Algumas pessoas sem consciência estão jogando luvas e máscaras nas ruas e jogam na lixeira de qualquer jeito. Isso não pode e garis pedem a compreensão de todos.
Garis pedem para colocar luvas, máscaras e EPIS dentro de saco plástico e depois na lixeira
Os garis e trabalhadores de produtos recicláveis de Barra do Garças estão pedindo a comunidade que não descarte luvas, máscaras ou EPIS (Equipamentos de Proteção Individual) diretamente no lixo ou joguem pelas ruas. Eles orientam que as pessoas coloquem esse material dentro de sacos plásticos resistentes juntamente com os demais lixos.
“Deixamos aqui a nossa gratidão a todos que nos ajudarem a preservar nossas vidas e de terceiros. Se puder compartilhe esse pedido com os demais”, diz a mensagem muito interessante e que vale a pena ser retransmitida. Esse mesmo pedido já foi feito na cidade de Aragarças e o site Araguaia Notícia compartilha aqui com o nosso povo.
Então gente, a partir de agora, na hora de descartar luvas, máscaras e EPIs vamos colocar dentro de um saco plástico e aí sim dentro da lixeira. Todos merecem o nosso respeito!!!
Publicado em 24/04/2020 pela Agência Brasil - Foto principal de @Cristina Índio/Agência Brasil
Na tarde de 24 de abril de 2019, André Brasil publicou a seguinte mensagem nas redes sociais. "Indignação, revolta, tristeza. Uma história apagada em um dia". Horas antes, o nadador campeão paralímpico foi considerado inelegível para eventos de atletas com deficiência nas provas em que é especialista. Exatamente um ano depois, e com o recurso negado no Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês), ele ainda aguarda resposta da Justiça alemã, à qual recorreu - com apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) - para poder voltar a competir.
Por um lado, André está mais conformado com a perspectiva de não disputar a Paralimpíada de Tóquio (Japão), mesmo após o adiamento para 2021 devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), o que poderia lhe dar mais tempo para treinar, se fosse liberado. Por outro, espera uma posição definitiva para “sair do limbo” e “continuar a sonhar”, como relatou o nadador, de 35 anos, em entrevista à Agência Brasil.
"Sonhar a gente sonha muito, mas eu já não sei se tenho essa vontade, esse querer de estar nos Jogos e não poder, de repente, fazer o que sempre fiz a vida inteira. Meu corpo não é mais o mesmo, a cabeça não é mais a mesma. Não sei se, com tudo que vivenciei, se teria tempo hábil. O corpo não responde tão rápido como quando se tem 20 anos. Ganhar massa ou emagrecer fica mais difícil", reflete André.
André Brasil conquistou o ouro na a prova de 100m costas no Mundial, em 2017 - Daniel Zappe/CPB/MPIX/Direitos Reservados
Além de ter retomado as atividades físicas só em setembro "para manter a qualidade de vida”, o atleta não compete desde 2018, quando precisou se submeter a uma cirurgia no ombro esquerdo.
"Provavelmente, é a sentença de um juiz que vai determinar algo. Não foi para isso que entrei no esporte, que sonhei conquistar alguma coisa, que quis mostrar a beleza de uma pessoa com deficiência. Eu brincava que era o 'Perninha' e as pessoas me admiravam pelo que eu fazia. Quero continuar com meus objetivos e metas. Meu pedido para esse ano é saúde, principalmente, e que isso se resolva. Que saia uma determinação o quanto antes, sim ou não, para que a gente possa continuar a sonhar. Não sei se caminho para frente ou para trás e já faz um ano disso", desabafa.
Para entender o imbróglio: as classes de 1 a 10, entre as 14 da natação paralímpica, são voltadas a deficientes físico-motores. André era da classe S (do inglês swimming) 10, de menor grau de comprometimento funcional. Ele teve poliomielite diagnosticada aos dois meses de vida, após reação à vacina, que deixou com sequela na perna esquerda, mesmo depois de oito anos em hospitais e sete cirurgias.
As reclassificações pelas quais o brasileiro passou há um ano em São Paulo - antes do Open Internacional, disputado no Centro de Treinamento Paralímpico - avaliaram que ele não era deficiente ‘o suficiente’ para se enquadrar na classe S10. Como não há categorias acima, André foi considerado inelegível após 15 anos de carreira, 14 pódios paralímpicos, 32 mundiais e 21 parapan-americanos. Na ocasião, segundo ele, a análise na piscina constatou uma mínima propulsão no tornozelo esquerdo – o que, até hoje, o nadador não digeriu.
"Enquanto uma pessoa que estudou fisioterapia por três anos e meio, não posso dizer 100% com propriedade, mas, posso achar e ter convicção de algumas coisas. O estudo do movimento, a cinesiologia, não mudou a ponto de a gente ter grandes modificações nesses 15 anos na classificação funcional. Acho que ela precisa ser mais transparente, para pessoas, atletas e técnicos entenderem um pouco mais. Imagina a cabeça de um indivíduo que vai para uma competição sem saber qual sua classe?", indaga.
André só não está 100% fora do movimento paralímpico porque pode competir em provas de peito. Há um ano, o nadador descartava a possibilidade – segundo ele, não é o melhor nado. Hoje, pensa diferente. "Conversei e pretendo participar de competições, de Jogos Regionais e Abertos, como atleta adaptado. Nadar eventos que o CPB determinar nessa prova. É fechar um ciclo em partes. Não da forma como queria, mas figurando com amigos, aproveitando momentos, entendendo um pouco dessa entrega do que vivenciei nesses anos e, de repente, pensar no que vem pela frente", planeja.
O brasileiro, porém, não se vê brigando por vaga paralímpica no estilo no qual foi medalhista de ouro parapan-americano em Guadalajara (México), em 2011 – e nem se pressiona a isso. "O peito será muito mais descontraído, sem cobrança maior que em outras provas. Talvez, seja uma forma de devolver, em parte, tudo que foi feito, por mais que não seja a prova que me trouxe glórias, seria um pouco a maneira de ter as pessoas presentes", conclui.
A educadora física Maria Angélica Dias Pinto dedica algumas horas do dia para fazer sabão caseiro e distribuir gratuitamente para moradores em situação de rua em Alvorada (RS).
Em questão de dias, ela já distribuiu mais de 400 tabletes em praças e vias públicas da cidade.
Para fazer o sabão, Maria se vale de uma antiga receita da mãe – com poucos ingredientes em tempos de grana curta para a família.
Misturando soda cáustica e óleo de cozinha, a educadora física passa horas batendo o composto num balde até ele tomar forma. Depois, espera três dias para o sabão adquirir firmeza. Por fim, leva os tabletes para o carro, entregando para os moradores em situação de rua da região.
“É um pouco cansativo, mas vale a pena. Estava agoniada, porque higiene é algo básico para todo mundo, mas, na pandemia, ficou ainda mais importante”, diz Maria, que mora no bairro Sumaré, em Alvorada (RS), na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS).
Quando vê um sem-teto, Maria estaciona seu Palio, entrega o sabão e parte para uma nova via ou praça. Com o mesmo carro ela busca doações para continuar o trabalho: quem tiver soda cáustica, por favor, escreva para ela. Seu e-mail é angelica.dias82@gmail.com.
“Muita gente julga quem está na rua, mas ninguém sabe o que eles passaram na vida. Já participei de alguns projetos sociais, e a realidade é bem pesada”, afirma.
A cidade chinesa a que se atribui o início da pandemia de covid-19, não registrou qualquer novo caso de infeção, informaram as autoridades sanitárias nesse domingo (26). Os receios voltam-se agora à possibilidade de uma segunda onda de infeções, em meio às novas medidas para conter o vírus e a reabertura da economia.
Em toda a China continental foram notificados apenas três novos casos, revelou a Comissão Nacional de Saúde na China, referindo-se às últimas 24 horas. Em Wuhan, o epicentro inicial da pandemia, não se registrou nenhum novo caso, a primeira vez que isso acontece em vários meses, e não houve registro de morte. Todos os pacientes que estavam internados já tiveram alta.
Mi Feng, porta-voz da comissão, destacou os "esforços conjuntos de Wuhan e dos profissionais de saúde de todo o país”.
Dos três novos casos registrados, dois foram importados de outros países.
Desde o início da epidemia, a China registrou um total de 82.830 infetados e 4.633 mortos. Até o momento, 77.474 pessoas tiveram alta.
As autoridades estão flexibilizando gradualmente as regras de isolamento. Nesta segunda-feira (27), voltaram às aulas quase 50 mil alunos do último ano de escolas secundárias de Pequim, o mais importante para o acesso à universidade. Outras cidades já anunciaram datas para a volta à escola.
O receio de uma segunda onda de infeções não está, no entanto, afastado. Nesse domingo, Pequim anunciou novas regras para “promover um comportamento civilizado”. Uma delas é que as pessoas cubram a boca e o nariz quando tossem, não comam em transportes públicos e usem máscara na rua quando doentes.
Aos restaurantes, é pedido que apresentem porções separadas para almoços familiares, conforme novas regras que entram em vigor em 1º de junho.
Pequim acrescentou agora sete dias de “observação clínica” para aqueles que completam 14 dias de quarentena, o tempo em que se deve permanecer em casa.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) lançou o curso técnico em Mecânica, a primeira plataforma de ensino adaptativo na educação profissional. A ferramenta é digital e gratuita. Conteúdos interativos já estão disponíveis para toda a população se capacitar durante a emergência em saúde pública provocada pela covid-19. As inscrições podem ser feitas na internet.
A plataforma permite aprendizado personalizado, de acordo com as dificuldades de cada aluno, por meio das teorias de conhecimento e das técnicas de inteligência artificial, processando grande volume de informações.
Com a ferramenta, o estudante faz avaliações de múltipla escolha e recebe, na hora, a correção automática. Os resultados das avaliações são utilizados pelo algoritmo da plataforma para identificar o aprendizado e estimar como será o resultado nas próximas avaliações a serem realizadas.
O curso técnico abrange conhecimentos introdutórios sobre manutenção e automação de máquinas e equipamentos, além da criação de projetos mecânicos. A plataforma também pode ser acessada pelo celular.
Segundo o Senai, a instituição recebe, por ano, aproximadamente 26 mil alunos para o curso técnico em Mecânica. Até 2021, a plataforma disponibilizará os cursos de Automação Industrial, Internet das Coisas e Cyber Sistemas.
A partir desta segunda-feira (27), a TV Escola exibirá mais de mil horas de conteúdo educativo. Desse total, 200 horas são de vídeos e documentários inéditos.
Estarão disponíveis no âmbito da iniciativa Seguimos Conectados, programas para o ensino fundamental e ensino médio, e de formação para professores e outros educadores - com destaque para o programa Hora do Enem, que prepara alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio.
Além da internet, o sinal da TV Escola pode ser sintonizado via antena parabólica (digital ou analógica) em todo o país. O sinal também está disponível nas TVs por assinatura Sky (Canal 112), Telefônica TV Digital (Canal 694), Via Embratel (Canal 123), Oi TV (950) e NET Brasília (Canal 4). Em Brasília, a TV Escola pode ser assistida no canal 2.3 (digital).
Segundo nota de divulgação da Fundação Roquette Pinto, o objetivo da iniciativa é “ajudar a reorganizar as rotinas de mais de 50 milhões de crianças e jovens brasileiros sem aulas por causa da Covid-19.”
Professores das redes de ensino pública e privada também podem colaborar com a programação da TV Escola enviando vídeo aulas pelo e-mail conexaoescola@tvescola.org. Uma curadoria de especialistas em educação analisará o material para decidir sobre a publicação na plataforma.
Inscrições começam na segunda-feira, 27; até cem projetos serão selecionados para receber R$ 2,5 mil cada um
SÃO PAULO - O Itaú Cultural lança nesta segunda-feira (27) um edital para fomentar trabalhos de poetas surdos ou com deficiência auditiva maiores de 18 anos. Serão selecionados até cem projetos, que receberão, cada um, R$ 2,5 mil brutos pelo licenciamento dos direitos autorais. As inscrições vão até 1º de maio neste formulário.
A iniciativa é a quarta de uma série de editais de emergência criados pela instituição para ajudar artistas durante a pandemia de coronavírus. Já saíram chamadas para artes cênicas, música e artes visuais.
Patrocínio:Banco do Brasil recebe projetos culturais para os CCBBs
Os trabalhos de poetas surdos ou com deficiência auditiva vencedores na seleção serão apresentados ao público virtualmente pelo Itaú Cultural em até seis meses. As obras precisam ser feitas em formato de vídeo em Língua Brasileira de Sinais (Libras), com legendas em português ou em visual vernacular conhecido como Libras 3D.
“Nesse momento de pandemia mundial, acreditamos ser importante essa aproximação com a comunidade artística surda, acolhendo trabalhos produzidos anteriormente ou criados nesse período de recolhimento necessário”, diz Valéria Toloi, gerente do Núcleo de Educação e Relacionamento do Itaú Cultural, em comunicado à imprensa.
Fonte https://oglobo.globo.com/cultura/itau-cultural-abre-edital-de-emergencia-para-poetas-surdos-24390277?utm_source=Whatsapp&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar Postado por Antônio Brito
A partir da próxima semana, atividades comerciais no ramo de tecidos e aviamentos poderão abrir às portas em Serra Talhada. O anúncio foi feito pelo secretário de Planejamento e Gestão do governo Luciano Duque, Josembergues Melo, durante ‘live’ do Gabinete de Crise.
“Diante do decreto do governo do Estado, o município segue sempre o que governo determina, até por um dever legal, as casas de aviamentos e de tecidos, podem abrir diante a obrigatoriedade das máscaras, que não são apenas as industrializadas, podem ser também as máscaras artesanais que diversas pessoas estão produzindo. Nada mais lógico permitir a abertura das casas de tecidos e aviamentos, até porque eles fornecem os insumos. Serra Talhada vai permitir a abertura destes estabelecimentos”, explicou o secretário.
A liberação destes seguimentos vai ajudar a reaquecer a economia local, mas Josembergues Melo alertou que todo as demais casas comercias, não essenciais, permanecerão fechadas até o dia 30 de abril, à espera de uma outra determinação do Governo de Pernambuco sobre o assunto.
Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo afirmam trabalhar desde o início da pandemia da covid-19 com pouca ou nenhuma proteção: os que usam máscara as compram com o próprio dinheiro; há escassez de álcool em gel, luvas ou qualquer política que os proteja.
Até o momento, segundo o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, há 15 mortes na categoria contabilizadas com o novo coronavírus como causa —11 suspeitas, no aguardo da confirmação, e quatro confirmadas.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Sindmotoristas, 175 profissionais são suspeitos de contaminação por covid-19.
Outros 27 casos já foram confirmados, além das mortes. O UOL conversou com quatro motoristas de ônibus de empresas diferentes e, de todos, ouviu queixas similares: além da falta de EPIs, são os próprios que fazem a higienização dos veículos.
Os motoristas entrevistados pediram que não fossem identificados por medo de represálias e tiveram os nomes alterados.
Procurado pela reportagem, o sindicato dos motoristas confirma as acusações dos profissionais, mas nega omissão e diz "estar pressionando as empresas para que forneçam EPIs e protejam os funcionários". A entidade que representa as empresas alega haver distribuição regular de material de proteção (leia mais abaixo).
A jornada de trabalho, segundo um funcionário da empresa ViaSudoeste, permanece a mesma. Entretanto, como há motoristas que estão afastados por fazerem parte do grupo de risco, condutores na ativa acabam cumprindo uma carga horária superior —e não ganham por isso.
Álcool "com cheiro de cachaça"
"Quando começou a pandemia, [a empresa] deu um frasquinho de álcool para a gente, mas não era álcool em gel e tinha um cheiro muito estranho; parecia cachaça, era um tipo de álcool líquido, acho que misturado. Muitos funcionários que passaram esse produto nas mãos ficaram com a pele bastante irritada; machucou mesmo", conta Sérgio*.
"Na segunda-feira (20), [a empresa] deu uma máscara descartável para cada trabalhador. Uma máscara só. Tem funcionário que não está se protegendo. Os que estão compram máscaras e luvas com o próprio dinheiro".
Entre os funcionários da viação Metrópole Paulista, a queixa é a mesma. Um funcionário ouvido pelo UOL relata que, aos trabalhadores, foi entregue um frasco de 100 ml de álcool em gel. Quando o conteúdo do frasco acabou, ele relata, motoristas e cobradores tentaram repor utilizando um recipiente com álcool em gel que fica dentro da empresa. Não foi permitido.
"Quem limpa os ônibus, quando acabam as viagens, são os próprios funcionários. Limpam apenas com máscara, luva e água sanitária. Nas garagens, só tem sabonete nos banheiros se a gente pede; caso contrário, eles não repõem. Como lavar as mãos assim? Se abrir a boca para reclamar, ou questionar algo, a gente é mandado embora —e por justa causa, ainda", diz. "Uma colega se sentiu mal ao passar o álcool fornecido pela empresa. Ao explicar para o sindicato, ouviu de um representante 'eu já tô colocando álcool e você tá achando ruim'?", relata Mário*.
"Se depender da empresa, a gente vai morrer"
"Se depender da estrutura da empresa, a gente vai morrer", diz Pedro*, funcionário da viação Santa Brígida. Em entrevista ao UOL, ele relata que depois das 7h, enfermeiros começam a medir a temperatura dos funcionários que chegam às garagens. Contudo, há motoristas e cobradores que começam o expediente ainda pela madrugada, entre 3h e 4h.
"A gente pega o ônibus e vai para a linha, sem receber qualquer tipo de máscara, álcool ou luva. Seria ideal ter um vidrinho de álcool em gel dentro do ônibus, já que, deste modo, a pessoa entra, higieniza as mãos e evita a contaminação, inclusive, entre os próprios passageiros", diz. O ônibus que Pedro dirige recebe oito viagens lotadas todos os dias. "Acham que somos imunes e não dão condições para que a gente trabalhe com segurança".
Pânico no grupo
Motoristas e cobradores se unem em um grupo de WhatsApp. Entre eles, são trocadas mensagens que demonstram medo e aflição.
"Alguns até ficam incomodados quando comentamos as mortes dos nossos colegas. Está todo mundo apavorado, ansioso, com medo. Só que a gente não tem outra opção, precisa trabalhar. Compro meu próprio álcool em gel e, a cada viagem, encharco o volante", diz Pedro.
Segundo um motorista da viação Gatusa, os fiscais dos ônibus ficam nos terminais e, assim que chegam, os funcionários podem higienizar as mãos com o álcool em gel que fica com eles. Ainda assim, a empresa também não forneceu máscaras.
"Não é suficiente para amenizar o medo das pessoas. Bastante gente morreu, tem colegas que não conseguem dormir à noite. [Há] trabalhadores casados que temem chegar em casa e contaminar a esposa, os filhos. A situação é bastante crítica, o medo é de tudo: de morrer a perder o emprego".
Todos os profissionais ouvidos pelo UOL relatam dificuldade na comunicação com o sindicato. Um deles afirma que nem por telefone é possível falar com algum representante da entidade.
O sindicato afirma que vai entrar com uma ação na Justiça para que empresas de ônibus forneçam proteção aos condutores. Em nota, explica. "Diante da omissão e negligência das empresas de ônibus de São Paulo, o Sindmotoristas ingressará com uma ação na justiça para que a distribuição de máscaras, luvas e álcool em gel seja obrigatória, sob pena de multa em casos de descumprimento."
Não é de hoje que a direção do sindicato tem buscado meios para proteger os condutores de São Paulo ao contágio. 'Desde os primeiros casos no Brasil, o sindicato tem notificado as empresas e o Poder Público sobre as necessidades de oferecer aos motoristas e cobradores os EPIs, mas ao que tudo indica, os patrões têm ignorado o apelo da entidade e dos profissionais', afirma o presidente, o deputado federal Valdevan Noventa".
Empresas afirmam distribuir material de proteção
Procurado pela reportagem, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss), em nota, nega as acusações.
"As empresas têm fornecido máscaras para todos os funcionários, bem como disponibilizado álcool em gel nos terminais. Quanto às máscaras, estavam sendo fornecidas aquelas do tipo descartável. No entanto, estão sendo distribuídas novas máscaras reutilizáveis, com maior durabilidade, tendo, porém, havido problemas pontuais de distribuição do produto, devendo haver em breve normalização".
"Quantos aos frascos de álcool em gel, infelizmente constata-se muitos atos de vandalismo e utilização inadequada, o que pode acarretar, por via de consequência, ainda que por pouco tempo, a falta do produto em alguns locais."
Vicente, o filho de 6 anos da servidora pública federal Vanessa, de 34, tem autismo. Uma forma que diversas pessoas nessa condição têm de se ajustar a uma situação a que não está acostumada — como o isolamento social, por causa do coronavírus — é adotar um comportamento de repetição excessiva, como correr por horas e falar alto, mesmo tarde da noite.
Pelo fato de a família estar de quarentena, Vicente tem passado muitas horas em casa e repetindo esse comportamento. Incomodados com o barulho e sem saber dessa condição, os vizinhos da moradora de Taquara, no Rio Grande do Sul, resolveram atacá-la num grupo de WhatsApp, e entre outras coisas, sugeriram que ela deveria morar num sítio.
Logo no primeiro momento, Vanessa explicou as razões do comportamento do filho, mas as reclamações no grupo continuaram. A conversa foi compartilhada por Vanessa em sua página no Facebook, que até sexta-feira (24) teve mais de 900 compartilhamentos.
Tudo começou na noite de sexta-feira da semana passada (17), quando passava das 22h e o menino corria pela casa. No grupo formado pelos moradores do condomínio, que tem 12 apartamentos numa área nobre de Taquara, algumas pessoas reclamaram do barulho. Vanessa afirma que aproveitou a situação para explicar a condição da família, que morava ali havia pouco mais de um ano.
Ela fala, inclusive, que sugeriu filmes que relatam histórias de pessoas autistas.
"Inicialmente uma vizinha disse que estava tentando entender, mas no final da conversa afirmou que cada um tem seus problemas, como se o Vicente fosse um problema meu, quando na verdade a inclusão e sensibilidade são uma questão da sociedade como um todo", ensina.
Vanessa conta que, para encerrar o debate sem maiores transtornos, sugeriu que a vizinha enviasse um vídeo ou áudio do momento em que o filho estivesse incomodando para ela mostrar à criança o que estava acontecendo, e tentar assim ensiná-la a não incomodar as pessoas.
Mas, quatro dias depois, a vizinha começou a imitar todo som que Vicente emitia. Se ele batesse a perna, ela também fazia. Vanessa então disse que podiam ficar sossegados porque providenciaria a sua mudança: "Eu disse que de intolerância e preconceito quero distância".
Alguns outros moradores se posicionaram a favor da vizinha, e começaram as ofensas contra Vanessa. "Qualquer pessoa que desrespeitar as normas haverá algum comentário ou4r chamada de atenção! No meu ver não é nada de preconceito!", minimizou uma. "Tem pessoas que não se adaptam e talvez não seja recomendado morar em apartamento. Por isso graças a Deus tem casas, sítios", disse outra. "Agora aparece mais uma e se faz de vítima. E sempre é só um lado que tem que entender, compreender e exercer tolerância", decretou uma terceira.
Desde essa troca de mensagem, ocorrida no último dia 21, Vanessa, o filho e o marido estão morando na casa dos pais dela. Em meio à quarentena, o casal busca um outro local para morar. O menino, ela conta, tem chorado com saudade de casa. Ela mesma afirma que passou um dia chorando, e foi consolada pelo menino.
"Vamos ficar onde nos sentimos mais seguros. Não quero expor meu filho a esse tipo de situação. A gente é muito privilegiado porque consegue ter uma estrutura para ele. Meu filho tinha atendimento com terapeuta, psicólogo e psicopedagoga, mas parou por causa da quarentena. E isso que tentei explicar aos vizinhos: que era temporário. Agora, imagine quantas famílias estão sofrendo, sem saber o que fazer?"
Vanessa fez um boletim de ocorrência contra as três moradoras, por discriminação. Ela se baseou no Estatuto da Pessoa com Deficiência, que diz em suas linhas que "a pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante".
Fez ainda uma reclamação formal na administradora do condomínio, e solicitou ao Conselho Tutelar do município que emitisse um comunicado lembrando aos condomínios que a lei federal que protege as pessoas com deficiência está acima do estatuto estabelecido pelos empreendimentos.
"Elas poderiam ser obrigadas a escutar palestras sobre o tema, ou trabalhar com pessoas com deficiência para aprender a respeitar", sugere Vanessa.
Em nota publicada no site, a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul manifestou apoio e solidariedade à Vanessa.
"Esta família sofre preconceito em razão da deficiência, conduta imputável como crime na legislação nacional (Lei Brasileira de Inclusão - 13.145/2015). Foi pressionada a deixar o apartamento, como em outros casos, pelo 'incômodo' e pretenso desrespeito às normas condominiais, estipuladas em convenção de condomínio. Isto porque pessoas autistas podem falar sozinhas, ter falas repetidas, emitir barulhos e gritos, caminhar incessantemente. Essas e outras condutas são formas de regulação. Não são falta de educação ou limites, nem intenção de agredir a coletividade", informa o texto.