25/11/2025

Diagnóstico tardio de TEA entra na agenda nacional após sanção de lei voltada a adultos e idosos

Diagnóstico tardio de TEA entra na agenda nacional após sanção de lei voltada a adultos e idosos

Iniciativa destaca a necessidade de capacitação profissional e revela impactos acumulados em quem viveu anos sem entender sua própria neurodivergência

A recente sanção da Lei 15.256/25, que incentiva o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) em adultos e idosos, marca um momento histórico para a neurodiversidade no Brasil. A lei reconhece formalmente que muitas pessoas com autismo só descobrem sua condição na fase adulta ou na terceira idade — e que esse atraso tem consequências profundas para a vida dessas pessoas.

O professor e especialista em inclusão, Nilson Sampaio, destaca que o diagnóstico tardio priva muitas pessoas de entender quem realmente são. “Sem uma identificação formal, muitos adultos autistas passam décadas tentando se ajustar socialmente, acumulando frustrações, ansiedade, sobrecarga sensorial e autojulgamentos”, explica. Ele reforça que o autoconhecimento proporcionado pelo diagnóstico pode ser transformador. “Diagnosticar-se tardiamente não muda quem a pessoa é, mas possibilita uma nova forma de lidar com suas características, com mais empatia e estratégia, seja no trabalho, na família ou na vida social”, ressalta o especialista.

Segundo Sampaio, muitos adultos não diagnosticados podem vivenciar ao longo de suas vidas:

  • Camuflagem social: adotam estratégias para “se encaixar”, o que gera fadiga emocional e sensação de ser sempre “fora de lugar”;
  • Sobrecarga sensorial: ambientes barulhentos, reuniões longas, estímulos visuais ou táteis podem ser extremamente desgastantes, sem que a pessoa entenda por que se sente diferente;
  • Entraves no trabalho: dificuldade para manter foco, lidar com multitarefas ou adaptar-se a rotinas exigentes pode levar a esgotamento, baixa produtividade ou mudança constante de emprego;
  • Relações interpessoais afetadas: sem entender sua neurodivergência, muitos adultos interpretam seus desafios como falhas pessoais, gerando isolamento, culpa e baixa autoestima.

Impacto do diagnóstico tardio

A jornalista Bruna Bozza, de 37 anos, recebeu há menos de um ano o diagnóstico de TEA, depois de uma vida inteira interpretada por rótulos equivocados. Cresceu sendo vista como “chorona”, “esquisita” ou “sem noção”, em uma época em que neurodivergência não era discutida. Seu primeiro diagnóstico veio aos 23 anos, na faculdade de Jornalismo, quando um professor percebeu sinais de TDAH e dislexia. Porém, as medicações disponíveis na época não funcionaram, e ela passou 13 anos lidando sozinha com comorbidades, exaustão e dificuldades sociais.

Em janeiro deste ano, ao iniciar uma nova medicação que enfim trouxe estabilidade ao TDAH, outros sintomas ficaram mais evidentes. Foi o início de uma investigação de nove meses, que envolveu testes, revisitar traumas, episódios de bullying e comportamentos que sempre estiveram presentes. O resultado foi o diagnóstico de TEA nível 1, associado a Altas Habilidades — combinação que finalmente organizou sua história. “O diagnóstico trouxe alívio, porque finalmente entendi quem eu sou. Mas também trouxe um luto profundo. O que mais me atravessa é o ‘e se…’. E se tivessem percebido antes? E se eu tivesse tido acolhimento? Enquanto os outros avançavam, eu gastava toda a minha energia apenas para sobreviver e parecer normal”, desabafa a jornalista.

Para Sampaio, os ganhos de um diagnóstico, ainda que tardio, são significativos. O especialista elenca algumas vantagens:

  • Autoconhecimento e validação: entender que suas particularidades têm explicação neurológica ajuda a pessoa a se aceitar e a recontextualizar muitos episódios da vida;
  • Acesso a intervenções e estratégias: com o diagnóstico, é possível buscar terapias focadas (ocupacional, psicológica, coaching neurodivergente), além de adaptações práticas no dia a dia;
  • Rede de apoio: lançar mão de grupos, comunidades e redes de suporte específicas para autistas adultos ou idosos;
  • Inclusão social e profissional: demandar e negociar adaptações no trabalho, na rotina e nos relacionamentos com base em necessidades reais, e não mais em “jeitos de ser difíceis”.

A nova lei e a urgência da ação

A legislação sancionada abre caminho para políticas públicas mais efetivas: capacitação de profissionais de saúde para diagnosticar TEA em qualquer fase da vida, campanhas de conscientização sobre autismo adulto/idoso, e estruturação de redes de atendimento multidisciplinar para apoiar neurodivergentes. “A lei é um passo fundamental, mas precisamos agora garantir acessibilidade real, ou seja, que adultos autistas tenham profissionais qualificados disponíveis, laudos acessíveis e políticas que apoiem sua singularidade. Diagnosticar é apenas o começo; o verdadeiro avanço será quando tivermos inclusão genuína”, destaca Sampaio.


Apesar do aumento dos diagnósticos e do acesso a conteúdos sobre neurodiversidade, o preconceito contra autistas de nível 1 de suporte ainda é frequente. Muitas vezes chamados de “autistas funcionais”, eles enfrentam uma carga silenciosa: conseguem viver em sociedade, mas às custas de intenso esforço para mascarar características naturais e se encaixar em padrões sociais. “Esse processo resulta em desgaste físico e mental, dores, inflamações e condições como ansiedade e depressão. Outro desafio é a percepção distorcida da população, que frequentemente desmerece ou desacredita do diagnóstico do autista de nível 1, alimentando piadas, desrespeito e ridicularização”, completa o especialista.

Fonte https://diariopcd.com.br/diagnostico-tardio-de-tea-entra-na-agenda-nacional-apos-sancao-de-lei-voltada-a-adultos-e-idosos/

Postado Pôr Antônio Brito 

Estudante com deficiência visual de 87 anos tem novas oportunidades

O CEEDV de Brasília recebe 40 computadores do programa 'Computadores para Inclusão', celebrado por Neuraci Fagundes, estudante de 87 anos com deficiência visual, que busca aprender.

Estudante com deficiência visual de 87 anos tem novas oportunidades

Com o compromisso de promover a inclusão digital, o Ministério das Comunicações tem instalado e equipado laboratórios de informática em associações comunitárias e entidades de todo o país. Na semana passada, foi a vez do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV) de Brasília/DF receber 40 equipamentos da pasta, recondicionados e doados por meio do programa Computadores para Inclusão.

A novidade foi celebrada por Neuraci Fagundes, de 87 anos, uma das estudantes do CEEDV. Professora de português aposentada, dona Neura — como é carinhosamente chamada — tem uma degeneração macular que afeta sua retina e compromete sua visão.

Ela espera aprender um pouco de tecnologia, porque acha que vai ser útil para se comunicar com as pessoas, pesquisar e saber de novidades. Há 2 anos, dona Neura sequer conseguia ler. Com o apoio de profissionais e aulas adaptadas em ambientes bem iluminados, ela voltou a enxergar parcialmente do olho direito.

Há poucos dias, em uma aula de Educação Visual, Neuraci conseguiu ler um texto especialmente disposto em um fundo de projeção. Ela estava justamente em uma aula de Escrita Cursiva do CEEDV quando os técnicos do Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC), do Ministério das Comunicações, chegaram com as máquinas doadas.

O objetivo é fazer com que cada pessoa com deficiência visual tenha mais autonomia. É a primeira vez que o CEEDV recebe uma doação com esse volume de computadores. As máquinas vão atender as salas de digitação e de apoio pedagógico, onde se realiza a produção em braile da entidade.

O programa do Ministério das Comunicações promove inclusão e sustentabilidade a partir da restauração de equipamentos nos Centros de Recondicionamento de Computadores (CRCs). Além do descarte ambientalmente correto dos resíduos eletroeletrônicos, a iniciativa oferece cursos de capacitação em informática para jovens e adultos.

Desde sua criação, o Computadores para Inclusão já entregou mais de 66 mil máquinas e criou mais de 5 mil laboratórios de informática em 1.278 municípios. Na área de treinamento, o programa capacitou mais de 66 mil pessoas em um dos 301 cursos existentes.

Fonte https://revistareacao.com.br/noticias/noticia?id=dd380de3-59a9-4209-898e-6c9f6e155a51

Postado Pôr Antônio Brito 

Dia Nacional de Combate ao Câncer destaca avanços no tratamento pediátrico e reforça importância do diagnóstico precoce

Dia Nacional de Combate ao Câncer destaca avanços no tratamento pediátrico e reforça importância do diagnóstico precoce

No Rio Grande do Sul, SPRS chama atenção para os tipos mais frequentes de câncer infantil e para os progressos que elevam as taxas de cura e a qualidade de vida das crianças

O Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro, reforça um alerta essencial para famílias e profissionais de saúde: o câncer também acomete crianças e adolescentes e exige diagnóstico precoce, atenção especializada e cuidado contínuo. No Rio Grande do Sul, a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) destaca o papel dos avanços científicos e das equipes multidisciplinares na transformação do cenário da oncologia pediátrica. Conforme a médica hematologista pediátrica, associada e diretora da entidade, Virginia Nóbrega, compreender os sinais, os tipos mais comuns e as novas possibilidades terapêuticas é fundamental para ampliar as chances de cura e reduzir impactos físicos e emocionais.

Entre os tipos de câncer mais frequentes na infância estão as leucemias, responsáveis por aproximadamente um quarto dos casos. 

“Elas afetam a medula óssea, comprometendo a produção das células do sangue e levando a sintomas como anemia, infecções e sangramentos”, explica.

Em seguida aparecem os tumores cerebrais e os linfomas, além de tumores musculares e ósseos — como rabdomiossarcoma, osteossarcoma e sarcoma de Ewing — que são muito mais comuns em crianças e adolescentes do que em adultos.

Segundo a especialista, os avanços no tratamento têm mudado a perspectiva de milhares de pacientes. 

“Hoje, graças a terapias mais seguras, protocolos bem estabelecidos e um cuidado multidisciplinar que inclui suporte clínico, assistência psicológica e acompanhamento familiar, as taxas de cura chegam a cerca de 80%”, afirma. Ela destaca que, embora a quimioterapia ainda represente um desafio devido às toxicidades e ao risco aumentado de infecções, novas tecnologias têm ampliado as possibilidades terapêuticas. “As terapias alvo e as imunoterapias reconhecem e atacam apenas as células tumorais. Isso significa mais precisão, menos efeitos colaterais e uma experiência mais humanizada para as crianças em tratamento.”

O cenário para o futuro é promissor, com tratamentos cada vez mais individualizados e focados na redução da dor, na diminuição das internações e na promoção da qualidade de vida. A SPRS reforça que a atenção ao câncer infantil deve ser contínua, e que qualquer sinal persistente — como febre prolongada, palidez, manchas roxas sem causa aparente, dor óssea, vômitos matinais ou perda de peso — deve motivar avaliação médica imediata.

Sobre a Sociedade de Pediatria do RS

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul foi fundada em 25 de junho de 1936 com o nome de Sociedade de Pediatria e Puericultura do Rio Grande do Sul pelo Prof. Raul Moreira e um grupo de médicos precursores da formação pediátrica no Estado. A entidade cresceu e se desenvolveu com o espírito de seus idealizadores, que, preocupados com os avanços da área médica e da própria especialidade, uniram esforços na construção de uma entidade que congregasse os colegas que a cada ano se multiplicavam no atendimento específico da população infantil. Atualmente conta com cerca de 1.750 sócios, e se constitui em orgulho para a classe médica brasileira e, em especial, para a família pediátrica.

Fonte https://diariopcd.com.br/dia-nacional-de-combate-ao-cancer-destaca-avancos-no-tratamento-pediatrico-e-reforca-importancia-do-diagnostico-precoce/

Postado Pôr Antônio Brito 

Educação Paralímpica: programa transforma o esporte escolar e amplia direitos de alunos com deficiência

Aluno Maykon em processo de alfabetização com a professora Raquel Canté | Foto: acervo pessoal

No interior do estado do Amazonas, onde as escolas se apoiam mais na coragem dos professores do que nas condições materiais e de suporte oferecidas pelo poder público, a inclusão é, muitas vezes, impulsionada pela necessidade de atender quem chega. Foi nesse contexto que, em 2019, atuando no município de Tefé, a mais de 500 quilômetros de Manaus, a professora de educação física Raquel Canté recebeu seus primeiros alunos com deficiência em uma instituição de ensino que não contava com referências de inclusão no esporte escolar.

Sem materiais adequados e suporte especializado, ela se viu diante de um desafio novo e urgente que transformaria sua prática docente. Durante a preparação das aulas, a professora se perguntou: “como ensinar esporte a alunos com deficiência?”. Em uma busca simples na internet, ela conheceu o Programa Educação Paralímpica, iniciativa que oferece cursos, materiais e formação voltada ao esporte adaptado e que se tornaria o ponto de virada em sua trajetória.

Idealizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, o programa foi lançado em 2017 para apoiar profissionais de todo o país na construção de ambientes mais acessíveis ao ensino do esporte. Ao longo desse período, o projeto formou uma rede que já alcança cerca de 2.400 municípios, levando referências, métodos de adaptação e conhecimentos que antes não chegavam às salas de aula da maioria das escolas brasileiras. Todos os cursos são certificados pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por meio de convênio específico em nível de extensão.

Para o coordenador do Programa Educação Paralímpica, David Farias, o sentido do projeto ultrapassa a formação técnica e se relaciona com o direito das pessoas com deficiência de terem o esporte presente em sua formação e em seu cotidiano. “A principal missão do Comitê Paralímpico Brasileiro é a inclusão e, nessa perspectiva, o Educação Paralímpica se tornou uma ferramenta importante. O objetivo é garantir que as pessoas com deficiência tenham acesso ao esporte e possam dizer: ‘eu fiz aula de educação física’. Isso é um direito que exige a formação de professores e o trabalho articulado com a assistência social, a reabilitação e a área da saúde”, ressalta.

Primeiras ações

Após conhecer e realizar os cursos de formação do programa, a professora Raquel Canté reorganizou suas aulas para que os estudantes com deficiência participassem das atividades. “Quando os primeiros alunos com deficiência chegaram, entendi que não fazia sentido repetir aquela lógica de ‘ele não consegue, ele não vai fazer’. O que precisava mudar era o ambiente, e nós mudamos”, lembra.

Em seguida, a professora incorporou uma abordagem pedagógica voltada à inclusão e integrou modalidades paralímpicas à rotina da escola, levando para as aulas a bocha, o goalball e a corrida guiada. “Quando começamos a trabalhar com essas modalidades, a turma passou a compreender melhor as especificidades dos colegas. Os próprios estudantes sem deficiência ajudaram a criar adaptações para que todos participassem das aulas”, conta.

Essa mudança no cotidiano escolar, segundo ela, abriu espaço para novas oportunidades. “A partir desse cuidado compartilhado, conseguimos levar três alunos com deficiência para os Jogos Adaptados André Vidal, em Manaus. Esse foi o primeiro projeto de inclusão da escola”, acrescenta.

Depois das experiências em Manaus, foi nos Jogos Escolares Municipais de Tefé, realizado no município em que os estudantes viviam, que a transformação ganhou contornos mais próximos da realidade local. Muitas famílias, acostumadas a ver os filhos fora das atividades esportivas, acompanharam as competições com um orgulho que atravessava a quadra. “Os professores viram nos atletas os mesmos estudantes que, pouco tempo antes, ainda buscavam espaço nas atividades físicas da escola. A comunidade escolar inteira vivenciou esse momento, e isso mostrou que a inclusão transforma a vida de todos”, ressalta Raquel Canté.

Formação que transforma

Com o avanço do Programa Educação Paralímpica, a formação voltada ao esporte adaptado passou a alcançar diferentes regiões do país por meio de cursos de iniciação, habilitação técnica, seminários, formações a distância e atualizações especializadas. Essa estrutura se consolidou em uma rede que hoje envolve 58 parcerias ativas e outras 23 em processo de formalização.

O impacto dessas redes, seja a que nasce da formação voltada ao paradesporto ou outras que acompanham as pessoas com deficiência ao longo da vida, marca as histórias individuais. A trajetória do coordenador do programa, David Farias, que veio do sertão da Bahia e encontrou na educação a oportunidade de ocupar lugares que antes eram inacessíveis, mostra como esse trabalho amplia oportunidades e transforma vidas.

“Nasci no interior da Bahia, em uma família com 16 irmãos, e sou o único com deficiência. A educação criou muitas possibilidades na minha vida. Estudei em colégio interno, mudei de cidade, fiz curso técnico, pedagogia e dei aula na rede pública. Tudo o que alcancei veio das oportunidades que o estudo e o esporte me deram. Por isso, trabalhar com o Educação Paralímpica é também garantir que pessoas com deficiência tenham seus direitos garantidos e tenham condições de seguir adiante”, avalia.

Ampliação da inclusão

Após os resultados conquistados em Tefé, o trabalho de Raquel Canté seguiu para outros municípios do Amazonas. Em 2020, ela foi transferida para Lábrea, quase 900 quilômetros distante de Manaus, onde encontrou uma realidade marcada pela falta de formação docente e pela ausência de propostas voltadas aos estudantes com deficiência. Com o conhecimento adquirido no Programa Educação Paralímpica, a professora reorganizou práticas pedagógicas, passou a utilizar a estrutura existente como espaço de aprendizagem e desenvolveu projetos em que alunos monitores apoiavam colegas com deficiência.

“Em Lábrea, acompanhei alunos que nunca tinham participado de atividades físicas descobrirem que podiam aprender também pelo movimento. A quadra, a piscina e a academia da instituição se tornaram parte do processo pedagógico, e isso fez toda a diferença. Tinha estudante que quase não falava e começou a se comunicar mais, outros voltaram a frequentar as aulas. Percebi que, quando o ambiente acolhe, as possibilidades aparecem”, relata.

Caminhos que se encontram

Com a experiência de Lábrea demonstrando impacto na aprendizagem dos estudantes, a professora Raquel Canté assumiu, em 2025, turmas em Itacoatiara. O município, mais próximo de Manaus, reúne estudantes com diferentes tipos de deficiência e uma equipe multiprofissional em busca de referências práticas para fortalecer a inclusão. Nesse novo contexto, a professora aprende e compartilha formas de aplicar os aprendizados do Programa Educação Paralímpica.

Em Itacoatiara, Raquel passou a atuar com estudantes com deficiência visual, deficiência intelectual, autismo e deficiências múltiplas. “Aqui, cada estudante chega com uma história diferente, e isso me fez reorganizar tudo outra vez. Passei a adaptar materiais, criar novas propostas de movimento e trabalhar junto com a equipe multiprofissional. A cada semana víamos avanços que mostravam como o ambiente pode favorecer a participação”, relata.

Entre as histórias que guardou ao longo dos anos, Raquel lembra de Emanuela e Rikelme, estudantes com deficiência auditiva, e Luis Guilherme, com autismo, que viajaram de Tefé para Manaus para participar de jogos adaptados; de Luzia, estudante com deficiência física de Lábrea que competiu no parabadminton; e de Maykon e Jesus, ambos com deficiência intelectual, que se envolveram nas atividades esportivas e, durante esse processo, aprenderam a ler com o apoio da equipe pedagógica.

Os exemplos dos três municípios do Amazonas evidenciam a força e a abrangência nacional do Programa Educação Paralímpica, presente em todas as cinco regiões do país. Como parte do projeto, recentemente foi realizada uma formação presencial em Lábrea, reunindo 122 professores da rede estadual e municipal, incluindo profissionais da educação física e de outras áreas.

“Viajamos mais de 4.000 quilômetros de São Paulo, sede do Comitê Paralímpico Brasileiro, até Lábrea, para levar a formação diretamente aos professores e gestores locais. Ver o engajamento deles e a aplicação prática das atividades nas escolas evidencia que estamos construindo uma rede de apoio, inclusão e oportunidades em todo o país”, finaliza David Farias.

Como participar

O Programa Educação Paralímpica estabelece parcerias com secretarias municipais de educação e universidades interessadas em fortalecer práticas educacionais voltadas ao esporte adaptado. O interesse pode ser manifestado pelo e-mail educ.paralimpica@cpb.org.br ou pelo telefone (11) 4710-4195. Informações completas estão disponíveis em: www.educacaoparalimpica.org.br

Fonte https://cpb.org.br/noticias/educacao-paralimpica-programa-transforma-o-esporte-escolar-e-amplia-direitos-de-alunos-com-deficiencia/

Postado Pôr Antônio Brito 

24/11/2025

Rondoniense Cristian Ribera abre temporada na neve com dois ouros na Copa Continental da Noruega

Cristian Ribera (ao centro), segurando a bandeira do Brasil ao lado da comissão técnica, em Beitostølen, na Noruega, durante etapa da Copa Continental | Foto: CPB

Está aberta a temporada de esportes na neve com a primeira etapa iniciada nesta sexta-feira, 21, em Beitostølen, na Noruega. Representando o Brasil, o rondoniense Cristian Ribera conquistou duas medalhas de ouro nas provas de velocidade (800m) e distância (5km), válidas pela Copa Continental.

Cristian também participou do processo de classificação internacional e teve confirmada sua classe LW11, destinada a atletas que competem sentados em um sit-ski e utilizam bastões.

Na prova de sprint (800m), realizada na sexta-feira, 21, o atleta avançou pela qualificatória e semifinal com o melhor tempo e finalizou em primeiro na decisão. O ucraniano Vasyl Kravchuk ficou com a prata, e o italiano Giuseppe Romele completou o pódio com o bronze.

Neste sábado, 22, o atleta voltou ao Estádio de Esqui de Beitostølen para os 5km, registrando 11min41s1 e conquistando o segundo ouro. Dessa vez, Romele terminou em segundo lugar com 12min10s2, e Kravchuk foi o terceiro, com 12min42s5.

As disputas na Noruega marcaram as primeiras provas internacionais da temporada paralímpica no esqui cross-country. Após o encerramento da etapa, Cristian inicia o retorno ao Brasil neste domingo, 23.

A competição norueguesa antecede outras competições previstas no calendário. A paranaense Aline Rocha, o paulista Wesley Santos e Altair Marangne representam o Brasil na etapa Continental de Canmore, no Canadá, nos dias 26 e 27 de novembro. No mesmo local, em dezembro, ocorre a abertura da Copa do Mundo da modalidade, da qual Cristian não participa. O esquiador volta ao circuito mundial apenas na etapa seguinte, em Finsterau, na Alemanha, entre 14 e 18 de janeiro. Depois, a temporada segue para a Polônia, de 28 de janeiro a 1º de fevereiro.

Time São Paulo
Os atletas Aline Rocha e Cristian Ribera integram o Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 154 atletas.

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

Fonte https://cpb.org.br/noticias/rondoniense-cristian-ribera-abre-temporada-na-neve-com-dois-ouros-na-copa-continental-da-noruega/

Postado Pôr Antônio Brito 

Sobrecarga invisível: mães de crianças autistas enfrentam burnout silencioso no fim do ano letivo

Sobrecarga invisível: mães de crianças autistas enfrentam burnout silencioso no fim do ano letivo

Campanha “O que ninguém vê”, da Genial Care, ganha nova fase para jogar luz sobre o impacto emocional e educacional vivido por famílias atípicas

Com a chegada do fim do ano letivo, aumenta a pressão emocional sobre famílias de crianças autistas — especialmente sobre as mães, que assumem a maior parte dos cuidados diários. Além de conciliar as rotinas escolares e terapêuticas, muitas enfrentam sobrecarga emocional e física, frequentemente sem rede de apoio adequada.

Para dar visibilidade a essa realidade, a Genial Care, rede de cuidado em saúde atípica referência na América Latina, lança uma nova etapa da campanha “O que ninguém vê”, ampliando a discussão sobre saúde mental materna e impacto no desenvolvimento infantil.

“Essa campanha nasce da escuta atenta às mães que acompanham o desenvolvimento de seus filhos todos os dias — muitas vezes em silêncio e com sobrecarga. Nosso papel, enquanto marca, é trazer luz a essa jornada invisível e mostrar que elas não estão sozinhas. A Genial Care vê o que ninguém vê, porque está ao lado de quem sente na pele.”, reforça a Head de Marketing da Healthtech, Érika Mello.

Dados revelam sobrecarga concentrada nas mães

Segundo a pesquisa Retratos do Autismo no Brasil, realizada pela Genial Care em parceria com a Tismoo.me, 86% das pessoas responsáveis pelo cuidado de crianças autistas são mães, enquanto os pais representam apenas 10% das respostas. Além disso, 68% das cuidadoras afirmam não ter tempo para descanso ou autocuidado — um dado que ganha ainda mais relevância no encerramento do ano escolar, período marcado por adaptação de rotinas, avaliações e aumento de demandas familiares.

Para além dos números, histórias reais ajudam a dimensionar a situação. “Muitas vezes, eu me sinto perdida e sobrecarregada. Quero um lugar onde me escutem e enxerguem as necessidades do meu filho e saibam dar o apoio que ele precisa”, relata Milena, uma das mães ouvidas pela campanha.

Um levantamento de números da comunidade do Portal Mommys reforça esse cenário: 49% das mães entrevistadas se sentem em um “limbo emocional” e 80% relatam exaustão, mesmo sem diagnóstico formal de doenças físicas ou mentais.

Impactos diretos no desenvolvimento infantil

A saúde emocional das mães está diretamente ligada ao desenvolvimento das crianças com TEA, como explica  a Vice Presidente Clínica da Genial Care, Thalita Possmoser. “Quando a mãe está esgotada e sem apoio, toda a dinâmica familiar é afetada. O desenvolvimento infantil depende de vínculos seguros e de adultos emocionalmente cuidados”.

A campanha reforça a importância de ambientes terapêuticos e educacionais acolhedores, que contribuam para o bem-estar de toda a família, e não somente da criança em que está recebendo a intervenção terapêutica.

Conteúdo educativo e mobilização social

A campanha “O que ninguém vê” segue amplamente divulgada nas redes sociais, incluindo Instagram, YouTube, TikTok e LinkedIn. A estratégia se divide em duas frentes principais: vídeo manifesto que traz à tona a jornada invisível das mães, anúncios offlines em pontos estratégicos de São Paulo. 

A campanha também traz respostas práticas, que busca esclarecer dúvidas frequentes por meio de conteúdos educativos, como Reels e Stories com especialistas, FAQ interativo nos Stories para responder perguntas de seguidores, e um mini guia digital gratuito sobre educação inclusiva para educadores. 

A Healtech investe em inteligência clínica e atendimento personalizado, oferecendo terapias baseadas em evidências. Com uma equipe altamente qualificada, o acompanhamento das crianças é realizado por meio de avaliações constantes e um sistema integrado de monitoramento, que ajusta as estratégias terapêuticas conforme a evolução de cada paciente. 

Além disso, o programa “Genial Junto” oferece suporte tanto presencial quanto remoto aos cuidadores, garantindo um envolvimento contínuo das famílias no desenvolvimento infantil. Com essa iniciativa, a Genial Care reafirma seu compromisso de ser um espaço seguro e acolhedor para famílias que enfrentam os desafios do autismo, oferecendo soluções com resultados visíveis e baseadas em evidências.

“A Genial Care vê o que ninguém vê, porque está ao lado de quem sente na pele”, conclui Érika Mello. “Queremos trazer visibilidade a essa jornada silenciosa e mostrar que essas mães não estão sozinhas.”

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Ficha Técnica:Título: O que ninguém vê
Agência: Estrutura in-House
Estratégia, Planejamento e Mídia: Livia Bravo
Direção de Arte e Criação: Tarik Lucas/Pedro Polessi
Ass. Direção de Arte: Gabriel Bravo
Aprovação: Érika Mello

PRODUÇÃO / ÁUDIO Produtora de Filmes: Estrutura in-House e Avocado Mídia
Diretor de Fotografia e de cena: Victor Tavares
Filmmaker: Erik Deago
Elétrica: Wendel Guerreiro Salsa
Produção: Laura Yule
Montagem e Finalização: Felipe Arruda
Casting: Mescla
Vídeo 

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Genial Care Genial Care é uma rede de cuidado de saúde atípica especializada em crianças autistas e suas famílias. Com várias clínicas em todas as regiões de São Paulo, a empresa combina modelos terapêuticos próprios, suporte educacional e tecnologia avançada para promover bem-estar e qualidade de vida no processo de intervenção. Com uma equipe dedicada de mais de 250 profissionais, a Genial Care tem como propósito garantir que cada criança alcance seu máximo potencial. 

Fonte https://diariopcd.com.br/sobrecarga-invisivel-maes-de-criancas-autistas-enfrentam-burnout-silencioso-no-fim-do-ano-letivo/

Postado Pôr Antônio Brito 

Regata para jovens e adultos PCD visual no Yacht Club Paulista

Yacht Club Paulista sedia Sailing Sense em 7 de dezembro, regata inclusiva para 10 jovens e adultos com deficiência visual em parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos.

Regata para jovens e adultos PCD visual no Yacht Club Paulista

No próximo dia 07 de dezembro, o Yacht Club Paulista será palco do Sailing Sense, um evento inédito que busca promover a inclusão através do iatismo. Com a participação de 10 jovens e adultos com deficiência visual, o evento contará com a colaboração da Fundação Dorina Nowill para Cegos.

O Sailing Sense reunirá 10 embarcações para uma emocionante regata, onde os participantes, acompanhados por skippers e voluntários, irão navegar pelo percurso que começa e termina em frente ao Yacht Club Paulista, com passagem pela Ilha dos Amores.

O evento terá uma equipe de 40 voluntários, divididos entre a Equipe de Água, responsável pela segurança e suporte durante a navegação, e a Equipe de Terra, que coordenará toda a logística e suporte aos participantes.

O Sailing Sense existe desde 2007 e surgiu a partir do curso de especialização de Miguel Olio - pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - dedicada à formação de educadores para o trabalho com pessoas com múltipla deficiência sensorial e física. O evento já realizou etapas em diferentes regiões do Brasil como Guarujá, Represa de Guarapiranga, Rio de Janeiro e Itajaí, e na Dinamarca.

Mais informações:

 
Fonte https://revistareacao.com.br/noticias/noticia?id=e820de41-09d4-4bc2-a558-2cf36d38b9fe
 
Postado Pôr Antônio Brito 

22/11/2025

Sancionada lei de diagnóstico de autismo em adultos e idosos

Sancionada lei (Nº 15.256) para ampliar diagnósticos de TEA em adultos e idosos no Brasil. Inclui proteção na Lei de Proteção aos Autistas. Segundo o IBGE, há cerca de 2,4 milhões de diagnosticados no país.

Sancionada lei de diagnóstico de autismo em adultos e idosos

O presidente da República, Lula, sancionou nesta no último dia 13 de novembro, e foi publicado já no Diário Oficial da União, a Lei Nº 15.256, que busca ampliar os diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em adultos e idosos.

A nova lei inclui um inciso na Lei de Proteção aos Autistas (Lei Nº 12.764, de 2012) para fortalecer a proteção dos direitos dessas pessoas com o aumento do número de atendimentos. O incentivo ao diagnóstico estará agora nas diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, somam-se cerca de 2,4 milhões de diagnosticados.

A mudança atende a um público cada vez maior de pessoas que chegam à vida adulta ou à velhice sem ter recebido diagnóstico formal de TEA. No passado, a falta de informações levou muitos autistas a serem confundidos com pessoas que sofrem de outros transtornos, como ansiedade, depressão ou esquizofrenia.

A medida contribui para que as pessoas autistas vivam de forma plena, além de abrir portas para o autoconhecimento e para a rede de apoio. A notícia vem da Agência do Senado Federal.

Fonte https://revistareacao.com.br/noticias/noticia?id=239bec09-67f5-4598-ab0c-5fc3bd3bf3eb

Postado Pôr Antônio Brito 

Justiça determina que Energisa cesse discriminação contra trabalhador com deficiência

Justiça determina que Energisa cesse discriminação contra trabalhador com deficiência

Liminar atende pedido do MPT após investigação que revelou práticas abusivas e histórico de irregularidades

A Vara do Trabalho de Presidente Venceslau, no interior de SP, concedeu liminar em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra a Energisa Sul-Sudeste, após apuração de condutas discriminatórias contra um trabalhador com deficiência (PCD). A decisão, assinada pelo juiz Mércio Hideyoshi Sato, obriga a empresa a “abster-se de efetuar e de tolerar que pratiquem seus prepostos, gestores, administradores e outros, qualquer tipo de discriminação em face de trabalhadores PCDs, em especial aqueles que necessitem de tratamentos médicos”, sob pena de multa de R$ 10 mil por descumprimento, cumulada com R$ 5 mil por trabalhador prejudicado.

A investigação foi conduzida pela procuradora do Trabalho Renata Crema Botasso, do MPT em Presidente Prudente, instaurado após denúncia de assédio moral e discriminação na unidade de Presidente Venceslau.

No inquérito ficou comprovado que o empregado com deficiência, após sofrer acidente de trabalho e apresentar atestado médico, foi isolado em uma sala sem função, permaneceu meses sem computador e chegou a trabalhar dentro de um vestiário. Em depoimento, ele relatou: “Eu fiquei dois a três meses sem fazer nada, sem computador, com a sala vazia (…) um dia vieram me dar advertência pelo meu horário, mesmo eu explicando que estava fazendo fisioterapia”.

O trabalhador afirmou que era pressionado a pedir demissão, pois a empresa não poderia demitir uma pessoa com deficiência, além de ser alvo de “chacotas”. Uma testemunha ouvida pelo MPT confirmou o assédio e a pressão para que o trabalhador pedisse demissão, afirmando que na empresa “realmente há discriminação”.

A empresa se recusou a assinar Termo de Ajuste de Conduta (TAC) proposto pelo MPT, mesmo após a comprovação das irregularidades. “Restou demonstrado nitidamente a ocorrência de discriminação por parte da ré, em relação ao seu empregado PCD”, afirmou a procuradora na ação. Para ela, a conduta da empresa “mina as forças do trabalhador e deixa os demais com medo, de modo que nem mesmo prestar depoimento os colegas têm coragem”.

Além do caso concreto, o MPT apontou histórico de irregularidades da Energisa, incluindo TACs descumpridos e outras ações civis públicas por práticas antissindicais, assédio moral e acidentes de trabalho. Entre os procedimentos, há investigações sobre exigência de atividades perigosas sem treinamento adequado, descumprimento de normas de segurança e práticas discriminatórias anteriores. “O conjunto de registros demonstra a resistência sistemática da empresa em observar as normas de ordem pública trabalhista, revelando uma cultura organizacional voltada à redução de custos mediante o descumprimento de direitos mínimos assegurados aos trabalhadores”, destacou a procuradora.

A decisão judicial impôs obrigações imediatas à empresa: além de cessar qualquer prática discriminatória, a Energisa deverá garantir que seus gestores e prepostos não adotem condutas que prejudiquem trabalhadores com deficiência, especialmente aqueles que necessitam de tratamento médico. O descumprimento acarretará multa de R$ 10 mil por ocorrência, acrescida de R$ 5 mil por trabalhador afetado. A audiência inicial no processo foi marcada para 10 de março de 2026, em formato telepresencial.

O MPT também pediu, na ação, que a empresa seja condenada a realizar palestra sobre inclusão e combate à discriminação, com participação obrigatória de todos os empregados das unidades de Presidente Prudente e Presidente Venceslau, além de gestores e sócios. Outro pedido é o pagamento de indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 500 mil, a ser revertido para projetos sociais ou para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Eles serão apreciados no julgamento de mérito.

No corpo da decisão, o juiz afirmou que “um ambiente onde há discriminação, gestão por pressão e ameaças de despedida, não pode ser considerado saudável”, citando que a Constituição Federal e normas internacionais, como a Declaração de Filadélfia e a Convenção 111 da OIT, além do Estatuto da Pessoa com Deficiência, proíbem qualquer forma de discriminação. O magistrado também alertou para o risco de que práticas como as apuradas atinjam outros trabalhadores, caso não sejam interrompidas imediatamente.

Processo nº 0010717-81.2025.5.15.0057

Fonte https://diariopcd.com.br/justica-determina-que-energisa-cesse-discriminacao-contra-trabalhador-com-deficiencia/

Postado Pôr Antônio Brito 

Paralimpíadas Escolares abrem portas para indígenas com deficiência iniciarem no esporte

Fraylson (à esquerda) ao lado de Tatiane Freita, se abraçam após finalizarem as provas de pista nas Paralimpíadas Escolares, no CT Paralímpico | Marcello Zambrana/CPB

O último dia da primeira fase das Paralimpíadas Escolares 2025, nesta sexta-feira, 21, reuniu cerca de 940 atletas do atletismo em provas de pista e campo, entre eles estavam Fraylson Vera e Tatiana Freitas, da etnia Guarani Kaiowá, moradores da aldeia indígena Guapo’y, localizada em Amambai, município que fica a 340 km no interior de Mato Grosso do Sul.

As Paralimpíadas Escolares reúnem 2.055 atletas das 27 Unidades Federativas, consolidando-se como o maior evento do mundo dedicado à formação de jovens atletas com deficiência. A primeira fase foi encerrada nesta sexta-feira, 21, após competições de atletismo, goalball, futebol de cegos, basquete 3×3 em cadeira de rodas, halterofilismo, taekwondo, tênis em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas. A segunda fase ocorre de 26 a 28 de novembro, com disputas de natação, bocha, vôlei sentado, futebol PC, judô, tênis de mesa e badminton.

Ambas as fases são realizadas nas dependências do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo (SP).

O sul-mato-grossense Fraylson Vera (12), da classe T13 (deficiência visual), participa pelo segundo ano consecutivo. Em 2025, competiu nos 60m, 100m e 200m, conquistando três medalhas (um ouro e duas pratas).

Aos nove anos, Fraylson perdeu a visão do olho esquerdo após ser atingido por uma pedra lançada de um estilingue, por um vizinho que tentava acertar um passarinho. Após avaliação médica, foi informado à família que não havia mais intervenção possível. No ano seguinte, foi convidado a integrar o projeto Mitã Vy-a, que significa “Criança Feliz” no idioma Guarani Kaiowá, coordenado pelo professor Fernandes Ribeiro, que atende 30 atletas e recebe apoio da Missão Evangélica Caiuá, da Prefeitura de Amambai, da Sedesc (Secretaria de Desporto e Cultura) e da Semed (Secretaria Municipal de Educação).

O projeto, que caminha para cinco anos de existência, desenvolve as atividades em um campo de futebol ou nas estradas próximas à aldeia: “Nós corremos na estrada; às vezes o professor nos acompanha de bicicleta para dar as instruções”, explicou Fraylson.

Embora o foco principal seja o atletismo, o projeto contempla outras modalidades, como basquete em cadeira de rodas e futebol PC (paralisados cerebrais), sempre buscando ampliar a visibilidade e a aceitação do paradesporto entre as famílias indígenas.

“Trabalhar com atletas paralímpicos exige conquistar primeiro a família, mostrar a importância do esporte na vida dessas crianças. Isso leva tempo para se espalhar pela aldeia. Os pais estão aprendendo a aceitar, e essa visão já mudou muito”, destacou Fernandes, técnico e fundador do projeto.

Além de Fraylson, a delegação conta com outros quatro atletas, entre eles a estreante Tatiane Freitas (13), da classe T20 (deficiência intelectual). A atleta foi identificada pelo professor após se mudar de Dourados para a região de Amambai. O olhar atento do treinador percebeu que Tatiane tinha dificuldades para acompanhar os colegas de turma, o que levou ao diagnóstico e ao seu ingresso no projeto.

“Eu sou diferente dos outros. Eu não era igual na minha escola de Dourados, e em Amambai eu me sinto parte do grupo. Eu sou assim mesmo”, contou Tatiane, referindo-se ao projeto, que segue em expansão e planeja ampliar a participação em eventos nacionais.

“Como no próximo ano completamos cinco anos do projeto, queremos intensificar a presença no Meeting Paralímpico Loterias Caixa e em todas as fases nacionais, além das Paralímpiadas Escolares. Queremos vivenciar mais competições”, afirmou Fernandes.

Refugiado brilha em três provas e conquista ouro
Em 2025, o refugiado venezuelano Jorge Alejandro Alvarez Tortoledo, 15, retornou às Paralimpíadas Escolares e brilhou nas provas de pista. Competiu nos 100m (23s01), 200m (49s03) e 400m (1min41s45), conquistando ouro nas três provas. Esta é a primeira edição em que o atleta utiliza seu próprio equipamento, já que, no ano anterior, precisou competir com uma cadeira emprestada.

Jorge teve meningite aos dois meses de vida e ficou com os movimentos das pernas comprometidos. Ele veio ao Brasil para tratamento e completou, este ano, seis anos pós-cirurgia, permanecendo no país pela continuidade da assistência que recebe. Sua trajetória esportiva tem profunda relação com o trabalho desenvolvido pelo Centro de Referência Paralímpico de Boa Vista (RR), mantido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, que atende dezenas de refugiados venezuelanos e foi fundamental para a sua continuidade no paradesporto.

O atleta participa das Paralimpíadas Escolares desde 2022, quando, aos 12 anos, conquistou dois ouros no arremesso de pelota e no arremesso de peso pela classe T34 (para atletas com comprometimento de coordenação motora em membros inferiores). Com o tempo, passou a testar novas provas até se encontrar definitivamente na pista.

Imprensa
Os profissionais de imprensa interessados em cobrir as Paralimpíadas Escolares 2025 podem enviar um e-mail para imp@cpb.org.br com os seguintes dados: nome completo, RG ou CPF, veículo pelo qual irá cobrir o evento. No dia da competição, os profissionais deverão se identificar na sala de imprensa do local.

Serviço
Paralimpíadas Escolares 2025
Datas: 1ª fase – 18 a 21 de novembro | 2ª fase – 26 a 28 de novembro
Horário: a partir das 8h da manhã
Local: Centro de Treinamento Paralímpico
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, km 11, 5, Vila Guarani – São Paulo (estação Jabaquara – Comitê Paralímpico Brasileiro do Metrô)

Patrocínios
A CAIXA, as Loterias CAIXA, a Braskem e a ASICS são as patrocinadoras oficiais do atletismo.

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

Fonte https://cpb.org.br/noticias/paralimpiadas-escolares-abrem-portas-para-indigenas-com-deficiencia-iniciarem-no-esporte/

Postado Pôr Antônio Brito