23/03/2021

Campeã mundial, seleção de futsal down comemora a boa fase e luta por mais visibilidade

O dia 21 de março foi escolhido como um marco na luta por visibilidade e respeito às pessoas com síndrome de down. Neste domingo, para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down, o Esporte Espetacular fala sobre os benefícios do esporte na vida de meninos que cresceram apaixonados por futebol. A seleção brasileira de futsal down foi criada em 2015 e, em apenas quatro anos, conquistou o título de campeã mundial. A meta é o bicampeonato, eles já têm um incentivo de peso.

– Olha, eu já sou orgulhoso de ser brasileiro, mais orgulhoso ainda de saber que temos um time campeão igual ao de vocês, que representa o nosso país lá fora. Vocês estão de parabéns, estou muito orgulhoso de vocês. Obrigadão! – disse o capitão do penta, Cafu.

Fabiano Guasti exibe a medalha do mundial de 2019 — Foto: Paulo Natário

A modalidade é vinculada à Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais. O próximo sonho é fazer parte do programa dos Jogos Paralímpicos. O maior evento do paradesporto conta apenas com algumas provas para deficientes intelectuais na natação e atletismo.

– Seria mais uma vitória e um grande sonho ter a modalidade inserida nas Paralimpíadas – afirmou Cleiton Monteiro, técnico e grande incentivador do esporte.

Final contra Argentina
A final do Mundial de 2019 foi contra a Argentina, vitória por 7 a 5 com cinco gols do artilheiro da competição: Renato Gregório. Foi a última vez que a equipe participou de uma competição de nível internacional, alguns meses antes de a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretar o estado de pandemia.

– Eu passei mal de nervoso, porque eu nunca tinha imaginado chegar a uma final contra a Argentina, né? – revelou Renato, que marcou 21 gols na competição.

Isolados por conta do crescimento da curva de contágio do novo coronavírus, os jogadores da seleção estão treinando em casa. Os portadores da síndrome de down fazem parte do grupo de risco, eles são mais propensos a contrair infecções e têm outros problemas médicos que podem trazer maior risco de agravamento do quadro.

Em um encontro especial, com cada um na sua casa, os atletas também tiveram a oportunidade de ouvir conselhos do cestinha Oscar Schmidt.

– Que eles ganhem o segundo, terceiro Mundial e por daí para frente – desejou o “Mão Santa” do basquete brasileiro.

O futsal down começou a ser praticado no país somente em 2011. Em comparação com a modalidade convencional, são feitas apenas algumas adaptações: o tempo de reposição de bola sobe de quatro para seis segundos, o cronômetro não para quando a bola vai fora e a duração é de 40 minutos corridos (dois tempos de 20 minutos) com intervalo de 15 minutos.

Cleiton Monteiro (segundo da direita para a esquerda) faz preleção com o time antes da final contra a Argentina — Foto: Arquivo pessoal

Cleiton Monteiro comemorou o crescimento da modalidade na última década. Um dos grandes desafios é driblar os preconceitos e estereótipos. Com a pandemia controlada, a meta é viajar para competir no mundial do Peru em 2022.

– Eles evoluíram como pessoas. Eles entenderam o que é o certo e o que é errado, a hora de ter o respeito, a hora de ter disciplina e a autoestima. Porque aí melhora no trabalho, melhora na escola, melhora no convívio, eles se sentem importantes – disse Cleiton Monteiro.

A ansiedade por novas competições é grande, mas, enquanto a prática de modalidades coletivas não é liberada, as lembranças de 2019 e o anúncio de um novo patrocinador são combustíveis para continuar treinando.

– Esse patrocínio vai viabilizar fazer algumas viagens, amistosos e participar da própria competição, que ano que vem nós temos um mundial aí – comemorou o técnico.

Fonte: https://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/selecao-futsal-down.ghtml

 

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Fonte  https://revistareacao.com.br/campea-mundial-selecao-de-futsal-down-comemora-a-boa-fase-e-luta-por-mais-visibilidade/

Postado por Antônio Brito 

Ser mãe de autista: um desafio superado de um jeito criativo

Com pouco mais de 100 mil habitantes, o município de Araxá, em Minas Gerais, reserva aos visitantes encantos naturais, históricos e gastronômicos típicos da região Sudeste. E é de lá também que vem a surpreendente história que vamos te contar. A enfermeira Eloá Alves precisou encarar situações complicadas após seu filho, Paulo Antônio, ser diagnosticado com Autismo. Mas algumas circunstâncias curiosas a fizeram vencer esse desafio de ser mãe de autista de uma maneira criativa. E que acabou dando tão certo que a iniciativa vem se espalhando pelo Brasil.

Ser mãe de autista: como tudo começou

Atualmente, Paulo Antônio tem sete anos, mas o diagnóstico fechado de autismo veio quando o menino tinha três anos, depois de várias análises médicas que começaram no oitavo mês de vida. Isso ocorreu após suspeitas de Eloá, que, além de enfermeira, é especializada em psiquiatria e neuropsicofarmacologia (que estuda remédios atuantes na influência do comportamento). Somado a isso, o marido de Eloá é médico, especializado em saúde da família. A experiência da família no ramo da saúde logo fez chamar atenção para o caso de Paulo Antônio, que não vinha demonstrando os mesmos padrões de uma criança neurotípica – que é um dos primeiros sinais de que a criança é autista.¹

Apesar de seu trabalho já envolver questões comportamentais e doenças neurológicas, a experiência de Eloá se limitava a transtornos como esquizofrenia e bipolaridade. E ela ainda não tinha tido a experiência de lidar com uma criança Autista. Quis o destino que esse momento acontecesse dentro da própria casa. Foi a partir da chegada de Paulo Antônio que Eloá sentiu que então, sua vida ganhava um novo protagonista.

Foto do Arquivo Pessoal

Mães de autistas: compartilhando experiências

Eloá conta que, no começo, não recebeu o apoio e o acolhimento que esperava. “Por sermos da área da saúde, todos diziam que eu saberia cuidar muito bem dele”. Diz.

Certamente a experiência dos pais fez a diferença, mas nada pôde preparar Eloá pro que viria acontecer entre os anos de 2017 e 2018, quando Paulo Antônio teve as primeiras grandes crises decorrentes do autismo.

Se sentindo solitária quanto às questões do filho, foi nessa fase que Eloá descobriu e procurou o Grupo de Apoio a Pais de Autistas de Araxá (que começou, na verdade, como um pequeno grupo dentro da FADA – Associação de Assistência à Pessoa com Deficiência de Araxá). Hoje, com o nome de A & +, o grupo virou de vez uma Associação, já independente, não dispensa o apoio dos profissionais da área, mas é organizada e dirigida principalmente por mães de autistas.

“A gente recebe o diploma, mas não o diploma de mãe. Ainda mais o de mãe de autista”, comenta Eloá, emocionada ao lembrar dessa época. Eloá se sentiu agraciada pelo carinho que recebeu da A & +, que entendeu que, apesar de ela ter experiência na área da saúde, ela estava ali como mãe, antes de qualquer coisa. Assim começou a trajetória de mãe de autista ativista de Eloá – que viria a ajudar muitas mães e pais que também lutavam para cuidar dos filhos com o Transtorno do Espectro Autista.

Foto do Arquivo Pessoal

Acolhendo outras famílias

Às portas do Dia de Conscientização do Autismo, que acontece no dia 2 de abril, Eloá conta um pouco das atividades que a Associação vem desenvolvendo.

Além do papel de mãe de profissional da entidade, Eloá é uma das “acolhedoras” de mãe de autista, como assim são chamadas as pessoas que participam ativamente das atividades, principalmente acolhendo – literalmente – novas famílias que procura a Associação.

Num escritório modesto, Eloá faz acolhimentos individuais, onde os pais relatam as dificuldades mais íntimas que eles passam com seus filhos. São problemas que vão desde os impactos de receber o diagnóstico até problemas conjugais pelos quais passam os casais que precisam lidar com as dificuldades – ora leves, ora moderadas, ora severas – dos filhos. E tudo isso ocorre de forma bastante profissional: tratado no sigilo e resumido em um prontuário de cada família.

Outro formato é o acolhimento feito em grupo uma vez por mês, num salão paroquial gentilmente cedido à Associação, onde as mães desabafam suas histórias e ainda recebem orientações de profissionais convidados – no começo de 2020, por exemplo, o grupo recebeu uma pedagoga que ensinou aos pais como suavizar as ansiedades do começo de um ano letivo.

Clique aqui para conhecer o Instagram do associação A & +.Foto do Arquivo Pessoal

Uma ideia simples e eficaz

Por falar em ano letivo, numa das crises de seu filho na escola, Eloá precisou tomar uma iniciativa para evitar os olhares preconceituosos.

“Todos acharam que meu filho estava de birra e eu era uma mãe incapaz de controlar o meu filho”, conta Eloá, lembrando que no dia precisou “arrastar” o filho por dois quarteirões, enquanto o menino lutava com a mãe, após uma longa tentativa de tirá-lo do ambiente da escola, que no horário estava com todos os portões trancados. No fim, ambos saíram fisicamente machucados daquela situação. “Os outros pais olhavam estranho, tentavam afastar seus filhos de perto”, relata Eloá.

A “luta” terminou quando Eloá e Paulo Antônio chegaram ao carro, já com bastante dificuldade até de destrancar as portas. Foi assim que Eloá chegou à conclusão de que precisava sinalizar seu carro para que os outros motoristas e pedestres soubessem que aquela mãe poderia passar por situações difíceis. Além disso, Eloá remeteu à Lei Berenice Piana, que, entre outras coisas, garante direito a vagas especiais para carros de famílias com pessoas autistas. A Lei Berenice Piana é uma lei que faz alcançar à pessoa autista os mesmos direitos previstos na Lei de Proteção à Pessoa com Deficiência.

Depois disso, Eloá procurou opções na internet e encontrou um modelo de adesivo que ela imprimiu por conta própria e passou a circular portando esse aviso em seu carro.

Foto do Arquivo Pessoal

Do carro à porta de casa

Mas os problemas não pararam por aí.

Em meio às constantes crises que aconteceram na época com Paulo Antônio, Eloá também passava por momentos difíceis dentro de casa. “Por causa dos gritos, a vizinha vinha ver o que estava acontecendo, no que eu expliquei que o Paulo é um garoto autista e acontecia de ele gritar e fazer muito barulho”. A mãe do menino precisou explicar, também, que as coisas não eram como pareciam de fora. Às vezes, Eloá estava apenas escovando os dentes do filho ou cortando as unhas. Mas, naqueles momentos o menino gritava tanto que parecia que Eloá estava batendo na criança.

Do carro, a ideia do adesivo também foi parar na porta de seu apartamento.

Depois de um colega de trabalho ter visto e elogiado o adesivo no carro de Eloá, ela imprimiu uma quantidade maior e levou para distribuir na Associação, onde descobriu, novamente, que não estava sozinha e muitos outros passavam por momentos semelhantes.

Logicamente, o adesivo foi um sucesso. Hoje, no município de Araxá, muitos carros e motos já são vistos circulando com o adesivo.

Eloá conta que o adesivo foi de grande utilidade para ela e para outras mães: “Depois que passei a utilizar o adesivo, algumas pessoas vieram até pedir desculpas pela forma como agiram quando não sabiam do autismo do meu filho”.

Medidas Simples, mas necessárias

Imprimir, distribuir e colar um adesivo podem parecer medidas simplórias, mas as informações contidas podem fazer diferença na hora dos pais e familiares de uma criança autista solucionarem uma crise.

A questão da distância entre o carro dessa família e um outro veículo, por exemplo, é crucial. Numa situação de crise em que pais e criança precisam se locomover, é extremamente necessário que a distância de, pelo menos, 1,5 metro seja respeitada.

Já imaginou essa família precisar e ter a infelicidade de ter o carro trancado por outro?

Além disso medidas comportamentais precisam ser encaradas com respeito e certa naturalidade por vizinhos e outras pessoas próximas, que também podem cumprir seu papel de não desenvolver hábitos que atrapalhem o sossego das pessoas com Transtorno do Espectro Autista – em geral, muito mais sensíveis que as demais pessoas.

Foto do Arquivo Pessoal

Ser mãe de autista: muito além do adesivo

Mas não é só no dia-a-dia ou em momentos de crise que a sinalização do carro se faz importante. Na hora de fazer um passeio ou mesmo uma viagem de férias, algumas dicas são essenciais para minimizar o impacto da mudança na rotina para essas crianças.

Abaixo, Eloá lista uma série de cuidados que você pode ter para tornar a viagem em família tranquila e relaxante:

  • Antecipe os roteiro da viagem, mas não tanto a ponto de deixar a criança ansiosa
  • Ajude a criança a escolher um brinquedo ou algum objeto que a deixe mais tranquila
  • Procure um horário mais tranquilo para sair de casa, evitando momentos com pico de calor
  • Se a criança já tiver idade de entender, explique tudo que vai acontecer na viagem, pois são as incertezas que as deixam ansiosas
  • Mantenha ou seu corpo com algum sinal de estar viajando com uma criança especial
  • Mantenha um ambiente calmo durante a viagem e passe constante segurança à criança

A história da Eloá e do Paulo Antônio mostram como todas as dificuldades da vida um autista – também da mãe e do pai – podem ser contornáveis, pela medicina, com medidas criativas, com o apoio de outras pessoas e, principalmente, com muito amor. E a única coisa que é inaceitável é o preconceito.

Se você também tem um autista na família, conheça nosso superguia de atividades para fazer em casa. Esse pode ser um momento gostoso de interação e diversão com o seu filho!

Você também tem algo especial pra contar? Entre em contato com a gente e conte a sua história! Ela pode aparecer aqui no Autismo em Dia.

Fonte  https://www.autismoemdia.com.br/blog/ser-mae-de-autista-um-desafio-superado-de-um-jeito-criativo/

Postado por Antônio Brito 

20/03/2021

As Pessoas Com Deficiência na História do Brasil – Uma trajetória de silêncio e gritos!

O motivo que levou o autor a escrever o livro foi reforçar a sua teoria sobre questões que envolvem as pessoas com deficiência no Brasil – por exemplo, mecanismos de exclusão, políticas de assistencialismo, sentimentos de piedade, caridade, inferioridade, oportunismo, dentre outras – construídas culturalmente.
Sua intenção não é ser completa, esgotando o assunto.

É, antes de tudo, “um roteiro” onde seus capítulos podem ser a base para pesquisas melhores aprofundadas, com métodos e teorias cientificamente estabelecidas. Por isso, o autor considera a obra como a base de uma Historiografia especializada em assuntos da pessoa com deficiência no Brasil.

Desde o descobrimento do Brasil, a pessoa com deficiência foi tratada ao longo da História pela perspectiva religiosa, assistencial ou médica, práticas construídas como questões relativas aos ambientes hospitalares e assistenciais.

No campo educacional, a Educação Especial pode ser dividida em três períodos distintos: o nascimento das instituições e entidades, o desenvolvimento de legislações específicas e a era da Inclusão Social.

No campo cultural, muitas lendas brasileiras trazem o tema deficiência em seu contexto de forma pejorativa. Na literatura, destacam-se vários autores com algum tipo de limitação, assim como nas artes em geral.

Organizada de uma forma didática e multidisciplinar em vários capítulos, esta obra destina-se às áreas como Psicologia, Pedagogia, História, Medicina, Política e afins.


Sobre o autor
Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral, ficando com sequelas na fala e nos movimentos, mas nunca se deixou abater. É psicólogo, pós-graduado em Educação Inclusiva, possui Doutorado em Psicanálise, Doutorado em Teologia e extensão universitária em Docência do Ensino a Distância.
Sobre o Livro
As Pessoas Com Deficiência na História do Brasil – Uma trajetória de silêncio e gritos!
Autor: Emílio Figueira
Formato: 14 x 21 cm
216 páginas
R$ 56,00
Wak Editora

Fonte  https://revistareacao.com.br/as-pessoas-com-deficiencia-na-historia-do-brasil-uma-trajetoria-de-silencio-e-gritos/

Postado por Antônio Brito 

18/03/2021

Chance de recomeçar em um lar mais seguro e adaptado

Maria Rita e os envolvidos no programa se emocionaram na hora da entrega da casa reformada | Foto: Lúcio Bernardo. Jr./Agência Brasília

Ao entrar no terreno onde fica a sua casa, Maria Rita das Chagas não conteve as lágrimas. O abraço apertado na filha mais velha, Aline, é carregado de emoção e alívio. Por 20 anos, a dona de casa teve que conciliar os cuidados com o filho Jonathan, que tem deficiências física e mental, com as dificuldades do terreno desnivelado e a falta de acessibilidade. Problemas que, agora, não existem mais.

A reconstrução do lar de Maria Rita e Jonathan no Residencial do Bosque, em São Sebastião, foi possível graças à intervenção do GDF, por meio do programa Melhorias Habitacionais, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab), que investiu cerca de R$ 50 mil na obra. A casa nova possui uma área de aproximadamente 60 metros quadrados com sala, cozinha, dois quartos, área de serviço, banheiro adaptado e portas mais largas do que as convencionais.

Conforto para Jonathan e praticidade para Maria Rita nos cuidados do dia a dia | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

“Estou muito feliz, ficou muito melhor do que eu imaginava”, disse Maria Rita ao receber as chaves da casa da equipe da Codhab, que acompanhou a entrega da obra. “Mudou da água pro vinho. Antes era muito difícil cuidar da casa do jeito que estava e cuidar dele [Jonathan]. Agora vai ser totalmente diferente”, finaliza, com esperança.

A antiga casa de Maria Rita e Jonathan apresentava sérios problemas estruturais. O mais grave era o desnível do terreno em relação à rua, que chegava a impressionantes 90 centímetros, situação que foi resolvida com o aterramento e nivelamento do solo. Além disso, as paredes da casa tinham rachaduras, mofo e infiltrações, e o banheiro ficava instalado do lado de fora. Tudo isso foi resolvido com a reconstrução completa do local.

A conclusão da obra e a consequente entrega da casa não deixaram feliz apenas Maria Rita e sua família, mas também toda a equipe que se envolveu no projeto desde o início. “Traz uma satisfação enorme como servidora pública. É um retorno para a sociedade prover melhores condições de habitação, dar o direito à moradia para quem precisa de fato”, explica a coordenadora do Programa de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social da Codhab, Sandra Marinho.

“Essa ponte entre o Estado e o beneficiário da política pública é feita por uma sensibilidade de toda a equipe multidisciplinar envolvida, desde a assistente social, engenheiros, arquitetos, construtores, até a diretoria e a presidência da Companhia”Sandra Marinho, coordenadora do Programa de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social da Codhab

Um trabalho que também é pautado pela compaixão e pela empatia com quem mais precisa desses serviços. “Essa ponte entre o Estado e o beneficiário da política pública é feita por uma sensibilidade de toda a equipe multidisciplinar envolvida, desde a assistente social, engenheiros, arquitetos, construtores, até a diretoria e a presidência da Companhia”, finaliza a coordenadora.

Além da casa de Maria Rita em São Sebastião, a Codhab atualmente também atua em outros seis serviços de manutenção ou reconstrução de moradias precárias de famílias que possuem um ou mais membros com algum tipo de deficiência física ou mental.

Conheça o programa

Melhorias Habitacionais é um subprograma vinculado ao eixo Projeto na Medida, com base na Lei Federal n° 11.888/2008. O texto assegura assistência técnica pública para reforma de habitação a famílias em vulnerabilidade social, sempre em áreas de interesse social regularizadas ou passíveis de regularização. As obras dependem de disponibilidade orçamentária e são executadas por empresas credenciadas pela Codhab.

Codhab investiu cerca de R$ 50 mil nas adaptações e melhorias do imóvel | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Núcleos familiares com algum integrante deficiente já tinham prioridade, mas, desde setembro de 2020, a Codhab e a Secretaria Extraordinária da Pessoa com Deficiência (SEP) assinaram acordo de cooperação técnica para criar um nicho específico. Assim, de forma focada, podem oferecer acessibilidade, mobilidade e qualidade de vida para pessoas com deficiência (PcD).

Fonte  https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2021/03/17/chance-de-recomecar-em-um-lar-mais-seguro-e-adaptado/amp/

Postado por Antônio Brito 

17/03/2021

NANISMO NA TV E A LUTA POR RECONHECIMENTO QUE COMEÇA FORA DAS TELINHAS

Protagonista, vilão, assistente de palco, humorista. O nanismo nas telinhas, no cinema e no teatro passa por grandes mudanças e a percepção de quem está do lado de dentro da TV ou nos palcos é a de que as transformações começam aqui de fora. É a quebra do preconceito que viabiliza papéis mais sofisticados e que não necessariamente têm o nanismo como destaque. Ao mesmo tempo, é essa mesma mudança que permite trabalhos que se valem do humor e até mesmo que os caricatos sejam mais leves, que sejam escolha e não opção única. Neste post, o Somos Todos Gigantes conversou com quem participa ativamente da cultura na TV, no teatro e no cinema. O resultado: muito orgulho e a certeza de que o caminho ainda é longo!

Leonardo Reis, de 41 anos, tem Displasia Diastrófica, é formado em Ciências da Computação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre e concursado. Ainda assim, decidiu que a arte podia ser uma segunda profissão. Foi para o cinema, pra TV e também para o teatro. Conhecido como Gigante Léo, protagonizou o filme ‘Altas Expectativas’ e participou de outros: ‘O Concurso’, ‘Minha vida em Marte’, ‘No Gogó do Paulinho’ e ‘Crô em família’, além de dublar o personagem Gary no último filme “Coringa”.

Leo é, com certeza, um dos grandes nomes do país que leva o nanismo para telinha e que inspira outros tantos a conquistar degraus mais altos. Na TV Globo participou da novela ‘Novo Mundo’, de ‘Pé na Cova’, ‘Zorra Total’, ‘Nova Zorra’ e ‘Os caras de pau’. Na Multishow conquistou o Prêmio de Humor em 2012 e já esteve em ‘Vai que Cola’, ‘220 Volts’ e ‘Treme Treme’. No teatro, além de várias peças infantis, esteve ao lado de Ulisses Matos na peça ‘Mentira tem perna curta’, esteve em turnê com ‘É o que temos pra hoje’, além do solo de humor ‘Verticalmente Prejudicado’.

Léo conta que já recusou muitos trabalhos como assistente de palco porque não se sentia bem neste local. “Acho que é preciso ter espaço para todo mundo e acho que todas as oportunidades são importantes, mas também acredito que é preciso lutar por espaço e mostrar que não é apenas este o lugar das pessoas com nanismo. Temos excelentes atores e atrizes que têm nanismo e não é por isso que só podem fazer papéis caricatos. Podemos fazer humor inteligente sem cair no óbvio, no caricato. Eu não gosto, não faço, mas não tenho nada contra quem faça”, completa. O ator pontua, com firmeza, que não vê nenhum trabalho como negativo e acredita que de alguma forma, estas pessoas estão marcando algum lugar e possibilitando que outras tantas tenham novas oportunidades. Para Leo, quebrar os ciclos depende muito mais de fatores externos.

“Há 20, 30 anos, alguns diretores, que inclusive eu respeito muito, enxergavam que colocar uma pessoa com nanismo sendo protagonista ou par romântico, isso ia soar ruim. Hoje em dia, se a gente tivesse um vilão ou até mesmo um galã e não falasse especificamente do nanismo, as pessoas iam querer assistir e seria sucesso. Isso aconteceu porque ciclos foram quebrados. Pessoas com nanismo podem ser brilhantes artistas. Nós somos capazes. Já fiz papéis comuns como anão a branca de neve, por exemplo, mas isso não impediu que me vissem como capaz de trabalhos diferentes ”, afirma Leo Reis.

O Gigante Léo conta que já recusou trabalhos, vários, sobretudo de assistente de palco. “Eram boas propostas financeiras, mas recusei porque achava que não era isso. Não precisava e não estava confortável. Tenho uma vantagem considerável de ser formado, concursado e não precisava da renda da arte para sobreviver, para colocar comida na mesa. Pude ter condições financeiras de fazer diversos cursos preparatórios com Sergio Pena, Fátima Toledo e tantos outros profissionais. Financiei diversas preparações particulares”, finaliza.

Programas de auditório

Elias – Instagram anao_da_tv / YouTube anão da TV

Elias Casales, de 46 anos, tem Acondroplasia e já trabalhou com Silvio Santos, Gugu, Sabrina Sato, Geraldo Luís e também no Programa Pânico na TV. Recentemente, participou da gravação de uma série do Whinderson Nunes, que ainda não foi ao ar, e coleciona inserções em clipes. Para ele, há um lado extremamente positivo nos trabalhos, mas claro, também faz suas ressalvas. “Tem coisas que eu não aceito. Se eu acho que é muito preconceituosa, que ultrapassa o que eu quero, digo não. Quero trabalhar, ganhar meu pão, mas tem papéis que eu não aceito. Tenho outros amigos que aceitam. Cada um tem o seu querer, o seu livre arbítrio”, acrescenta.

Para o artista, estar em um programa de auditório é mais que uma simples participação, é uma forma de entrar na casa das pessoas. “O anão na televisão, ele entra na casa das pessoas e principalmente as crianças começam a quebrar barreiras. Há 10 anos, a gente saia na rua e era visto como engraçadinho, as pessoas nos olhavam com impacto. Isso está mudando. Estamos quebrando barreiras. Não vejo alguns papéis como falta de oportunidade, mas claro queremos ser reconhecidos, mostrar o que somos e não somos apenas pessoas com deficiência”, acrescenta Elias.

Ele diz que já chegou, inclusive, a ser convidado para um filme pornô, era um dinheiro bom e ele estava precisando, mas recusou. “Pensei, pensei e que isso não seria legal para o futuro, filhos, família. Tenho amigos que hoje se arrependem deste tipo de trabalho e eu não toparia por dinheiro nenhum. O dinheiro pesa muito, mas eu não aceitaria”, finaliza.

Preconceito enraizado

Veca Ned

Veca Ned é atriz, palhaça e cantora. Filha do cantor Nelson Ned, também tem nanismo e tem a arte correndo nas veias. Ela afirma que duas frases do pai que foi reconhecido mundialmente ela ainda carrega: “Não trafique com sua estatura” e “Você não precisa passar por isso”. Ela é mais enfática na recusa de alguns trabalhos e fala em preconceito enraizado. Diz que já recebeu inúmeros convites para fazer papéis de anões da branca de neve, duendes e afins, mas não topa.

“Desde a época medieval, os Gigantes eram expostos e com o contexto de chacota. Fomos expostos em circos de horrores como bobos da corte e vendidos, tratados como pets. Naquele tempo, quanto mais ‘gigantes’ no reino, maior as riquezas. Muitos andavam em coleiras e ‘cruzavam’ para dar filhotes. É difícil imaginar isso. Então, quando eu vejo gigantes se expondo a qualquer preço e fazendo os mesmos movimentos, só que em plataformas mais modernas, penso que evoluímos pouco como humanos”, completa Veca.

Com um grande exemplo em casa, diz que andar no caminho contrário seria jogar fora tudo que o pai ensinou. Agora, depois de muito não, diz que as pessoas se aventuram menos a convidá-la para qualquer trabalho e orgulhosa diz que já cantou até mesmo no Teatro Municipal. “Um dia escutei um comentário de bastidores assim: a Veca escolhe bem seus trabalhos, não são muitos, mas são muito bons. Fiquei feliz e tive a certeza de estar fazendo as escolhas certas”, finaliza. 

Fonte  https://somostodosgigantes.com.br/nanismo-na-tv-e-a-luta-por-reconhecimento-que-comeca-fora-das-telinhas/

Postado por Antônio Brito 

16/03/2021

Os Direitos da Pessoa com Deficiência como CONSUMIDORA

* Por Dra. Tatiana Viola de Queiroz

No dia 15 de março se comemora o Dia Internacional do Consumidor, mas você sabe a razão da escolha da data?

Esse dia foi escolhido pois em 15 de março de 1962, o então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, enviou uma mensagem ao Congresso Americano tratando da proteção dos interesses e direitos dos consumidores. “Consumidores somos todos nós“, disse ele nessa fala que se tornou o marco fundamental do nascimento dos chamados direitos dos consumidores e que causou grande impacto nos EUA e no resto do mundo.

Nesse discurso foram consagrados determinados direitos fundamentais do consumidor, o direito à segurança, o direito à informação, o direito à escolha e o direito a ser ouvido.

Em nosso ordenamento jurídico, o Direito do Consumidor está elencado no artigo 5º que trata, justamente, das garantias fundamentais e dos direitos individuais e coletivos.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final (Art. 2º – caput)

Todo e qualquer consumidor é vulnerável em uma relação de consumo, como determina o inciso I do artigo 4º do CDC, pois, somente o fornecedor conhece o seu produto e serviço e todo o seu processo de produção, dessa forma, mesmo o consumidor com maior poder aquisitivo, ou com muitos diplomas, ainda assim, será vulnerável.

E o que é uma relação de consumo? É a relação existente entre o consumidor e o fornecedor na compra e venda de um produto ou na prestação/utilização de um serviço. É o vínculo jurídico dotado de características próprias sobre o qual incide o microssistema denominado Código de Defesa do Consumidor.

Como vimos, todo consumidor é vulnerável, no entanto, há alguns grupos de consumidores que podem ser enquadrados como hipervulneráveis, como os analfabetos, as crianças, os idosos, os doentes e as pessoas com deficiência.

A hipervulnerabilidade pode ser definida como uma situação social fática e objetiva de agravamento da vulnerabilidade da pessoa física consumidora, em razão de características pessoais aparentes ou conhecidas pelo fornecedor.

Segundo a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela ONU em 13 de dezembro de 2006 (Decreto nº 6.949/2009), pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.

O Estatuto da Pessoa com Deficiência, sancionado em 2015, garantiu uma série de direitos a aproximadamente 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência. Isso representa quase 25% da população, segundo o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019. Esse número representa quase 25% da população do país.

A Deficiência, segundo o Estatuto, é “uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”.

Apesar do Código de Defesa do Consumidor não dizer expressamente no artigo 2º que a pessoa com deficiência é consumidora e merece atenção especial, implicitamente diz, pois, o CDC é uma legislação principiológica, ou seja, traz princípios maiores que regem a relação de consumo e, apesar de não trazer um passo a passo ou itens específicos sobre cada situação, toda e qualquer situação e todos os problemas gerados de uma relação de consumo podem ser resolvidos com base no CDC.

Por exemplo, são direitos básicos do consumidor, elencados nos incisos II e III do artigo 6º de referida legislação, a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações, e a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.

Assim, quando o CDC traz que o consumidor tem direito a informação adequada e clara já diz que deve atingir a toda pluralidade de consumidores, pois, todos os consumidores têm direito de ter acesso à correta informação.

No entanto, para não deixar dúvidas, em 2015, foi inserido o parágrafo único no artigo 6º que trouxe: A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.

É fundamental saber que, quando falamos de relação de consumo, o código de Defesa do Consumidor é a lei máxima (sem mencionar a Constituição Federal que é a lei máxima de todos os assuntos, é claro), com isso, toda a qualquer outra legislação que aborda assuntos relacionados ao Direito do Consumidor, deve passar pelo crivo do CDC, sob pena de ilegalidade.

As demais legislações só podem detalhar direitos, nunca excluí-los!!!!

No setor de prestação de serviços, a pessoa com deficiência consumidora enfrenta inúmeros desafios, como o setor de turismo e lazer, por exemplo. A falta de preparo dos prestadores de serviços, as barreiras arquitetônicas, o poder aquisitivo insuficiente para arcar com custos extras decorrentes das necessidades especiais e desinteresse tanto da população quanto do governo no que tange à inclusão dessas pessoas são alguns dos problemas enfrentados.

Um exemplo disso são os parques de diversão. Além das deficiências físicas precisamos lembrar das deficiências intelectuais e os autistas. Para um autista, além do preparo da equipe para receber esse consumidor, há necessidade de avisos sobre cada atração que possam desencadear crises pela superexposição à estímulos visuais, auditivos e sinestésicos. No entanto, no Brasil ainda não vemos em nenhum estabelecimento de lazer esse tipo de informação que deve ser prestada previamente ao ingresso desse consumidor em cada atração, justamente para evitar a crise (dano).

O CDC também traz normas que asseguram a qualidade de prestação de serviços públicos, bem como o bom atendimento ao consumidor em serviços públicos – tanto os serviços da Administração Pública, quanto por suas concessionárias. E, uma vez que as pessoas com deficiência, muitas vezes, precisam utilizar os serviços públicos, é importante saber que devem e podem exigir que tais serviços sejam prestados de forma a atender também os seus direitos específicos e isso inclui a acessibilidade em todas as suas formas.

Por exemplo, a Lei de Acessibilidade no Brasil foi oficializada pelo decreto n° 5296, publicado em dezembro de 2004. Ela regulamenta duas outras leis, a de n° 10.048/2000, que concede prioridade no atendimento às pessoas com deficiência, e a de n° 10.098/2000, que estabelece normas e critérios para a promoção da acessibilidade.

Analisando-a sob a ótica consumerista, todos os estabelecimentos comerciais devem respeitá-la oferecendo a seus consumidores tanto a prioridade quanto a acessibilidade. E isso não deve nem ser encarada como estratégia de marketing, pois é dever especificado em lei.

Nos estabelecimentos físicos a acessibilidade inclui rampas, portas mais largas nos banheiros, torneiras e secadores automáticos, placas indicativas, avisos sonoros, cardápio em braile, entre outros.

A Lei Brasileira de Inclusão detalhou alguns direitos já garantidos no Código de Defesa do Consumidor, mas, diante dos repetidos descumprimentos, tais detalhamentos são extremamente necessários.

Para os sites há necessidade de adequação aos consumidores com baixa visão e ferramenta de voz para aqueles sem nenhuma visão, as informações divulgadas no endereço devem ser acessíveis conforme as diretrizes adotadas internacionalmente, com opções de contraste, áudios e vídeos.

Para o serviço de telefonia a lei determina que empresas prestadoras de serviços de telecomunicações garantam pleno acesso à pessoa com deficiência e isso inclui recursos como disponibilizar demonstrativo de pagamentos em braile e canais de comunicação adequados para atender consumidores com deficiência visual, auditiva ou de fala.

Os Serviços de radiodifusão de sons e imagens (televisão) devem possibilitar o uso de recursos como a subtitulação por meio de legenda oculta, janela com intérprete de libras e audiodescrição.

Para o comércio, caberá aos fornecedores de produtos ou serviços disponibilizar os recursos de acessibilidade para que anúncios publicitários veiculados na mídia impressa, na internet, na rádio e na televisão sejam compreensíveis para todos os consumidores. Também é dever do fornecedor oferecer exemplares de bulas, prospectos, textos ou qualquer outro tipo de material de divulgação em formato acessível mediante solicitação do consumidor.

A lei também determina para todos os brasileiros com deficiência o acesso facilitado a produtos, recursos e serviços de tecnologia assistiva que maximizem sua autonomia e mobilidade pessoal. Para implementar isso, a lei prevê a oferta de linhas de crédito subsidiadas para aquisição dos recursos, reduzir a tributação da tecnologia assistiva e agilizar a inclusão de novos recursos no rol de produtos distribuídos pelo SUS.

Essa determinação detalha o direito ao acesso à informação do artigo 6º como visto acima.

Como determina o artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor, toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Ou seja, se uma oferta for feita sem respeitar as particularidades das pessoas com deficiência e essas, de boa-fé, entenderem algo diferente do que foi anunciado e, de boa-fé, exigir o cumprimento de tal oferta, o fornecedor deve cumprí-la.

Para facilitar, vamos dar um exemplo. Suponhamos que um consumidor com deficiência visual vai comprar um imóvel e, por ser bastante independente, visita o stand sozinho. Em tal visita, o fornecedor informa que a metragem é de 60m2, no entanto, o imóvel tem 50m2. Essa informação está no folheto, contudo, este não possui leitura em braile, nem há outro meio do consumidor, naquele momento, ter acesso a essa informação e compra o imóvel, acreditando que possui os 60m2 informados. Nesse caso, o consumidor tem o direito de exigir que esses 10m2 faltantes sejam compensados de alguma forma, uma vez que a oferta não foi feita de forma adequada às suas limitações e o induziu ao erro.

O art. 43 do CDC, que trata do acesso às informações em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre o consumidor também foi alterado pela Lei de Inclusão, mais uma vez detalhando direitos.

O novo inciso estabelece que todas as informações devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do próprio consumidor.

O fornecedor que não se adequa à legislação, além de estar cometendo uma ilegalidade, ainda está perdendo inúmeros negócios e oportunidade de lucro, pois todas essas pessoas são potenciais consumidores.

Infelizmente, pela falta de adequação, podem não ser atingidas pela publicidade pois, a falta de recursos como audiodescrição, língua brasileira de sinais (libras) e legendagem descritiva impede que o consumidor com deficiência não tenha nem acesso ao produto ou serviço. Inclusive, podem nem conseguir fazer uma compra no site por encontrar barreiras de navegação ou na loja física por falta de acesso.

A escolha de um produto por uma pessoa com deficiência depende de vários fatores – desde acessibilidade no momento da compra até o fato de se sentirem representados por alguma publicidade.

Esse público nunca foi representado, nem pensado no momento de decisão das peças publicitárias ou estratégias de comunicação, o que não gerava sensação de pertencimento.

Uma pessoa com deficiência física, por exemplo, não conseguia se imaginar utilizando um produto, justamente porque não via ninguém na mesma condição nas publicidades. Já uma pessoa com deficiência visual não consegue comprar um produto de beleza ou um tênis pela internet pela falta de descrição das imagens dos produtos disponíveis.

Em 2016 foi feita uma pesquisa pela Nielsen e em tal estudo se verificou que as pessoas com deficiência tendem a ser mais leais com uma marca quando percebem que ela atende às suas necessidades.

Em outro estudo publicado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, nomeado “Inclusão de pessoas com deficiência na publicidade: um estudo sobre a comunicação acessível da marca Avon a partir da campanha Dona Dessa Beleza”[1]

“Considerando que a população com deficiência no Brasil é formada por mais de 45,6 milhões de pessoas, o que representa uma parcela de 23% da população total do país, pelo menos 45 milhões de pessoas quase nunca são lembradas pelas marcas e campanhas publicitárias, nem representadas na mídia. Isto contribui para reforçar o preconceito existente na sociedade acerca das pessoas com deficiência. Quando uma marca dá visibilidade a estas pessoas, enquanto mídia, está cumprindo com seu papel de eliminar ideias negativas formadoras de estigmas e construir uma imagem positiva e humana da pessoa com deficiência através da comunicação, como proposto por Fletcher (1996) e Sassaki (2006).”

A empresa Croma Marketing Solutions divulgou, em novembro de 2017, um estudo Oldiversity®, com o objetivo de analisar os impactos da longevidade e diversidade para marcas e negócios no Brasil.[2]

O estudo mostrou o despreparo do comércio para atender uma pessoa com algum tipo de limitação física, provando, mais uma vez, que a deficiência também se apresenta como barreira nos ambientes sociais. As principais reivindicações desse público são recursos acessíveis e atendimento especializado, temas considerados prioritários para 70% dos participantes.

As pessoas com deficiência gostariam de vê-las nas propagandas, o mesmo acontece para o atendimento nas lojas físicas. O problema é que, segundo a pesquisa, 62% dos entrevistados acreditam que as empresas ainda mantêm grande preconceito sobre a contratação de pessoas com deficiência. E mais: 7% dos participantes ainda acham estranho serem atendidos por quem tem algum tipo de deficiência.

Em entrevista para o jornal Estadão o presidente da Croma Solutions, Edmar Bulla, afirmou que[3]

“Os desejos dos consumidores com deficiência não são atendidos porque as empresas não conseguem compreender o potencial desse mercado”.

O Procon-SP em 2019 realizou uma pesquisa[4] e concluiu que a pessoa com deficiência ainda enfrenta, na maioria das vezes, tanto no mercado físico como no online, dificuldades para exercer seu direito de consumidor e que os fornecedores ainda estão despreparados para atender esse público.

É fundamental que os fornecedores façam investimentos em treinamento de pessoal, já que foi apontada pela grande maioria a falta de preparo dos atendentes, inclusive os do SAC – Serviço de Atendimento ao Consumidor.

A existência de barreiras arquitetônicas e obstáculos físicos, falta de sinalização, portas e elevadores com medidas inadequadas, que dificultam ou impedem a entrada e a ausência de banheiros acessíveis também são obstáculos apontados pelos entrevistados.

Além disso, os resultados indicam que investimentos em tecnologia são primordiais para melhorar e garantir a acessibilidade dos consumidores com deficiência, tanto na produção das embalagens dos produtos, quanto nos sites que vendem online.

Quando falamos sobre direitos dos consumidores das pessoas com deficiência não podemos deixar de abordar um assunto muito triste, o fato de que muitas pessoas adquirem a deficiência por defeito no produto ou no serviço quando ocorre um acidente de consumo. Por exemplo, quando por conta de uma falha no freio o consumidor sofre um acidente e se torna paraplégico. Em casos como esse, o fabricante do automóvel (fornecedor) tem a responsabilidade de reparar os danos sofridos, não só com o automóvel, mas com todo o tratamento médico que o consumidor necessitar e, sendo irreparável o dano (paraplegia) deve-se indenizá-los por danos morais, lucros cessantes e uma possível pensão vitalícia.

Caso o acidente atinja outras pessoas que não são os destinatários finais do produto ou serviço, o fornecedor também será responsável por todas as vítimas envolvidas no acidente, que se tornam consumidores equiparados.

Por isso, é muito importante que os fornecedores tenham consciência da responsabilidade que possuem quando colocam um produto ou serviço no mercado de consumo.

Infelizmente, muitos fornecedores desconhecem a legislação e, quando conhecem, pensam nos gastos que terão para se adaptarem e, com isso, não a respeitam como deve ser, mas cabe a nós, sociedade, exigir o respeito integral a essa legislação consumerista que é uma das mais modernas do mundo.

  • Dra. Tatiana Viola de Queiroz – Advogada, sócia fundadora do Viola & Queiroz Advogados, Pós Graduada e especialista em Direito do Consumidor e em Direito Bancário, Pós Graduada e especialista em Direito Médico e da Saúde, Pós Graduanda no Transtorno do Espectro Autista pela CBI of Miami.  Pós Graduanda em Direito Empresarial. Membro Efetivo da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB São Paulo. Professora de Direito do Consumidor no CEPMA. Contato (11) 98863-2023, www.violaequeirozadvogados.com.br e redes sociais: @violaequeirozadvogados

[1] https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/181686 – acesso em 14 de março de 2021

[4]  https://www.procon.sp.gov.br/pessoa-com-deficiencia-e-o-mercado-de-consumo/

Fonte  https://revistareacao.com.br/os-direitos-da-pessoa-com-deficiencia-como-consumidora/

Postado por Antônio Brito 

15/03/2021

Convênio que concede isenção de ICMS ao público PcD é prorrogado

O CONFAZ discutiu hoje (12) em mais uma reunião extraordinária a concessão do Convênio 38/12 que concede ao público PcD a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e a decisão tomada foi a de manutenção por mais 12 meses e teto de R$ 70 mil, vigente desde 2009, inalterado.

A informação exclusiva vem do Sistema Reação que realizou uma live no início da tarde de hoje com alguns convidados, inclusive Otávio Leite – Deputado Federal pelo RJ, forte defensor do reajuste do teto para o público PcD, além de ir contra a MP 1034. O parlamentar foi quem divulgou a informação de forma exclusiva, argumentando que recebeu de fonte oficial que o Convênio foi renovado.

Fonte  https://mundodoautomovelparapcd.com.br/convenio-que-concede-isencao-de-icms-ao-publico-pcd-e-prorrogado/

Postado por Antônio Brito 

14/03/2021

Homens de Honra: vencendo o preconceito e os próprios limites

A discussão em torno do preconceito nunca esteve tão à flor da pele em nosso país e no mundo. Seja a discriminação racial, sexual ou referente à classe econômica do indivíduo em questão, o combate ao preconceito deve ser feito em todas as esferas da sociedade, e claro que a corporativa não poderia ficar de fora. Quando o tema é mais especificamente o preconceito racial e as formas de combatê-lo nos ambientes de convivência social, poucas histórias são tão potentes quanto a deste Homens de Honra (Men of Honor, EUA, 2000), filme que além de expôr as mazelas do preconceito, ainda funciona como um tremendo exemplo em torno da superação de nossos próprios limites.

O filme conta a história verídica de Carl Brashear (Cuba Gooding Jr., de Jerry Maguire: A Grande Virada, outro filme que já abordei aqui na coluna de cinema do Portal Administradores). Negro, filho de uma família humilde que trabalha na lavoura e sem um diploma do ensino médio, ele se alista na Marinha Americana logo após a Segunda Guerra Mundial. O presidente Harry Truman havia integrado os negros no alistamento, mas a Marinha não. Ou seja, os negros que chegavam após se alistarem recebiam duas escolhas; Poderiam ser cozinheiros ou ajudantes dos oficiais. Brashear queria ser um mergulhador, e Homens de Honra conta a história de como ele se tornou um apesar de tudo o que sofreu, primeiro com o preconceito relacionado à sua cor, e depois com um terrível acidente que amputou a parte inferior de uma de suas pernas, à princípio impedindo-o de continuar na função.

O filme é uma biografia à moda antiga, e eu digo isso como um elogio. Não há nada de cenas de ação inventadas para tornar a história retratada menos real e de maior apelo ao público. Homens de Honra preocupa-se em seguir a curva da vida de Brashear especialmente quando ela se cruza com a de outro homem, o Marinheiro-Chefe Billy Sunday (o grande Robert De Niro), um redneck que à princípio nutre somente ódio por Carl, mas que aos poucos vai mudando de ideia sobre o homem.

A cena mais impressionante e empolgante do filme é o inverso do heroísmo mostrado em tantos outros filmes envolvendo temática militar. Não é sobre ação ou explosões, mas sobre garra e tenacidade, e grande parte desta cena acontece em nossa própria imaginação. Para conseguir se formar na escola de mergulho, os candidatos fazem um teste onde eles devem montar uma bomba de sucção formada por inúmeras peças, enquanto trabalham praticamente no escuro, debaixo d'água. O teste de Brashear foi sabotado de forma que seria praticamente impossível para ele passar. A água está tão fria que muito tempo de submersão pode ser fatal para o mergulhador em questão. E hora após hora, Brashear permanece lá embaixo, tentando completar a tarefa.

O personagem de De Niro é estritamente contra a ideia de negros ingressando na Marinha, mas antes de qualquer coisa, seu Billy Sunday é um marinheiro, e quando você ama muito uma coisa, você passa a respeitar aqueles que fazem a mesma coisa de maneira competente. Nem preciso mencionar que é assim também na vida corporativa. Ser um bom profissional envolve antes de qualquer coisa o amor pela profissão, que evolui para outras qualidades que na maioria das vezes, nem fazemos ideia de que as possuímos.

Apesar da oposição de Sunday, o principal oponente de Brashear consiste na figura de "Mister Pappy" (o falecido Hal Holbrook), o Oficial Comandante do grupo, cujo racismo exala de cada um de seus poros. "Talvez chegue o dia em que um mergulhador negro se forme nesta escola," ele profere, "mas não enquanto eu estiver aqui."

Cuba Gooding Jr. é (ou pelo menos costumava ser nesta época) o tipo de ator que demonstra grande energia em cena. Este tipo de energia não seria apropriada aqui, e ele sabiamente abaixa um pouco o tom e entrega uma performance forte e convincente. O segredo do sucesso de seu personagem não é complicado de se entender: Ele simplesmente não desiste e não vai embora, e eventualmente sua presença passa a envergonhar os homens da Marinha que não conseguem negar suas habilidades. O racismo que permeava a sociedade nos anos 40 é elemento presente em toda a narrativa do filme. Mas não se iluda; este mesmo racismo ainda reflete suas engrenagens corruptas na sociedade e no mercado de trabalho do mundo atual. Se Carl Brashear fosse um de nossos cidadãos contemporâneos, imagino que ele também encontraria a barreira do racismo interferindo em seus objetivos.

Brashear enfrentou as teias do racismo mesmo depois de se tornar o primeiro mergulhador negro da Marinha Americana. Anos depois de sua formação, um acidente leva uma de suas pernas logo abaixo do joelho. Brashear, tenaz como sempre, se recupera de maneira sensacional, desta vez contando com a improvável ajuda de Billy Sunday. A sequência final do filme, em que Brashear precisa provar aos oficiais da Marinha que é capaz de exercer a função mesmo depois do acidente tornou-se emblemática. Interpretada de maneira sublime por Gooding Jr. e De Niro, a sequência empolga e emociona, e resume toda a luta de um admirável ser humano contra todas as barreiras que lhe foram impostas pelas circunstâncias de sua vida.

Homens de Honra é o segundo filme do diretor George Tillman Jr., que depois de um longo hiato, retornou recentemente com o bom drama The Hate U Give (2018), onde volta a discutir as questões raciais nos Estados Unidos. Seu Homens de Honra está longe de ser um filme perfeito, mas sua história forte, performances sólidas e simplicidade falam ao coração do espectador, pois a força central da produção ressalta a importância do caráter humano frente às adversidades. Nós como indivíduos temos a tendência de glorificar heróis do esporte e outras vertentes menos nobres, mas e quanto a homens como Brashear, que queriam apenas servir o seu país e não aceitam um "não" como resposta? Quando chegará a vez dos verdadeiros heróis de nossa sociedade decadente ganhar seus devidos lugares e serem respeitados como os verdadeiros heróis que são? O racismo e a discriminação por qualquer outro aspecto humano existem, mas não é através de sistemas de cotas, do vitimismo e de manifestações medíocres e apelativas que isso um dia vai mudar. É através do caráter e do trabalho.

Fonte  https://administradores.com.br/artigos/homens-de-honra-vencendo-o-preconceito-e-os-pr%C3%B3prios-limites

Postado por Antônio Brito 

Festival Nacional de Contadores de Histórias terá acessibilidade

Apresentações e oficinas serão transmitidas pela internet (Foto: Divulgação)

Para marcar o Dia Nacional do Contador de Histórias, celebrado em 20 de março, 19 profissionais de diferentes regiões do Brasil estarão reunidos no 1º Festival Nacional de Contadores de Histórias, no Ciberespaço.

Contemplado pelo Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (ProAC), com recursos da Lei Aldir Blanc, o festival terá apresentações transmitidas pelas redes sociais, além de oficinas com conteúdos que desvendam as técnicas e os encantamentos do tema.

Todas as atividades contarão com recursos de acessibilidade, como tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e audiodescrição.

“Nosso desejo é o de fomentar e difundir a arte da narração de histórias, criar um espaço de partilha e pesquisa entre artistas e público, compartilhar saberes a partir de oficinas gratuitas e manter viva a fogueira da nossa própria história a partir da contação, valorizando a nossa identidade regional, cultural e ancestral”, destaca o contador de histórias Ademir Apparicio Júnior, idealizador do festival.

1º Festival Nacional de Contadores de Histórias

Imagine mergulhar num Brasil carregado de sotaques, mistérios, sabores e aromas. Durante os sete dias de agenda, o internauta poderá conferir uma programação intensa que revisita as identidades regionais de maneira lúdica e poética.

Após o show de abertura ‘Palavra Tagarela’, sobre tradição oral e elementos do folclore com os artistas Poliana Savegnago, Allan George da Silva, Márcio Bah e Devanir Mille, o público poderá acompanhar dez apresentações, que reunirão os contadores de histórias Aline Alencar e Auritha Tabajaras (região Nordeste), Joca Monteiro e Joana Chagas (região Norte), Ciro Ferreira e Rosilda Figueiredo (região Centro-oeste), Camila Genaro e Cia ‘Ih, Contei!’ com Elton de Souza Pinheiro, Leandro Pedro da Silva e a fantoche Tifanny MeiaLoka (região Sudeste), Liz Ângela de Almeida e Lucélia Clarindo (região Sul), além de dez oficinas.

Para encerrar essa agenda caprichada, os artistas Ademir Apparicio Júnior, Fabiana Massi, Andrés Felipe Giraldo e Cimara Gomes Ferreira Fróis apresentam ‘A história de Maria Dançarina ou A menina que desafiou o demo’.

Patrimônio cultural imaterial

A arte de contar histórias é um ‘patrimônio cultural imaterial’, acentua Ademir. “Por meio das histórias relembramos nossas lendas, nossos antepassados, construímos futuro e presente. As histórias podem ser ferramentas para aprendizagens de diferentes áreas, como a geografia, a matemática, a ciência, a filosofia, e até mesmo para difusão da literatura. Os contos são capazes de nos transportar para outros espaços”, resume.

O idealizador aponta, ainda, a importância ‘singular’ para a fruição e troca entre os contadores, o público e as histórias: “É uma oportunidade de fazer com que a promoção à leitura aconteça de maneira lúdica e potente, podendo assim aproximar o ouvinte e leitor ao fantástico universo das interpretações produzidas pelas linguagens da palavra, do corpo, da voz e de tantos outros elementos, que serão combustíveis para o faz de conta acontecer na sua plenitude”.

O festival, com todo o encanto dessa arte, não poderia ocorrer em outra data. O seu encerramento em 20 de março marca a comemoração do Dia do Contador de Histórias, criado em 1991, na Suécia, com o principal objetivo reunir os contadores e promover a prática em todo mundo.

Confira a programação das apresentações:

14/03, às 14h30: Show de Abertura: Palavra Tagarela
Com Poliana Savegnago, Allan George da Silva, Márcio Bah, Devanir Mille

15/03, às 10h: Histórias Aya
Contadora: Liz Ângela Gonçalves Almeida

15/03, às 14h: História da Mala e da Cachola e o Conto: o couro do pandeiro
Contadores: Lucélia Clarindo e João Carvalho

16/03, às 10h: Cardápio de Lendas Caiçaras
Contadora: Camila Genaro

16/03, às 14h: Histórias para brincar
Contadores: Ih, Contei! (Elton de Souza Pinheiro, Leandro Pedro da Silva e a fantoche Tifanny MeiaLoka)

17/03, às 10h: O Afeto das Histórias
Contador: Ciro Ferreira

17/03, às 14h: A fruta desconhecida
Contadora: Rosilda Figueiredo

18/03, às 10h: Ê boi! A lenda do bumba meu boi
Contadora: Cia. Forrobodó de Teatro (Aline Alencar)

18/03, às 14h: A onça pintada que nasceu no pescoço da kunhataim
Contadora: Auritha Tabajara

19/03, às 10h: Atividade: A mulher que fazia chover
Contadora: Joana Chagas

19/03, às 14h: Histórias da Encantaria Amazônica
Contador: Joca Monteiro

20/03 – 14h: Encerramento ‘A história de Maria Dançarina ou A menina que desafiou o demo
Com: Tem História na linh@! (Ademir Apparicio Júnior, Fabiana Massi, Andrés Felipe Giraldo e Cimara Gomes Ferreira Fróis)

Confira a programação das oficinas:

15/03, às 15h: Oficina de contos afro
Ministrante: Liz Ângela de Almeida – Duração: 2h
Público-alvo: Oficina para adultos – maiores de 18 anos – Acadêmicos de pedagogia, Acadêmicos de letras, Magistério, formação de docentes

15/03, às 19h: A leitura em verso e prosa
Ministrante: Lucélia Clarindo – Duração: 2h
Público-alvo: Pessoas interessadas na arte de contar as próprias histórias, em verso e prosas, a partir dos 18 anos

16/03, às 15h: Fios da Narrativa – os recursos internos para contar histórias em diversos espaços 
Ministrante: Camila Genaro – Duração: 3h
Público-alvo: Professores, Psicólogos, cuidadores, educadores, Pais, Mães, Avós, Avôs e outros Responsáveis por Crianças que queiram ter um vínculo afetivo e duradouro através das histórias, com idade superior a 18 anos

16/03, às 19h: Arte de criar brinquedos e contar histórias
Ministrante: Ih, Contei! – Duração: 2h
Público: Livre

17/03, às 15h: Histórias na sala de aula
Ministrante: Ciro Ferreira – Duração: 2h
Público-alvo: Professores, bibliotecários, brincantes, artistas, fazedores de danuras e pessoas interessadas na arte da oralidade

17/03, às 19h: O brincante que mora em mim
Ministrante: Rosilda Figueiredo
Público-alvo: Contadores de Histórias, atores, professores, brincantes e interessados na arte da oralidade

18/03, às 15h: A arte de contar histórias
Ministrante: Aline Alencar – Duração: 2h
Público-alvo: Contadores de Histórias, atores, estudantes de teatro, professores e interessados na arte de contar histórias

18/03, às 19h: O grafismo indígena
Ministrante: Auritha Tabajaras – Duração: 2h
Público-alvo: Contadores de Histórias, atores, estudantes de teatro, professores e interessados na arte de contar histórias

19/03, às 15h: Nós, As Matintas
Ministrante: Joana Chagas – Duração: 2h30
Público-alvo: Mulheres a partir de 16 anos (estudantes, mães, avós, professoras, contadoras de histórias e mediadoras de histórias)

19/03, às 19h: A interpretação para a arte de contar histórias
Ministrante: Joca Monteiro – Duração: 3h
Público-alvo: Contadores de histórias, professores e agentes de leitura (a partir de 12 anos)

Para acompanhar acesse o YouTube, o Facebook e o Instagram.

Fonte  https://www.portalacesse.com/festival-de-contadores-de-historias/

Postado por Antônio Brito 

Mês da síndrome de Down

* Por Cristiane Zamari Diogo (Cris Zamari)

Quero falar um pouquinho sobre a síndrome associada à apraxia de fala.

Esse é o Bernardo, hoje com 15 anos, no vídeo tinha 13.

Um dia me disseram que ele não ia falar. Aliás, já me disseram que ele não faria muitas coisas que faz hoje.

Quando finalmente descobrimos a apraxia de fala, me disseram que ele não ia formar sílabas, formar frases ou cantar.

De fato, no estágio inicial da apraxia mais severa, a pessoa não consegue “juntar” a consoante com a vogal, então ele falava: “im” ao invés de “sim”, por exemplo.

Eu senti uma tristeza quando recebi a notícia, porque ela me foi lançada sem nenhuma orientação do que fazer com isso, e confesso que depois até fiquei um período sem força pra continuar persistindo em ensiná-lo todos os dias.

Quando você ouve de profissionais que seu filho está decretado à impossibilidades, é como se de alguma forma você tenha que acatar, por ser a fala de alguém com formação em uma área que teoricamente você não domina, e com certeza sabem mais do que você.

Mas quando se trata de filhos, não existem limites para continuar indo em busca de novas perspectivas, técnicas, estratégias e formações.

Por isso, fui em busca de cursos com profissionais especializados em Apraxia de fala, que me fizessem entender qual seria a melhor forma de ajudar o Be.

Aprendi muito sobre a “comunicação alternativa” que não era necessariamente através da fala, e com isso pude entender que existem diversas formas de comunicação eficazes.

Inclusive a língua brasileira de sinais, que também uso com o Be em alguns momentos.

Hoje, posso dizer que nunca vou buscar por uma “dicção perfeita”, mas vou continuar estimulando meu filho a evoluir e acreditar que ele pode subir degraus se eu der oportunidades pra isso, não tratá-lo como um coitado ou uma pessoa limitada, ou fazer das dificuldades enfrentadas um fardo, mas sempre um desafio lançado.

Porque a vida sempre será feita de desafios, e estamos no mundo para enfrentar e aprender com cada um deles.

Esse vídeo retrata a nossa felicidade (dele e minha) em conseguirmos cantar essa música juntos!

Momentos que não tem preço, e eu quis compartilhar com todo meu amor…

· Cristiane Zamari Diogo(Cris Zamari), mãe do Bernardo – com Síndrome de Down é Coordenadora de Defesa de Políticas para
Pessoas com Deficiência na Prefeitura Municipal de Santos/SP e Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Santos/SP. No Instagram @criszamari e no Facebook @Cristiane Zamari Diogo

Fonte  https://revistareacao.com.br/mes-da-sindrome-de-down/

Postado por Antônio Brito 

Atletas paralímpicos brasileiros fazem intercâmbio digital com mais de 800 crianças japonesas

Atletas brasileiros que devem disputar os Jogos Paralímpicos de Tóquio em agosto de 2021 participaram de um intercâmbio digital com alunos japoneses do ensino fundamental da cidade de Hamamatsu, onde a delegação brasileira fará o período de aclimatação para o megaevento. Ao todo, 846 crianças participaram dos cinco bate-papos virtuais que fizeram parte da ação.

Cada bate-papo contou com a presença de dois atletas da mesma modalidade. Eles conversaram sobre as expectativas para os Jogos de Tóquio e responderam perguntas dos alunos durante a atividade que reuniu cinco escolas japonesas:  Nishi, Sunaoka, Miyakoda Minami, Hachiman e Sanarudai.

Os atletas que participaram do intercâmbio foram os nadadores Daniel Dias (classe S5, para atletas com deficiência físico-motoras) e Carol Santiago (S12, para atletas com baixa visão), a lançadora de dardo Raissa Rocha (F56, para cadeirantes), o velocista Petrúcio Ferreira (T47, para amputados de braço), o goleiro Luan Lacerda, o jogador de futebol de 5 Raimundo Nonato, os mesa-tenistas Danielle Rauen (classe 9) e Israel Stoh (classe 7) e os jogadores de bocha Evelyn de Oliveira (classe BC3) e Mateus Carvalho (classe BC3).

O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e a prefeitura de Hamamatsu celebraram a manutenção do contrato da sede da aclimatação brasileira para os Jogos de Tóquio. A 16ª edição dos Jogos Paralímpicos, que será sediada na capital japonesa em agosto de 2021, foi adiada por um ano devido à pandemia de Covid-19.

Com cerca de 790 mil habitantes, Hamamatsu fica localizada na província de Shizuoka, 260 km ao sul de Tóquio. A cidade abriga a maior colônia brasileira no Japão, o que motivou o município a se interessar em receber a delegação nacional.

A direção técnica do CPB esteve em Hamamatsu em 2019, quando visitou as instalações esportivas que servirão para os ajustes finais da delegação brasileira antes dos próximos Jogos Paralímpicos. Todas serão adequadas a fim de propiciar as melhores condições de acessibilidade e treinamento aos atletas do Brasil.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro

Postado por Antônio Brito 

12/03/2021

Nordeste fecha compra de 37 milhões de doses da vacina Sputnik

Os nove estados do Nordeste fecharam a compra de cerca de 37 milhões de doses da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (12) pelo governador da Bahia, Rui Costa, em vídeo postado nas redes sociais. Segundo o governador, a Bahia deve receber quase 10 milhões de doses do imunizante. 

"Conseguimos finalizar a compra de 37 milhões de doses, para os estados do Nordeste, da vacina Sputnik. Com isso, a Bahia ficará com quase 10 milhões de doses, para imunizar 5 milhões de baianos e baianas", afirmou.

A Sputnik V ainda não tem autorização de uso emergencial concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governo federal também negocia a compra de mais 10 milhões de doses do imunizante russo.

Na capital baiana, o prefeito Bruno Reis também anunciou nesta sexta-feira a prorrogação das medidas de restrição de circulação de pessoas na cidade, para conter a disseminação da covid-19. As medidas, que ficarão em vigor pelo menos até o dia 22 deste mês, incluem a proibição de atividades não essenciais e o fechamento de praias, parques e clubes, além do toque de recolher, que vigora diariamente entre as 20h e as 5h.

Segundo o prefeito, as medidas já estão surtindo efeito, mas a pressão no sistema de saúde continua muito forte. Bruno Reis disse que, no setor privado, há 55 pacientes aguardando leito de unidade de terapia intensiva (UTI). Nos hospitais da rede pública, o número de pacientes na fila é de 76. 

"Só com isolamento social, reduzindo a taxa de contágio, é que a gente vai conseguir passar por esse momento crítico, o pior momento que Salvador está vivendo desde a chegada do coronavírus no Brasil", afirmou o prefeito em vídeo postado nas redes sociais.

Fonte  https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-03/nordeste-fecha-compra-de-37-milhoes-de-doses-da-vacina-sputnik

Postado por Antônio Brito 

Em Aracaju/SE, Biblioteca lança Projeto Pontes para Leitura

Foto: Maria Odília/Seduc

Buscando adaptar-se às necessidades ocasionadas pela pandemia da covid-19, a Biblioteca Pública Epiphanio Dória vem reestruturando suas ferramentas digitais e adotando medidas que visam a atender às necessidades dos seus usuários.

A Biblioteca realizou o lançamento do projeto Pontes Para Leitura, que consiste no empréstimo de livros e audiolivros do setor Braille nas residências dos usuários com deficiência visual que moram no município de Aracaju/SE. A ação, que vai acontecer semanalmente, funcionará via cadastro prévio, por agendamento e com todos os cuidados de higiene recomendados pelos órgãos de saúde.

De acordo com a diretora, Juciene Maria de Jesus, a Bped tem ciência de sua responsabilidade social e inclusiva no engajamento de uma sociedade mais justa e igualitária, e visando a atender a esse dever, foi elaborado o Projeto Pontes para Leitura. “É um projeto que tem por objetivo ir ao encontro da pessoa com deficiência visual na sua residência e ofertar-lhe o empréstimo de livros e audiolivros, com o intuito de minimizar o impacto causado pela pandemia e a dificuldade de locomoção do usuário, como meio de disponibilizar leitura acessível a todos os públicos e democratização e socialização do saber”, explicou.

A duração do empréstimo dos livros é de um mês, podendo ser renovado, e apenas dois títulos poderão ser disponibilizados ao usuário. O acervo disponível é formado por: CD em formato acessível MP3; livro com acessibilidade total; livro em fonte ampliada e Braille. O projeto tem como parceiros Associações e Instituições que trabalham com pessoas com deficiência visual, além da Fundação Dorina Nowill para Cegos e Instituto Benjamin Constant (IBC).

Segundo a responsável pelo Setor Braille da Bped, Anatércia Silva, o objetivo do projeto é desenvolver habilidades relacionadas à leitura e à escrita Braille. “Estimular a interpretação de texto, ampliando o conhecimento linguístico, cultural e social dos leitores, no intuito de realizar o empoderamento das pessoas com deficiência visual é o que esperamos com a realização do projeto”, afirmou.

Para fazer o cadastro é preciso ser uma pessoa com deficiência visual e residente no município de Aracaju. O cadastramento deve ser feito por meio do email anatercia.santos@seduc.se.gov.br ou pelo Instagram da Biblioteca @epiphaniodoria. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (79) 3179 1907.

Fonte: https://revistareacao.com.br/em-aracaju-se-biblioteca-lanca-projeto-pontes-para-leitura/

Postado por Antônio Brito 

Craques do goalball mostram que força vai muito além dos arremessos

Carol Duarte e Victória Amorim durante partida dos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 | Foto: Daniel Zappe / EXEMPLUS / CPB

Ana Carolina Duarte Ruas Custódio, 33 anos, e Victória Amorim do Nascimento, 23, possuem muito mais afinidades do que terem nascido no mesmo estado do Rio de Janeiro e defenderem a Seleção Brasileira de goalball. Apesar dos dez anos de que separam duas das principais atletas da equipe, a vida de cada uma, de certa forma, traçou destinos semelhantes. Para o bem e para o mal.

Mas este texto não pretende focar nas tristezas, muito pelo contrário. Em data tão significativa, a ideia é que sirva de exemplo e leve tantas outras mulheres a se identificarem com as dores e os amores de pessoas reais, de carne e osso, cuja potência não aparece apenas nos arremessos em quadra. Pois foi justamente fora dela onde tiveram de ser mais fortes.

Bom, o primeiro traço que une a dupla é a precocidade de um fato que mudaria para sempre suas realidades. Ambas tinham 11 anos quando acordaram de cirurgias sem que pudessem mais enxergar como antes. A partir desse ponto, vamos separar as histórias para que você as conheça melhor.

Carol: novos passos da bailarina

Para quem nasceu em Madureira, um dos berços do samba carioca, dançar era quase uma redundância. Por isso, desde cedo, a música atraiu Ana Carolina às aulas de balé, jazz, sapateado e o que mais aparecesse em seu caminho. O sonho de ser bailarina, porém, foi encerrado quando fortes dores de cabeça levaram sua mãe, Ana Maria, a buscar ajuda médica. "Os médicos tratavam como sinusite", conta Carol.

O resultado de uma tomografia, no entanto, mostrou que a sinusite era, na verdade, um tumor do tamanho de um caroço de abacate na cabeça da jovem. Apesar de benigno, ele precisou ser extraído. No dia 21 de maio de 1999, Carol enfrentou 14 horas de uma cirurgia muito delicada: "Os médicos chamaram meus pais e disseram que eu tinha chance mínima de vida e, caso sobrevivesse, ficaria com sequelas muito graves. Quando acordei da cirurgia, não tinha ninguém perto de mim. Estava bastante grogue e não percebi que havia perdido a visão".

Os primeiros passos sem enxergar foram cada vez mais agarrados à saia da mãe. A jovem bailarina se tornou uma pessoa retraída, com medo de tudo. "Sempre fui manhosa, mimada pela minha mãe. Depois que perdi a visão, ela era os meus olhos, um pedaço de mim."

As aulas de balé, ela ainda tentou frequentar para estar próxima das amigas. Desistiu. Uma outra semente começara a ser plantada no Instituto Benjamim Constant, referência no país na área da deficiência visual. "Quando conheci o esporte, não sei se preencheu a lacuna da dança, mas me fez gostar de outra modalidade, que foi o goalball. Passei pela natação, pelo remo, mas foi no goalball onde me encontrei como atleta", relata.

Saudade E Fibra Para Se Reconstruir

No fim de 2002, Carol perdeu seu maior alicerce. Um mal súbito no coração logo após a família se reunir para montar a árvore de Natal levou Ana Maria para longe da filha de 15 anos. "Ali, eu percebi que tinha perdido meu anjo da guarda", diz a atleta.

O vazio, ela teve de preencher com a própria necessidade de se reerguer. Para isso, o esporte se tornou elemento fundamental. Dois anos após a morte da mãe, veio a convocação para defender o Brasil nos Jogos de Atenas, em 2004 – a primeira participação do goalball brasileiro em Paralimpíadas, motivo de orgulho até hoje: "Foi o goalball feminino que alavancou o Brasil no cenário internacional", ressalta.

O papel de líder – é a mais experiente da Seleção –, por sinal, ajudou a moldar sua consciência em relação ao que datas como a de hoje simbolizam: "Dizem que a mulher é o sexo mais frágil. Será? Com tantas atribuições, será mesmo que somos o sexo mais frágil? Penso que não. Pra mim, ser mulher é poder me superar cada dia mais e ser capaz de ter orgulho do que sou. Ser mulher e cega é uma luta constante contra os estereótipos que a sociedade nos impõe", define a jogadora. "Ser mulher também é receber críticas, ser rejeitada ou menosprezada apenas pelo meu gênero. Tudo isso só me faz querer ser mais forte e encorajada para dizer, com honra, que eu sou mulher, atleta e tenho deficiência visual!".
 
Victoria: mãe e atleta antes dos 20
Como ela mesma diz, foi "premiada". A Síndrome de Miller Fisher, doença que provocou a atrofia do seu nervo óptico e, consequentemente, a perda da visão ainda criança, afeta anualmente uma em um milhão de pessoas. Em Itaguaí, município a cerca de 70 km da capital do Rio, a pequena que já havia sonhado em ser de empregada doméstica, pois se orgulhava da tia que trabalhava em várias casas, a veterinária, dado o amor pelos bichos, demorou a entender que o quadro era irreversível.

"Achava que, se passassem dez, 15 dias, eu voltaria a enxergar. E foram se passando dois, três meses, e nada. Quando deu seis meses, tive de retornar ao hospital. Foi quando ouvi uma conversa da minha mãe com uma outra mãe falando que o médico havia dito que eu jamais voltaria a enxergar. Ali, sim, foi um baque", relembra.

Para se adaptar, acabou indo estudar no Benjamin Constant. Foi lá onde Victoria conheceu o goalball, em 2010. Porém, não se engane. O amor pela bola azul demorou a engatar. "De cara, não gostei. Você acha que eu ia ficar me arrastando pelo chão e levando bolada? Mas continuei, tinha minhas amigas. Dei outra chance em 2011", conta.

O que passou a mexer com a cabeça da jovem de 14 anos foi a velocidade com a qual a modalidade transformava sua vida. Aos poucos, ela entendeu que os gols marcados em profusão poderiam virar também seu sustento. "De uma menina que não tinha tênis para jogar e dependia de doação, eu comecei a comprar meus próprios tênis. Isso foi uma grande conquista. E acabou mudando minha vida de uma forma surreal, em todos os aspectos. Foi um gatilho muito importante para superar a perda da visão e me tornar a mulher que sou hoje."

Mas é claro que nada viria tão fácil. Como tudo em sua vida, outro acontecimento precoce abalou as estruturas. 

Menino Ou Menina?

Nos Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016, Victoria já era uma estrela em ascensão na Seleção Brasileira. Porém, a derrota por 3 a 2 para os EUA na disputa pelo bronze no quintal de sua casa mexeu demais com o emocional: "Estava sofrendo muito com a depressão e não admitia nem deixava que falassem nada. Após a derrota no Rio, eu me cobrei demais, achei que tinha responsabilidade e fiquei muito mal. Quando pensei em engravidar, foi para suprir uma dor que era muito grande. Achei que, tendo um filho, voltaria a ser feliz outra vez".

Entre a teoria e a prática, no entanto, há uma distância que a própria Vic desconhecia. Quando soube da gravidez, aos 19 anos, levou um choque. "Como eu cuidaria de uma criança? Não sabia nem cuidar de mim mesma", conta. Com o pequeno Victor – que completa 3 anos no fim deste mês – nos braços, ela logo percebeu que a maternidade e a carreira como atleta precisariam entrar num acordo, afinal, uma coisa dependia da outra.

"Durante a gravidez e mesmo no pós-parto, eu pensei em desistir várias vezes. Até hoje penso, porque quero acompanhar o crescimento do meu filho, estar com ele o tempo todo. Mas não é possível. Dependo do esporte financeiramente para cuidar dele. Quando voltei para a Seleção, estava animada, mas, ao mesmo tempo, dilacerada por dentro por saber que eu deixaria meu filho com menos de seis meses de idade para poder jogar", diz, sobre o retorno à equipe, em 2018.

Hoje, ela concilia a dupla jornada com a ajuda da família, que se mudou do Rio para Suzano, sede do Sesi-SP, clube defendido pela ala de 23 anos. E espera que datas como a deste 8 de março esclareçam melhor o papel da mulher na sociedade: "O mais difícil em ser mulher e deficiente visual é a aceitação das pessoas, é elas te verem realmente como uma mulher, como uma mãe que pode fazer as coisas. O meu recado, então, é esse: que a gente pode, sim, que a gente consegue, sim!". Alguém duvida?

*Com informações da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV)

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

Fonte  https://www.cpb.org.br/noticia/detalhe/3232/craques-do-goalball-mostram-que-forca-vai-muito-alem-dos-arremessos

Postado por Antônio Brito