08/12/2025

A implementação da Política Nacional de Educação Especial Inclusiva e seu impacto nas escolas

A implementação da Política Nacional de Educação Especial Inclusiva e seu impacto nas escolas - OPINIÃO - * Por Rafael Anselmo

OPINIÃO

  • * Por Rafael Anselmo

Em 21 de outubro, o governo federal publicou o decreto nº 12.686/2025, que institui a nova Política Nacional de Educação Especial Inclusiva (PNEE Inclusiva) e criou a respectiva Rede Nacional de Educação Especial Inclusiva. A iniciativa visa o reforço da inclusão escolar de alunos com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades, garantindo o direito à educação “sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades.” Desde então, setores da educação especial, famílias, especialistas e entidades divergem e debatem sobre os impactos jurídicos, pedagógicos e políticos da medida. 

Mas  há um consenso de que o sucesso – ou fracasso – do decreto será determinado na prática, dentro das escolas. Três aspectos técnicos da nova política se destacam pela influência direta no cotidiano escolar: a exigência de formação mínima dos profissionais, a eliminação do laudo médico como critério de atendimento e a articulação do atendimento educacional especializado (AEE) com a sala de aula comum. Cada um representa avanços importantes, mas também traz desafios operacionais significativos.

1. Formação mínima de profissionais

O decreto estabeleceu que professores do AEE devem ter formação docente inicial e, preferencialmente, especialização em educação especial inclusiva, com carga mínima adicional de 80 horas. Da mesma forma, definiu que o profissional de apoio escolar – aquele auxiliar que assiste o aluno em atividades de locomoção, cuidados pessoais e comunicação – deve ter escolaridade de nível médio e treinamento específico de pelo menos 80 horas. Essa padronização é vista como um ganho de qualidade: em muitos lugares, monitores e auxiliares eram contratados sem nenhuma qualificação específica; agora há um piso formativo nacional. Com profissionais mais capacitados, espera-se melhor atendimento às necessidades especiais e maior apoio aos professores regentes em sala. 

No entanto, há desafios imediatos. Será preciso treinar ou contratar milhares de professores e apoiadores para atender à demanda crescente de alunos incluídos. Municípios relatam dificuldade em encontrar docentes especializados, sobretudo no interior. O Ministério da Educação (MEC) afirmou que dará apoio técnico e financeiro para formação continuada de professores, em colaboração com estados e municípios. Ainda assim, o curto prazo é preocupante – especialistas apontam que as 80 horas previstas podem ser insuficientes diante da complexidade de alguns casos. Assim, defende-se que essa carga horária seja considerada  como o mínimo inicial, seguido de formação continuada aprofundada. 

Além disso, professores da classe comum também precisam de formação em educação inclusiva, já que eles são os responsáveis diretos pelo ensino nas turmas diversas – e o decreto indica a transversalidade da educação especial, ou seja, todos os docentes devem estar preparados para a diversidade em sala. A implementação, portanto, exigirá um grande esforço de capacitação em larga escala, sob pena de a política falhar por falta de pessoal qualificado. Em contrapartida, se bem executado, esse investimento em formação pode elevar o patamar da educação inclusiva no Brasil, profissionalizando a área e valorizando competências especializadas dentro da escola comum.

2. Eliminação do laudo médico como requisito

Como o decreto proíbe que escolas condicionem a oferta do AEE ou do profissional de apoio à apresentação de laudo médico ou diagnóstico do aluno, ganha-se agilidade e abrangência. A partir de agora, basta a avaliação pedagógica indicar que o estudante tem alguma necessidade educacional especial para  ele ter direito a atendimento especializado. Isso elimina atrasos burocráticos – antes, famílias levavam meses ou anos em filas de SUS para obter um laudo de TEA ou deficiência intelectual, por exemplo, período em que a criança frequentemente ficava sem apoio na escola. A partir de agora, a escola deve prover os recursos educacionais necessários independentemente de laudo, “sem exigir relatório de profissional de saúde”. Tecnicamente, isso fortalece o protagonismo da avaliação educacional (professores e equipe multiprofissional da educação) na identificação das necessidades dos alunos.

Entretanto, também surge um desafio: como garantir equidade na identificação de quem recebe AEE ou apoio sem um diagnóstico formal? É preciso evitar tanto exclusões indevidas (alunos que precisam de ajuda mas não recebem por falta de percepção da escola) quanto ofertas indiscriminadas (alunos sem necessidade real ocupando vagas de atendimento). A solução apontada está na elaboração criteriosa do  Plano de Atendimento Educacional Especializado (PAEE) e no uso de avaliações educacionais especializadas. A Rede Nacional de Educação Especial Inclusiva deve auxiliar nisso, compartilhando protocolos de avaliação e boas práticas. Além disso, a articulação intersetorial incentivada – educação em diálogo com saúde e assistência social – poderá ajudar as escolas a obter orientações técnicas sobre casos mais complexos, mesmo sem um laudo formal. 

Tecnicamente, a retirada do laudo pode ser uma faca de dois gumes: por um lado, elimina uma barreira de acesso e amplia o público atendido – incluindo, por exemplo, estudantes com transtornos de aprendizagem, como dislexia ou TDAH, que muitas vezes não tinham laudo e ficavam sem apoio; por outro, exige melhor preparo das equipes escolares para avaliar necessidades educacionais especiais com precisão. Com formação e ferramentas adequadas, essa mudança pode tornar o sistema mais inclusivo e proativo, mas sem elas pode gerar confusão inicial até que se estabeleçam novos protocolos.

3. Articulação do AEE com a sala comum e currículo

Por fim, a efetividade da inclusão depende de como o ensino regular e o atendimento especializado se conectam. O decreto trouxe instruções claras de que o AEE deve estar integrado ao projeto pedagógico das escolas e alinhado ao trabalho do professor da turma. Na prática, isso requer tempo e planejamento conjunto: professores de AEE precisam conversar periodicamente com os professores do aluno na sala comum, para trocar informações, planejar adaptações e acompanhar o progresso em cada componente curricular. Exige também registro sistemático – daí a importância do PAEE como documento vivo, onde constam as estratégias, recursos de acessibilidade e metas traçadas para o aluno. Implementar essa articulação enfrentará desafios como: garantir horários de coordenação entre profissionais, superar eventuais resistências de professores regentes que não foram formados nessa cultura colaborativa, e prover materiais e tecnologias assistivas para que as adaptações planejadas sejam viáveis. 

O decreto cita explicitamente a garantia de acessibilidade e desenvolvimento de tecnologias assistivas como princípio da política, o que sugere investimentos nessa seara. Um ponto polêmico é a determinação de que o AEE ocorra preferencialmente no contraturno. Isso significa que o aluno terá sua aula regular, e em outro turno (antes ou depois) irá para a sala de recursos ou centro especializado receber o atendimento extra. Essa separação de turnos é pensada para não retirar o aluno da aula comum, garantindo participação integral no horário regular com seus colegas. Contudo, algumas escolas e famílias atentam para possíveis dificuldades: em áreas rurais, por exemplo, o transporte escolar raramente contempla duas viagens no dia; famílias pobres podem não conseguir levar a criança duas vezes à escola; alunos podem se cansar com a jornada dupla. Alternativas como ofertar o AEE em alguns períodos dentro do horário escolar podem ser consideradas em certos contextos, desde que não conflitem com as disciplinas essenciais – essa é uma questão a ser resolvida localmente, mantendo o espírito de não segregar o aluno da convivência cotidiana com a turma.

Tecnicamente, a articulação do AEE também envolve trabalho em rede. O decreto criou uma estrutura de governança nacional para a educação inclusiva, reunindo União, estados, Distrito Federal e municípios. Essa rede nacional deverá, entre outras funções, “fortalecer os serviços de apoio técnico e produção de materiais acessíveis; aperfeiçoar indicadores e o monitoramento da educação inclusiva; e produzir e difundir conhecimento sobre práticas educacionais inclusivas”. Ou seja, espera-se que boas práticas pedagógicas inclusivas sejam identificadas e replicadas, o que já acontece com sucesso em algumas partes do país. Do ponto de vista escolar, essa articulação pode transformar a cultura da escola, promovendo colaboração e inovação pedagógica. Porém, se for mal conduzida, corre-se o risco de o AEE ficar isolado (como um “recurso” que poucos utilizam) ou, no extremo oposto, de sobrecarregar alunos e professores com atividades desconectadas. O acompanhamento sistemático prometido pelo MEC – inclusive monitorando a frequência escolar de alunos que recebem Benefício de Prestação Continuada (BPC), em parceria com Saúde e Assistência Social – será fundamental para identificar falhas de implementação precocemente e corrigi-las.

Rafael Anselmo é CEO e fundador da Vínculo, plataforma educacional baseada em inteligência artificial voltada ao acompanhamento de alunos com deficiência, TEA, transtornos de aprendizagem e outras necessidades educacionais especiais. É formado em mecatrônica pela FMU com especialização em administração de empresas pela PUC.

Fonte https://diariopcd.com.br/a-implementacao-da-politica-nacional-de-educacao-especial-inclusiva-e-seu-impacto-nas-escolas/

Postado Pôr Antônio Brito 

AAF Naurú é campeã do Brasileiro Loterias Caixa de natação em dia de recorde mundial no CT Paralímpico

AAF Naurú comemora o título de campeã do Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de natação 2025 | Foto: Alessandra Cabral/ CPB

O Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de natação terminou neste domingo, 7, com a vitória da Associação Atlética Ferroviária de Botucatu (AAF), em parceria com a Naurú, de São Paulo. Dentre os destaques do clube e da competição esteve a paulista Alessandra Oliveira, classe S5/SB4 (limitações físico-motoras), que estabeleceu um novo recorde mundial nos 100m peito neste último dia de provas.

A competição, organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), começou na sexta-feira, 5, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, e reuniu 284 atletas.

Este é o segundo ano consecutivo que a AAF Naurú vence o Campeonato Brasileiro. A equipe paulista somou 1.578,25 pontos, enquanto o vice-campeão, o Praia Clube, de Uberlândia (MG), fez 1.090,00 pontos e o terceiro colocado, Vasco da Gama (RJ), 572,75 pontos. A composição do pódio repete o resultado da edição de 2024. 

Antes, nas edições de 2022 e 2023, a agremiação mineira foi a equipe que levou os títulos. “Estamos muito felizes com o novo título. São muitas mãos que trabalham para que o esporte seja um instrumento de transformação na vida das pessoas. As quebras de recordes e medalhas são só a ponta do iceberg do que fazemos, mas existe uma engrenagem por trás”, comemorou Antônio Cândido (conhecido como Maceió), responsável pela natação na AAF Naurú.

A equipe campeã foi representada por 47 atletas, que juntos somaram 127 medalhas para o clube (51 de ouro, 49 de prata e 27 de bronze).

Recordes

A paulista Alessandra Oliveira, classe S5/SB4 (limitações físico-motoras), bateu seu próprio recorde mundial nos 100m peito, sua última prova do Brasileiro de natação. Ela completou a distância em 1min41s47, vencendo sua própria marca anterior estabelecida em Singapura, onde fez 1min43s21 e conquistou o título mundial.

“Eu, de fato, não esperava [o recorde] por ter feito um programa de provas muito grande. Ontem eu nadei quatro provas, então achei que nesta não iria tão bem assim, mas meu técnico, Felipe, falou comigo que o importante era mostrar competitividade e nadar forte em todas as oportunidades que eu tivesse. E eu fiz isso em todas as provas, então esse foi o resultado”, relatou a nadadora, que foi diagnosticada com vasculite aos três anos.

Além dos 100m peito, a atleta competiu mais seis vezes no Campeonato Brasileiro de natação: nos 50m borboleta (55s08), 100m livre (1min36s34), 50m costas (53s30), 50m livre (41s01), 200m medley (3min49s51) e no revezamento 4x50m medley (3min0597).

Também representando a AAF Naurú, a fluminense Lídia Cruz comemorou um recorde das Américas obtido na última prova individual do dia, os 150m medley da classe S4 (limitações físico-motoras), vencidos em 2min56s46. A melhor marca continental anterior também era sua, estabelecida nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, com 2min57s16.

Neste domingo, o Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de natação teve na piscina do CT paralímpico a presença de mais medalhistas do Mundial de Singapura, principal competição do ano, finalizando a temporada de 2025. 

O mineiro Gabriel Araújo, classe S2 (limitações físico-motoras), nadou os 200m livre (4min15s85), 150m medley (3min36s40) e os 100m costas (2min04s90). Já o paulista Samuel Oliveira, do mesmo clube de Gabrielzinho, o Praia Clube, de Uberlândia (MG), encerrou sua participação no evento com as provas de 200m livre (3min02s67) e 100m peito (1min34s30). 

O Brasileiro de natação aconteceu simultaneamente ao Brasileiro de halterofilismo, que teve disputas no sábado e no domingo, com 135 inscritos. Ambas as competições contaram com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube do CPB.

Confira as pontuações finais dos clubes no Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de natação 2025:
1º – AAF Naurú – 1.578,25 pontos
2º – Praia Clube – 1.090,00 pontos
3º – Vasco – 572,75 pontos
4º – APAN Maringá Naurú – 420,25 pontos
5º – APNH/ SPFC – 368,75 pontos

Patrocínio
As Loterias Caixa são a patrocinadora oficial da natação.

Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Lídia Cruz, Gabriel Araújo e Samuel Oliveira são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa e da Caixa que beneficia 148 atletas.

Time São Paulo
As atletas Lídia Cruz e Alessandra Oliveira integram o Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo.

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

Fonte https://cpb.org.br/noticias/aaf-nauru-e-campea-do-brasileiro-loterias-caixa-de-natacao-em-dia-de-recorde-mundial-no-ct-paralimpico/b

Postado Pôr Antônio Brito 

A Tragédia da Violência Doméstica e a Proteção das Crianças com Deficiência

A Tragédia da Violência Doméstica e a Proteção das Crianças com Deficiência - OPINIÃO - * Por Igor Lima

OPINIÃO

  • * Por Igor Lima

Um Olhar Jurídico e Social sobre Responsabilidade e Inclusão

Introdução: Quando a Violência Mata a Infância

Em 2 de dezembro de 2025, um caso chocou Queimados (RJ): um padrasto foi preso suspeito de causar a morte de um bebê, sendo transferido sob gritos de familiares. Episódios assim evidenciam a gravidade da violência doméstica contra crianças e a necessidade de proteção integral. Crianças com deficiência enfrentam maior vulnerabilidade devido à dependência de cuidadoresbarreiras de comunicação e invisibilidade social.

Este artigo analisa o caso à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), da Lei Henry Borel (Lei 14.344/2022), do Código Penal e da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI, Lei 13.146/2015), destacando responsabilidade coletiva e proteção específica.


Legislação e Proteção Integral: Direitos e Sanções

ECA (Lei 8.069/1990) garante proteção integral às crianças e adolescentes:

  • Art. 3º: direitos fundamentais com dignidade;
  • Art. 5º: proibição de negligência, exploração ou violência;
  • Art. 7º: direito à vida e à saúde.

Código Penal (DL 2.848/1940) prevê sanções para homicídio, lesão corporal e maus-tratos. Além disso:

Código Penal prevê crimes específicos aplicáveis à violência infantil, incluindo homicídio (art. 121), lesão corporal (arts. 129 e seguintes), maus-tratos (art. 136), abandono de incapaz (art. 133) e exposição a perigo (art. 132). Essas normas reforçam a necessidade de atuação imediata da sociedade e do Estado, especialmente para crianças com deficiência, que dependem de cuidados especiais.
Complementando, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI, Lei 13.146/2015) prevê ações concretas de prevenção e inclusão, como acesso à educação adaptadasaúde especializadaserviços de acolhimento e canais de denúncia acessíveis, garantindo proteção integraldesenvolvimento seguro e participação social, mesmo em situações de vulnerabilidade.

No caso de Queimados, vizinhos ouviram sinais de violência, e familiares denunciaram à polícia. Esses exemplos são hipóteses de como a atuação da comunidade poderia gerar resultados diferentes, não buscando culpar pessoas específicas, mas ilustrando a importância da rede de proteção.


Doutrina e Responsabilidade Social: Ação Conjunta é Essencial

Segundo Streck (2019), a proteção integral exige atuação coordenada da família, sociedade e Estado.
Maria Berenice Dias (2020) destaca que a prevenção da violência infantil depende do engajamento coletivo. Crianças com deficiência são mais vulneráveis a negligência e abuso, e a omissão da comunidade reforça ciclos de violência (FARIA; SILVA, 2021). A violência infantil é um desafio social que exige ação imediata e coordenada, especialmente para crianças com deficiência.


Lei Henry Borel (14.344/2022): Avanços na Proteção Infantil

A Lei Henry Borel trouxe avanços importantes:

  • Proibição de aplicação da Lei 9.099/1995 e penas substitutivas para crimes graves;
  • Medidas protetivas de urgência: afastamento do agressorrestrição de contato e inclusão em programas de assistência;
  • Obrigatoriedade de notificação e criminalização da omissão;
  • Integração com Código Penal e LBI para proteção de crianças com deficiência.

Exemplo prático: a denúncia rápida de familiares em Queimados permitiu prisão e preservação da cena, demonstrando a eficácia da legislação quando a sociedade atua de forma coordenada.


Proteção de Crianças com Deficiência: Inclusão e Acolhimento

A Lei 14.344/2022 complementa o ECA, assegurando:

  • Ambiente seguro e acolhedor;
  • Interdição de regimes brando;
  • Inclusão em programas de assistência adaptados às necessidades da criança com deficiência.

A legislação atua não apenas no plano punitivo, mas preventivo e protetivo, garantindo desenvolvimento seguro e digno.


Responsabilidade Coletiva e Políticas Públicas: Cada Um Pode Fazer a Diferença

A proteção infantil é dever coletivo: vizinhos, escolas, profissionais de saúde e conselhos tutelares devem observar sinais de violência e acionar autoridades.
Exemplo prático: vizinhos relataram gritos, familiares acionaram conselho tutelar. Esta rede comunitária ativa é essencial para prevenir tragédias.

Políticas públicas devem incluir:

  • Capacitação da rede de proteção;
  • Acolhimento adaptado;
  • Mecanismos de denúncia inclusivos;
  • Monitoramento de medidas protetivas;
  • Integração entre saúde, educação, assistência social e direitos humanos.

O caso de Queimados evidencia que a violência doméstica infantil pode ser fatal e que a proteção legal precisa ser ativa e inclusiva.
ECA, Lei Henry Borel, Código Penal e LBI formam um arcabouço robusto que responsabiliza penalmente o agressor, estabelece deveres para a sociedade e garante prioridade absoluta à proteção de crianças vulneráveis, especialmente com deficiência. Proteger crianças vulneráveis é dever legal e compromisso ético. Denunciar, acolher e garantir políticas inclusivas deve orientar a convivência comunitária, prevenindo tragédias como a de Queimados.

  • Igor Lima é advogado (OAB/RJ), especialista em Direitos Humanos e sustentabilidade, e pessoa com deficiência. Coordenador da coletânea jurídica “Deficiência e os Desafios para uma Sociedade Inclusiva”, citada no STJ, TST, STF e presente em instituições como Harvard e Universidade de Coimbra. Autor de artigos publicados em espaços como ABDConst, Future Law e revistas jurídicas nacionais, atua como palestrante em instituições como UERJ, UFRJ, UFF, OAB/RJ e MPRJ. Dedica-se à pesquisa e defesa dos direitos das pessoas com deficiência, com experiência em inclusão, políticas públicas e ESG.   

Linkedin:https://www.linkedin.com/in/igor-lima-pcd-404321198/

Instagram: https://www.instagram.com/igor_lima_adv/

Fonte https://diariopcd.com.br/a-tragedia-da-violencia-domestica-e-a-protecao-das-criancas-com-deficiencia/

Postado Pôr Antônio Brito 

Projeto prevê multa para veículo estacionado em acesso para PCD

Comissão da Câmara aprovou projeto de lei que prevê multa para quem estacionar em acessos para PCD, com possibilidade de guincho. A arrecadação poderá financiar obras de acessibilidade. A proposta ainda será analisada.

Projeto prevê multa para veículo estacionado em acesso para PCD

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que prevê multa para quem estacionar veículos em acessos reservados a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O infrator poderá ter o carro guinchado.

O texto aprovado altera o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Hoje, o código já determina que serão multados os veículos estacionados onde houver faixa de pedestre ou guia de calçada rebaixada destinada à entrada ou saída de veículos.

A arrecadação com as multas poderá financiar obras e projetos de acessibilidade. Hoje, a receita é aplicada exclusivamente em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito.

A proposta ainda será analisada pelo Plenário e para virar lei, terá de ser aprovado pela Câmara e pelo Senado. Quem trouxe a informação foi a Agência Câmara de Notícias. Vamos acompanhar!

Fonte https://revistareacao.com.br/noticias/noticia?id=76700e7d-2516-46f2-bda0-9c5f042c784a

Postado Pôr Antônio Brito 

06/12/2025

CPB e Governo de São Paulo renovam contrato do Time SP até final do ciclo de Los Angeles 2028

Atletas e representantes do CPB e do Governo de São Paulo durante cerimônia de renovação do Time SP | Foto: Jéssica Mariz/SEDPcD

O Comitê Paralímpico Brasileiro e o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD), assinaram nesta sexta-feira, 5, a renovação de contrato do Time São Paulo Paralímpico até dezembro de 2028.

Criado em 2011, o projeto visa avaliar, controlar e executar ações de suporte ao desenvolvimento esportivo de atletas paralímpicos de alto nível vinculados ao Estado de São Paulo.

A prorrogação do vínculo prevê um investimento de R$ 8,2 milhões em 2026 para garantir estabilidade, recursos e condições técnicas para o desenvolvimento dos atletas paulistas. Para o próximo ano, a equipe paulista passará a contar com 155 esportistas patrocinados, um a mais do que em 2025.

O acordo foi assinado pelo secretário Marcos da Costa e pelo vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Yohansson do Nascimento Ferreira. A cerimônia foi realizada no Museu da Inclusão, em São Paulo.

“A continuidade desta parceria é fundamental para o desenvolvimento do Movimento Paralímpico no país. A renovação do Time SP fortalece nossa política de formação e permanência de talentos, garantindo que os atletas tenham todo o suporte necessário para alcançar novos resultados. O compromisso do Governo de São Paulo fortalece o trabalho do CPB e impulsiona a evolução do paradesporto brasileiro”, afirmou Yohansson.

Durante a cerimônia de assinatura, o secretário Marcos da Costa chamou a atenção para o impacto e a relevância que a assinatura promoverá no paradesporto ao longo dos próximos anos.

“A renovação do Time São Paulo Paralímpico reafirma o compromisso do Governo de São Paulo com o fortalecimento do esporte e com a inclusão das pessoas com deficiência. Este contrato ampliado garante estabilidade, estrutura e condições técnicas para que nossos atletas sigam evoluindo e representando o Estado com excelência. Mais do que apoiar conquistas esportivas, estamos investindo em transformação social e na construção de oportunidades que impactam positivamente milhares de vidas”, afirmou.

Também estiveram presentes na solenidade o ex-presidente e atual secretário-geral do CPB, Mizael Conrado, o secretário executivo da SEDPcD, João Manoel Scudeler de Barros, o  assessor especial e professor da Faculdade de Direito da USP, Ignacio Maria Poveda Velasco, além dos atletas do time SP: Giovana Boscolo (Atletismo), Thiago Paulino (Atletismo), Luis Carlos Cardoso (Canoagem), Mariana D’Andrea (Halterofilismo), Evani Calado (bocha), Josemarcio Sousa (Goalball), Rebeca Silva (Judô), Maciel Santos (Bocha), Beth Gomes (Atletismo), Emerson Ernesto (Goalball) e Henrique Caetano  (Atletismo).

Os pagamentos das bolsas aos atletas estão condicionados ao cumprimento do cronograma de desembolso, considerados prazos administrativos internos do CPB, em especial as férias coletivas de final de ano.

Metas e objetivos

Um dos principais objetivos do Time SP será a ser atingir novos índices para garantir qualificação aos Jogos Paralímpicos de Los Angeles em 2028.

Para o próximo ano, foram estabelecidas as seguintes metas para os atletas patrocinados: conquistar 15 medalhas em campeonatos mundiais, 70 medalhas em campeonatos internacionais, além de posicionar 40 atletas entre a 1ª e a 4ª posição no ranking mundial das modalidades atendidas pelo programa.

Um dos principais objetivos deste compromisso é fazer com que os atletas do Time SP aprimorem suas performances ao longo da temporada, para assim representar o Brasil nos Jogos em solo americano. O torneio internacional está previsto para 15 a 27 de agosto.

Retrospecto 2025

Somente neste ano, o Time SP conquistou mais de 100 medalhas entre competições nacionais e internacionais. Nomes como Elizabeth Rodrigues Gomes, Sabrina Custódia, Jerusa Geber, Júlio César Agripino, Rayane Soares e Mariana D’Andrea chegaram no lugar mais alto do pódio em suas modalidades.

Os atletas do Time São Paulo Paralímpico são indicados pelas devidas confederações e tem seus nomes analisados pela SEDPcD e CPB.

Os esportistas do Time SP realizam seus treinamentos no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro (CTPB), estrutura implementada em 2016 pelo Governo de SP, por meio da secretaria.

Considerado um dos centros de treinamento mais bem equipados e adaptados do mundo, o espaço dispõe de 95 mil metros quadrados de área construída, com espaços para a prática das 17 modalidades das quais os atletas do Time SP fazem parte.

Como resultado do trabalho de excelência realizado pelo CPB, o Governo de SP anunciou em agosto do ano passado a prorrogação da parceria para a gestão do Centro de Treinamento Paralímpico por mais 35 anos.

*Com informações da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo.

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

Fonte https://cpb.org.br/noticias/cpb-e-governo-de-sao-paulo-renovam-contrato-do-time-sp-ate-final-do-ciclo-de-los-angeles-2028/

Postado Pôr Antônio Brito 

PCD visuais se emocionam com a magia do Natal em Joinville/SC

O Natal de Joinville/SC promove inclusão para PCDs visuais com audiodescrição e atividades adaptadas. O evento oferece a magia do Natal através de experiências acessíveis e emocionantes.

PCD visuais se emocionam com a magia do Natal em Joinville/SC

Estamos chegando no Natal e viver essa magia passa pelo encantamento que a decoração, as luzes e o ambiente colorido proporcionam. Mas como é essa realidade para pessoas com deficiências visuais?

Com as experiências inclusivas oferecidas pelo Natal de Joinville/SC, este é o terceiro ano em que grupos de pessoas com deficiência visual podem sentir esse encantamento e compartilhar com amigos e familiares as mesmas experiências de quem vê.

A noite de domingo – 30 de novembro - foi especial para cerca de 12 pessoas que contaram com as habilidades de uma audiodescritora, o auxílio de guias voluntários, e a sensibilidade das mãos para conhecer a decoração natalina de Joinville/SC e o empenho da equipe organizadora do Natal de Joinville/SC em evoluir a cada ano em uma proposta cada vez mais inclusiva e acessível.

A visita guiada com audiodescrição teve início por uma das novidades do Natal de Joinville 2025: o Bosque Encantado – Caminho de Luzes, no jardim do Museu Nacional de Imigração e Colonização.

Ao passar pelas ruas, o grupo recebeu informações que vão além da decoração natalina, como funcionamento do comércio e detalhes sobre as praças. Isso porque os participantes têm diferentes faixas etárias e ocupações, sendo desde crianças até idosos.

A visita guiada com audiodescrição passou pela Praça Nereu Ramos, transformada na Praça das Artes, Travessa Dr. Norberto Bachmann, onde há a Praça de Alimentação e o Boulevard de Natal.

Depois, os participantes visitaram o Mercado de Natal, na Praça da Bandeira, onde também está instalado o carrossel. Dali, o grupo foi até a Praça Dario Salles, que recebe a Vila do Papai Noel, com atrações como a Casa do Papai Noel, a árvore natalina e a Estação da Neve, com a tradicional neve artificial. E por fim, o grupo viveu a experiência de patinar no gelo.

O Natal de Joinville/SC já foi reconhecido com um prêmio de boas práticas em inclusão e acessibilidade. Alguns profissionais ficam na sala sensorial e dão todo suporte durante o evento, além de intérprete de libras. As praças possuem QR Code que direciona para uma audiodescrição daquele ambiente.

O carrossel e a pista de patinação também são atividades adaptadas para pessoas com deficiência.

Mais informações para quem tem interesse em participar, fale pelo WhatsApp: (47) 99945-4969.

Fonte https://revistareacao.com.br/noticias/noticia?id=df9c1631-680b-4cfd-ab5b-463102fd0375

Postado Pôr Antônio Brito 

 

Roda de conversa: a importância da audiodescrição nas artes

Roda de conversa sobre a importância da audiodescrição nas artes, dia 05 de dezembro, no CRPD Alexandre E. Francisco em Santo André/SP. Realização da Secretaria da Pessoa com Deficiência. Inscrições no link!

Roda de conversa: a importância da audiodescrição nas artes

O evento irá acontecer dia 05 de dezembro, das 14h às 16h, no Centro de Referência da Pessoa com Deficiência – CRPD Alexandre E. Francisco – Xande – Rua Carnaúba, 150 – Vila Guiomar. A realização é da Secretaria da Pessoa com Deficiência em parceria com o Programa de Apoio Emocional do CVV em Santo André/SP.

Inscrições no link:

 
Fonte https://revistareacao.com.br/noticias/noticia?id=45a75ffd-f223-4fb1-8d72-3a6516522812
 
Postado Pôr Antônio Brito 

GEPCD lança Cartilha “Proteção social das Pessoas com deficiências – o essencial”

GEPCD lança Cartilha "Proteção social das Pessoas com deficiências - o essencial"

O GEPCD – Grupo de estudos sobre os direitos das Pessoas com deficiência elaborou e está divulgado a cartilha “Proteção social das Pessoas com deficiência – o essencial”, cujo os autores foram Adilson Rosário Toledo, Aline Raquel Perboni, Adams Andrade, André Naves, Carla Fernanda Caberlon Moraes, Erico Sanches Ferreira dos Santos, Janaina Derenevitz, Lailah Vasconcelos de Oliveira Vilela, Maria Helena Pinheiro Renck, Matheus Sandrini Cau Fernandes, Milena Scheller e
Nayana Louise Saqui Pupo.

Os temas abordados foram a Convenção Internacional sobre os direitos das Pessoas com deficiência, a nomenclatura para se referir às Pessoas com Deficiência, Letramento, Avaliação biopsicossocial no BPC, Avaliação biopsicossocial – IFBR-A
Benefício de Prestação Continuada – BPC, BPC e trabalho, Deficiência e incapacidade, Aposentadoria da Pessoa com deficiência, Capacitismo, Cotas para Pessoas com deficiência, Visão monocular – há direito ao BPC só pelo
diagnóstico?

Toda pessoa tem direito de existir em plenitude. Este é o fundamento maior da dignidade humana — e é também o alicerce desta cartilha.


“Proteção Social das Pessoas com deficiência – o essencial” nasce do propósito de difundir, de modo simples e fiel, algo que é essencial para a vida das pessoas com deficiência: o conhecimento de seus direitos de proteção social, e a certeza de que inclusão é um compromisso ético e constitucional de toda a sociedade. As páginas que seguem foram pensadas para tornar o
Direito compreensível e acessível, porque a linguagem também deve ser instrumento de acessibilidade. O que se pretende aqui é mais do que explicar leis: é despertar consciência. É recordar que, por trás de cada norma, há uma história humana que precisa ser respeitada, acolhida e incluída.

De acordo com os responsáveis pela publicação, “esta cartilha percorre temas fundamentais – começa pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, reconhecendo sua força constitucional e o novo modelo de compreensão da deficiência, centrado nas barreiras sociais e não nas limitações individuais. Aborda também a linguagem
correta — porque a forma como falamos revela como enxergamos o outro. Explica o valor do letramento inclusivo como instrumento de cidadania e de acesso à justiça. Avança depois para questões práticas e decisivas, como a avaliação biopsicossocial, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), as regras de aposentadoria da pessoa com deficiência, o direito ao trabalho e às cotas, e o combate firme ao capacitismo, esse sistema de discriminação que insiste em transformar diferenças em desigualdades. Também traz questões sensíveis, tais como é a insistente confusão entre deficiência e incapacidade, o que representa um risco à garantia de direitos fundamentais”.

Confira a íntegra da cartilha

 
Fonte https://diariopcd.com.br/gepcd-lanca-cartilha-protecao-social-das-pessoas-com-deficiencias-o-essencial/
 
Postado Pôr Antônio Brito 

05/12/2025

14,4 milhões de brasileiros têm deficiência — e muitos ainda desconhecemseus direitos no INSS

14,4 milhões de brasileiros têm deficiência — e muitos ainda desconhecemseus direitos no INSS - OPINIÃO - * Por Susanne Maia

OPINIÃO

  • * Por Susanne Maia

O Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, segundo o Censo 2022 do IBGE. Isso significa que milhões de brasileiros poderiam estar recebendo apoio financeiro, aposentadoria diferenciada ou benefício assistencial — mas não sabem que possuem esses direitos.


No dia 3 de dezembro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, é fundamental lembrar: informação é inclusão. E quando se fala em INSS, saber seus direitos pode mudar completamente a vida de uma família.


Quem tem deficiência e contribui para o INSS tem direitos ampliados Pessoas com deficiência que trabalham ou já contribuíram podem garantir:


 Aposentadoria da Pessoa com Deficiência, com regras mais leves e possibilidade de se aposentar mais cedo conforme o grau da deficiência;


 Auxílio por incapacidade temporária, quando não conseguem exercer suas funções por conta da condição de saúde;


 Aposentadoria por incapacidade permanente, quando a limitação impede de forma definitiva o retorno ao trabalho.


Esses benefícios levam em conta o impacto real da deficiência na rotina, na mobilidade, na autonomia e na capacidade laboral.


Quem não contribuiu também pode ter direito


Mesmo sem nunca ter contribuído, a pessoa com deficiência pode receber:


 BPC/LOAS, um benefício mensal de um salário mínimo, destinado a quem está em situação de vulnerabilidade social.


É um direito assistencial que garante mínimo de dignidade para quem mais precisa.

O alerta é simples:

Milhões têm deficiência.

Milhões precisam de amparo.

E milhões têm direitos garantidos por lei — mas ainda não sabem.

*Susanne Maia é CEO da Aposenta PcD e especialista em Aposentadoria da Pessoa com Deficiência

APOSENTA PcD – A aposentadoria com agilidade e sem pesadelo – (11) 9 5995-0729

@aposentapcd_susanne_maia

Fonte https://diariopcd.com.br/144-milhoes-de-brasileiros-tem-deficiencia-e-muitos-ainda-desconhecemseus-direitos-no-inss/

Postado Pôr Antônio Brito

Veto Federal para a distribuição de cordões com desenhos de girassóis reflete decisões sobre “o custo da exclusão”

Veto Federal para a distribuição de cordões com desenhos de girassóis reflete decisões sobre "o custo da exclusão"

Artigo publicado no Diário PcD sobre “O custo da exclusão” de André Naves já havia citado que “no debate público brasileiro, estamos acostumados a ouvir que nossa contabilidade não fecha”.

O Sistema Único de Saúde (SUS) não será obrigado a distribuir cordões com desenhos de girassóis para identificar pessoas com deficiências ocultas, como autismo, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), ansiedade, depressão e epilepsia.

O recente veto presidencial ao projeto de lei que obrigava a distribuição do acessório pelo SUS foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira (1º).

Em sua justificativa, o Presidente Lula  alegou contrariedade ao interesse público. O governo apontou que a proposta cria despesa obrigatória de caráter continuado sem a devida estimativa de impacto orçamentário e financeiro e ainda sem a identificação da fonte de custeio e da compensação, em desacordo à legislação fiscal.

O Diário PcD havia publicado no mês de novembro artigo “O custo da exclusão”, assinado por André Naves, Defensor Público Federal, Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social, Mestre em Economia Política e Cientista Político.

 O articulista havia antecipado fatos que vem acontecendo costumeiramente no Brasil, quando se trata de necessários investimentos em políticas públicas que garantam o direito das pessoas com deficiência.

Confira a íntegra do artigo:

No debate público brasileiro, estamos acostumados a ouvir que nossa contabilidade não fecha. Nela, direitos são tratados como “custos” e políticas de inclusão como “gastos”. Mas essa planilha está invertida. Caro, de verdade, é o preço que pagamos, como Nação, pela exclusão e pelo capacitismo.

O capacitismo — a discriminação estrutural contra pessoas com deficiência — não é apenas uma violação de direitos humanos; é uma masmorra que prende o nosso desenvolvimento. A pergunta correta, portanto, não é “quanto custa incluir?”, mas sim “quanto o Brasil perde, todos os dias, por insistir em excluir?”.

A resposta é chocante e está documentada.

Organismos como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimam que a exclusão de pessoas com deficiência do mercado de trabalho pode custar aos países até 7% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Para o Brasil, isso representa uma perda anual de centenas de bilhões de reais. Não estamos falando de uma abstração, mas de uma riqueza concreta que deixamos de produzir.

Dados do IBGE mostram que apenas 34,3% das pessoas com deficiência em idade de trabalhar têm um emprego formal. Onde está o restante desse potencial humano? Subutilizado, desperdiçado por um mercado que ainda opera na lógica da inclusão performática, e não da transformação real.

A Lei de Cotas (8.213/91) foi um avanço inegável, mas a realidade para além da contratação revela as camadas mais profundas do capacitismo estrutural: ambientes de trabalho inacessíveis, falta de planos de carreira, preconceito velado e a infantilização de profissionais plenamente capazes. O resultado é um ciclo de baixa permanência e frustração, onde a pessoa com deficiência é vista como um número a ser cumprido, e não como o talento que é.

Este prejuízo se espalha por toda a sociedade. A educação, que deveria ser a porta de entrada para a cidadania, ainda segrega. A saúde, que deveria garantir qualidade de vida, muitas vezes impõe barreiras. Nossas cidades, com seu planejamento hostil, transformam o ato de ir e vir em uma maratona diária de obstáculos.

Cada uma dessas barreiras tem um custo: para a saúde pública, que arca com as consequências da falta de prevenção e autonomia; para a previdência, sobrecarregada por uma dependência que poderia ser autonomia; e para a economia, que perde consumidores, inovadores e contribuintes.

Os Movimentos Sociais, que são os verdadeiros especialistas em suas próprias vidas, testemunham a face humana dessa perda. Não são estatísticas; são histórias de engenheiros, artistas, cientistas e empreendedores cujo potencial é sistematicamente barrado. A luta das Pessoas com Deficiência não é por caridade ou favor, mas pelo direito fundamental de participar e contribuir.

É por isso que precisamos mudar a lente. A efetivação de direitos para pessoas com deficiência não é um “gasto social”, mas um investimento estratégico com altíssimo retorno. Cada real investido em acessibilidade, tecnologia assistiva e educação inclusiva se multiplica em produtividade, inovação e fortalecimento do mercado interno.

Uma sociedade inclusiva é, por definição, uma sociedade mais próspera e resiliente.

A verdadeira responsabilidade fiscal e social é desmantelar as estruturas do capacitismo. Significa criar políticas públicas com a participação ativa de quem vive a realidade da deficiência. Significa cobrar do setor privado uma inclusão que vá além da fachada. Significa, enfim, entender que o maior ativo de um país é seu povo, em toda a sua diversidade.

A dignidade e o potencial de cada pessoa com deficiência são a Luz que não se vê nas planilhas frias, mas que se enxerga no futuro de um país que finalmente escolhe ser mais justo e, por consequência, mais rico. Deixar de investir nisso não é uma economia. É o nosso maior e mais irresponsável prejuízo.

Fonte https://diariopcd.com.br/veto-federal-para-a-distribuicao-de-cordoes-com-desenhos-de-girassois-reflete-decisoes-sobre-o-custo-da-exclusao/

Postado Pôr Antônio Brito