Ele parece uma mala de viagens com rodinhas e pesa cerca de 4 quilos, tem 40 centímetros de altura, tem até alça retrátil. É o robô cão-guia e ele poderá ser visto nos próximos meses acompanhando pessoas com deficiência visual em shoppings, lojas e aeroportos no Espírito Santo, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Seu nome é LYSA, um cão-guia robótico que vem sendo desenvolvido pela startup Vixsystem desde 2014 e foi lançado no mercado para uso em ambientes internos no fim de 2021.
Dotado de um software específico, um aplicativo para celular, recursos de inteligência artificial, uma malha de sensores, câmera e o sistema a laser Lidar (detecção de luz e medida de distância), o LYSA faz um mapeamento do local, traça uma rota até o destino e guia o usuário ao ponto desejado. Durante o deslocamento, emite indicações tanto sonoras quanto motoras.
Segundo Neide Sellin, diretora-executiva da startup e bacharel em ciência da computação, o robô identifica possíveis objetos à frente e acima do usuário, desvia deles e fala se há uma pessoa ou um grupo delas no caminho. O valor de cada robô está girando em torno dos R$ 15 mil para venda.
Até o ano que vem, a startup espera já ter uma nova versão equipada com GPS para ser usada em ambientes externos, nas vias públicas.
Neide Sellin conta que a ideia de desenvolver um cão-guia robô surgiu em 2011, quando ministrava aulas de robótica para o ensino médio em uma escola pública de Serra/ES, município da Região Metropolitana de Vitória/ES, a capital capixaba. Em 2017, após participar da versão brasileira do programa de TV Shark Tank, um reality show de empreendedorismo, a empresária ganhou R$ 200 mil e visibilidade para buscar outras formas de financiamento. A Vixsystem ainda recebeu apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), além de FAPESP e outros.
Alguns cegos que testaram o equipamento acham a ideia de um cão-guia robô é muito boa, mas por ser uma tecnologia nova, precisa ser avaliada com muita cautela. Umas das preocupações deles é a questão do custo do robô, além de que acham que também é preciso analisar as vantagens e desvantagens da nova tecnologia sob a perspectiva social, afinal, o cão-guia de verdade é um ser vivo e se torna um companheiro da pessoa com deficiência e auxilia até mesmo na sua autoestima e em outras funções.
Mesmo com leis que já amparam o uso de cães-guia comuns, os animais ainda são pouco utilizados e existem poucos em atividade no Brasil. A estimativa é de que existam apenas 200 desses animais em um universo de aproximadamente 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no país e eles são geralmente treinados no exterior, o custo é altíssimo e o tempo de espera para a obtenção chega a 2 anos. LYSA provavelmente é o primeiro robô do gênero lançado no mundo.
Fonte https://revistareacao.com.br/o-robo-cao-guia-para-cegos/
Postado por Antônio Brito