07/12/2021

Da conscientização à aliança: reflexões para o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência

Por Por Jacky Wright, vice-presidente corporativa e Chief Digital Officer da Microsoft nos EUA

Para muitos de nós, a infância é fundamental na formação de nossa visão do mundo. Aprendemos quem somos, o que podemos ser e como nos relacionar com as outras pessoas e com o mundo ao nosso redor por meio de interações com nossa família, amigos e comunidade. É nesses ambientes que aprendemos a noção de certo e errado, justiça e injustiça e como ser bons vizinhos para todas as pessoas. Ao reconhecermos a comunidade de pessoas com deficiência na Microsoft ao longo de dezembro, com o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, em 3 de dezembro, quero refletir sobre minha jornada pessoal de passar da conscientização à aliança para com pessoas com deficiência.

Minha jornada começou quando eu era uma criança crescendo em Londres. Meu vizinho ao lado era surdo. Embora eu não tivesse uma compreensão completa do que significava ser surdo, sabia que ele era provocado e excluído pelas outras crianças da vizinhança simplesmente por sua surdez. Como uma criança, embora não soubesse como reagir ao que via como uma grave injustiça, a experiência despertou em mim uma consciência dos vários desafios de uma sociedade que nem sempre considera as necessidades dos surdos e portadores de deficiências.

Ao longo dos anos, experiências e relações pessoais e profissionais me ajudaram a aprofundar essa consciência das experiências vividas por pessoas com deficiências e a entender como agir. Na Microsoft, tenho a oportunidade de atuar como corresponsável executiva do grupo global de recursos para funcionários (ERG) com Deficiência na Microsoft, e o trabalho que fazemos juntos como uma comunidade é fundamental para a inclusão de todos os funcionários. Para mim, um dos principais aprendizados tem sido a conversa em torno de deficiências, e como ela deve continuar a evoluir com rapidez para que todos nós tenhamos ciência das muitas dimensões das deficiências visíveis e invisíveis.

 

Ouvir, aprender e defender

Os colegas de trabalho que compartilharam suas histórias pessoais de ter que esconder suas deficiências para se encaixar no trabalho me ajudaram a reconhecer como essa situação pode ser prejudicial no local de trabalho – e em todos os aspectos da vida – e porque é tão importante criarmos ambientes de trabalho coletivamente em que cada pessoa sinta que pode ser ela mesma por completo. Me conectar com as histórias das pessoas dentro e fora da Microsoft também me ajudou a aprender a ouvir atentamente, a não fazer suposições e a procurar entender melhor suas experiências com curiosidade e empatia. Cada conversa e encontro me impeliu ainda mais em minha jornada da conscientização a aspirar à aliança.

Conhecer aquelas histórias me deu um senso de responsabilidade de usar minha posição como líder para influenciar outras pessoas e defender e criar ambientes inclusivos, especialmente no local de trabalho. Como defensora e mentora, apoiei Jenny Lay-Flurrie em sua jornada para se tornar Diretora de Acessibilidade da Microsoft. Tê-la no cargo abriu um novo capítulo em nossa jornada de acessibilidade e a priorizou em tudo que fazemos e entregamos. Eu chefiava o departamento de TI na época e ofereci minha equipe para realizar o piloto de um programa para aumentar a acessibilidade em nossos produtos e serviços. Esse trabalho ressaltou a necessidade de continuar a aprender sobre as experiências vividas pelas pessoas com deficiência, os tipos de deficiências que as pessoas podem ter, como elas se manifestam e as práticas que afetam diretamente a vida dos portadores de deficiência.

Como resultado, estou atenta às coisas tangíveis que posso fazer para aumentar a acessibilidade de minha equipe. Isso inclui garantir que todas as comunicações que envio à minha organização sejam acessíveis, fornecendo interpretação em linguagem de sinais e legendas em reuniões organizacionais e incentivando minhas equipes a aprofundar seus próprios conhecimentos por meio do treinamento e da obtenção de nosso Selo de Acessibilidade. Definir o tom a partir do topo é importante, portanto quero garantir que minha equipe de liderança esteja equipada para conduzir equipes com funcionários que tenham uma variedade de experiências e formações. Convidei indivíduos que tinham deficiências visíveis e invisíveis para conduzir uma sessão de aprendizagem de experiência vivida com meus líderes para nos ajudar a aprender o que significa ser um aliado e defensor de pessoas com deficiência.

 

Tornar a inclusão parte da cultura

Na Microsoft, sabemos que criar um mundo mais acessível e inclusivo começa dentro de nossa empresa. Faz parte da nossa cultura diária, de nossa abordagem à contratação inclusiva; às melhores práticas inclusivas e acessíveis para tecnologia e colaboração; ao ERG de Deficiência na Microsoft, que oferece conexão, suporte e oportunidades de aprendizagem essenciais para a comunidade de deficientes e aspirantes a aliados. Há inúmeras oportunidades para todos nós nos apoiarmos, ouvirmos e aprendermos sobre defesa e aliança tanto no trabalho quanto em nossas vidas pessoais.


Outra coisa que aprendi a valorizar nessa jornada é ter um mentor. Um de meus mentores mais importantes é minha prima, que trabalha como intérprete da Linguagem Americana de Sinais. Ela me ajudou a aumentar minha compreensão dos desafios, preconceitos inconscientes e desinformação que podem afetar desfavoravelmente a vida dos portadores de deficiência criando barreiras à participação. Parte do trabalho que ela faz é importantíssimo: estar na sala de parto com uma mãe surda em trabalho de parto que precisa de um intérprete para se comunicar com seu médico à medida que traz nova vida ao mundo, ou estar na sala de aula com um aluno que precisa de um intérprete para interagir com colegas de classe e participar de discussões são lembretes de que todos devemos tomar medidas para garantir que as mais de 1 bilhão de pessoas no mundo que vivem com deficiências possam fazer seu melhor trabalho e realizar tudo que são capazes de fazer.


O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência e nosso reconhecimento de um mês da comunidade de pessoas com deficiência na Microsoft é uma oportunidade para todos nós pensarmos sobre as maneiras como podemos promover os direitos e o bem-estar de portadores de deficiências em todas as esferas da sociedade. Cada um de nós pode usar nossas plataformas e talentos para ajudar a mudar a narrativa de o que significa viver com uma deficiência e criar sistemas que apoiem pessoas de todos os níveis de habilidades.


Minha consciência e compreensão cresceram imensamente ao longo dos anos. Considero uma honra e uma responsabilidade continuar a trabalhar para ser uma aliada da comunidade de deficientes e defender globalmente que todas as pessoas recebam os recursos e o apoio de que precisam para prosperar plenamente.


** Este texto é de responsabilidade exclusiva de seu autor, e não expressa, necessariamente, a opinião do SISTEMA REAÇÃO – Revista e TV Reação.

Fonte  https://revistareacao.com.br/da-conscientizacao-a-alianca-reflexoes-para-o-dia-internacional-das-pessoas-com-deficiencia/

Postado por Antônio Brito

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