O Mercado Livre, empresa líder em tecnologia para e-commerce e serviços financeiros da América Latina, lança, em parceria com o Instituto da Oportunidade Social (IOS) e a consultoria Talento Incluir, a terceira onda do projeto Meli para Todos, que visa preparar pessoas com deficiência para o mercado de trabalho. Os cursos serão online, com módulos distintos para as áreas de Atendimento ao Cliente (CX) e Logística. Além de estarem capacitados para o mercado de trabalho, os formandos poderão concorrer a vagas dentro do próprio Mercado Livre. Na última edição do projeto, 70% dos formandos foram contratados pela empresa.
Para o curso de CX, que tem duração de um mês, serão abertas 45 vagas. Já o módulo de Logística contará com duas turmas, com duração de uma semana e 45 vagas cada. Um dos módulos será exclusivo para pessoas da cidade de Lauro de Freitas, na Bahia, onde o Mercado Livre acaba de inaugurar um Centro de Distribuição. As inscrições acontecem até dia 23 de setembro, pelo link http://lnkd.in/eJvcWBN. As aulas terão início em 05 de outubro.
“O projeto nasceu do interesse do Mercado Livre em potencializar o perfil de profissionais com deficiência, tanto do ponto de vista técnico quanto de soft skills, para que tenham ainda melhores oportunidades de empregabilidade, seja no próprio Mercado Livre ou em outras empresas. E, também, da nossa vontade de termos processos seletivos organicamente diversos e de incluir mais pessoas com deficiência em nosso quadro de colaboradores”, explica Carolina Recioli Filgueiras, gerente de Talentos, Diversidade e Inclusão e Aquisição do Mercado Livre
A executiva ainda aponta que um dos principais diferenciais dos cursos é a aplicação de atividades semanais para que os alunos busquem soluções para desafios do dia a dia que existem dentro da companhia. “Com isso, desenvolvemos as habilidades pessoais de cada um, ao mesmo tempo que os convidamos para uma imersão na cultura da empresa, o que aumenta bastante a chance de serem contratados no final do processo”, conclui ela.
O projeto Meli para Todos começou no início deste ano no estado de São Paulo, com aulas presenciais para a primeira turma. A partir do início da quarentena, na segunda onda do projeto, o curso foi adaptado para o formato online e disponibilizado para todo o país. O Meli para Todos já formou + de 60 pessoas com deficiência, sendo que 27 delas foram contratadas pelo Mercado Livre. Os demais estão sendo apoiados pelo Programa IOS de Oportunidades, que busca vagas de empregos, principalmente entre as empresas parceiras da instituição.
Parceiros
O IOS será responsável pelo conteúdo técnico dos treinamentos (hard skills e acompanhamento psicossocial dos alunos). Em seus 22 anos de atuação e com o apoio de empresas privadas como a TOTVS – sua fundadora e principal mantenedora – a organização já inseriu 36 mil profissionais no mundo corporativo, nos mais diversos diversos setores, como Tecnologia da Informação, Administração, RH e Atendimento ao Varejo.
Já a Talento Incluir – consultoria que promove a relação entre profissionais com deficiência e o mercado de trabalho e que já proporcionou emprego a mais de 7 mil pessoas com deficiência em seus 12 anos de atuação – ficará responsável pelo treinamento de soft skills – habilidades e competências relacionadas ao comportamento humano, fortalecendo os conceitos de empatia, ética, liderança, resolução de conflitos, flexibilidade e gestão de equipes no ambiente corporativo. Além disso, a Talento Incluir também apoia o Mercado Livre na busca dos candidatos para o curso.
“Parcerias como esta reforçam a importância de nossa missão de formar profissionais com deficiência para tornar as empresas cada vez mais inclusivas, com profissionais preparados para o mercado de trabalho, por meio de uma solução eficiente e de baixo custo”, destaca a superintendente do IOS, Kelly Lopes.
“Uma iniciativa como esta mostra que para ser inclusiva, uma empresa precisa saber olhar ao redor e formar parcerias importantes para realizar uma inclusão séria, completa e efetiva, muito além das exigências da Lei de Cotas. Um exemplo a ser multiplicado no mercado”, conclui a CEO da Talento Incluir, Carolina Ignarra.
A Egalitê, HRtech especializada na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, realiza, entre os dias 21 e 28 de setembro, uma feira do emprego totalmente digital e gratuita. A Inclui PcD tem início no Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, 21 de setembro, e conectará os profissionais com deficiência às empresas que pretendem contratar.
“Hoje são mais de 12 milhões de desempregados no Brasil. E, em meio à pandemia e às medidas de isolamento social, uma das áreas mais afetadas foi a empregabilidade, tendo queda de 80% da média de vagas que trabalhávamos. Montamos a feira para gerar mais impacto e inclusão neste momento complexo. A ideia é promover conexão, inclusão e capacitação de pessoas com deficiência no atual mercado de trabalho e despertar o interesse das empresas por esses profissionais”, afirma Guilherme Braga, fundador e CEO da Egalitê, startup que realiza avaliação de perfil comportamental e de educação, totalmente adaptada para as pessoas com deficiência, e já incluiu mais de 7 mil profissionais no mercado de trabalho, em 19 estados do Brasil, ajudando mais de 500 empresas.
O Inclui PcD promoverá diversas palestras com especialistas da área. Entre os nomes confirmados na programação estão Michael Stein, Diretor Executivo do Programa de Empregabilidade de PcD e professor em Harvard; Cid Torquatto, Secretário Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo; Clara Marinho, que seu vídeo do Tik Tok emocionou o Brasil todo falando sobre a aceitação da sua deficiência.
A feira já reúne mais de mil vagas para pessoas com deficiência para cargos como Analista de serviços financeiros, Auxiliar administrativo, Auxiliar de produção, Coordenador de gestão de performance e Coordenador de planejamento estratégico. São mais de 30 empresas cadastradas e entre elas estão Oi, Magazine Luiza, MercadoLivre, Natura, Grupo Dimed, J.P. Morgan e CSN.
As empresas e candidatos interessados em participar do Inclui PcD podem se inscrever e cadastrar vagas gratuitamente no site: incluipcd.com.br.
“No Brasil, a lei Lei nº 8.213/91 estabelece que empresas com mais de 100 funcionários devem incluir de 2% a 5% de pessoas com deficiência em seu quadro de colaboradores. A Egalitê faz com que a inclusão seja efetiva, preparando, avaliando e recrutando os candidatos. Nós acreditamos no potencial das pessoas com deficiência e no retorno que as empresas obtém quando fazem um trabalho de inclusão bem feito, atento a detalhes, processos e, principalmente, resultados.”, destaca o CEO da Egalitê.
Vivemos uma situação excecional que implica algumas limitações à liberdade individual que se compreendem. Está em causa o bem comum.
O que não podem aceitar é que os constrangimentos que enfrentamos ponham em causa direitos humanos fundamentais quando se trata de pessoas com deficiência. Que exista, na prática uma discriminação em razão da deficiência.
As medidas que estão a ser tomadas, que são necessárias e fazem sentido no combate a epidemia, não podem vir agravar as já difíceis condições de vida das pessoas com deficiência nem colocá-las em situações de risco.
Para as pessoas com deficiência dependentes de terceiros, o confinamento e isolamento social pode significar não sair da cama, não fazer a sua higiene diária, não ter o que comer ou mesmo como comer se não tiverem quem os assista.
Têm chegado ao CVI, Associação precursora da vida independente em Portugal, relatos verdadeiramente alarmantes de situações que vão ao arrepio da lei nacional e da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Falamos concretamente de Centros de Apoio a Vida Independente (CAVI), regulamentados pelo decreto-lei nº 129/2017 que instituiu os projetos-piloto de assistência pessoal para pessoas com deficiência, que de forma unilateral cessaram ou restringiram ao mínimo os serviços de assistência pessoal, indispensáveis para a saúde, segurança, dignidade e independência dos seus utilizadores. Contrariando, deste modo, não só o Modelo de Apoio à Vida Independente (MAVI), como também todos os princípios que norteiam a filosofia de vida independente.
A resposta dos CAVI, de todos os CAVI em Portugal, deve ser em contraciclo nesta fase pandémica e assegurar todos os serviços contratualizados, respeitando, como é evidente, planos de contingência que prevejam todas as medidas necessárias à redução de riscos de contágio de utilizadores e de assistentes pessoais.
A redução ou a cessação da prestação de assistência pessoal através dos CAVI ou de serviços de apoio domiciliário, contra a vontade dos destinatários, não é admissível. O que deverá ser equacionado é o aumento de horas de assistência quando tal se demonstrar necessário
Na eventualidade da colocação de cuidadores e prestadores de serviços em quarentena ou isolamento o estado tem de garantir os apoios necessários por forma a não deixar pessoas com deficiência sem os serviços ou apoios que necessitam.
As pessoas com deficiência são um grupo particularmente vulnerável, não só pelas consequências agravadas resultantes de uma possível infeção, dadas as debilidades de saúde muitas vezes associadas, mas também pela situação de fragilidade económica e social em que vivem. Há, por isso, que ter em consideração as suas necessidades específicas para não se agravar a exclusão a que estão sujeitas.
É, por isso, necessário que o Governo assegure algumas medidas urgentes:
Manter e, quando necessário, aumentar os níveis de apoio às pessoas dependentes;
Fiscalizar e punir a redução dos apoios às pessoas com deficiência contra a sua vontade, nomeadamente os serviços de apoio domiciliário e a assistência pessoal prestada pelos Centros de Apoio à Vida Independente;
Reforçar o investimento nos Centros de Apoio à Vida Independente para possibilitar o aumento do número de destinatários de assistência pessoal e de horas de assistência disponíveis por destinatários nas situações em que tal se justifique;
Fornecer equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas e desinfetante) às organizações que prestam apoio presencial a pessoas com deficiência;
Agilizar e evitar a interrupção da atribuição de produtos de apoio;
Rastrear a infeção pelo COVID 19 nos lares residenciais, locais propícios ao contágio, como se tem verificado nos lares de idosos;
Assegurar a prioridade no atendimento às pessoas com deficiência nos serviços públicos e privados, inclusive nos serviços de encomendas on-line
Certificar-se que a informação de saúde pública é acessível a todos prevendo a inserção de legendagem, interpretação em Língua Gestual Portuguesa e outros formatos alternativos;
Garantir a acessibilidade de toda a comunicação digital, indispensável à população cega.
Converter os materiais de divulgação em formatos de Leitura Fácil tendo em consideração as pessoas com deficiência intelectual ou baixa literacia.
Implementar uma linha telefónica de assistência dedicada às pessoas com deficiência que preveja a comunicação áudio, texto e em Língua Gestual Portuguesa;
Possibilitar o teletrabalho a todas as pessoas com deficiência com risco agravado de saúde que o requeiram. Na impossibilidade funcional da sua obtenção, deverão ser abrangidas nas medidas de apoio extraordinário à suspensão da atividade.
Garantir a manutenção do rendimento das famílias que têm pessoas com deficiência no agregado familiar, forçados a prestar assistência básica, por encerramento de instituições ou situação de teletrabalho, tendo em consideração os custos acrescidos decorrentes da situação de deficiência.
Salvaguardar que qualquer resposta bancária excecional criada neste período não exclua nenhum cliente com base na sua deficiência.
A identificação das necessidades e a conceção, execução e acompanhamento de todas as iniciativas e medidas de combate à pandemia deverá ser feita após consulta e em articulação com as pessoas com deficiência e suas organizações representativas, salvaguardando todos os direitos inscritos na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Por fim, não podemos deixar de expressar a nossa gratidão a tantos profissionais, nomeadamente os e as assistentes pessoais, que possibilitam sustentar a vida e a dignidade humana em circunstâncias tão difíceis.
A Direção da Associação Centro de Vida Independente
Acaba de ser divulgado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que o Projeto de Lei 529/2020 foi distribuído ao Deputado Estadual Carlão Pignatari, do PSDB. O parlamentar é Líder do Governo Estadual na Assembleia Legislativa e membro efetivo da Comissão de Constituição, Justiça e Redação.
Procurada, a Assessoria de Imprensa da Assembleia e do parlamentar, ainda não informaram se ele deve ser o Relator de apenas uma Comissão Permanente ou de todas que devem avaliar o projeto. Antes de ser discutido e votado pelo plenário da Casa, o projeto e mais de 600 emendas – muitas delas propostas para evitar prejuízos ao segmento PcD deve tramitar pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação; Comissão de Administração Pública e Relações do Trabalho; Comissão de Infraestrutura e por fim pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.
O projeto de lei de autoria do Governo do Estado João Dória, dentre outras coisas prevê a alteração na Lei Estadual Nº 13.296 de 2008, relacionada à isenção de IPVA para Pessoas com Deficiência. O projeto exclui o trecho da seguinte forma: “deficientes visuais e mentais como beneficiários da isenção” – e mantém apenas “Pessoas com Deficiência severas ou profundas que tenham carros adaptados”.
O tema foi encaminhado para o parlamento paulista em Regime de Urgência. De acordo com a Constituição Estadual no Artigo 26, o Governador poderá solicitar que os projetos de sua iniciativa tramitem em regime de urgência. No parágrafo único determina que se a Assembleia Legislativa não deliberar em até 45 dias, o projeto será incluído na ordem do dia até que se ultime sua votação. Com isso, podem não ocorrer as Audiências Públicas com representantes da sociedade. O prazo dos 45 dias se encerra no dia 27 de setembro.
O segmento PcD se organiza para visitar deputados estaduais na próxima semana. Grupos formados no WhatsApp, no qual o Departamento de Jornalismo do SISTEMA REAÇÃO teve acesso, demonstra a indignação e revolta das pessoas com deficiência com o tema.
“Passar um Projeto de Lei nesses teores sem ouvir as lideranças e os representantes das pessoas com deficiência e as entidades representativas, é uma ação que beira a irresponsabilidade. Não se pode prejudicar milhares de pessoas que realmente necessitam de um benefício por conta de uma falha que é do próprio estado em não ter condições de fiscalizar de forma adequada a concessão dos benefícios e assim evitar possíveis fraudes. Não se cobre os pés descobrindo a cabeça. Não queremos que o segmento seja beneficiado com nenhum presente ou favor. Só queremos justiça. Se o transporte público fosse apto para atender minimamente todas as Pessoas com Deficiência ou mobilidade reduzida, não estaríamos buscando o direito do benefício da isenção de impostos”, afirma Rodrigo Rosso, diretor do SISTEMA REAÇÃO e presidente da ABRIDEF – Associação Brasileira da Indústria, Comércio e Serviços de Tecnologia Assistiva para Pessoas com Deficiência.
As informações do Deputado Estadual Carlão Pignatari, estão disponíveis no site da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O email informado é: carlaopignatari@al.sp.gov.br – fones: (11) 3886-6123, 3886-6124 e 3886-6494.
Mais informações sobre o Líder do Governo João Dória podem ser encontradas no site: www.carlaopignatari.com.br – @carlaopignatari no Instagram. O escritório político fica na cidade de Votuporanga, interior de São Paulo – fone: (17) 3423-4588.
Agora cabe a todos que fazem parte do segmento se mobilizarem e enviarem seus ofícios e mostrar ao relator o repúdio ao PL 529/2020, pedindo que seja excluído dele o artigo que trata do IPVA para PcD.
A disfunção intestinal neurogênica é uma das complicações de algumas doenças e lesões do Sistema Nervoso Central (SNC), que vem acometendo muitas pessoas, especialmente devido ao aumento da violência urbana e das lesões traumáticas, como os acidentes, bem como ao envelhecimento da população.
Pessoas com intestino neurogênico podem apresentar períodos de constipação intestinal, mas também de incontinência anal, porém neste artigo vamos falar da constipação.
A constipação intestinal causa desconforto e interfere na qualidade de vida, assim é muito importante a orientação e acompanhamento da equipe multiprofissional para que condutas adequadas sejam tomadas e problemas possam ser solucionados o mais precocemente possível. Estratégias educativas como vídeos e orientações escritas devem ser utilizadas para auxiliar no cuidado com o intestino neurogênico e contribuir para autonomia e independência do paciente.
O intestino neurogênico caracteriza-se pela perda da sensação de necessidade de evacuação ou a inabilidade para perceber a presença de fezes no reto. Ocorre devido ao bloqueio das mensagens enviadas entre aparelho digestivo e o cérebro através da medula espinal. O processo de reeducação intestinal favorece o funcionamento do intestino com regularidade, em um mesmo horário, facilitando assim as atividades fora de casa e contribuindo para melhorar a qualidade de vida.
A reeducação do intestino é possível com planejamento e dedicação da equipe de saúde e pessoal e deve ser iniciado o mais precocemente possível. Orientações importantes como esvaziar o intestino de forma regular e evitar o bloqueio das fezes (impactação e constipação) são informações essenciais que contribuirão para favorecer a saída das fezes. Observar a frequência das eliminações e a consistência das fezes também gera dados importantes que definem condutas a serem tomadas.
Caso as eliminações sejam infrequentes, com intervalos superiores há três dias, e/ou fezes muito endurecidas é necessário certificar-se de que todas as orientações realizadas estão sendo efetivadas.
A ingestão de alimentos ricos em fibras se faz essencial, alimentos como frutas, verduras, cereais não devem faltar na dieta e os líquidos também compõem o conjunto de recomendações. Fibras demandam líquido para que seu efeito possa ser potencializado. Beber água é importante não só para o intestino neurogênico, como para prevenir infecções urinárias, problema também recorrente em pessoas com doenças ou lesões do Sistema Nervoso Central. É importante o consumo mínimo de seis a oito copos de água por dia, além de chás e sucos naturais. Bebidas gasosas devem ser evitadas, especialmente para evitar a formação excessiva de gases.
O uso de laxantes deve ter prescrição médica, geralmente são usados laxantes osmóticos, os irritativos são contraindicados.
Outra orientação importante é registrar as informações referentes as eliminações: quando foi a evacuação, horário, posição, método de estimulação e técnicas auxiliares realizadas, tempo para os resultados. Anotar também a quantidade, consistência e cor das fezes, presença de cólicas abdominais, dores, espasmos musculares ou sangramento.
Assim é importante criar o hábito evacuatório, procurando manter a regularidade e horários pré-selecionados e o acompanhamento multiprofissional.
*Maria Angela Boccara de Paula é Enfermeira Estomaterapeura e presidente da Associação Brasileira de Estomaterapia – www.sobest.org.br. Tem Doutorado em Enfermagem pela USP – Universidade de São Paulo, atuando principalmente em estomaterapia e saúde coletiva, assistência e também ensino e pesquisa.
No Dia Nacional do Teatro Acessível, a ONG Escola de Gente, fundada pela jornalista Cláudia Werneck, referência internacional em inclusão, vai apresentar um espetáculo on-line com tradução simultânea em libras, audiodescrição e legendas.
A encenação da peça Ninguém Mais Vai Ser Bonzinho, baseada no livro de Cláudia, fica a cargo do grupo teatral Os Inclusos e os Sisos, criado pela humorista Tatá Werneck em 2003.
A transmissão, que tem apoio do Unicef, acontece no sábado (19), às 17h, de forma gratuita, no canal do YouTube da Escola de Gente.
“O nosso maior legado no pós-pandemia é a opção pela cultura acessível plena também na internet. Assim, pessoas com deficiência, idosas, com baixo letramento, entre outras, podem navegar no fluxo do entretenimento virtual sem restrições. Como as plataformas não estão preparadas para oferecer libras, audiodescrição e legendas de forma simultânea, a solução foi criar uma ‘gambiarra tecnológica’ própria, que foi um sucesso nas nossas lives – as primeiras acessíveis da internet brasileira – e agora será testada nos espetáculos virtuais”, celebra Claudia.
Essa solução é a articulação de plataformas e softwares gratuitos ou muito baratos que permitem que as transmissões tenham, ao mesmo tempo, língua de sinais, legenda ao vivo e audiodescrição.
O espetáculo, em nova versão virtual, traz esquetes bem-humoradas envolvendo casos de preconceito, discriminação, adaptação ao período de isolamento social e uso de máscara. “A Covid-19 trouxe novas situações de discriminação sobre as quais precisamos refletir. Assim como acontece em nossos espetáculos presenciais, tenho certeza de que o público vai se divertir e se reconhecer nos esquetes”, defende Carolina Godinho, diretora do grupo Os Inclusos e os Sisos.
Símbolo atual a ser alterado e proposta de um novo ícone, mais positivo, seguindo o projeto do senador Waldemir Moka
Projeto de lei que modifica a imagem de uma pessoa curvada usando bengala, usada para identificar o atendimento preferencial a idosos, foi aprovado pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado e enviado à apreciação da Câmara dos Deputados. Autor da proposta, o senador Waldemir Moka (MDB-MS) alega que pessoas de 60 anos acima não são mais tão frágeis e muitos estão na ativa e trabalhando, e que o ícone não pode ser pejorativo. Um movimento elegeu pela internet um novo desenho em 2013, com uma pessoa mais ativa ao lado da inscrição 60 +. O texto original previa a mudança, mas a senadora Marta Suplicy (MDB-SP), relatora da matéria, ponderou que o símbolo é internacional e a troca poderia prejudicar a padronização, mas afirmou que a mudança está sendo analisada na ONU.
Algumas pessoas que enxergam barreiras para sair pelo mundo talvez não conheçam viajantes que não deixam deficiências físicas limitarem a descoberta de novos e distantes lugares. Embora as necessidades especiais exijam mais disposição, elas não os impedem de viver momentos únicos.
Confira a seguir histórias de pessoas com deficiência que ultrapassaram obstáculos e mostram que não existem limites para curtir novas experiências de viagem.
Uma cadeira com histórias e lembranças
Laura Martins é formada em letras, redatora e escreve para o blog Cadeira voadora desde 2011. Aos 5 anos, ela teve mielite transversa, doença que a deixou em uma cadeira de rodas. A dificuldade de locomoção, no entanto, não a impediu de desbravar o mundo e narrar suas histórias.
O foco de escrever é compartilhar muito mais do que dicas de viagens, mas experiências. ''Não faço questão de saber quantos carimbos há no meu passaporte. A ideia é a liberdade de ultrapassar as próprias fronteiras, aquelas que a sociedade coloca pela falta de acessibilidade'', reflete.
Para Laura, o importante é se permitir sair de casa e enfrentar os desafios. "Para quem é deficiente, ir ao supermercado já é uma vitória", diz.
Visitar um parente na cidade vizinha pode ser mais significativo do que uma pessoa sem deficiência passar uma temporada em um país considerado exótico"
Aprendizados pelo caminho
"Viajar é um instrumento de empoderamento", diz Laura. "Quando alguém viaja, desenvolve habilidades no processo, como planejar, executar, lidar com imprevistos, entrar em contato com o diferente e incorporá-lo".
A blogueira fez muitas viagens desacompanhada e considera enriquecedor esse modo "solo" porque consegue interagir mais. "Por ser cadeirante, quando estou sozinha as pessoas se aproximam para oferecer ajuda. Nunca passei por alguma experiência grosseira'', conta.
Morar e fazer o intercâmbio em Newcastle Upon Tyne, município no nordeste do Reino Unido, foi um momento marcante para Laura.
Viver uma temporada maior no exterior ajudou-a a ganhar autonomia. "Me deu oportunidade de conversar mais com as pessoas e de conhecer distintas formas de interagir. Se todos viajassem com esse espírito, seriam menos preconceituosos", ressalta.
Os desafios
Uma pessoa com deficiência encontra muitas limitações no percurso e nos destinos turísticos.
O mundo não está preparado para receber alguém com limitação, que encontra situações adversas da saída de casa até a hora de voltar"
Ela elenca algumas delas: ''Existe a recusa de motoristas de aplicativos; desafios nos aeroportos (nem todos têm condições de nos receber); aeronaves que não estão preparadas e onde não há condições de usar o banheiro; e limitações nos transportes públicos''.
Laura também destaca que a maioria dos hotéis não possuem acessibilidade. "Às vezes procuro informação em sites de busca e alguns falam que têm, mas não é verdade. A fotografia costuma falsear a situação", diz.
"Já aconteceu de um hotel ter uma pia tão alta que tive que colocar água em um copo e usar o vaso sanitário como pia. Nem mesmo conseguia lavar as mãos'', recorda do constrangimento.
Sem limites para viajar
A turismóloga Mellina Reis já percorreu nove países e dez estados brasileiros — poderiam ser 13, não fosse a pandemia ter paralizado o turismo e seus planos. A paixão por viajar a fez conhecer lugares como a França, Inglaterra, Grécia, Estados Unidos, Argentina, Chile e Uruguai.
Um detalhe: Mellina tem uma degeneração na retina chamada distrofia de cones e bastonetes, que reduziu sua capacidade de visão a apenas 3%.
Mesmo assim, a deficiência não a impediu de conhecer a maioria dos destinos sozinha ou acompanhada de Hilary, sua cadela-guia.
As experiências inspiraram a criação do blog 4 patas pelo mundo para contar sobre os lugares e passar dicas de cada região turística.
Dois percursos marcantes de suas andanças foram aventuras sem a companhia de conhecidos. O primeiro foi em 2008, quando fez um tour por França, Grécia e Espanha. Na época, tinha 20% da visão.
O segundo foi a visita para Curitiba, em 2015, em que conseguia enxergar entre 5% e 3% e marcou a estreia de Hilary como companheira de passeio.
Viajar apenas com sua cadela-guia é, para Mellina, uma experiência libertadora.
Tenho uma sensação de que eu consigo e sou capaz. Posso fazer as coisas no meu tempo, do jeito e na hora que quero. Me sinto vitoriosa por ter superado os meus medos e limites''
Nas viagens, ela faz amigos e sempre registra os momentos especiais. Apesar da deficiência visual, tira fotos e filma. "Como elas ficam, eu não sei, mas registro tudo'', brinca.
Viagem em família inesquecível
A economista Maria Fernanda, de São Paulo, do perfil @papoderodas no Instagram, fala sobre viajar diante das necessidades especiais por causa da cadeira de rodas:
É só curtir e encarar as adversidades que encontramos em qualquer lugar. Pedir ajuda e um bom planejamento são ótimas estratégias para enfrentar qualquer dificuldade"
As limitações não barraram as viagens por diversas partes do país e do mundo. No Brasil, já conheceu mais de 20 municípios. Nos Estados Unidos, foi para a costa da Califórnia, Atlanta, Orlando, Nova York, Boston, Miami e Las Vegas. E fechou o tour norte-americano conhecendo a Cidade do México.
Na Europa, fez um percurso de carro pelo norte da Itália passando por 20 cidades e também visitou Paris, na França.
A viagem marcante, entre tantas, foi para a Disney, em Orlando. "Uma paixão por causa da energia mágica daquele lugar", diz. Mas também guarda com carinho as lembranças dos momentos em que esteve com toda a família em Nova York e na Itália.
Uma vez embarcou sozinha de São Paulo para encontrar os familiares em Brasília, mas não fez nenhuma viagem completa sem companhia.
Para escapar de aborrecimentos, Maria nunca deixa de verificar a acessibilidade dos transportes e da hospedagem.
"O avião é o primeiro desafio: a cabine costuma ser apertada e o banheiro mais ainda, por isso, evito ao máximo", revela. A viajante também prioriza grandes redes hoteleiras, porque sempre proporcionam quartos realmente adaptados.
Sem medo de perrengue
Marcos Melo Jr., de Nova Lima, Minas Gerais, é atleta de paraciclismo, fisioterapeuta, palestrante e youtuber do canal Tocando a vida. Ele já viajou para cinco países e diversas cidades, passando por cima da condição de tetraplégico.
Em Roma, na Itália, teve uma experiência singular. Ao mesmo tempo que enfrentou dificuldade para encontrar banheiros adaptados na cidade, deparou-se com a parte histórica quase totalmente preparada para a acessibilidade.
Por causa dos requisitos especiais, Marcos nunca viajou sozinho. No entanto, sempre aproveitou os lugares conhecidos para ter contato com novas sensações e emoções.
Tirando a necessidade de acompanhante, não há limitação para mim. Os diversos obstáculos fazem parte da vida de alguém com deficiência"
Marcos diz ser movido pelo espírito aventureiro e a coragem de enfrentar perrengues: "Eles são maiores do que qualquer motivo para eu deixar de viajar e aproveitar as experiências". Porém, alerta para importância de fazer sua "tarefa de casa" antes de cada aventura.
O fisioterapeuta pesquisa as informações sobre acessibilidade e checa se, realmente, será possível curtir as atrações da região.
Tudo é posto na balança dos perrengues versus a experiência que terá. "Avalio o quanto vale a pena passar por algumas situações complicadas. Isso é um fator que deve ser altamente considerado", explica.
Para outros deficientes que sonham desbravar novos lugares, Marcos dá a dica:
Não tenha vergonha de pedir ajuda e, se for o caso, ligar para tirar todas as dúvidas, principalmente em relação à acomodação. É muito comum reservar um hotel com quarto acessível e, na hora, dar de cara com um local impossível de um cadeirante se deslocar"
O governo definiu novas regras para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). As mudanças constam na Portaria Conjunta nº 7, de 14 de setembro de 2020 que “regulamenta regras e procedimentos de requerimento, concessão, manutenção e revisão do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC)”.
Entre as mudanças estão revisão periódica das pessoas com deficiência, dedução de gastos com tratamentos de saúde da renda mensal e simplificação para checagem dos rendimentos familiares.
Segundo o governo, a mudança tem o objetivo de melhorar o fluxo das informações e diminuir o tempo de tramitação dos requerimentos, além de adequar a nova rotina de trabalho do INSS frente à pandemia.
O BPC é destinado a pessoas com deficiência e idosos, acima de 65 anos, que tenham renda mensal bruta individual de até um quarto do salário mínimo (R$ 261,25).
Segundo a portaria, o comprometimento da renda familiar com tratamentos de saúde contará para avaliação da renda. Ou seja, os valores gastos com medicamentos, alimentação especial, fraldas descartáveis e consultas médicas serão deduzidos da renda mensal bruta familiar. Por exemplo, se a família tem renda de R$ 300, mas gasta R$ 100 com remédios, a renda considerada será de R$ 200 na hora de conceder o BPC.
O CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Deficiência divulgou na tarde desta quinta-feira, 17, um MANIFESTO PÚBLICO DE REPÚDIO E CONTRÁRIO à Portaria Conjunta nº 7, de 14 de setembro de 2020 que modifica a Portaria Conjunta MDS/INSS nº 3, de 21 de setembro de 2018.
“Considerando que o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em plenária realizada em 05 de março de 2020, aprovou o Índice de Funcionalidade Brasileiro Modificado (IFBrM) como instrumento adequado de avaliação da deficiência a ser utilizado pelo Governo Brasileiro, tendo sido publicada sua Resolução de N° 01/2020 no DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO em 10/03/2020 | Edição: 47 | Seção: 1 | Página: 66, este Conade vem a público:
Manifestar seu total repúdio à Portaria Conjunta nº 7, de 14 de setembro de 2020 que modifica a Portaria Conjunta MDS/INSS nº 3, de 21 de setembro de 2018, uma vez que a mesma: I – Desrespeita todas as legislações aqui citadas, sobretudo a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, rompendo com os compromissos assumidos pelo Estado Brasileiro junto à ONU; II – Desrespeita o direito conquistado pelo segmento das pessoas com deficiência quanto ao modelo social da deficiência; III – Prioriza interesses corporavistas de uma única categoria profissional, e por fim, com igualmente elevado grau de gravidade; IV – Desrespeita a decisão colegiada do órgão máximo de controle social sobre politicas para a pessoa com deficiência, ferindo frontalmente suas competências estabelecidas pelo decreto 10.177/2019;
Por todas as considerações acima, este Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, além de manifestar publicamente seu repúdio à referida Portaria, recorre ao Governo Brasileiro, na pessoa de seu Presidente da República, para que determine a revisão da Portaria Conjunta n° 7, com vistas a assegurar o cumprimento das legislações, mas principalmente o direito da pessoa com deficiência a obter a avaliação biopsicossocial”. O documento é assinado por Marco Antônio Castilho Carneiro, Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Conade.
Por meio da aplicação, é possível ligar e desligar lâmpadas, verificar se a lâmpada de um cômodo está acesa ou apagada ou se as portas e janelas estão fechadas ou abertas. Crédito: Universal Automação
Os estudantes do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Fernando de Oliveira Neto, Fernando Frazao, Lucas Fernandes e Rubens Lima, sob a supervisão do professor Euler Macedo, criaram um sistema de automação residencial para deficientes visuais e auditivos.
O sistema foi executado por meio do protótipo de dois aplicativos: um para deficientes visuais e o outro para deficientes auditivos Os dois aplicativos possuem as mesmas funções. A diferença entre eles é que um funciona por comandos de voz e o análogo com base em uma linguagem visual, por meio de ícones gráficos e textos.
Por meio do app, o deficiente visual tem a possibilidade de ligar e desligar as lâmpadas de sua casa, verificar se a lâmpada de um cômodo está acesa ou apagada ou se as portas e janelas estão fechadas ou abertas. O usuário também é informado quando alguém toca a campainha.
Outra atratividade do aplicativo é que ele conta com um sistema de segurança que protege o usuário contra possíveis situações de risco, tais como vazamento de gás ou janelas abertas durante uma pancada de chuva, através de notificação.
Já o app para deficientes auditivos possui ícones que representam lâmpadas, porta principal, janelas dos cômodos, indicação de incêndio e de chuva. O objetivo desses ícones é auxiliar os usuários no dia a dia, já que a maioria deles é analfabeto devido à limitação auditiva. Por isso, geralmente não conseguem ler mensagens textuais.
Se o deficiente auditivo desejar acender a lâmpada de determinado cômodo, basta pressionar o ícone do comando. Isso também vale para se ele quiser apagá-la. Com o app aberto, o deficiente auditivo pode fazer o monitoramento das portas e janelas da sua casa, a fim de observar se estão fechadas ou abertas. Se uma porta ou janela estiver aberta, aparecerá uma indicação no aplicativo.
“O objeto desta solicitação de patente de invenção consiste em oferecer aos deficientes visuais e auditivos plenas condições para viverem sozinhos e com autonomia na realização de suas atividades cotidianas”, afirma Euler Macedo, orientador da inovação.
Segundo o professor da UFPB, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número de deficientes visuais no mundo, somado à quantidade de deficientes auditivos, é superior a 80 milhões. A partir dessa estimativa, Euler Macedo explica que é crescente o interesse das indústrias em produzir bens de consumo para esse público específico.
“Os chamados produtos de tecnologia assistiva são definidos como uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas funcionais encontrados pelos indivíduos com deficiências”.
De acordo com o docente, agora, o ideal seria ter empresas startups formadas pelos próprios alunos para colocar a ideia no mercado e, a partir daí, criar esse tipo de atendimento a pessoas com deficiência visual e/ou auditiva.
O sistema foi desenvolvido a partir dos recursos captados em edital especifico para feiras e mostras cientificas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações para incentivo à pesquisa no Brasil.
“Começamos a desenvolver a patente na IV Feira de Engenharia Elétrica da UFPB, em 2017. Pretendemos realizar a quinta edição do evento no primeiro semestre de 2021”, adianta Euler Macedo.