Imigrantes com deficiência enfrentam discriminação na Austrália, sendo considerados fardos financeiros, apesar de muitos anos de residência e contribuição ao país.
Luca, de origem escocesa, tem 2 anos e a vida dos seus pais, que saíram de seu país e foram tentar a vida na Austrália, mudou num hospital da cidade de Perth, onde o garoto foi diagnosticado com fibrose cística. Só que, mesmo morando na Austrália há 8 anos, seus pais Laura e Dante Vendittelli, foram comunicados que não poderiam ficar naquele país permanentemente, pois Luca, segundo o governo australiano, poderia ser – pasmem – um fardo financeiro para o país.
Com um terço da população nascida no exterior, a Austrália se vê há muito tempo como uma 'nação para migração' — um país que acolhe pessoas vindas de todas as partes do mundo e que promete a eles uma vida justa e promissora. Porém, a realidade é muitas vezes diferente para os imigrantes do que parece ser, especialmente para aqueles que têm uma deficiência ou uma condição de saúde mais delicada.
A Austrália é um dos poucos países que rejeita vistos de imigrantes com base nas suas condições médicas e de saúde.
Muitos acham que isso é um ato discriminatório e em descompasso com a conduta moderna em relação à deficiência. Depois de anos lutando por isso, agora parece que irão ocorrer algumas mudanças à medida que uma revisão oficial dos requisitos de saúde está em andamento.
Os pais de Luca haviam iniciado o processo de solicitação de residência permanente antes do nascimento do menino. Mas agora sentem que a vida que construíram na Austrália, e os impostos que pagaram até agora, significaram pouco ou nada perante a situação que vêm vivendo.
A discriminação relativa à deficiência e à saúde na Austrália data de 1901, e ainda existe na Austrália, que considerava que pessoas nessas situações não são bem-vindas naquele país.
Infelizmente, não importa há quanto tempo o imigrante more na Austrália, ou se nasceu na Austrália, se tem seguro de saúde privado ou até mesmo se pode se sustentar sozinho — se ele for considerado um fardo financeiro pesado para o estado, não vai atender ao requisito de saúde.
O governo afirma que 99% dos solicitantes de visto atendem aos requisitos de saúde — 1.779 não atenderam entre 2021 e 2022, segundo dados oficiais.
Outro casal que são do Paquistão e vivem na Austrália, pais do pequeno Shaffan, que nasceu em 2014 com uma condição genética rara e uma lesão na medula espinhal, e que precisa de cuidados 24 horas por dia, até pretende sair do país e voltar para sua terra, mas o menino não pode, pela sua condição de saúde, viajar de avião.
Os pais de Shaffan conseguiram há 2 anos a permanência no país. Já os pais de Luca, estão tentando ainda com recursos, porém, caso percam, vão ter 28 dias para deixar a Austrália.
Técnicos do governo australiano também querem que o custo com suporte educacional seja diminuído e isso afeta famílias cujos filhos foram diagnosticados com síndrome de Down, TDHA e autismo.
Histórias como estas fazem os que lutam pelas pessoas com deficiência na Austrália acreditem que o país, no fundo, tem uma política capacitista.
Vários casos parecidos são comuns na Austrália, infelizmente.
Fonte: https://revistareacao.com.br/noticias/noticia?id=14e1b63b-5761-4b8c-9c34-96d18e00046e
Postado Pôr: Antônio Brito
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