e um contato genuíno com a terra.

Além do cuidado com a arquitetura que deve contemplar a acessibilidade, com portas.

largas e tomadas altas e a prevenção de acidentes domésticos, no cuidado com a escolha do tipo de piso e instalação de barras de apoio. O ponto comum em todos estes projetos é que eles começam reunindo e conhecendo pessoas, construindo uma identificação do grupo e criando laços de convivência. Experiências que num futuro próximo proporcionarão qualidade de vida através da solidariedade e do compartilhar.

Aqui vai uma lista de moradias compartilhadas:

– Saettedammen: 1ª cohousing multigeracional, implantada em 1972, em Ny Hammersholt, na Dinamarca.

– Trabensol Cooperativa: cohousing sênior localizada em Torremocha de Jarama, na Espanha, inaugurada em 2013.

– Pioneer Valley Cohousing: comunidade multigeracional que opera utilizando a sociocracia. Essa cohousing foi implantada em 1994, em Amherst-MA, Estados Unidos

– Oakcreek Community: cohousing sênior, concluída em 2013, implantada em Sillwater-OK, Estados Unidos.

– CohousingBrasil Co-Lares.

– A arquiteta Lilian Lubochinski é entusiasta da ideia.

– Cohousing Minas Gerais.

– Conexão Gaia.

– O arquiteto Edgar Werblowsky articula o movimento cohousing no Brasil.

Fonte  https://www.revistaecosdapaz.com/anti-asilo-um-movimento-que-cresce-no-mundo/

Postado por Antônio Brito 

10/03/2021

“Meu filho despertou para a vida com a Cannabis”, diz mãe de paciente com Down

O menino Clóvis acaba de completar sete anos, mas Andressa Berti sente que a vida de seu filho está apenas começando. “Existe um Clóvis antes e um depois do canabidiol”, conta.

Diagnosticado com Síndrome de Down ainda na primeira infância, Clóvis nunca teve sérios problemas de saúde. Até poucos meses atrás, o menino nunca havia ficado doente. Mas a preocupação de Andressa era em relação ao comportamento de Clóvis. 

Temperamento difícil

“Ele não consegue falar. Se quer comunicar algo e não consegue, fica muito agitado. Só que ver televisão. Não podia ir a qualquer lugar diferente, ficava se jogando no chão”, lembra Andressa. 

Em busca de alguma melhora no desenvolvimento de Clóvis, desde os cinco meses de vida Andressa tentava diversas terapias que atendessem às necessidades do filho. 

“De manhã ele ia na escolinha e à tarde na terapia. Eu não convivia com ele direito. Ele ficava o dia todo com os outros. Às vezes a gente acha que está fazendo tudo certo e acaba dando tiro pela culatra”, conta. 

“Acho que a escolinha era negligente e escondia o comportamento dele. Chegava em casa, ia direto para a televisão e comer, que eu pensava que estava tudo bem.”

Até que a pandemia forçou o fim desse distanciamento. “Comecei a perceber que ele já não conseguia fazer nada. Não conseguia segurar um lápis. Estava agressivo. Empurrava as outras crianças, estava começando a me bater.”

Um novo diagnóstico

Buscou auxílio de um neurologista e recebeu a confirmação do que já desconfiava: além de Down, Clóvis foi diagnosticado dentro do espectro de transtorno autista. Ao conversar com uma amiga, cujo filho se beneficia do tratamento com Cannabis, conheceu o trabalho do dr. Renan Abdalla.

Apenas oito dias depois da primeira consulta com Abdalla, antes de iniciar qualquer tratamento, Clóvis, que, como a mãe enfatiza, nunca ficava doente, teve sua primeira convulsão. “Eu acredito que é um pouco a mão de Deus que me levou no lugar certo”, diz Berti.

Tratamento com Cannabis

“Nós ficamos uma semana internados. Eu estava dentro do hospital com ele, e o dr. Renan me passa uma mensagem perguntando como ele tava. Eu expliquei, e ele me disse que a gente precisava acelerar o tratamento com canabidiol.”

Para controlar as convulsões, no entanto, “infelizmente” (como diz Andressa), Clóvis começou a tomar um medicamento anticonvulsivante que o fazia vomitar muito. A neurologista mudou a medicação, mas resolveu consultar o dr. Renan antes. O médico cortou a dose pela metade, e complementou com o óleo de Cannabis full spectrum rico em canabidiol

“No final do ano, o canabidiol acabou”, conta. “Por falta de experiência, tinha esquecido de solicitar antes.  Acabou e com todo mundo de férias, ele ficou uns dez dias sem o canabidiol. Uma semana sem o canabidiol, um sábado, ele teve duas convulsões, mesmo com o outro remédio.”

“Eu cheguei a conclusão que o remédio está sendo igual água para ele. CBD que faz a diferença”, continuou. “ Eu sou meio louca e já queria tirar os medicamentos, deixar só o canabidiol, mas o Renan me explicou que não é assim. Tem que ir aos poucos, para o organismo se acostumar, então está fazendo o desmame.”

Os benefícios da Cannabis em pacientes com crises convulsivas

Desde então, nunca mais teve convulsões, mas esse foi só o primeiro dos benefícios. “A parte cognitiva dele melhorou muito. É até difícil de lembrar tudo, porque todo dia ele apresenta algum progresso”, comemora Berti. “Ontem, 03 de março, ele completa sete anos. Ele saiu da terapia, tem uma lojinha lá do lado, ele foi lá e me apontou o que queria ganhar.”

Há dois meses morando em Apucarana, no Paraná, onde vive sua família, já estava preparada para lidar com as costumeiras dificuldades de visitar alguém. “Eu pensava que ia chegar e ia passar vergonha, mas não. A gente foi em um aniversário, a madrinha dele ficou impressionada. Ele se comportou, fez tudo que uma criança faz.”

Pequenas vitórias que fazem toda a diferença na qualidade de vida da família. “A gente está conseguindo fazer as coisas que não fazia, e acredito que vai continuar melhorando”, afirma. “Ele não tinha iniciativa para fazer as coisas, agora tem. Se mostra mais interessado, começou a experimentar alimentos novos. Dá a impressão que meu filho despertou para a vida.”

Para Clóvis, Andressa, que é pedagoga, tem a esperança que seu filho aprenda a se comunicar – se não de forma oral, por meio da escrita-. Já para as outras mães, a expectativa é ver cada vez mais crianças com acesso ao tratamento que mudou a vida de seu filho. 

“Sou o tipo de mãe que, se deu certo para o meu filho, eu quero levar para todo mundo”, finaliza. “Quanto mais propaganda eu fizer do canabidiol, e mais mães estiverem usando e vendo que dá certo, vou ficar mais feliz.”

Fonte  https://www.cannabisesaude.com.br/cannabis-tratamento-down-relato-paciente/amp/

Postado por Antônio Brito 

SP apresenta dados sobre violência contra pessoas com deficiência em 2020 e lança cartilha de orientação sobre o tema

Dados do Centro de Apoio Técnico (CAT) da 1ª Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência indicam que houve redução no número de atendimentos e denúncias de violência contra pessoas com deficiência em 2020 na comparação com 2019. O órgão, gerido pelo Instituto Jô Clemente, antiga Apae de São Paulo, por meio de parceria com a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, atendeu no ano passado 1.469 pessoas, ante 2.039 em 2019. Segundo o documento, foram registrados ao longo do ano 315 boletins de ocorrência, ante 500 no ano anterior.

Número de pessoas atendidas por tipo de deficiência

Fonte: Centro de Apoio Técnico da 1ª Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência

 

De acordo com o supervisor do CAT, Cleyton Borges, a queda não representa uma real redução na violência contra as pessoas com deficiência. “O que percebemos é que existe uma subnotificação de casos, principalmente por conta da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Com o isolamento social, muitas pessoas com deficiência ficaram em casa e deixaram de nos procurar para denunciar casos de violência. Além disso, com a suspensão das atividades escolares e profissionais presenciais, ficou mais difícil para amigos, colegas de trabalho e profissionais da educação identificarem eventuais sinais de violência sofrida pelas pessoas com deficiência e auxiliarem nas denúncias”, explica.

Para facilitar as denúncias, o CAT implementou no início da pandemia o atendimento remoto, por meio dos contatos:

• WhatsApp para pessoas com deficiência, exceto pessoas surdas: (11) 99918-8167

• WhatsApp exclusivo para pessoas surdas (com intérprete de Libras): (11) 94528-9710

• Telefone fixo: (11) 3311-3380

• E-mail: dppd.decap@policiacivil.sp.gov.br

• Boletim de ocorrência pela internet – Delegacia Eletrônica: acessar através do site www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br

 

Tipificações dos casos: 5 primeiros do ranking em 2019

 

“É importante que as pessoas saibam que podem e devem denunciar qualquer situação de violência a pessoas com deficiência, mesmo remotamente”, comenta Borges. Em 2020, foram realizados 289 atendimentos remotos, aproximadamente 25% do total.

“Como quer e orienta o Governador João Doria, nós trabalhamos em conjunto para atender as pessoas com deficiência do estado de São Paulo, buscando assegurar a sua integridade física e emocional. A equipe vem traçando ações que facilitam o acesso ao atendimento da delegacia”, ressaltou a Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Célia Leão.

Com o intuito de orientar a sociedade sobre como prevenir e denunciar casos de violência contra pessoas com deficiência, o CAT, em parceria com a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, está lançando a cartilha “Violência contra Pessoas com Deficiência: Você sabe como evitar, identificar e denunciar?” O projeto contou com colaboração do Laboratório de Prevenção da Violência (Laprev) e do Grupo de Pesquisa Identidades, Deficiências, Educação e Acessibilidade (GP-IDEA) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O material está disponível nos sites https://bit.ly/ijc-cartilha-violencia e www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br, é acessível e pode ser usado como guia de orientação a pessoas com e sem deficiência.

Jurídico Social

Além da gestão do CAT, o Instituto Jô Clemente conta com o Serviço Jurídico Social, que acompanha e apoia pessoas com deficiência e familiares em situação de violência e/ou vulnerabilidade social. Em 2020, foram registradas 78 notificações de violência ou violação de direitos, numero 43% menor que o apurado em 2019.

Luciana Stocco, supervisora do serviço, afirma que a pandemia teve impacto no número de notificações. “A pandemia impossibilitou os atendimentos presenciais, que são importantes para os nossos profissionais identificarem sinais que podem indicar uma violência ou violação de direitos. No atendimento remoto, é mais difícil, embora seja possível notar alguns sinais também”, diz.

A violência pode ser física, sexual, moral, psicológica ou patrimonial e entre os sinais estão marcas no corpo, dores, mudanças de comportamento e quadros depressivos. “Os atendimentos presenciais são importantes porque, muitas vezes, a violência ocorre dentro do âmbito familiar da pessoa com deficiência. Para identificarmos, precisamos de uma abordagem com psicólogos e assistentes sociais, que avaliam a situação no âmbito psicossocial e fazem os encaminhamentos necessários para cada caso”, finaliza Luciana.

Para denunciar casos de violência, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República disponibiliza o Disque 100.

Fonte  https://revistareacao.com.br/sp-apresenta-dados-sobre-violencia-contra-pessoas-com-deficiencia-em-2020-e-lanca-cartilha-de-orientacao-sobre-o-tema/

Postado por Antônio Brito 

08/03/2021

Dia Internacional da mulher ABNT

As mulheres estão na linha de frente da crise da COVID-19, como profissionais de saúde, cuidadoras, organizadoras comunitárias e também como líderes nacionais exemplares e eficazes no combate à pandemia. A crise destacou a importância de suas contribuições e os fardos desproporcionais que as mulheres carregam.
 
O tema deste ano para o Dia Internacional, "Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo com COVID-19", celebra os enormes esforços de mulheres e meninas em todo o mundo para moldar um futuro mais igualitário na recuperação da pandemia da COVID-19.
 
Também está alinhado com o tema prioritário da 65ª Sessão da Comissão sobre o Status da Mulher, "Mulheres na vida pública, participação igualitária na tomada de decisões", e a campanha emblemática Igualdade de Geração, que clama pelo direito das mulheres à tomada de decisões em todas as áreas da vida, salário igual, divisão igual de cuidado não remunerado e trabalho doméstico, fim de todas as formas de violência contra mulheres e meninas e serviços de saúde que atendam às suas necessidades.
 
As normas técnicas são ferramentas poderosas para reduzir as desigualdades e promover um crescimento econômico justo e inclusivo, contribuindo para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 - Igualdade de gênero, das Nações unidas. Além disso, a participação das mulheres para o desenvolvimento de normas é essencial para concretizar as mudanças positivas que queremos ver no mundo.
#diainternacionaldamulher #worldwomensday #igualdadedegênero #ODS #ODS5 #SDG #SDG5 #normastécnicas #abnt #normalização #normasiso #normalizaçãointernacional

Fonte  https://www.facebook.com/383133131713119/posts/4648428575183532/

Postado por Antônio Brito 

1º Manifesto de Conscientização do Dia Internacional da Síndrome de Down

O evento contará com 4 encontros gratuitos e transmitidos ao vivo pelo Youtube do Instituto Simbora Gente.

As participações serão de diversos perfis, todas em forma de entrevistas esclarecedoras, feitas pelo Escritor, Palestrante, Influenciador digital, Ativista, Auto defensor, Militante e Promotor Vinícius Streda.

“Uma parceria. Um apoio. Um evento. Uma oportunidade. Uma forma de conscientizar o mundo de que todos somos capazes, desde que tenhamos oportunidades na Sociedade em modo geral”, afirmam os organizadores.

O Instituto Simbora Gente luta pela inclusão social, visa ferozmente o empoderamento, autonomia, diversidade e independência de todas as Pessoas com Deficiência Intelectual.

As participações estão imperdíveis!

Dia 18 de Março das 13 às 14:45 h
O primeiro dia do Manifesto conta com um time incrível de profissionais respondendo a diversas perguntas. Um encontro rico com pessoas importantes que, igualmente ao Instituto Simbora Gente, querem conscientizar o mundo de quem são e de quanto são capazes as pessoas com deficiência intelectual.

Além das presenças de Alex Duarte, Carina Streda, Fabiana Duarte, Flavia Poppe, Henri Zylber, terá a participação do Dudu do Cavaco tocando o Hino Nacional.
A intérprete de Libras Adriana Magina também estará presente nos 4 dias do Manifesto.

Dia 19 de Março das 14 às 15:45 h
O segundo dia do Manifesto, vem recheado de temas interessantes e focado em promover a conscientização através de seus convidados:
Alessandra Fidanza, Beatriz Ananias, Carlos Schaffel, Claudio Aleoni, Giulia Merigo, Isabela Zolini, Tathiana Piancastelli

Dia 20 de Março das 14 às 15:45 h
O terceiro dia do Manifesto, também apresenta um time cheio de empoderamento. Se liga só: Ariel Goldenberg, Fernanda Machado, Gabriela Martins, João Vitor Mancini, Julia Camarão, Laura Deorsola, Thiago Rodrigues

Dia 21 de Março das 14 às 15:45 h
Tudo que é bom, acaba logo!
O último dia do Manifesto, celebra o Dia Internacional da Síndrome de Down e o protagonismo vai ser trabalhado de diversas formas pelo grupo: Breno Viola, Danielle Gierse, Felipe Ribeiro, Fernanda Honorato, Henrique Vascouto, Jessica Pereira, Joana Morcazel, Maria Clara Maciel, Matheus Colmatti, Paloma Nogueira, Samanta Quadrado

“A hora da conscientização chegou. Não queremos chegar na frente de ninguém. Apenas caminhar juntos, para um mundo mais respeitoso, empático  e inclusivo.  Você não vai ficar de fora né? “, comentam os integrantes do Simbora Gente

Acompanhe a programação:

Fonte  https://revistareacao.com.br/1o-manifesto-de-conscientizacao-do-dia-internacional-da-sindrome-de-down/

Postado por Antônio Brito